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Artigo original que promove uma reflexão sobre a comunicação para a promoção da saúde do homem a partir da observação das práticas verificadas nos

No documento WAGNER ROBSON MANSO DE VASCONCELOS (páginas 108-117)

Quadro 4 Síntese analítica das campanhas sobre processo de envelhecimento (2006-2013)

Artigo 4 Artigo original que promove uma reflexão sobre a comunicação para a promoção da saúde do homem a partir da observação das práticas verificadas nos

meios institucionais e das falas de sujeitos estratégicos no Brasil e na província de Quebec, no Canadá. O artigo será submetido à Revista Panamericana de Salud Publica (B3 na Medicina II), após defesa de tese, de forma a que possa ser enriquecido com as contribuições dos membros da banca.

Wagner Vasconcelos Lise Renaud

Maria Fátima de Sousa

Ana Valéria Machado Mendonça

RESUMO:

Trata-se de um ensaio, de natureza teórica, cujo objetivo é discutir o papel da comunicação para a promoção da saúde do homem.

Metodologicamente, o artigo parte de revisões sobre a literatura que abrange os três grandes temas que orientam o texto: saúde do homem, promoção da saúde e comunicação em saúde. A partir daí, foi realizado um ciclo de sete entrevistas com agentes estratégicos para a saúde do homem no Brasil e na província de Quebec, no Canadá, uma vez que o trabalho que decorre de pesquisa de Estudos Comparados entre diversos países. O conteúdo das entrevistas foi analisado tendo por base a hermenêutica-dialética de que trata Gadamer, e também sustenta-se na análise do discurso do sujeito coletivo de Lefévre e Lefrèvre.

Conclui-se que, muito embora a comunicação seja classificada como estratégica tanto nos discursos dos gestores, como nos documentos institucionais que versam sobre a saúde do homem, seu papel ainda é secundário, sendo utilizada de forma instrumental, superficial e pontual, além de receber poucos investimentos em pessoal especializado e carecer de suportes teóricos e planejamentos sustentados em comunicação em saúde.

Palavras-chave: Saúde do homem; masculinidades; promoção da saúde; comunicação em saúde; comunicação e saúde do homem

ABSTRACT

This is a theoretical essay whose purpose is to discuss the role of communication for the promotion of men’s health.

Methodologically, the article starts with reviews about the literature that covers the three main themes that guide the text: men’s health, health promotion and health communication. From

there, a cycle of seven interviews with strategic agents for men’s health in Brazil and the province of Quebec, in Canada, was carried out, since the work results from research of Comparative Studies between several countries. The content of the interviews was analyzed based on the dialectical hermeneutics that Gamader is dealing with, and is also based on the discourse of the collective subject of Lefevre and Lefrèvre.

It is concluded that, although the communication is classified as strategic both in managers' discourses and in institutional documents dealing with men’s health, its role is still secondary, being used in an instrumental, superficial and punctual way, besides receiving few investments in specialized personnel and lack of theoretical supports and sustained planning in health communication.

Key words: Men’s health; masculinities; health promotion; health communication; Communication and men’s health

INTRODUÇÃO – As faces da saúde do homem

Ao instituírem suas respectivas políticas de saúde do homem, Irlanda, em 2008, Brasil, em 2009, e Austrália, em 2010, lançaram aos governos e ao mundo desafios de naturezas e complexidades distintas. Cuidar da saúde do indivíduo do sexo masculino requer investimentos e iniciativas de ordens biomédicas, institucionais e tecnológicas de diferentes ordens. Afinal, os homens apresentam condições de saúde – e de adoecimento – que podem ser consideradas preocupantes se comparadas àquelas das mulheres. Avaliando-se as mortes por causas externas, ou seja, acidentes, violência e suicídio –, tem-se que os homens lideram as estatísticas a uma distância muito grande em relação às mulheres. No Brasil, vidas masculinas por causas externas são perdidas sete vezes mais do que aquelas femininas (BRASIL, 2009).

Há outros elementos complicadores para essa realidade. Os homens buscam menos (BRASIL, 2009) e mais tarde (TREMBLAY e L’HEUREUX, 2014) ajuda para cuidar de sua própria saúde. Assim, os custos para a sua recuperação são mais elevados, bem como se torna mais elevado o grau de comprometimento de sua saúde. Gross e McMullen (1983) definem três etapas seguidas pelos homens para agir em prol da própria saúde: perceber o problema, decidir se consultar e agir. Dulac (2001) afirma que essas três etapas sofrem influência do processo de socialização masculina, fazendo com que os homens tentem resolver os problemas

por conta própria. Dessa forma, muitos negam a existência do problema ou deixem o tempo passar enquanto buscam soluções individualmente.

Gomes (2012) cita Pinheiro et al (2002) sobre um estudo realizado a partir de dados da PNAD/IBGE, em 2008, que já mostravam importantes diferenças quanto aos cuidados em saúde. Enquanto do total de consultas médicas pesquisadas, 62,3% foram realizadas por mulheres, couberam ao homem 46,7% delas. A busca por serviços de saúde também apresenta significativas discrepâncias. Enquanto 40,3% das mulheres buscam realizar exames de rotina e de prevenção, apenas 28,4% dos homens o fazem, de acordo com o mesmo estudo.

Tais realidades estimulam a adoção de medidas que variam de ações pontuais à elaboração de estratégias de longo prazo, como a adotada pelo Brasil, que lançou, em 27 de agosto de 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). A política, instituída pela Portaria 1.944 do Ministério da Saúde, dá atenção especial aos homens da faixa etária dos 20 aos 59 anos. Tal público não apenas é aquele desassistido pelas demais políticas de saúde (do Idoso, e da Criança e do Adolescente, por exemplo), como também configura uma significativa parcela da população brasileira, composta por 53,2 milhões de pessoas. Esse contingente representa 27% da população do país. Se ainda for levado em consideração tratar-se de um segmento altamente inserido na População Economicamente Ativa do Brasil, os dados amplificam ainda mais sua relevância.

Gomes (2012) enfatiza a necessidade de cuidado para o público masculino, inclusive devido à repercussão que a saúde do homem exerce não só sobre os rumos da economia do país, mas também a saúde e bem-estar das famílias.

Os debates teóricos acerca das razões para essas peculiaridades superlotam o meio científico e geralmente apontam os efeitos das masculinidades como algumas das possíveis causas. Connell (1995) estabelece uma série de atributos segundo os quais os indivíduos de sexo masculino buscam alcançar e manter o seu status de homem na sociedade. Para a autora, são muitos os modelos de masculinidade possíveis, por isso o emprego do termo no plural. A razão está no fato de que cada sociedade estabelece atributos diferentes que conferem aos homens seu espaço social. Uma mesma sociedade, portanto, pode ter diferentes modelos de masculinidade, variando de região para região, de comunidade para comunidade. Observe-se, ainda, que tais modelos não são estáticos. Variam não apenas no espaço, mas também no tempo. Dessa forma, o conjunto de atributos que conferiam uma dada posição de masculinidade, num determinado contexto social, pode ter abandonado ou incorporado novos requisitos em momentos distintos. De comum, tais modelos trazem características segundo as

quais os homens devem adotar posturas que os distanciem de qualquer possibilidade de reconhecimento de vulnerabilidade (BIZOT, 2011) ou de semelhança com o feminino.

Dessa forma, a supressão das emoções, os riscos assumidos em maior grau, a adoção da violência como forma de dominação, a competitividade exacerbada, a proeza sexual e atlética, o uso abusivo de drogas lícitas ou ilícitas, a homofobia, a autonomia e sucesso financeiros (CONNELL, 1995; OLIFFE, 2006; TRUJILLO, 2000) são algumas das ‘exigências’ impostas àqueles dispostos a ostentar seu ‘status de macho’.

Diante desse panorama, Connell (2014) realça a condição de masculinidade hegemônica, que se sobrepõem aos demais modelos de masculinidade, subjugando-os e posicionando-se como ideal a ser atingido. A autora constrói a sua concepção de masculinidade hegemônica inspirada nos estudos de relação de classes de Gramsci. A masculinidade hegemônica, de acordo com ela, é o que garante (ou pretende garantir) a posição dominante dos homens e a subordinação das mulheres (CONNELL, 2014, p.74). Portanto, assume sua expressão máxima na configuração do homem branco, heterossexual e de classe média ou superior. Assim, Bizot (2011) reconhece que, na prática, “a maioria dos homens é mantida à distância, uma vez que ocupa uma posição de subordinação em relação a um grupo restrito de homens em posse de poder e recursos” (BIZOT, 2011, p.44).

Trujillo (2000), em um amplo estudo midiático, analisou a corporificação da masculinidade hegemônica na figura do lendário jogador de baseball dos Estados Unidos, Nolan Ryan. O autor perscrutou mais de 250 reportagens de jornais e revistas impressos, 100 matérias televisivas sobre o jogador, e mais de 30 anúncios impressos e televisivos que traziam Nolan como figura central. O material foi colhido durante os 26 anos de carreira do jogador (de 1965 a 1991). A partir daí, identificou como a mídia realçava características que ajudavam a exacerbar e a consolidar a figura do dito “homem ideal”, cujas características o jogador reunia e que o autor classificou em cinco: controle e força física, sucesso ocupacional, patriarcado familiar, liderança e heterossexualidade. Sua conclusão foi a de que a masculinidade hegemônica é exaltada nos esportes midiáticos, trazendo consequências negativas para o próprio homem – razão pela qual deveria ser analisada e criticada (TRUJILLO, 2000).

Macdonald (2015), em conferência proferida na cidade de Montreal, no Canadá, critica a indicação da masculinidade como possível causa dos problemas de saúde do homem. Para ele, esse reconhecimento teria o mesmo significado de se “culpar a vítima”. Segundo o autor, a saúde do homem deve ser compreendida para além das causas individuais do adoecimento. Assim, entrariam em análise os aspectos externos (ou exógenos, como refere), como aqueles

ligados às condições de trabalho e vida impostos aos homens. Destaca, acima de tudo, atenção aos determinantes sociais da saúde. Assim, o autor sugere o que classifica de abordagem “salutogênica” para o homem – termo que ele resgata de Antonovsky (1979) e que pressupõe um olhar sobre aquilo que favorece a saúde, e não apenas o foco na doença.

Porém, se por um lado a advertência de Macdonald faz sentido, já que a masculinidade não deve ser usada como “culpabilizadora” das condições de saúde do homem, também há de se reconhecer que ela explica (ou ajuda explicar) em grande parte as razões pelas quais os homens estariam mais predispostos a encarar determinadas situações de vida. É urgente, portanto, estender o olhar sobre a saúde do homem para além das fronteiras biomédicas e epidemiológicas, incorporando ao debate sobre o tema e às estratégias lançadas, elementos e campos do conhecimento diversos, como educação, cultura e comunicação. A reflexão a que este artigo se propõe repousa sobre este terceiro elemento.

Quando a comunicação entra em cena

Afirmou-se, no início deste artigo, que cuidar da saúde do homem requer investimentos e iniciativas de ordens biomédicas, institucionais e tecnológicas. É necessário, agora, avançar sobre um outro conjunto de medidas que igualmente devem ser avocadas de forma a se pensar o cuidado em saúde para o público masculino, mais especialmente, a articulação da saúde com a comunicação. Ora, se, conforme visto, a relação do homem com sua própria saúde é resultante de fortes componentes culturais, é de se questionar, naturalmente, como abordá-la sem a intervenção da comunicação. Portanto, os autores que a partir de agora dialogam nos servem de referenciais teóricos próprios da comunicação em saúde.

Assim sendo, iniciemos a reflexão pelo destaque da importância que a comunicação alcança para a promoção da saúde. Araújo e Cardoso (2007) indicam a centralidade da comunicação para a apropriação, por parte da sociedade, dos objetivos das diversas políticas públicas – uma ressalva próxima à de Coe (1998), para quem os grupos da comunidade, devidamente informados, exercerão poder de influência sobre as políticas, fomentando a adoção daquelas orientadas à saúde, que é componente chave da promoção da saúde (COE, 1988). Renaud e Sotelo (2007) relembram que desde a Conferência de Alma-Ata, em 1978, a comunicação é tida como essencial para a atenção básica em saúde. Na Carta de Ottawa (1986), documento-síntese da I Conferência Internacional para a Promoção da Saúde, realizada no Canadá, a comunicação foi alçada à condição de estratégia complementar e essencial (dentre outras quatro estratégias) para prover as pessoas e as coletividades dos cuidados capazes de fazê-los melhorar suas próprias condições de saúde. As outras quatro estratégias

referidas são: educação para a saúde, desenvolvimento comunitário, ações políticas e mudanças organizacionais (RENAUD e SOTELO, 2007).

O histórico das diversas Conferências Internacionais de Promoção da Saúde, segundo Bulcão (2008), igualmente reitera a relevância do tema para a comunicação, uma vez que, em seus relatórios, tais eventos costumeiramente enumeraram a comunicação como elemento de importância central, variando suas abordagens, como: impacto da comunicação na saúde; comunicação para a garantia da saúde; universalidade da comunicação; comunicação para o desenvolvimento comunitário, informação e educação, e comunicação estratégica para a saúde (VASCONCELOS, 2009. p. 34) .

Não sem motivos, a comunicação em saúde tem se solidificado como campo de pesquisa em plena efervescência nos meios acadêmicos, recebendo de Schiavo (2014) a definição de que a comunicação em saúde é:

Um campo multifacetado e multidisciplinar de pesquisa, teoria e prática voltados para o alcance de diferentes populações e grupos para troca de informações, ideias e métodos relacionados à saúde, a fim de influenciar, engajar, capacitar e apoiar indivíduos, comunidades, profissionais de saúde, pacientes, formuladores de políticas, organizações, grupos especiais e o público para que eles possam defender, introduzir, adotar ou manter um comportamento, prática ou política de saúde ou social que, em última instância, melhore os resultados individuais, comunitários e de saúde pública.” (SCHIAVO, 2014. p. 43)

A autora considera que a comunicação em saúde está relacionada com a melhoria dos resultados de saúde a partir do estímulo às modificações de comportamento e às mudanças sociais. Porém, num contexto em que comunicar tem se tornado palavra de ordem, Mendonça (2014) adverte que o desafio contemporâneo não reside mais apenas na qualidade das informações, mas, sim, na administração das estratégias de comunicação. Assim, quando se pensam estratégias de comunicação, é imperioso considerar o papel que as pessoas desempenharão em cada uma delas. Por mais que elas sejam tidas como “público-alvo”, as pessoas devem ser consideradas “participantes ativos nos processos de análise e priorização das questões de saúde, na busca por soluções culturalmente adequadas e eficazes (...)”, recomenda Schiavo (2014). Corroboram com esse pensamento Araújo e Cardoso (2007) ao discorrerem sobre uma comunicação dialógica – a partir de uma perspectiva freireana, (FREIRE, 1977) –, segundo a qual todos os atores envolvidos no processo de comunicação são, ao mesmo tempo, detentores e produtores de saberes, que, por sua vez, não podem ser

desconsiderados neste processo, dada a importância que possuem para o seu próprio desenvolvimento (ARAÚJO e CARDOSO, 2007).

Avançando mais um pouco, Corcoran (2011) destaca a importância das questões culturais para a comunicação que se pretende promotora da saúde. Para isso, o profissional de saúde tem papel determinante, uma vez que cabe a ele a capacidade de “identificar e descrever as culturas de uma dada população e compreender quanto cada uma delas está relacionada com as crenças e as ações de saúde” (CORCORAN, 2011.p.51). Uma das condições para que isso se desenvolva é, de acordo com a autora, um mapeamento das características culturais dos grupos (ou indivíduos) sobre os quais se pretende agir.

Os muitos autores trazidos à essa reflexão convergem para a importância e o papel central da comunicação a promoção da saúde. É preciso observar, no entanto, que não reside na comunicação a solução para todos os problemas relacionados à saúde – muito embora as soluções possam (e devam) passar por ela. Tal impossibilidade de solucionar todos os problemas está de que muitas das questões que interferem direta e indiretamente na saúde das pessoas ultrapassam os limites da comunicação. É o que esclarece Pessoni (2007), que destaca, entre tais questões, aquelas ligadas à pobreza, à degradação ambiental e à falta de acesso à atenção em saúde (PESSONI, 2007). O mesmo alerta faz Schiavo (2014), quando introduz que a comunicação não pode substituir a falta de infraestrutura local, que varia da ausência de serviços apropriados em saúde a outros serviços essenciais, como sistemas de transporte apropriados, instalações de recreação (como parques, por exemplo) e lojas de venda de alimentos nutritivos (SCHIAVO, 2014).

Ambos concordam, no entanto, que a comunicação possui forte influência seja para assegurar comprometimento de agentes políticos e o engajamento da comunidade em busca de soluções para os resultados de saúde (SCHIAVO, 2014), seja para fazer as pessoas compreenderem melhor a si mesmas e às suas comunidades, de forma a “adotar ações apropriadas para maximizar a saúde” (PESSONI, 2007, p.62).

METODOLOGIA

Este ensaio decorre de reflexões feitas a partir de entrevistas sobre as práticas de comunicação para a saúde do homem promovidas no Brasil, bem como a partir das opiniões de sujeitos estratégicos para a saúde do homem da província de Quebec, no Canadá. A escolha desses dois espaços se deu a partir da vinculação desta pesquisa ao projeto (omitido para fins

de revisão). O estudo trabalha sob a lógica dos estudos comparados e busca compreender e articular experiências e estratégias de países e localidades que guardem semelhanças com o Brasil. No caso do Canadá, onde cada província possui seu próprio sistema de saúde, bem como seus próprios ministérios da área, Quebec foi selecionada por ser uma das localidades contempladas pelo projeto.

Tanto para a observação das práticas como para a análise das falas, foram realizadas entrevistas em profundidade, conforme preconizam Laville e Dione (1999). Este método de entrevista, embora parta de roteiro orientador, permite a interação e troca com o entrevistado, favorece “a exploração em profundidade de seus saberes, bem como de suas representações, de suas crenças e valores” (LAVILLE, DIONE, 1999, p.189).

No Canadá, as entrevistas foram realizadas em 2015, com agentes pertencentes a espaços de fala distintos: Ministério da Saúde e dos Serviços Sociais, duas universidades e um organismo de atenção ao homem da cidade de Montreal. No Brasil, as entrevistas se deram com agentes estratégicos da Coordenação de Saúde do Homem do Ministério da Saúde, em 2016. O primeiro agente, à época, respondia pela referida coordenação; e o segundo, pela implementação das ações de comunicação. As entrevistas foram realizadas separadamente, tendo, cada uma delas, a duração de pouco mais de uma hora. Todas foram gravadas em mídia digital, o que permitiu uma posterior tabulação dos aspectos mais relevantes para o estudo.

Muito embora diversos temas tenham sido abordados nas entrevistas no Brasil e no Canadá, para fins deste estudo foram considerados apenas aqueles ligados à comunicação.

As análises a que se chegou sustentam-se na Hermenêutica-Dialética de Gadamer (1999), reforçada por Minayo (2008). O viés hermenêutico pressupõe a necessidade e o esforço de compreender o posicionamento outro, considerando-se seu lugar de fala e, a partir daí, construindo-se a interpretação daquilo que o outro expressa. No que diz respeito à dialética, a análise se localiza no questionamento, na problematização e no contraponto imposto às questões postas em debate, de onde se edifica, por meio de uma atitude crítica, a compreensão da realidade (MINAYO, 2008). Os sujeitos entrevistados, por sua vez, foram selecionados com amparo em Lefèvre e Lefèvre (2005), para quem características pessoais e ideológicas de tais sujeitos podem orientar o pesquisador durante a seleção intencional daqueles que pretende ouvir. Essas características, portanto, variaram, como se disse, dos lugares institucionais, sociais e acadêmicos que cada interlocutor ocupava.

Nos encontros com os agentes estratégicos brasileiros, buscou-se conhecer: a) os procedimentos de comunicação da coordenação em questão (quais os fluxos, como as demandas são concebidas e atendidas, quem as analisa e as aprova, com que frequência são

realizadas); b) a estrutura (física, pessoal, material etc) disponibilizada para as ações de comunicação; c) os instrumentos (subsídios) teóricos e/ou institucionais que orientam as ações de comunicação da saúde do homem. A partir desses levantamentos, analisou-se o papel da comunicação para a promoção da saúde do homem.

Já em relação aos sujeitos canadenses entrevistados, buscou-se conhecer a importância que atribuem à comunicação para a saúde do homem. Uma limitação desta pesquisa deu-se na negativa da área de comunicação do ministério da saúde da província de Quebec em participar do estudo. Assim, não se pôde conhecer as práticas e procedimentos de comunicação daquela instituição. No entanto, o estudo mantém-se válido e pertinente uma vez que busca analisar o

No documento WAGNER ROBSON MANSO DE VASCONCELOS (páginas 108-117)