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CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS

No documento 2018JoseRobertoSoveral (páginas 74-77)

Com relação à escolha das empresas que seriam pesquisadas, algumas características foram definidas como fundamentais para que os objetivos pudessem ser atingidos, como, por exemplo, a preferência por trabalhar com empresas de grande porte, pela tendência de se encontrar maior conhecimento e utilização de estratégias que, tanto são resultado da estrutura da indústria como influenciadoras do desempenho.

Diante da informação de que a SMIC de Guaporé adota uma classificação própria para a definição do porte das empresas, a qual é composta por uma combinação de critérios que inclui a área utilizada, os empregos gerados, o faturamento e a localização, percebeu-se que as empresas classificadas no Município de Guaporé como sendo de grande porte apresentam

características semelhantes, o que tornou a caracterização mais clara. Assim, a partir das informações disponibilizadas pelas empresas, foi possível montar a Tabela 3.

Tabela 3: Características das Empresas Participantes do Estudo

Empresa Nº de

Colaboradores

Destinação da Produção Tempo de Atuação (anos) Produção Verticalizada Nacional Internacional E1 24 35% 65% 18 Não E2 38 100% 0% 21 Sim E3 70 90% 10% 22 Sim E4 75 5% 95% 26 Sim E5 10 90% 10% 10 Não E6 45 100% 0% 15 Não E7 60 100% 0% 31 Sim E8 105 30% 70% 29 Sim

Fonte: Dados Primários.

Constatou-se que as empresas de grande porte na indústria de joias de Guaporé estão em atividade, normalmente há mais de dez anos, já tendo acumulado experiência e sobrevivido a períodos distintos de crescimento e crise. Logo, subentende-se que necessitaram da utilização de estratégias, que possibilitaram sobreviver durante este tempo todo.

Nesse mesmo sentido, tais empresas apresentam marcas consolidadas, que são de conhecimento tanto dos habitantes do município, como das pessoas que visitam Guaporé para o turismo de compras, e empresários do setor, que buscam fazer negócios, lembrando que se trata do segundo maior polo de joias do país.

Ainda, dentro desse mesmo contexto, levou-se a crer que as empresas de grande porte possuem uma representatividade significativa na economia do município, já que a indústria de joias, juntamente com a indústria de lingerie, turismo e agronegócio são as principais atividades econômicas. Dessa forma, é de importância considerável para o crescimento econômico e para o desenvolvimento local e regional.

Outro ponto que merece atenção é que, apesar de uma tendência pela verticalização do processo produtivo, nem todas as empresas apresentam produção verticalizada, ou seja, que possuem todas as etapas, design, modelagem, fundição e lapidação. Algumas empresa fazem a opção por manter apenas uma ou algumas etapas do processo, com preferência pelas últimas etapas, fundição e lapidação.

Observa-se também que há a utilização de terceirização de etapas, com a formação de parcerias, que ocasionam o surgimento de outras empresas de menor porte, sem uma marca

conhecida pelo público geral na indústria de joias, pois o objetivo é atender a outras empresas. Essas organizações atendem tanto empresas de grande porte, que não pretendem manter a produção verticalizada, como empresas de menor porte, que não possuem capacidade de investimento suficiente para verticalizar a produção.

No que se refere aos empregos gerados, observa-se que as empresas não mantém um quadro muito grande de funcionários. Fosse adotado o critério do Sebrae (2015) para classificação de porte, nenhuma das empresas estudadas poderia ser classificada como de grande porte, já que a referida classificação prevê para essa classificação um número maior do que quinhentos funcionários.

Compreende-se o fato de não existir um número tão alto de funcionários, pois o processo é quase todo mecanizado, porque existe - mesmo para as empresas que possuem produção verticalizada -, a terceirização de parte da produção, e pela própria característica de o processo produtivo não exigir uma quantidade grande de colaboradores.

Quando o questionamento foi a respeito dos investimentos, os respondentes mostraram- se bastante conservadores, principalmente devido ao momento econômico de incertezas. Ressaltaram que os investimentos têm sido realizados conforme a necessidade de manter-se competitivo, contudo, sempre dentro de um plano que privilegie a manutenção do fluxo de caixa.

Complementando este questionamento, utilizou-se de uma questão quantitativa para buscar identificar as áreas de maior prioridade nos investimentos, a partir da qual foi possível elaborar a Tabela 4. Ressalta-se que, dos oito entrevistados, um não respondeu a esta questão, pois não tem realizado investimentos significativos.

Tabela 4: Áreas Prioritárias para Investimento

Área de Aplicação dos Recursos

Grau de Prioridade para Investimentos

Peso Respostas Média Ponderada Muito

Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo Aquisição de novos equipamentos 2 3 2 23 7 3,29 Atualização tecnológica 2 3 2 21 7 3,00 Marketing e propaganda 2 2 2 1 21 7 3,00 Capacitação de pessoal 3 2 2 20 7 2,86 Ampliação da capacidade produtiva 1 2 2 2 19 7 2,71 Amortizações 2 3 2 16 7 2,29 Pesquisa e desenvolvimento 4 2 1 13 7 1,86

Aquisição de unidades produtivas 5 2 11 7 1,57

Certificações (ISO) 5 2 9 7 1,29

Aquisição/fusão de empresas 5 2 9 7 1,29



Deve-se relembrar TXHIRLDSOLFDGRXPSHVRGHSDUD³PXLWRSRXFR´SDUD³SRXFR´ HDVVLPVXFHVVLYDPHQWHDWpSDUD³PXLWtVVLPR´'HVsa forma, na Tabela 4, calculou-se a média ponderada, obtendo-se os resultados, e as respostas foram classificadas por relevância. Nesta questão, observou-se que aquisição de novos equipamentos e atualização tecnológica são prioridade para os gestores. Também marketing e propaganda e capacitação de pessoal são bem vistos como áreas para investir, confirmando a compreensão da necessidade de manter-se competitivo.

Diante da constatação de que se trata de uma indústria em que a inovação é inerente, as empresas buscam manter o equipamento atualizado, acompanhando a evolução tecnológica, para que possam manter-se produzindo de acordo com as demandas dos clientes por novos produtos. O marketing é visto como a maneira de chegar até os clientes e tem por objetivo mostrar-lhes a marca e o produto, procurando diferenciação perante o concorrente. Por sua vez, a capacitação do pessoal passa por manter a capacidade produtiva e possibilitar a inovação, o que ocorre por meio do treinamento em novos equipamentos e processos, além de ser uma forma de evitar acidentes e reduzir desperdícios.

A seção seguinte dá início à discussão da estrutura da indústria de joias de Guaporé, a partir da percepção dos entrevistados, sob a ótica das cinco forças competitivas de Porter (1986, 1991, 2004) e dentro do que sugere o modelo ECD.

No documento 2018JoseRobertoSoveral (páginas 74-77)