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O Ministério da Saúde em suas orientações normativas define a regulação assistencial como umas das funções de fortalecimento da capacidade de gestão, na medida em que permite o desenvolvimento de habilidade de resposta sistemática do sistema de serviços de saúde às demandas de saúde dos

usuários, identificando-as nos diversos componentes do sistema com o desafio de integrá-las às necessidades sociais e coletivas (BRASIL, 2000a).

Se tomamos a etimologia da palavra “regulação”, verificamos que ela significa ato ou efeito de regular. Regular deriva do latim regulare, e pode ser traduzido como: dirigir em harmonia com as regras ou leis; estabelecer regras para a execução de; prescrever como regra ou norma; regularizar ou tornar uniforme o movimento de; presidir, dirigir, estabelecer ordem, economia ou moderação em; regularizar; estar conforme; comedir, conter, moderar, reprimir, suster; aferir, comparar, confrontar; orçar por; estabelecer equilíbrio em.

Nessa perspectiva, acreditamos que o Complexo Regulador, ferramenta da ação regulatória, considerando a prerrogativa do gestor quanto à organização e à normatização do sistema, poderia incrementar o desempenho das funções gestora e assistenciais, essenciais ao ordenamento do fluxo de usuários para os diferentes componentes do sistema local, favorecendo o fortalecimento da ABS e promovendo a concretização dos princípios da universalidade, integralidade, eqüidade, acessibilidade e democratização garantidos pelo SUS.

Dessa forma, a organização do CR teria de estar centrada na cobertura das respostas aos problemas de saúde dos usuários do SUS, tendo como premissas:

• Realizar uma completa análise da situação de saúde municipal; • Integrar a totalidade da assistência, garantindo o atendimento

integral e qualificado;

• Definir ações e responsabilidades de cada componente da atenção

envolvido no processo de atenção à saúde;

• Instrumentalizar-se por protocolos técnicos e operacionais; • Controlar o fluxo da demanda assistencial;

• Advogar pela melhor resposta ao problema de saúde de cada

usuário;

• Dar resposta qualificada à demanda de urgência;

• Assegurar as condições necessárias à análise crítica dos resultados

da gestão e da assistência, bem como, das características dos problemas de saúde;

• Ser instrumento de gestão (RIO DE JANEIRO, 2002, p.3)

Em cumprimento a esta lógica, os trabalhos para o início da intervenção deveriam ser embasados na análise dos problemas de saúde e da oferta de ações e de serviços no território municipal; na identificação das falhas na oferta quantitativa e qualitativa de ações e serviços de saúde e na definição das prioridades de saúde para constituir as bases operativas do CR, tendo como norteador o modelo de atenção pretendido.

Outro conceito, a ser trabalhado pelo CR, é o da hierarquização resolutiva compreendida como um conjunto de capacidades humanas e materiais, reunidas para desempenharem um papel que viabilize o alcance de resultados satisfatórios relativos às diretrizes do SUS.

Para tanto, o CR precisa desenvolver um conjunto de atividades:

• Definir um elenco de problemas/situações a serem tratados de forma

resolutiva no componente básico do sistema, e outras situações a serem corretamente referidas aos demais componentes;

• Identificar a disponibilidade dos recursos pré-hospitalares móveis,

para o atendimento de adultos e crianças, urgências clínicas, traumáticas, obstétricas e psiquiátricas;

• Ordenar as unidades do sistema, tornando viável a sua regulação, com

vistas a responder aos problemas de saúde dos usuários do SUS; • Hierarquizar os serviços hospitalares segundo seu perfil de atenção,

incluindo o acesso à urgência, leitos de observação, unidades de cuidados intermediários, unidades de terapia intensiva, especialidades clinicas e cirúrgicas;

• Celebrar convênios (contratualização externa) com cada unidade

prestadora de serviços ao SUS, estabelecendo as responsabilidades sanitárias e compromissos em torno de objetivos/metas de atenção e impacto sobre a saúde da população; • Celebrar a contratualização interna com as unidades públicas de

serviços, solicitando o esforço das equipes de saúde para o alcance dos objetivos e metas pactuados;

• Informar a população sobre o que ela pode esperar de cada serviço

de saúde disponível para os usuários do SUS.

O Ministério da Saúde ainda orienta que o CR deva ser composto por

Centrais de Regulação (unidades de trabalho) necessariamente, interligadas

entre si, permitindo a ordenação do fluxo de problemas/respostas e, por conseqüência, possibilitando ao usuário SUS relacionar-se com um sistema capaz de fornecer respostas ordenadas aos seus problemas (BRASIL, 2006c, p.6).

Cada Central de Regulação é uma ferramenta para a execução da função reguladora do CR contrapondo o levantamento da oferta com a capacidade de produção instalada na rede de atenção e com a demanda por ações e serviços, sendo assim capacitada para identificar as debilidades e fortalezas do sistema.

Esta análise contínua da dinâmica do sistema constitui-se a base do planejamento e programação das atividades regulatórias do CR.

As Centrais de Regulação ou Unidades de Trabalho tornam-se operacionais na medida em que regulam funções específicas do sistema, tais como, consultas médicas, exames complementares, internações e informações. Para o seu funcionamento operacional, devem ser elaborados protocolos clínicos e regulatórios, instrumental que auxilia os trabalhadores do CR no desempenho de suas atividades.

Os recursos a serem disponibilizados para o Complexo Regulador são providos pelos serviços próprios, estaduais e conveniados/contratados do Sistema Municipal de Saúde que devem ser organizados e ofertados com base no princípio da hierarquização e regionalização nos seus diferentes componentes assistenciais:

• Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família;

• Unidades Distritais de Saúde com seus Ambulatórios

Especializados;

• Unidades de Pronto-atendimento;

• Hospitais Públicos de natureza estatal, filantrópica e privada com

seus Ambulatórios Especializados, Unidades de Urgência, Enfermarias e Unidades Especiais (Hemodiálise,Terapia Intensiva, Unidades de Isolamento, Coronariana e de Queimados, dentre outras);

• Serviço de Atendimento Móvel de Urgência;

• Serviços Complementares para diagnóstico e procedimentos por

meio de imagens e exames de patologia clínica; • Serviços de Atenção farmacêutica;

Na Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto (SMS), o CR foi pensado para estar centralizado, na sede da instituição, comportando as unidades de trabalho que compartilhariam o mesmo espaço físico, com o intuito de otimizar e integrar as ações de regulação do sistema público de atenção e vigilância municipal, para que o usuário tenha garantida a oferta da melhor alternativa assistencial disponível para o atendimento de seu problema.

Na conformação do CR da SMS, foram previstas as seguintes centrais de regulação: • Central de Regulação de Internações (Urgência e Eletiva)

• Central de Regulação de Consultas (básicas e especializadas) • Central de Regulação de Exames Especializados (SADT sob controle

e de Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade -APAC) • Central de Regulação Odontológica

• Central de Regulação de Oncologia, Terapia Renal Substitutiva e

Urgências Psiquiátricas

• Central de Vigilância da Saúde (Orientações/Informações ao usuário

do SUS)

Desse modo, o CR tem de reunir as orientações e informações sobre os recursos de saúde, bem como possibilitar aos trabalhadores da saúde a ele vinculados a ordenação ao acesso a ações e serviços, em função dos problemas do usuário, em tempo real, utilizando-se dos recursos da telefonia, do fax ou Internet, viabilizando a comunicação entre os trabalhadores que atuam nos componentes do sistema e também com os usuários.

No entanto, todo o esforço deve ser realizado para que esta proposta de regulação não se restrinja a um agrupamento de centrais de regulação, que no entender de Mendes (2002, p.33) representaria uma “visão estreita da macrofunção

regulatória estatal” por meio da “[...] proposta, já bem difundida, de institucionalização de centrais de regulação que são, em geral, a operação de um sistema logístico de agendamento de consultas especializadas e de internações hospitalares”.

Dessa forma, os atores da gestão local tinham como perspectiva para o CR, a incrementação da logística do sistema de serviços de saúde além de sua contribuição para uma maior resolubilidade e fortalecimento da ABS. Pela característica de sua atuação operativa e de observação analítica, o CR contribuiria para o ordenamento do fluxo de usuários aos diferentes componentes do sistema e, por conseguinte, facilitaria o desenvolvimento da função de coordenação do cuidado, bem como, a integralidade e a eqüidade de acesso à atenção.

4.4.3)

O movimento da rede de atenção na implantação do