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Diante das novas tecnologias de comunicação, a sociedade está cada vez mais interligada em redes. Segundo Borges e Bezerra (2016), esse fenômeno social se iniciou a partir da segunda metade do século XX, com a popularização da Internet e do uso de equipamentos tecnológicos de comunicação como os computadores e smartphones. Com essa evolução, o processo de produção de notícias também foi se adaptando e sendo alterado.

Atualmente, é possível que qualquer pessoa consuma, colabore e produza informação através das mídias digitais. Antes dessa “Era Digital”, as notícias estavam centralizadas e concentradas no campo do jornalismo, onde as grandes empresas de comunicação tinham o monopólio, tendo o poder exclusivo de mediar e controlar a informação. Hoje, a produção de notícias está sendo descentralizada e ampliada, podendo-se buscar informação em qualquer lugar, através das conexões em rede. Qualquer pessoa pode ir direto à fonte e produzir a própria notícia utilizando as redes sociais, explica Borges e Bezerra (2016).

Dentro desse contexto, também existem as “agências de notícias”, que, segundo Lage (2005), são meios indiretos de informação que surgiram da necessidade dos grandes veículos

de comunicação expandirem sua equipe, uma vez que estes não tinham a capacidade de manter um repórter em cada lugar do mundo. Desta forma, esses veículos se vinculam a repórteres em várias partes do mundo que trabalham para fornecer notícias para as suas redações. Com a Internet, essas agências de notícias conseguem atender as empresas de comunicação com mais rapidez e mostrar os fatos ocorridos onde estiverem.

No mundo digital, as agências de notícias estão ganhando mais força. Passam a produzir informações e as repassam para os veículos de comunicação em tempo real. Segundo Borges e Bezerra (2016), as agências são como escritórios especializados onde os jornalistas elaboram notícias e fazem a mediação entre as fontes e os grandes veículos da imprensa. Esse é o modelo tradicional de agência de notícia, onde as empresas de comunicação pagam para receber as matérias jornalísticas. Desse modo, as agências não se relacionam diretamente com a audiência/público, ficando a cargo do veículo de comunicação, que contratou o serviço, fazer a publicação oficial da matéria. Podemos citar, como exemplo, as agências Reuters e France Presse, que construíram as suas imagens no campo da comunicação seguindo esse formato tradicional, como podemos ver nas figuras 11 e 12:

Figura 11: Sala de redação da agência Reuters em Londres.

Figura 12: Departamento de Jornalismo da agência France Presse em Paris.

Fonte:http://www.gettyimages.com/detail/news-photo/journalist-of-afp-departement-ambre-tosunoglu-works- on-news-photo/466934601#journalist-of-afp-departement-ambre-tosunoglu-works-on-february-5-at-picture-

id466934601 – Acesso em 18 nov. 2017.

Barreto e Ruiz (2012), ao analisar as alterações que a Internet provocou no campo do jornalismo, afirmaram que a nova estrutura de circulação da informação desconstrói o modelo de jornalismo tradicional, que era feito apenas por profissionais especializados em produzir notícias. Como exemplo os autores citam os jornais USA Today, The New York Times (norte- americanos) e The Guardian (inglês), que estão recorrendo aos leitores para produzirem reportagens diferenciadas.

Ortega e Pérez (2012) ressaltam que não existem dúvidas de que a Internet revolucionou o formato de se fazer comunicação, no momento em que surgiu a possibilidade da sociedade participar do processo de fabricação de notícias, tendo o direito de se manifestar e emitir livremente a sua opinião. Com isto, pôde-se considerar que houve um renascimento do diálogo social. Este diálogo social, segundo Ortega e Pérez, é visto ao se observar quando o cidadão: 1) questiona diretamente os políticos e gestores públicos através de sites institucionais e das redes sociais, 2) dribla os filtros impostos pela imprensa ao criar o seu próprio espaço para afirmar a sua autonomia e 3) dirige-se a outros cidadãos querendo debater os mesmos assuntos sem precisar mais da mediação da grande imprensa.

Esse novo processo de comunicação em rede descentralizou o polo de produção e emissão de notícia, levando pesquisadores da área da comunicação a repensar sobre o conceito

clássico de notícia. Segundo Shirky (2008 Apud Primo, 2011), a notícia não é mais exclusividade da prática do jornalista, agora ela faz parte de um ecossistema de comunicação muito maior, onde o cidadão que não é jornalista também produz a notícia.

Por conta da Internet, o processo de produção de notícia dos veículos de comunicação não é mais verticalizado, a grande imprensa não possui mais o monopólio de divulgação do conteúdo. Segundo Borges e Bezerra (2016), antes da Internet a notícia precisava passar por um complexo processo até se transformar em produto, submetendo-se aos critérios e valores de noticiabilidade impostos pelos jornalistas e pelas empresas de comunicação. Após a Internet, esse processo de produção de notícias está sendo desconstruído, permitindo que qualquer pessoa possa produzir notícia com base em seus próprios critérios, desviando dos tradicionais valores e critérios definidos pelos jornalistas.

Foi nesse contexto que nasceu a proposta da Agência Experimental de Comunicação Aveloz, vinculada ao curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste (CAA). A agência começou a ser criada no primeiro semestre de 2015 e tem como um dos seus objetivos produzir conteúdo direcionado às mídias digitais por meio das redes sociais. No entanto, a Aveloz não funciona de acordo com esse modelo tradicional de agência de notícias.

Ela quebra esse formato tradicional e vai dialogar diretamente com público sem passar pela mediação da grande imprensa. Produz conteúdo exclusivamente para os usuários das redes sociais com ênfase nas notícias cotidianas. Atua ainda em outras linhas, como na produção de crítica literária e em campanhas de publicidade educativas. Além disso, oferece cursos de formação para novos comunicadores, independentemente de o cidadão estar ou não vinculado a um curso de graduação em comunicação. Este último é o braço de extensão do laboratório. Ou seja, a Aveloz vai para além de só produzir notícia factual.

O público alvo da Aveloz não é a empresa de comunicação, mas sim a pessoa que navega na Internet para se informar, interagir e produzir informação. Ou qualquer cidadão que se interesse por bom conteúdo jornalístico ou publicitário. É neste contexto de tecnologia e mídias digitais que o trabalho da Aveloz se insere, vindo com o intuito de desconstruir o

tradicional processo de produção de conteúdo, dando mais autonomia e apoio às fontes de informação independentes, como explica Borges e Bezerra (2016).

A Agência Aveloz funciona como laboratório experimental do curso de Comunicação Social da UFPE/CAA, na qual professores e alunos desenvolvem trabalhos vinculados aos projetos de ensino, pesquisa e extensão, tornando-se assim um importante espaço que oferece experiências teóricas e práticas aos estudantes, para que eles sejam capacitados a atuar no mercado de trabalho e na academia (BORGES e BEZERRA, 2016). Um exemplo dessa experiência realizada pelos alunos é o que podemos observar na figura 13:

Figura 13: Estudantes estagiários apresentando o programa Minuto Agreste da Agência Aveloz. Vídeo publicado na página da agência no Facebook.

Fonte:https://www.facebook.com/avelozcomunicacao/videos/1972508956341723/ – Acesso em 18 nov. 2017.

A Aveloz também pretende abrir espaço para a figura do repórter-amador (BORGES, 2015), possibilitando a atuação da sociedade civil na produção de notícias, ou seja, além dos alunos e professores, o conteúdo da agência poderá ser elaborado também com a participação de pessoas alheias à academia. Segundo Borges (2015), o repórter-amador é o indivíduo que não tem formação especializada em comunicação/jornalismo nem trabalha profissionalmente na área, mas que se sente motivado a consumir informação, dialogar com os grandes veículos da imprensa e também criar o seu próprio espaço de notícias, muitas vezes nas redes sociais, produzindo e divulgando o seu conteúdo de maneira independente.

Como já citamos anteriormente, mas iremos especificar melhor aqui, a Aveloz tem como proposta produzir conteúdo a partir de quatro eixos de trabalho: 1) elaboração de notícia, 2) crítica cultural, 3) campanha educativa e projetos especiais e 4) formação e atualização. No primeiro eixo, denominado “elaboração da notícia”, a agência criou um canal de comunicação diretamente com as pessoas que utilizam a Internet como ferramenta de informação, através das redes sociais (Facebook, Instagram, Youtube e Twitter), contribuindo para dar mais visibilidade aos projetos desenvolvidos por professores, alunos e técnicos do Centro Acadêmico do Agreste (CAA).

Segundo Borges e Bezerra (2016), antes da criação da agência, essa divulgação era feita apenas por dois boletins de notícias: um elaborado pela assessoria de imprensa da reitoria da UFPE, em Recife, no qual as informações do CAA ficavam misturadas junto a outras notícias referentes a todos os centros da UFPE, sem nenhum tipo de destaque. E o outro, pelo núcleo gestor do CAA, onde o boletim estava limitado ao envio apenas aos endereços de e-mails dos docentes cadastrados no correio eletrônico daquele centro.

Nas figuras 14 e 15, exemplos do canal de comunicação livre, independente e direto com o público, criado pela Aveloz, que é chamado de Minuto Agreste de TV e rádio web:

Figura 14: Minuto Agreste de TV web, publicado na página da agência no Facebook.

Figura 15: Minuto Agreste de rádio web, publicado na página da agência no Facebook.

Fonte:https://www.facebook.com/avelozcomunicacao/posts/1994362207489731 – Acesso em 27 nov. 2017.

No segundo eixo, o da “crítica cultural”, os professores e alunos da agência trabalham a diversidade cultural de Caruaru e Região Agreste, dando visibilidade às manifestações culturais e artísticas, sem se limitar às mais conhecidas pelo público, como as festas juninas e os artesanatos do Alto do Moura. O objetivo é dar visibilidade às que são menos conhecidas, uma vez que, atualmente, o Agreste é reconhecido por sua riqueza nas áreas do design, literatura, teatro, artes plásticas e gastronomia.

No terceiro eixo, o da “campanha educativa e projetos especiais”, a Aveloz desenvolve projetos de longo prazo, como reportagens investigativas, roteiros de documentários, peças educativas do campo da publicidade, campanhas midiáticas com foco na comunicação institucional e pública. É neste eixo também onde a agência interage e colabora com estudantes e professores de outros cursos do CAA, como os de Design e Medicina, ao criar parcerias para o desenvolvimento de campanhas e projetos educacionais, surgidos a partir das demandas dos cursos. Nessa parceria, a agência contribui atuando nas áreas das mídias digitais e do audiovisual. Na figura 16, exemplo de uma reportagem especial realizada pela Aveloz:

Figura 16: Vídeo da reportagem especial: Quando chegar é vencer - Parte 1, publicado no canal da Agência Aveloz no Youtube.

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=rFY6hq7MgrE&list=PL0GjmqVFsUmyftMyH86CYKFK15Uo6c-ia – Acesso em 18 nov. 2017.

No quarto eixo, o da “formação e atualização”, a Aveloz cria um canal para os projetos de extensão dos professores, técnicos e alunos do curso de Comunicação Social. Nele, a agência trabalha na realização de palestras, cursos e oficinas para a atualização e formação dos membros da UFPE. Estes eventos também são abertos para o público alheio à academia. Desta forma, a agência contribui, como explicamos anteriormente, para a formação de repórteres- amadores, capacitando-os a produzir conteúdo textual, fotográfico, audiovisual e design. Na figura 17, uma aula pública realizada com o apoio da Aveloz.

Figura 17: Aula pública realizada pela professora Izabela Domingues em 2017.

A Aveloz também atua na cobertura de eventos promovidos pelo curso de Comunicação Social e que contam com a participação de professores e alunos da graduação. Além disso, realiza parcerias com televisões públicas para a criação e veiculação de produções audiovisuais. A agência está aberta a colaboradores que pertencem a diversos cursos da universidade, bem como atores sociais das comunidades locais. Na figura 18, um exemplo de cobertura jornalística feita pela Aveloz:

Figura 18: Cobertura da 3ª Semana de Comunicação Pública de Pernambuco, realizada em Caruaru – PE.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS

O procedimento metodológico adotado para desenvolver o presente trabalho teve como base pesquisas bibliográficas que serviram como guia durante todo o projeto. O método de abordagem é o dedutivo, aplicado a partir do referencial teórico explicado no segundo capítulo, que abordou o processo de criação da marca e da identidade visual, apresentando o conceito delas: do contexto histórico, passando pelos fundamentos teóricos até chegar ao processo de criação e de desenvolvimento dos projetos. Nele, foram abordados os conceitos de uma agência de notícia e a especificidade da Agência Aveloz, essenciais para a elaboração do manual de identidade visual do laboratório do curso de Comunicação Social.

O processo de criação do projeto de identidade visual da Agência Aveloz tem como aporte a metodologia projetual de Peón (2009), referência nos projetos de Design Gráfico. Esta metodologia foi desenvolvida para auxiliar profissionais e estudantes na criação de Sistemas de Identidade Visual (SIV). A autora considera que: “O sistema só é formado quando possui uma unidade, caracterizada pelo claro estabelecimento de elementos que o singularizem e pela repetição organizada e uniforme destes elementos" (Peón, 2009, p. 7). Ou seja, a identidade visual vai além de ser apenas o logotipo, é preciso formar um sistema configurado com planejamento e diretrizes para que a identidade visual consiga ser forte e eficiente mesmo depois de sua criação.

A metodologia projetual de Peón está dividida em 3 fases, sendo elas ordenadas na sequência: Fase A – Problematização, Fase B – Concepção e Fase C - Especificação. A Problematização é a fase do “diagnóstico da situação de projeto” onde o designer junto ao cliente, por meio de uma entrevista, faz um levantamento de dados que determina o desenvolvimento de todo o projeto, sendo anotadas e organizadas as informações obtidas. Isso vai facilitar a identificação do problema que o trabalho pretende resolver, apontando a solução ideal. Nesse momento é feito o briefing, que é o resumo das informações do projeto, extraídas do cliente e anotadas por escrito. Esses dados são essenciais para o processo de criação do Sistema de Identidade Visual.

Neste projeto, o problema considerado era que a agência do curso de Comunicação Social da UFPE/CAA não possuía um nome, tampouco uma marca ou uma identidade visual. Deste modo, ela não podia se identificar nem se comunicar. Sendo assim, foi visto que a solução seria a criação de um nome e um projeto de identidade visual que representasse o seu conceito.

A Concepção é a segunda fase da projetação. É nela que o designer começa a executar o processo de criação até chegar à solução do conceito gráfico que irá representar visualmente a marca e a sua identidade visual. Nessa fase, foram realizadas experimentações criativas em busca de qual o nome e de como representar graficamente o conceito e a identidade visual da agência, de modo que fizesse relação direta com a identidade cultural da Região Agreste, levando em consideração todos os pontos abordados no briefing.

Aqui se executou a construção da representação gráfica da marca Aveloz, definiu o seu nome, desenvolveu as gerações de alternativas criando várias opções de logotipos esboçados à mão até chegar à solução ideal que foi aprovada unanimemente pelo grupo. Elaborou-se o símbolo, a tipografia, a paleta de cores, as assinaturas da marca e algumas aplicações.

A Especificação é a última fase da projetação. Aqui, o designer define todas as especificações sobre o SIV para que ele possa ser implantado posteriormente, prevendo a implantação do sistema por terceiros, sem a necessidade de consultoria posterior ao designer. Essas informações devem estar organizadas e formatadas por meio de um manual de identidade visual. Segundo Peón (2009), as especificações são as informações técnicas que devem constar com exatidão, clareza e propriedade no manual de identidade visual.

O conteúdo das especificações são as informações técnicas sobre os elementos gráficos da identidade, sendo eles os elementos primários, que são a tipografia do logotipo, indicando o nome da fonte utilizada no logotipo, acompanhada de referência a seu fabricante ou distribuidor. As cores são especificadas de acordo com os fornecedores adequados para os suportes mais comuns, utilizando escalas impressas e o código da cor utilizado nos catálogos dos fabricantes e a redução de tamanho da marca, reduzindo-a ao máximo mas sem perder a sua legibilidade.

Já os elementos secundários se referem ao alfabeto institucional, que indica o nome da fonte utilizada nos elementos textuais que acompanham os elementos primários da identidade nas aplicações, como nos slogans, endereços, apresentações institucionais, etc. E as cores institucionais em geral são as mesmas utilizadas nos elementos primários.

Esta metodologia contribuiu de maneira objetiva para a construção deste trabalho que, com informações e orientações importantes, possibilitou a elaboração do processo de criação do projeto de identidade visual da agência de comunicação, que será apresentado de maneira mais detalhada a seguir.

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