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CAPÍTULO III: UNIVERSO DE PESQUISA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1. As amostras

Para realizarmos a investigação ora proposta, utilizamos o corpus organizado pelo Grupo Discurso & Gramática, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e divulgado por Votre & Oliveira (1995), e o corpus Iboruna, constituído pelo projeto “ALIP (Amostra Lingüística do Interior Paulista)”, do IBILCE-UNESP, Campus de São José do Rio Preto (cf. GONÇALVES, 2005).

Inicialmente, utilizamos somente o corpus Discurso & Gramática, que é composto por depoimentos de 93 informantes, cada um tendo produzido cinco tipos de textos orais e, a partir desses, cinco textos escritos, com vistas a possibilitar a comparabilidade entre as modalidades escrita e falada (cf. VOTRE & OLIVEIRA, 1995). Os tipos de texto produzidos são: narrativa de experiência pessoal; narrativa recontada; descrição de local; relato de procedimento; relato de opinião.

Para a composição desse corpus foram selecionados informantes que estivessem cursando diferentes séries da escola regular, com o objetivo de investigar se os fenômenos estudados podem sofrer alguma influência do grau de escolaridade. As entrevistas cobrem os informantes desde a alfabetização até o término do Ensino Superior. Os organizadores do

corpus optaram por trabalhar com informantes de séries terminais de cada segmento. Seguem abaixo dados da distribuição dos informantes pela variável escolaridade:

alunos de classe de alfabetização – infantil – 15 informantes

alunos de classe de alfabetização – adulto – 8 informantes

alunos da 4ª série do Ensino Fundamental – 34 informantes

alunos da 8ª série do Ensino Fundamental – 12 informantes

alunos da 3ª série do Ensino Médio – 16 informantes

alunos do último ano do Ensino Superior – 8 informantes

total – 93 informantes

O corpus permite o controle também da variável gênero, distribuindo informantes masculinos e femininos em cada um dos graus de escolaridade pesquisados.

A escolha por esse material se deve a duas razões principais: o corpus controla a variável escolaridade, o que consideramos fundamental para verificar a influência desse fator para a alternância entre subjuntivo e indicativo nas orações encaixadas; além disso, é possível observar se o tipo de texto se correlaciona ou não com a escolha da variável pesquisada.

Num segundo momento da pesquisa, dada a necessidade de ampliarmos o número de ocorrências com o modo subjuntivo ou com a sua variável, utilizamos também o corpus Iboruna, que conta com amostras de fala de uma variedade do português falado no interior

paulista, mais especificamente na região Noroeste do Estado de São Paulo, envolvendo sete cidades circunvizinhas, a saber: São José do Rio Preto, Bady Bassit, Mirassol, Guapiaçu, Onda Verde, Cedral e Ipiguá.

A escolha desse segundo corpus deve-se ao fato de, na sua constituição, ter sido empregada metodologia semelhante à da constituição do corpus Discurso & Gramática (cf. GONÇALVES, 2005). Assim como no corpus Discurso & Gramática, no Iboruna os informantes também produziram mesmos tipos de textos; relembrando: narrativa de experiência pessoal, narrativa recontada, descrição de local, relato de procedimento e relato de opinião.

Na constituição do corpus Iboruna, controlam-se, além das variáveis sociais gênero (feminino e masculino) e escolaridade (1º ciclo EF; 2º ciclo EF, Ensino Médio e Ensino Superior), as variáveis faixa etária (7 a 15 anos; 16 a 25; 26 a 35, 36 a 55 e mais de 55 anos) e renda familiar (mais de 25 salários mínimos (sm); de 11 a 24 sm; de 6 a 10 sm e até 5 sm).

Como visto anteriormente, o corpus Discurso & Gramática, além dos relatos orais, possui os relatos escritos, que foram levados em consideração em uma seleção prévia de dados. No entanto, como o corpus Iboruna não conta com relatos escritos, descartamos os dados provenientes dessa modalidade por uma questão de coerência.

Faz-se imprescindível esclarecer que a diferença entre o número de ocorrências extraídas do corpus Discurso & Gramática e do Iboruna se deve ao fato de o primeiro ter sido utilizado integralmente para a nossa pesquisa, enquanto o segundo, só parcialmente, pois esta amostra está ainda em fase de constituição e transcrição. Por essa razão, compusemos

uma subamostra do corpus Iboruna, selecionando 15 informantes entre as variáveis gênero/sexo e escolaridade e buscando um certo equilíbrio, a saber:

• 2 informantes masculinos do 1º ciclo do Ensino Fundamental

• 2 informantes femininos do 1º ciclo do Ensino Fundamental

• 2 informantes masculinos do 2º ciclo do Ensino Fundamental

• 2 informantes femininos do 2º ciclo do Ensino Fundamental

• 1 informante masculino do Ensino Médio

• 2 informantes femininos do Ensino Médio

• 1 informante masculino do Ensino Superior

• 3 informantes femininos do Ensino Superior

Com exceção do grupo de escolaridade Ensino Médio, todos os outros níveis de escolaridade contaram com 4 informantes. Esse foi o número mais equilibrado a que pudemos chegar em virtude de a transcrição das entrevistas ainda estar em andamento.

Como na constituição do corpus Discurso & Gramática não foram controladas de forma sistemática as variáveis sociais faixa etária e renda familiar, na composição da subamostra do corpus Iboruna, mantivemos a expectativa inicial e selecionamos os informantes considerando apenas as variáveis sociais nível de escolaridade e sexo/gênero do informante.

É pertinente apontar aqui, entretanto, que seria interessante para o estudo em questão investigar, principalmente, se o fator faixa etária de alguma forma interfere na seleção do modo verbal da oração encaixada, já que no estudo de Rocha (1997) este fator foi considerado relevante pelo programa estatístico.

As seguintes etapas foram seguidas para que fosse efetuada a pesquisa: a) Seleção de ocorrências do subjuntivo ou sua forma alternativa;

b) Codificação e digitação dos dados, seguindo um envelope de variação (cf. TARALLO, 1990) e usando, como ferramenta, o pacote estatístico Varbrul e seus subprogramas, que estimam a freqüência do fenômeno variável, fazem tabulação cruzada das variáveis e extraem o peso relativo para indicar as variáveis de maior significância (SCHERRE, 1996);

c) Descrição e análise dos resultados;

d) Comparação com os resultados de outros estudos realizados sobre o assunto.

A indicação da fonte das ocorrências que ilustram nossas análises será efetuada do seguinte modo: seguindo-se cada ocorrência serão indicados, respectivamente, o corpus, a identificação do informante, e o tipo de texto de onde o dado foi extraído. Utilizando as siglas mnemônicas instituídas no banco de dados Iboruna, os tipos de texto estão assim identificados:

• NR: Narrativa recontada

• RO: Relato de opinião

• RP: Relato de Procedimento

• DL: Descrição de Local

Seguem, abaixo, dois exemplos de como os dados serão citados.

(1) quando a cebola e o alho está bem amarelinho quase queimando eu coloco o arroz (Iboruna,

AC-088, RP)

(2) se não for um colégio particular ... muitas vezes você está despreparado (D&G, 20, RO)