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Articulações da (Ir)Racionalidade Instrumental para reforçar o Mito-Tecno Lógico como mediador na Comunicação Intersubjetiva.

Tramas do Mito-Tecno-Lógico na reinvenção do Moderno: implicações do seduzir na Comunicação do Homem com o Mundo Contemporâneo.

2. Articulações da (Ir)Racionalidade Instrumental para reforçar o Mito-Tecno Lógico como mediador na Comunicação Intersubjetiva.

pensadores de tendências modernas e pós-modernas. No estudo em questão, estaremos nos aproximando das idéias defendidas por Jungen Habermas, Bruno Latour, e outros, próximos a eles, concordando, ou não, com seus argumentos. Tentaremos, à luz desses autores, encontrar reforço para as análises aqui realizadas.

A Intersubjetividade configura-se como dimensão necessária na compreensão da dinâmica interativa, pelas novas tendências filosóficas e sociológicas que despontaram, principalmente entre os séculos XIX e XX, como alternativa de interpretação para os fenômenos relacionados ao Ser e à Sociedade. As novas exigências encontram-se associadas às novas articulações da Linguagem como parâmetro normativo para as relações comunicativas. Para Habermas (2001)60,

(...) O modelo sujeito-objeto da filosofia da consciência se vê atacado por duas frentes: de um lado pela filosofia analítica da linguagem e, do outro, pela teoria psicológica do comportamento. Ambas renunciam a um acesso direto aos fenômenos da consciência e substituem o saber intuitivo, a reflexão ou a introspecção, por procedimentos que não apelam para a intuição. Propõem análises que partem das expressões lingüísticas ou do comportamento observável e estejam abertas para uma compreensão intersubjetiva. (Habermas: 2001 p.18).

A compreensão dos processos evolutivos, para chegar aos parâmetros interativos da Intersubjetividade, nos remete para as alterações nas relações subjetivas que se projetaram, como características transitórias, das sociedades ditas modernas para a sociedade hodierna, acelerando transformações nos níveis epistemológicos e ontológicos, em prol de uma perspectiva de análise que aponte para além da relação sujeito-objeto.

A primeira investida para constituir os fundamentos explicativos para a questão, no sentido do que provocou e impulsionou a ruptura da visão dicotômica de Homem e Mundo, é saber qual é o conteúdo discursivo que medeia a Comunicação atual, e o que ele oferece como validade para as novas regras interativas e normativas. Deixamos claro que não estamos nos referindo apenas às estruturas lógico-formais que se impõem como dimensão

compreensiva do Mundo, mas ousamos pensar, aqui, na possibilidade de sair dos limites formais argumentativos e avançar pelo que se esconde na estrutura simbólica que recobre e recompõe relações sociais e culturais contemporâneas.

Sabemos que a Intersubjetividade reflete o processo histórico e envolve intrincada cadeia de discussões e transformações que aos poucos minaram a estrutura sujeito-objeto. Habermas (2001), referindo-se à projeção evolutiva dessa questão, a coloca no mesmo contexto da problemática da Racionalização. Ele mostra a linhagem de pensadores alemães que discutiram a problemática da Racionalidade, começando por Kant e Hegel e passando por Marx, Max Weber e Lukács, até Adorno, Horkheimer e demais pensadores que trabalharam na Teoria Crítica.

Os autores acima referidos, dentro das exigências históricas nas quais se envolveram, desenvolveram estudos da Racionalidade voltada principalmente para o social, embora, segundo Habermas (2001), todos eles tenham ficado presos a interpretações da Razão Instrumental e a uma crítica associando Racionalização a coisificação.61

Em outro momento da sua abordagem, o referido autor voltou a fazer referências a tais pensadores, para reforçar a tese de que eles não conseguiram ultrapassar a linha demarcatória do entendimento que os possibilitava sair da interpretação baseada na ação teleológica, da Racionalidade Instrumental, para a Racionalização Social, validada na fala, orientada ao entendimento intersubjetivo fundado na Ação Comunicativa.62

(...) Marx, Max Weber, Horkheimer e Adorno identificam racionalização social com aumento da racionalidade instrumental e estratégica dos contextos de ação (...) os conceitos de ação em que se baseiam não são bastante complexos para apreender, nas ações sociais, todos os aspectos em que pode tomar a racionalização social. (...) a racionalização das

orientações de ação e das estruturas do mundo da vida não é o mesmo que o aumento de complexidade dos sistemas de ação (Habermas: 1999, p.199).

A perspectiva acima mostra a complexidade que se esconde como conteúdo substancial acerca da Racionalidade e da composição da Intersubjetividade, bem como o que pode se romper na estrutura interpretativa sujeito-objeto. Nossa análise seguirá na trilha projetada por Habermas (1999), a fim de clarear o fenômeno da Racionalização Social e o que está retendo a esperança, na “caixa de Pandora”. Acreditamos que esse caminho nos levará a ações alternativas que possibilitem romper o invólucro que recobre o Mito-Tecno- Lógico e a Intersubjetividade.

Sem querer, pois, projetar características de indeterminação ou indefinição, na relação discursiva que se mostra como elo de ligação entre sujeito-objeto, faremos uma breve contextualização dos caminhos da Racionalização que apontam para a Intersubjetividade. Estes são apresentados como alternativas para a compreensão dos padrões e normas necessários ao bom desenvolvimento das relações baseadas na interação e na comunicação, avançando e ampliando a subjetividade e a objetividade do Conhecimento.

Acreditamos que os conceitos desenvolvidos por Habermas (1999) de Racionalização Social e Ação Comunicativa constituem parte do referencial discursivo para

o que procuramos como contexto de ruptura epistemológica e ontológica, em favor da Intersubjetividade como perspectiva de análise.

(...) O conceito de racionalidade comunicativa possui conotações que em última instância remontam à experiência central da capacidade de unir sem coagir e de geral consenso na fala argumentativa, em que diversos participantes superam a subjetividade inicial de seus

respectivos pontos de vistas e, graças a uma comunidade de convicções racionalmente motivada, asseguram a unidade do mundo objetivo e da intersubjetividade do contexto em que desenvolvem suas vidas.63

Vemos, pois, o papel da Racionalidade Comunicativa dentro da comunidade de Comunicação, posto que ela oferece possibilidades de ampliar positivamente o processo de coordenar ações sem recorrer à coerção e ainda solucionar consensualmente. Na abordagem de Habermas(1999), os conceitos de Racionalização Social e Ação Comunicativa estão associados aos conceitos de Mundo da Vida, Mundo Objetivo, Mundo Social e Mundo Subjetivo.64

Esse autor, referindo-se à composição e caracterização da Intersubjetividade, admite a necessidade de aprofundar a questão da Racionalização Social, como projeção para entender as transformações na Sociedade Contemporânea. O autor deixa claro não ter a pretensão de reduzir a teoria da Sociedade à teoria da Comunicação. Por isso, assume o conceito de Sociedade simultaneamente como sistema e mundo da vida, numa relação direta de influência de um sobre o outro, abrindo caminho para justificar a teoria da Ação Comunicativa.

Por meio desta, o autor em questão admite ser possível ampliar o leque de entendimento entre os membros da comunidade pautados na racionalização das ações e na normatização das relações que o contexto intersubjetivo pressupõe. Nessa direção, Habermas segue demonstrando a dinâmica conceitual que envolve a questão, com vistas a ultrapassar os

63 Habermas:1999, p.27.

64 Habermas toma o conceito de Mundo, no âmbito da Subjetividade, participando de uma relação de

complementaridade com o Mundo externo. Dentro dessa relação ele distinguiu Mundo objetivo – como a totalidade dos fatos; Mundo social - representando a totalidade das relações interpessoais que são

limites da afirmação e da negação, em função de algo maior: a Racionalidade voltada para o entendimento e o acordo dos envolvidos .65

As configurações habermasianas exigidas para a constituição da Intersubjetividade deixam claro que os processos comunicativos, racionalizados e regulados por normas, compõem uma prática comunicativa que ocorre em função das estratégias, vivências e articulações do mundo da vida, mas dirigidas à consecução, manutenção e renovação do consenso que descansa sobre o reconhecimento intersubjetivo, suscetível a críticas dos membros da comunidade, para serem validados.

(...) Nos contextos de ação comunicativa, só pode ser considerado capaz de responder sobre seus atos, aquele que seja capaz, como membro de uma comunidade de Comunicação, de orientar sua ação por pretensões de validade intersubjetivamente reconhecidas. (...) Um grau maior de racionalidade comunicativa amplia, dentro de uma comunidade de comunicação, possibilidades de coordenar ações sem recorrer a coerção e solucionar consensualmente os conflitos de ação. (...) A racionalidade imanente a esta prática se põe de manifesto no que o acordo alcançado comunicativamente tem de apoiar-se, em última instância, em razões e na racionalidade daqueles que participam desta prática comunicativa (...), pois, a prática da argumentação como instância de apelação, permite prosseguir na ação comunicativa por outros meios, quando se produz um desacordo que já não pode ser absorvido pelas rotinas cotidianas e que, tão pouco pode ser decidido pelo emprego direto, ou pelo uso estratégico do poder.66

reconhecidas pelos integrantes, como legítima e Mundo subjetivo - significando a totalidade das vivências a que cada indivíduo tem acesso privilegiado (ver Habermas:1999, p.101).

65 “Entendimento” na perspectiva habermasiana, está diretamente relacionado com a obtenção de um acordo

entre os participantes na Comunicação acerca da validade de uma emissão. Tal acordo está associado ao reconhecimento intersubjetivo, configurado pela pretensão de validade do sujeito para o que assume na sua fala (ver Habermas: 2001, p171).

O curso intersubjetivo em evidência nos conduz para a interpretação teórico- metodológica, subtraído do eixo dicotômico sujeito-objeto, numa perspectiva diferente - quiçá se mostre como alternativa - na qual as possibilidades da mediação comunicativa estarão fundamentadas em outra categoria, outro pólo regente, que não o sujeito ou o objeto, mas o “Nós”. Vê-se, portanto, por que a questão enunciada é relevante, exigindo no

mínimo, que se denuncie a dinâmica e o movimento no qual o sujeito e o objeto se movem, para depois apreendê-los na especificidade e organização que os inserem no coletivo.

Ora, sabemos que tal questão não é simples de ser abordada e elucidada, como parece expressar o significado de sua apresentação. Além do mais, construir explicações a partir de referenciais fixos ou previamente determinados pode parecer fácil, mas tem lá suas dificuldades. Imagine, pois, o grau de dificuldade quando o referencial posto - como parece ser o nosso - refere-se a algo que, na sua dinâmica interna, comporta conteúdo flexível e composição complexa que se oferece ilimitada, na sua compreensão subjetiva, e indefinida, na sua expressão objetiva.

Por isso, tomaremos alguns cuidados delimitativos, a fim de melhor desenvolver nossas linhas de raciocínio. Definiremos o referencial em questão, os processos comunicativos, de fora para dentro, ou seja, aproximando elementos gerais do que identifica a relação sujeito-objeto, para em seguida detectar traços específicos do jogo epistemológico que os envolve.

Admitiremos, por exemplo, que no processo comunicativo em questão, tanto o sujeito quanto o objeto se movem em torno de elementos existenciais, com raízes na

Ontologia e na Epistemologia. Ambas, na complexidade conceitual do conteúdo histórico que lhes é inerente, fundamentam e atribuem identidade ao sujeito racional, pautada na

capacidade de afirmar ou negar, a si mesmo e ao Outro, tudo aquilo com o qual estabelece ou poderá vir a estabelecer relação comunicativa, segundo suas necessidades.

O movimento no qual parecem se realizar os processos interativos e comunicativos, na complexidade acima descrita, alimenta-se de categorias normativas e racionalizadas, com vistas ao entendimento do que serve de mediação na comunicação do Eu e do Outro. Com isso, a conexão que se estabelece para a superação das necessidades do sujeito e do objeto pode ser assumida sob a forma ontológica e o conteúdo epistemológico.

A trajetória interpretativa entra pela via do caráter mediador das ações comunicativas, buscando sistemas de aprendizagem que resultam tanto da aproximação subjetiva, ou subjetivação, quanto da aproximação objetiva, ou objetivação, do Eu com o Outro, no ambiente de sistematização do mundo da vida.67

A subjetivação realiza-se como movimento e sentido da ação racional, desprendida pelo sujeito que quer apreender um objeto qualquer de seu interesse. Tal ação envolve o Eu (que pensa, interpreta, analisa, se comunica e apreende, racionalmente, o objeto de seu desejo) e o Outro (o objeto, que também pode ter as mesmas características do sujeito). A objetivação, por sua vez, tomada como ação inversa da subjetivação, é o processo no qual o objeto se afirma procurando impor-se como pólo regente da relação.

A subjetivação e a objetivação dependem de como a comunicação é assumida pelo Coletivo. As dificuldades são complexas, principalmente seguindo pela via da construção lógica e simbólica do discurso. Para a Ação Comunicativa, no contexto da

67 Os termos “subjetivação” e “objetivação” são apresentados, aqui, reciprocamente, como esforço de

aproximação metodológica do sujeito para com o objeto e do objeto para com o sujeito. Tal esforço se efetiva por meio do rigor crítico no tratamento analítico das questões que entrelaçam as relações de realização, seja do sujeito, seja do objeto. O conceito de mundo da vida, na perspectiva habermasiana, entra como correlato dos processos de entendimento atuando como fonte de convicções difusas e aproblemáticas, das quais os indivíduos organizam uma imagem do Mundo (ver Habermas: 1999, p.104).

Lógica Formal, exige-se que seja assegurada a veracidade das proposições, a fim de se obterem a consistência e a validade racional para os argumentos apresentados.

Com o aspecto lógico-formal do discurso menos enfatizado, talvez seja possível priorizar uma perspectiva onto-epistêmica, 68 na qual o processo comunicativo é submetido a uma ação-interativa que possibilite identificar o que é, ou não, atributo predominantemente subjetivo, quando relacionado com a natureza interna, pela capacidade racional e reflexiva inerente ao sujeito, ou objetivo, quando se referir à natureza externa do sujeito, objetivada e associada às impressões do objeto.

O esforço despendido visa a ampliar as vias de análises, de atitudes subjetivas ou objetivas, para atitudes intersubjetivas. Estas tendem a incorporar o conteúdo simbólico- lingüístico envolvido na Ação Comunicativa, a partir de regras previamente estabelecidas. Com isso, a comunicação sujeito–objeto abre-se para a interpretação em que princípios universais não são unicamente resultados da mente, do “eu” que pensa e decide, mas, por ações interativas da comunidade organizada, em função do Nós.

Desse modo, a relação sujeito-objeto deixa de ser reflexo da interpretação unilateral do processo, para a qual o sujeito era o responsável direto pela ação e produção do Conhecimento. Este seria o resultado da decodificação dos símbolos lingüísticos que medeiam as relações sociais. Na perspectiva do objeto, restava apenas a restrita tarefa de oferecer-se, enquanto linguagem e discurso, ao sujeito responsável pela apreensão e decodificação dos atos lingüísticos.

68 Com esta expressão queremos nos referir a possibilidades metodológicas de fugir das estruturas analíticas

da Lógica Formal, para uma perspectiva em que a Lógica Analítica assuma características de uma ação racional, atuando como estratégia interativa do discurso. A intenção é compreender a construção epistemológica do discurso, sem esquecer as relações ontológicas nas quais se estruturam a formação do Ser Social.

Assim, podemos entender os modos de processar as informações dadas, como etapas do conjunto maior de complexos elementos que movimentam a roda do desenvolvimento e das transformações impulsionadas pelos saberes de cada geração. Desse modo, podemos arriscar uma configuração contemporânea para a qual o Conhecimento já é buscado na sua forma tridimensional69 ou multidimensional, sintonizada com os modos de comunicação que se estabelecem por meio de complexas redes de conexões tidas como infovias.

Essa configuração da Sociedade atual tanto pode apresentar-se como etapa gloriosa da Racionalidade humana, como projetar no indivíduo contemporâneo sensações de perda, ou mesmo vazio, por começar a perceber a fragilidade de consistentes conceitos, como os de verdade, tempo, espaço, matéria, amor, felicidade, existência, realidade, etc. Sólidos conceitos, que precisam ser revistos, por não delimitarem mais a fronteira e os limites entre a Imaginação e a Realidade.

O movimento em nome do “novo” nos impõe a impressão de que não tem mais sentido pensar o presente e o futuro na perspectiva da relação unidimensional, ou mesmo, bidimensional. O modelo de compreensão do Ser e do Mundo, bem como a própria Realidade que os envolve, passam a ser repensados e revistos em função da abertura conceitual que servirá de parâmetro normativo para as novas relações. Desse modo, a Contemporaneidade, organizada sob novas bases de relações e comunicação, impõe aos pólos dicotômicos da relação sujeito-objeto a sina de desaparecerem gradativamente como perspectivas de análise.

69 Estamos apenas querendo nos referir a uma perspectiva diferente da bilateralidade dicotômica fundada nos

dois pólos sujeito-objeto. Neste caso, acrescentamos um terceiro elemento, para oferecer um novo ângulo de abordagem.

A Comunicação Contemporânea, ao objetivar-se na sua forma ontológica através de relações de produção extremamente variadas e interativas, de sutis manifestações políticas e evidentes apelos culturais, pauta-se por fortes tendências organizacionais que lhe dão suporte teórico e prático para reivindicar antigos direitos de justiça e cidadania.

Desse modo, as estruturas conceituais e valorativas tradicionais, como, por exemplo, a escola, a família e as instituições de classes - os sindicatos dos trabalhadores - são diluídas pela dinâmica das estratégias do Sistema Econômico, ficando sem saber o rumo a ser tomado para acompanhar o sentido das mudanças.

Vemos, pois, projetarem-se na Atualidade, ações normativas pautadas por princípios do Sistema Econômico, conservador nos seus ideais de exploração e acumulação de riquezas e avançado na sua dinâmica de investimento compulsivo. Esse sistema é guiado pela Racionalidade Instrumental, permanentemente em estado de alerta para renovar as estratégias de consumo. Assim, a Contemporaneidade esbanja criatividade e sedução na invenção e reinvenção de marcas catalisadoras de valores modeladores de comportamentos, solidificando-se por meio de complexos símbolos e significados epistemológicos, que poluem a Linguagem e os Processos de Comunicação.

Em decorrência, a Linguagem Comunicativa Contemporânea, visual e oral, aparece caracterizada por um conteúdo vazio de significados explicativos e uma forma repleta de apelos sensuais e imaginativos, que assumem uma dinâmica e uma importância social, muito próximas do poder e das representações mitológicas. A conexão de conceitos, símbolos e codificações contemporâneas fluem velozmente através das Linguagens Visuais e das Redes de Comunicação, que se estendem por todo o Planeta, unindo e/ou desunindo culturas, valores e povos.

Com isso, a velocidade na Comunicação, acompanhada de perto pela eficiência e o apoio direto do Sistema Econômico, geram uma dinâmica que incide fortemente, não apenas na modelação do sujeito ou do objeto específico, mas, também, na estrutura normativa que impulsiona o Sistema Comunicativo, agora em rede, com a interação e o interesse dos sujeitos e objetos, a um só tempo, ou em tempo real. Desse modo, as evidências que se apresentam em torno das questões contemporâneas nos levam à hipótese de que estamos diante de um novo processo comunicativo, o qual exige novos parâmetros normativos na elaboração e aplicação de concepções teórico-metodológicas com estruturas de análise e interpretações teórica e prática.

Por outro lado, mas em sintonia com os objetivos da Modernização Econômica, os instrumentos tecnológicos, articulados com os sistemas traçados pela eletroeletrônica, ganham “status” científico e poder lógico simbólico para traçar e projetar configurações subjetivas e objetivas da realidade social e cultural do indivíduo contemporâneo.

Uma amostra da interface lógica, epistemológica, mitológica e ontológica pode ser vista pela própria estrutura teórico-metodológica, que pressupõe conhecimento respaldado na subjetividade e/ou objetividade, interferindo diretamente no processo de apreensão do Conhecimento na perspectiva crítico-reflexiva.

O desenvolvimento teórico-metodológico pelo qual a comunidade científica constrói a objetivação do Mundo aparece na Sociedade Contemporânea, parceiro da Racionalidade Instrumental, posta a serviço das grandes corporações financeiras, na forma de conhecimentos produzidos por técnicos e cientistas competentes.

Por outro lado, a diferença que se apresenta para a relação comunicativa do sujeito e do objeto tende a aumentar, porque a estratégia de manipulação é gerada sob as orientações

do Sistema Econômico, e não fica restrita apenas à mitificação da produção dos bens de consumo, mas, também, porque influencia na própria mitificação do Conhecimento Subjetivo, o que eleva, por um lado, a exaltação do sujeito que produz, e, por outro, o objeto produzido, com destaque para os associados da Tecnologia.

O que é objetivado do Conhecimento, é subtraído da relação, destacando apenas pólos individualizados da dicotomia, o Eu e/ou o Outro. O sujeito e/ou o objeto. A relação processual que é a fonte das mudanças é mitificada e passa a ser desacreditada pelo agente transformador, por incorporar o conteúdo ideológico, como expressão unilateral do Conhecimento, o que nos leva a acreditar que estamos diante de mais um elemento da caracterização do nosso suposto referencial: o Mito.