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Micro-organismos isolados de mastite bovina, e sua presença em

leite cru no Brasil: uma visão geral

Micro-organisms isolated from bovine mastitis, and its presence in

raw milk in Brazil: an overview

RESUMO:

O presente artigo objetivou buscar, organizar e descrever informações sobre micro- organismos causadores de mastite e frequentemente encontrados no leite cru em artigos publicados de 2009 a 2019, nas bases de dados Scielo, Medline e Google acadêmico. Para tanto, utilizou-se nesta investigação nos bancos de dados as palavras-chaves: “mastite”, “bovinos”, “micro-organismos”, “leite cru” e “Brasil”. Após a busca, foram encontrados 46 artigos sobre mastite, dos quais 12 foram selecionados. Já sobre o leite cru, foram encontrados 82 artigos e 11 foram selecionados para revisão. Os artigos sobre mastite discutiam a respeito de 43 micro-organismos, segundo grupos, famílias, gêneros e espécies como agentes causadores de mastite bovina em diferentes regiões do Brasil. O gênero Staphylococcus e seus grupos (coagulase positiva e negativa), bem como a espécie S. aureus, foram descritos com maior frequência (36 vezes) como agentes causadores de mastite, seguida pelo gênero Streptococcus e as espécies S. agalactiae, S. uberis e Enterococcus, além dos bacilos Corynebacterium spp., e Escherichia coli. Nos artigos que abordavam sobre leite cru, Staphylococcus coagulase positiva, Staphylococcus spp. e S. aureus, além da espécie Escherichia coli foram detectados com frequência. Na avaliação da mastite e do leite visualiza-se o predomínio do gênero Staphylococcus spp., bem como da espécie Escherichia coli, o que reforça a necessidade de monitoramento constante da saúde das glândulas dos animais, do manejo, da ordenha e do acondicionamento do leite obtido. Assegurando assim, um produto saudável ao consumidor final do leite e seus derivados.

Palavras-chave: Bovinos, Brasil, Leite cru, Mastite, Micro-organismos.

ABSTRACT:

This article aimed to search, organize and describe information about microorganisms that cause mastitis and are frequently found in raw milk in articles published from 2009 to 2019, in the Scielo, Medline and Google academic databases. For this purpose, the keywords used in the investigation were: “mastitis”, “bovines”, “microorganisms”, “raw milk” and “Brazil”. After the search, 46 articles on mastitis were found, of which 12 were selected. Regarding raw milk, 82 articles were found and 11 were selected for review. Mastitis articles discussed 43 microorganisms, according to groups, families, genera and species as causative

agents of bovine mastitis in different regions of Brazil. The Staphylococcus genus and its groups (positive and negative coagulase), as well as the S. aureus species, have been described more frequently (36 times) as mastitis-causing agents, followed by the Streptococcus genus and the species S. agalactiae, S. uberis and Enterococcus, in addition to the bacilli Corynebacterium spp., and Escherichia coli. In articles dealing with raw milk, coagulase positive Staphylococcus, Staphylococcus spp. and S. aureus, in addition to the species Escherichia coli, were frequently detected. In the evaluation of mastitis and milk, the predominance of the genus Staphylococcus spp., as well as the species Escherichia coli, can be seen, which reinforces the need for constant monitoring of the health of the animal glands, management, milking and packaging of the milk obtained. Thus ensuring a healthy product for the final consumer of milk and milk products.

Keywords: Raw milk; Cattle; Mastitis; Microorganisms, Brazil.

INTRODUÇÃO

O leite e seus derivados são alimentos consumidos em grande escala mundialmente (BRASIL, 2019). Contudo, estes são objetos de preocupação dos produtores e processadores, por serem perecíveis. Pois, o leite é um meio nutritivo, que pode facilitar a colonização e crescimento de micro-organismos de diferentes origens, afetando sua qualidade, podendo assim gerar risco a saúde do consumidor (SILVA; SILVA; BETT, 2017). Na maioria das vezes, a contaminação está associada ao consumo de leite cru ou pasteurizado de forma inadequada (SANTOS; FONSECA, 2007; CEMPÍRKOVÁ; MIKULOVÁ, 2009).

A composição do leite é homogênea, formada por glicerídeos, proteínas, lipídeos, sais minerais, vitaminas e enzimas, que permanecem em emulsão (MONARDES, 2004). Aproximadamente 85,3% do leite é formado por água, 14,7% de sólidos totais, 2,5 a 4,5% de proteínas totais, 2,4 a 4,2% de gordura, 3,8% de lactose e 0,8% de sais minerais e vitaminas (SGARBIERI, 2005). A proteína do leite é extremamente útil na construção de enzimas e tecidos corporais (WALDNER et al., 2007; ZANELA et al., 2011) e o cálcio e fósforo auxiliam na estruturação dos ossos e dentes (SANTOS; FONSECA 2007; CEMPÍRKOVÁ, MIKULOVÁ, 2009).

Visando minimizar a contaminação do leite, controles e programas são implementados na cadeia produtiva do leite, desde o campo até a mesa do consumidor, como o processo de pasteurização lenta (62°C a 65ºC por 30 minutos aproximadamente), rápida (72ºC a 75ºC por 15 a 20 segundos) e a ultrarrápida (130ºC a 150ºC de 3 a 5 segundos) (TEXEIRA NETO et al., 1997). Esses controles

são uma dificuldade comum, principalmente, para os pequenos produtores, isto afeta o desempenho econômico das propriedades, tornando estes produtos não competitivos no mercado consumidor, e atingindo-se assim, o sistema social e econômico do produtor rural (MUMIC; AGUIAR; LIVRAMENTO, 2015). Um dos problemas dos produtores com o rebanho leiteiro é reflexo do déficit de programas de controle na cadeia produtiva do leite, trata-se da mastite, que impacta tanto a qualidade, quanto a quantidade do produto (BRASIL, 2019).

A mastite bovina é uma patologia que provoca a inflamação da glândula mamária e se manifesta na forma clínica e subclínica, ocasionada principalmente por bactérias, mas também por protozoários, leveduras e fungos filamentosos. A mastite clinica se classifica em subaguda, aguda e super aguda, ou crônica e gangrenosa. Esse diagnóstico pode ser realizado observando o enrijecimento da glândula, presença de grumos e parênquima glandular, além de exsudados de cor avermelhada (GUANDALIM; CHAVES, 2014).

Os agentes etiológicos dessa enfermidade são classificados em: contagiosos, representados principalmente por Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Mycoplasma spp. e Corynebacterium bovis, com transmissão cruzada de animal para animal ou de glândula para glândula durante o processo de ordenha manual ou mecânica; ou ambientais, dos quais se observa o Streptococcus bovis, S. uberis, S. dysgalactiae, Enterecoccus faecum e Enterococcus faecalis, além de bactérias gram-negativas: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e Enterobacter aerogenes (LANGONI et al., 2011; ACOSTA et al., 2016).

A ausência de mastite bovina se tornou pré-requisito básico para a remuneração do produtor de leite e a sua permanência nesta atividade. Portanto, deve haver o monitoramento dos pontos críticos de controle no sistema, em relação aos parâmetros existentes, para diagnóstico da mastite (BRASIL, 2019). Quando a contagem de células somáticas ultrapassarem 10.600.000 células/ml no leite, devem ser implementados exames para detecção dessa infecção no rebanho (GUANDALIM; CHAVES, 2014).

A discussão teórica sobre a presença de mastite no rebanho leiteiro, identificando seus agentes causadores e sua frequência, inclusive em leite bovino cru, no período dos últimos 10 anos, por meio de buscas sistemáticas e revisão de

artigos, contribui para compreensão deste agravo, visando a melhoria da qualidade do leite.

Sendo assim, a presente revisão objetiva caracterizar e relacionar os principais agentes etiológicos causadores de mastite bovina, além dos mais presentes no leite cru no Brasil, em artigos publicados em periódicos indexados, no período de 2009 a 2019.

METODOLOGIA

Para a obtenção dos artigos, foram adotados os seguintes critérios de busca: artigos publicados nas bases de dados Scielo, Medline e Google acadêmico, no período de 2009 a 2019, em língua portuguesa, utilizando-se dos descritores “Mastite”, “bovinos”, “micro-organismos”, “leite cru” e “Brasil”. As buscas ocorreram em dezembro de 2019. Foram então selecionados os artigos em português publicados nos últimos dez anos, com mais de um agente etiológico causador de mastite, e artigos que avaliavam o leite cru. Ao todo foram encontrados 46 artigos sobre mastite, e 82 sobre leite cru, perfazendo 128 artigos. Após a leitura dos títulos e resumos, houve a seleção os artigos sobre mastite e sobre análises de leite cru para leitura na íntegra. Foram selecionados apenas o que atenderam aos critérios de seleção propostos: abordagem dos principais agentes etiológicos causadores da mastite; os mais presentes no leite cru; realizados no Brasil nos últimos 10 anos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado das buscas, foram encontrados 16 artigos publicados no Brasil no período de 2009 a 2019 sobre mastite bovina nas diversas regiões brasileiras, por meio destes, observou-se a detecção de grupos, famílias, gêneros e espécies de micro-organismos, perfazendo 43 gêneros bacterianos. O gênero Staphylococcus spp. teve uma ocorrência de citação elevada nos artigos, tanto somente o gênero, como também o grupo (Staphylococcus coagulase positiva ou negativa). No entanto, em nível de espécie o Staphylococcus aureus foi, predominantemente, o mais citado, outras espécies, como S. intermedius, S. hyicus, S. epidermidis e S. Schleiferi também foram citadas, mas numa menor proporção. Outros cocos gram-positivos causadores de mastite citados com frequência (25

vezes) foi o gênero Streptococcus e as espécies S. agalactiae e S. uberis. Merecendo destaque de elevada citação temos ainda os bacilos, Corynebacterium spp. (gram-positivo), e a espécie Escherichia coli (gram-negativa), citados numa frequência de nove e sete vezes, respectivamente (Tabela 1).

Nesta revisão observou-se também 11 artigos descrevendo pesquisas com leite cru de diferentes origens (tanques de resfriamento, galões, ordenhadeiras e do comercio varejista). Os grupos de micro-organismos indicadores da má qualidade de higiene do leite, tais como, bactérias aeróbias mesófilas e psicrotróficas, além de coliformes totais, tiveram maior citação (seis vezes cada). Contudo, entre os micro- organismos verificou-se a ocorrência de grupos, gêneros e espécies específicas, tais como Staphylococcus coagulase positiva, Staphylococcus spp. e S. aureus, além da espécie Escherichia coli (Tabela 2).

Staphylococcus spp., bem como a espécie Escherichia coli foram citados como os micro-organismos predominantes no leite de animais com mastite, bem como no leite bovino cru, deslumbrando-se a predominância de bactérias do gênero. Já a infecção por S. aureus, foi um fator importante no estabelecimento e na disseminação no rebanho. Trata-se de um fenômeno bastante dinâmico, o qual tem estreita associação com mudanças no manejo, tais como o uso sistemático da ordenhadeira mecânica, considerado importante fator que atua como força seletiva sobre patógenos causadores de mastite (COSTA et al., 2013).

Os micro-organismos mais citados nos artigos revisados foram Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase positiva e Streptococcus agalactiae, o que sugere não ter havido uma total adesão dos produtores de leite do Brasil às técnicas de higiene de ordenha incentivada pela Normativa de nº 62 de 29 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011). Pois essa adesão, segundo Bettanin et al. (2019), poderia ocasionar a diminuição de agentes contagiosos como Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae levando ao aumento relativo de Staphylococcus spp. coagulase negativa (BETTANIN et al.,2019).

O Brasil é um país de tamanho continental, com diversidade climática, cultural e de vegetação. A estação climática possui baixa interferência na etiologia da mastite (BETTANIN et al., 2019). Mas um estudo de mastite no Paraná mostrou que há diferença de ocorrência dos grupos de micro-organismo patogênicos (contagiosos e ambientais) em uma estação em relação à outra (BETTANIN et al., 2019).

Inclusive o clima quente é um fator de incidência, pois, manejo inadequado das vacas no período seco reflete nos índices elevados de mastite por Enterobacteriaceae, o que é demonstrado pela alta incidência deste micro- organismo na estação do verão (BETTANIN et al., 2019).

Contudo, os fatores que mais influenciam o aumento da ocorrência de mastite são a tecnificação do sistema de produção leite, o aumento da produtividade, as falhas no manejo de ordenha, e a higienização dos equipamentos de ordenha (SAAB et al., 2014).

Por meio dos estudos de Saab et al. (2014) e Jardim et al. (2014), pode-se afirmar que há uma deficitária higienização durante o manejo do leite, que é comum às diversas propriedades leiteiras em todas as regiões do Brasil (Centro-oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul), sendo os micro-organismos, anteriormente citados, predominantes na mastite bovina.

O predomínio do Corynebacterium spp. e do S. aureus como agentes causais de mastite, indica a ocorrência de falhas de higiene durante a ordenha e alerta para o risco de animais portadores de mastites atuarem como fonte de infecção para o rebanho (MARTINS et al., 2010). A elevada presença de S. aureus indica a possibilidade de alguns animais serem portadores de mastite, podendo contaminar animais sadios aptos a uma possível contaminação por esta bactéria, pois o S. aureus é um dos agentes causais mais prevalentes nas manifestações subclínicas da mastite (RIBEIRO et al., 2014).

A presença de E. coli evidencia a necessidade de implementação das boas práticas higiênico sanitárias na produção leiteira, uma vez que este micro-organismo é de origem entérica. Ele pertence ao grupo de agentes ambientais, e provavelmente sua presença está relacionada procedimentos inadequados de higiene do ambiente habitado pelo rebanho (OLIVEIRA et al., 2010).

Tabela 1 - Frequências de citação em artigos científicos online de gênero e espécies detectados como agente causal de

mastite bovina no período de 2009 a 2019.

Tabela 2 – Frequências de citação em artigos científicos online de gênero e

espécies detectados em leite cru no período de 2009 a 2019.

Fonte: Resultados da pesquisa, 2020.

Os procedimentos que mais contribuem para evitar a mastite são a antissepsia das glândulas antes e após a ordenha, pois evitam a disseminação de agentes infecciosos e aparecimento de novas infecções (BRITO et al., 2014). A água pode servir de veículo carreador de micro-organismos patogênicos para úbere, sendo assim, outro fator preocupante é a água utilizada no manejo e consumo dos animais, que por muitas vezes é ignorada nas propriedades, mas que deve ser controlada (CUNHA et al., 2015).

Medidas quanto ao correto manejo higiênico-sanitário nas propriedades, tratamento criterioso dos animais e retirada de substratos que favoreçam o desenvolvimento de parasitos, podem auxiliar os produtores no controle da mastite bovina, como também de outras enfermidades do rebanho, bem como no controle de parasitoses (CASTRO; SOUZA; BITTENCOURT, 2012).

O controle da mastite requer investigações sistemáticas, e uma das formas de se identificar tal alteração é por meio do teste da caneca do fundo preto, que consiste na observação, já nos primeiros jatos, desprezados em uma caneca com o fundo preto, da mudança na coloração do leite, presença de grumos e de uma consistência mais aguada, podendo apresentar sangue ou pus (MASSOTE et al., 2019). Tal controle visa assim o reconhecimento, a avaliação e a interpretação dos fatores epidemiológicos mais importantes, possibilitando dessa forma a aplicação de medidas de controle mais racionais, com ênfase na higiene e terapia, levando em consideração as características epidemiológicas da doença (OLIVEIRA et al., 2010).

A orientação técnica realizada pelo médico veterinário pode contribuir com a redução da mastite nos rebanhos bovinos, através da capacitação identificam-se possíveis problemas. A realização do antibiograma também é de extrema importância, podendo reduzir os gastos com medicamentos e a indução de resistência de micro-organismos (SENHORELLO et al., 2013).

Com os relatos na comunidade cientifica dos principais agentes infecciosos das mastites, se faz necessário o acompanhamento do perfil dos agentes causadores de mastites em diferentes regiões do Brasil, bem como testes de antibiograma, para poder comparar as alterações do perfil de patógenos ao longo do tempo, sendo imprescindível cada vez mais, estudos na área de qualidade de leite (SANTOS; PEDROSO; GUIRRO, 2010).

A mastite ainda é um problema importante nos rebanhos leiteiros por afetar a saúde dos animais, reduzir a produção e causar alterações significativas na qualidade do leite, sendo este um dos fatores que não permitem que os produtores atinjam as metas estimadas pelo governo. Os prejuízos com a mastite afetam tanto o produtor quanto o consumidor, sendo que algumas falhas podem ocorrer desde o manejo dos animais e da ordenha nas propriedades até a contaminação do leite do tanque com micro-organismos ambientais (RUIZ et al., 2011).

Visando a garantia da qualidade da produção, implementou-se no país a Instrução Normativa n° 51/2002 (IN51), atualizada pela Instrução Normativa 62/2011 (IN Nº 62) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que estabelece regulamentos técnicos de produção, para a coleta e transporte do

leite refrigerado, desde o momento da ordenha até sua chegada às unidades de beneficiamento (BRASIL, 2011).

Dentre os requisitos definidos na IN Nº 62, destaca-se a coleta do leite a granel. Nesse sistema, o leite cru, armazenado em tanque de expansão a 4ºC por até 48 horas, é transportado para a indústria beneficiadora em tanques isotérmicos. Esse processo visa reduzir o desenvolvimento da microbiota mesofílica, dentre as quais o gênero Staphylococcus, que se destaca como micro- organismo patogênico, potencialmente reconhecido como produtor de toxinas (RIBEIRO et al., 2019; PICOLI et al., 2014; MATTOS et al., 2010).

O consumo de leite sem tratamento prévio, como a pasteurização, expõe a população a diversas doenças como a tuberculose e a brucelose, além de não assegurar a distribuição de um produto inócuo. Para ser considerado de qualidade, o leite precisa ter qualidade sensorial, nutricional e físico-química, bem como contagem reduzida de células somáticas e baixa carga microbiana (SCABIN; KOZUSNY-ANDREANI; FRIAS, 2012; SILVA; SILVA; BETT, 2017).

Entre os indicadores mais utilizados para a qualidade higiênica sanitária dos alimentos, destacam-se o grupo dos coliformes e Staphylococcus coagulase positiva. Os coliformes são indicadores de contaminação fecal e do risco da presença de micro-organismos patogênicos, como a Salmonella spp. (ÂNGELO; BARBOSA; ARAUJO, 2014). Os Staphylococcus são de grande importância, principalmente as coagulase-positiva, pois podem produzir enterotoxinas termoestáveis, atingindo o consumidor mesmo após o processo de pasteurização (GARCÍA; COUTO; FERREIRA, 2014; BARRETO et al., 2012; FAGUNDES et al., 2010).

CONCLUSÃO

Com o presente estudo pode-se concluir que existe a presença de vários micro-organismos na cadeia produtiva do leite brasileiro, que são contaminantes do leite cru e causadores da mastite bovina. Os micro-organismos mais prevalentes são os Staphylococcus aureus, Streptococcus spp e Corynebacterium spp e o Eschericia coli.

Outro fator relevante são os controles e protocolos estabelecidos para garantia da qualidade do leite, com o uso de ferramentas importantes na detecção

da presença de micro-organismos no leite, oriundos principalmente pela ausência de boas práticas de higiene durante a produção, processamento e armazenamento do leite.

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