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As Barreiras de Entrada a Novos Concorrentes

No documento 2018JoseRobertoSoveral (páginas 84-87)

4.4 ESTRUTURA DA INDÚSTRIA DE JOIAS DE GUAPORÉ

4.4.4 As Barreiras de Entrada a Novos Concorrentes

A possibilidade de novos entrantes em uma indústria é uma ameaça para as empresas que já estão estabelecidas, impactando em uma redução da fatia que cada um detém no mercado, na redução da lucratividade, a partir da diminuição dos preços, e no aumento dos custos, pois aumenta o poder dos fornecedores. Os participantes de uma indústria buscam criar barreiras que dificultem a entrada de novos integrantes ou, ao menos, reagir rapidamente para procurar reduzir a participação ou o tempo de vida desses entrantes. Isso é feito por meio de economia de escala e diferenciação do produto, acesso aos canais de distribuição, aumentando o custo de mudança. Outras barreiras são próprias da indústria, como o alto investimento inicial ou são barreiras externas, por exemplo, de política governamental (PORTER, 2004; MINTZBERG et al., 2006; HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008; BARNEY; HESTERLY, 2011).

Diante de tal questionamento, as opiniões foram um pouco distintas também, levando a crer que os participantes da indústria de joias de Guaporé têm uma percepção um pouco diferente das barreiras a novos entrantes. De comum, há o entendimento de que as barreiras são mais de ordem de política governamental, uma vez que existe atualmente um alto número de exigências ambientais que dificultam a adequação de novas empresas, criando um custo que torna a indústria pouco atrativa, assim como foi citado na empresa E1: ³Wrata-se de uma indústria onde o ambiente de negócios cria uma dificuldade grande para os novos entrantes. São muitos concorrentes e muitas exigências por parte de órgãos reguladores que tornam o processos complexos, assim, entrantes não criam um grande interesse em investir´. Além da questão ambiental, existem normas impostos pelos governos que tornam o processo de entrada muito burocrático, demorado e caro.

Outra barreira citada por metade dos entrevistados é o alto investimento inicial, pois a indústria encontra-se em um estágio de tecnologia avançado, cujo equipamento possui custo

muito alto, afastando novos entrantes. Contudo, essa barreira é atenuada pela possibilidade de terceirização de parte do processo produtivo.Logo, pode ser feita a opção por manter apenas a última etapa, a ourivesaria, como boa parte das empresas estabelecidas já trabalha.

A fidelidade à marca é uma barreira cada vez com menos força, pois os clientes colocam condições de pagamento e menores preços, como principais motivadores de escolha no momento da compra. Portanto, se o novo entrante tem a possibilidade de trabalhar com preços baixos e proporcionar prazos longos, tem maior chance de se estabelecer a longo prazo.

Na intenção de aprofundar e confirmar as respostas fornecidas pelos entrevistados, foram levantados dados quantitativos, os quais estão expostos na Tabela 8.

Tabela 8: Barreiras Existente para a Entrada de Novos Concorrentes

Características

Barreiras

Peso Média Ponderada Muito

Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo Políticas Públicas (legislação, regulamentação ambiental) 1 4 3 34 4,25 Concorrência 3 3 2 31 3,88 Custo do investimento inicial 2 2 1 3 29 3,63 Custos variáveis no processo produtivo 2 2 2 2 28 3,50 Ambiente de negócios (regulamentos comerciais, nacionais e internacionais) 1 4 1 2 28 3,50

Fonte: Dados Primários.

Novamente é possível perceber que os dados quantitativos confirmam as respostas já encontradas no questionamento anterior, e nota-se que as políticas públicas, que estão presentes tanto no modelo ECD sugerido por Scherer e Ross (1990) como no constructo teórico de Porter (1984), são vistas como a principal barreira a novos entrantes. É um indústria complexa, que utiliza muito material químico, portanto, está exposta a uma rígida legislação ambiental, além de regulamentos que são inerentes à atividade industrial em geral.

Além dessa pressão governamental, a competitividade já existente, principalmente, pelas empresas de grande porte que já estão estabelecidas e possuem marcas consolidadas, é tida como uma barreira que impede a entrada, ao menos de grandes empresas, limitando-se essa possibilidade de ingressar na indústria de joias limita-se a empresas de menor porte que, normalmente, não conseguem muita longevidade.

Ainda a esse respeito, o alto investimento inicial é considerado uma barreira razoável, que pode ser amenizada pela terceirização de parte do processo produtivo. Os custos variáveis também podem ser considerados uma barreira que dificulta a entrada de novos participantes da indústria Os entrevistados entendem que os custos são altos e, como estão associados ao volume de produção, exigem um considerável volume de investimento.

Em seguida, foi perguntado sobre quais barreiras dificultam a competitividade no mercado internacional, e identificou-se que as empresas exportadoras encontram maior dificuldade de competir devido ao preço praticado, principalmente pelos países asiáticos. As empresas que competem somente internamente também percebem que essa pressão dos preços baixos atrapalha bastante os negócios.

O preço de venda praticado pelos concorrentes internacionais, em alguns casos, é equiparado ao custo de produção possível dentro do Brasil, prejudicando a competitividade das empresas brasileiras diante das asiáticas. Nesse sentido, buscaram-se dados quantitativos para confirmar as respostas dos entrevistados, e que estão apresentados na Tabela 9.

Tabela 9: Barreiras que Dificultam a Competitividade no Mercado Internacional

Características

Barreiras

Peso Média

Ponderada Muito

Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo

Concorrência da Ásia 2 5 33 4,71 Diversidade do produto ofertado 1 1 4 1 25 3,57 Restrições do mercado importador (taxas, regulamentação sanitária) 2 1 2 2 25 3,57

Produto sem valor agregado 1 1 2 1 2 23 3,29

Qualidade do produto 1 4 1 1 22 3,14

Fonte: Dados Primários.

Nesse questionamento, ficou clara a percepção dos respondentes quanto à concorrência dos países asiáticos, em especial a China, pelos motivos já mencionados: menor custo de produção, que proporciona trabalhar com menores preços, apesar do menor valor agregado. Ressalta-se que um entrevistado não respondeu à questão por ter toda sua produção comercializada em território nacional.

Em toda indústria, há a possibilidade de produtos substitutos, tema que é abordado na seção seguinte.

No documento 2018JoseRobertoSoveral (páginas 84-87)