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Sejam △ e ▽ as sequˆencias de m´odulos estandares e coestandares, respecti- vamente, para uma ordem fixada e = (e1, e2, ..., en) de um conjunto completo

Apresentaremos nesta se¸c˜ao algumas propriedades b´asicas das categorias F(△) e F(▽). Em particular, que elas s˜ao funtorialmente finitas, que ad- mitem seq¨uˆencias de Auslander-Reiten relativas, que F(△) ´e uma categoria resolvente e que F(▽) ´e uma categoria corresolvente.

Observamos que os resultados aqui contidos se encontram em [23], [12] e [24].

Com as nota¸c˜oes introduzidas no Cap´ıtulo 2, recordemos que F(△) de- nota a subcategoria plena de mod A cujos objetos s˜ao os m´odulos que tˆem uma △-filtra¸c˜ao e que F(▽) denota subcategoria plena de mod A cujos ob- jetos s˜ao os m´odulos que tˆem uma ▽-filtra¸c˜ao.

Os m´odulos em F(△) s˜ao chamamos de △-bons m´odulos e os m´odulos em F(▽) de ▽-bons m´odulos.

Observa¸c˜ao 3.3.1. As categorias F(△) e F(▽) s˜ao fechadas por extens˜oes. De fato, seja 0 −→ M−→ Nµ −→ L −→ 0 uma seq¨ρ uˆencia exata em mod A tal que M, L ∈ F(△). Se 0 = M0 ⊆ M1 ⊆ M2 ⊆ · · · ⊆ Mt = M e 0 = L0 ⊆

L1 ⊆ L2 ⊆ · · · ⊆ Lk = L s˜ao △-filtra¸c˜oes de M e L, respectivamente, ent˜ao

0 ⊆ µ(M1) ⊆ · · · ⊆ µ(Mt) ⊆ ρ−1(L1) ⊆ · · · ⊆ ρ−1(Lk−1) ⊆ ρ−1(Lk) = N

´e uma △-filtra¸c˜ao para N . Da mesma maneira ´e poss´ıvel mostrar que F(▽) ´e fechada por extens˜oes.

Defini¸c˜ao 3.3.2. Seja M ∈ mod A. A cadeia de subm´odulos de M 0 = τεn+1A(M ) ⊆ τεnA(M ) ⊆ . . . ⊆ τε2A(M ) ⊆ τε1A(M ) = M

A filtra¸c˜ao da defini¸c˜ao anterior, com a conven¸c˜ao adotada na Se¸c˜ao 3.2 em que M(i) = τ

εiA(M ), pode ser reescrita na forma:

0 = M(n+1) ⊆ M(n)⊆ . . . ⊆ M(2) ⊆ M(1) = M.

A proposi¸c˜ao que segue d´a uma caracteriza¸c˜ao dos m´odulos em F(△), e sua demonstra¸c˜ao pode ser encontrada em [12].

Proposi¸c˜ao 3.3.3. Um A-m´odulo M ∈ F(△) se, e somente se, para todo i = 1, 2, . . . , n, M(i)/M(i+1) ∼= △ti

i , para algum ti ≥ 0. Onde △0i = 0.



Observa¸c˜ao 3.3.4. Se M ∈ F(△), ent˜ao os m´odulos M(t) e M/M(t), para

1 ≤ t ≤ n, est˜ao em F(△). Mais ainda, M(t) est´a filtrado por △

j, com j ≥ t,

e M/M(t) est´a filtrado por △

j, com j < t.

Isto ´e M(t) ∈ F({△

t, . . . , △n}) e M/M(t) ∈ F({△1, . . . , △t−1}).

Antes de enunciar o seguinte corol´ario lembremos que um m´odulo nulo sobre qualquer anel A, ´e sempre um m´odulo projetivo.

Corol´ario 3.3.5. Seja a K-´algebra Bi = A/Aεi+1A. Ent˜ao

1. M ∈ F(△) se, e somente se, M(i)/M(i+1) ´e B

i-m´odulo projetivo, para

todo i = 1, 2, . . . , n.

2. M ∈ F(▽) se, e somente se, M(i)/M(i+1) ´e B

i-m´odulo injetivo, para

todo i = 1, 2, . . . , n.

Demonstra¸c˜ao. Provaremos a primeira afirma¸c˜ao, pois a prova da segunda ´e dual. Observemos que Bi se pode escrever da forma

Bi ∼= i

M

onde o ´ultimo somando ´e △i. Assim △i ´e um Bi-m´odulo projetivo.

Se M ∈ F(△), ent˜ao pela proposi¸c˜ao anterior o quociente M(i)/M(i+1) ∼=

△ti

i , para algum ti ≥ 0, e portanto ´e um Bi-m´odulo projetivo.

Reciprocamente suponhamos, para um i fixo, que o quociente M(i)/M(i+1)

´e Bi-m´odulo projetivo. Pelo Lema 3.2.3 existe um epimorfismo de A-m´odulos

ψ = (ψ1, . . . , ψn) : (Lnj=iP tj

j ) → M(i). Compondo ψ com a proje¸c˜ao canˆonica

π : M(i)−→ M(i)/M(i+1) obtemos o epimorfismo πψ = (πψ

1, . . . , πψn) :

(Lnj=iPtj

j ) −→ M(i)/M(i+1). Em virtude do Lema 3.2.3 (2) resulta que os

morfismos πψj : P tj

j −→ M(i)/M(i+1), para j > i, s˜ao nulos e, portanto, que

πψi ´e um epimorfismo. Usando de novo o Lema 3.2.3 (2), obtemos que

τεi+1A(Pi) = eiAεi+1A ⊂ ker πψi. A anterior inclus˜ao induz um epimorfismo

de A-m´odulos

ψ : (Pi/eiAεi+1A)ti−→ M(i)/M(i+1).

Desde que eiAεi+1A ⊂ Aεi+1A ⊂ AnnA(M(i)/M(i+1)), ent˜ao o homomor-

fismo ψ ´e tamb´em um epimorfismo de Bi-m´odulos. Como M(i)/M(i+1) ´e

Bi-projetivo, temos que M(i)/M(i+1) ∼= (Pi/eiAεi+1A)t0 = △ti0, para algum

0 < t0 ≤ ti.



Corol´ario 3.3.6. As subcategorias F(△) e F(▽) s˜ao fechadas por somandos

diretos.

Demonstra¸c˜ao. Seja Bi = A/Aεi+1A. Se M1 ⊕ M2 ∈ F(△), ent˜ao, pelo

corol´ario anterior, temos que (M1⊕ M2)(i)/(M1⊕ M2)(i+1) ´e um Bi-m´odulo

projetivo, para cada i = 1, 2, . . . , n. Mas tamb´em temos que (M1⊕ M2)(i)/(M1⊕ M2)(i+1) ∼= M1(i)/M

(i+1) 1 ⊕ M (i) 2 /M (i+1) 2 .

Assim M1(i)/M1(i+1) e M2(i)/M2(i+1) s˜ao Bi-m´odulos projetivos, pois s˜ao so-

mando diretos de um projetivo, e portanto, pelo Corol´ario 3.3.5, M1, M2

est˜ao em F(△).



A proposi¸c˜ao abaixo, apresentada por Ringel em [23], ´e uma conseq¨uˆencia importante de alguns resultados do Cap´ıtulo 2 e da Se¸c˜ao 3.2.

Proposi¸c˜ao 3.3.7. As categorias F(△) e F(▽) s˜ao funtorialmente finitas

e, portanto, admitem seq¨uˆencias de Auslander-Reiten relativas.

Demonstra¸c˜ao. Como Ext1A(△i, △j) = 0, para j ≤ i, pela Proposi¸c˜ao

3.2.8, ent˜ao Ext1A(▽i, ▽j) = Ext1A(D(△oi), D(△oj)) ∼= D Ext1Aop(△oj, △oi) = 0,

para i ≤ j. Assim, pelo Teorema 2.1.10, tanto F(△) quanto F(▽) s˜ao funtorialmente finitas em mod A. Mas como tamb´em s˜ao fechadas por so- mandos diretos (Corol´ario 3.3.6), temos que F(△) = X (△) e que F(▽) = X (▽). Logo, pela Proposi¸c˜ao 2.1.14, resulta que elas admitem seq¨uˆencias de Auslander-Reiten relativas.



Antes de apresentar mais algumas propriedades das categorias F(△) e F(▽), fixaremos algumas nota¸c˜oes e faremos algumas observa¸c˜oes para us´a- las nas demonstra¸c˜oes que seguem.

Seja M ∈ F(△). Denotamos por [M : △i] a multiplicidade de △i em

uma △-filtra¸c˜ao de M . De forma an´aloga, se M ∈ F(▽), denotamos por [M : ▽i] a multiplicidade de ▽i em uma ▽-filtra¸c˜ao de M . ´E importante notar que tais multiplicidades n˜ao dependem da escolha da filtra¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 3.3.8. Seja M ∈ mod A. O △-suporte de M , que denotaremos

por Supp(M ), ´e o conjunto Supp△(M ) = {i ∈ {1, 2, . . . , n} : [M : △i] 6= 0}.

Observa¸c˜ao 3.3.9. Sejam M, N ∈ mod A e f ∈ HomA(M, N ). Ent˜ao:

1. Para cada i, f (M(i)) ⊆ N(i). Mais ainda, se f ´e um epimorfismo,

ent˜aof (M(i)) = N(i).

2. Se M, N ∈ F(△) e f ´e um epimorfismo, ent˜ao Supp△(N ) ⊆ Supp△(M ).

De fato, seja i ∈ Supp△(N ). Ent˜ao, pela Proposi¸c˜ao 3.3.3 e pelo ob-

servado em (1), existe um inteiro ti > 0 tal que

△ti

i ∼= N(i)/N(i+1) = f (M(i))/f (M(i+1)).

Isto quer dizer que o quociente f (M(i))/f (M(i+1)) 6= 0 ou equivalente-

mente que f (M(i)) 6= 0 e f (M(i+1)) ( f (M(i)). Segue da´ı que M(i) 6= 0

e M(i+1) (M(i). Assim M(i)/M(i+1) 6= 0 e, portanto, i ∈ Supp △(M ).

A demonstra¸c˜ao da seguinte proposi¸c˜ao seguinte ´e feita como em [24]. Proposi¸c˜ao 3.3.10. A categoria F(△) ´e fechada por n´ucleos de epimorfis- mos.

Demonstra¸c˜ao. Sejam M, N ∈ F(△) e f : M −→ N um epimorfismo de A-m´odulos. Vamos provar, por indu¸c˜ao sobre a cardinalidade de Supp△(M ),

que L = ker(f ) ∈ F(△).

Se |Supp△(M )| = 1, ent˜ao pela parte (2) da observa¸c˜ao acima, temos

que |Supp△(N )| = 1. Logo, pela Proposi¸c˜ao 3.3.3, M ∼= △si e N ∼= △ti,

0 −→ Ui−→ Pi−→ △i−→ 0 obtemos a seq¨uˆencia exata

0 −→ HomA(△i, L) −→ HomA(Pi, L) −→ HomA(Ui, L) −→ Ext1A(△i, L) −→ 0.

Afirmamos que com HomA(Ui, L) = 0 . De fato, suponhamos que

HomA(Ui, L) 6= 0. Seja h ∈ HomA(Ui, L), com h 6= 0. Portanto, existem

um x ∈ Ui e um homomorfismo g : Pj → Pi, com j > i, tais que x ∈ Img e

h(x) 6= 0. Assim a composta hg′ : P

j−→ L, onde g′ = g|Im(g), ´e n˜ao nula.

Logo, tanto L quanto M tˆem um fator de composi¸c˜ao isomorfo a Sj,

para um j > i, o que ´e uma contradi¸c˜ao. De HomA(Ui, L) = 0 resulta que

Ext1A(△i, L) = 0, seguindo da´ı que a seq¨uˆencia 0 −→ L −→ M −→ N −→ 0

cinde e que L ∼= △s−ti . E est´a provada a afirma¸c˜ao quando |Supp△(M )| = 1.

Seja M ∈ mod A tal que |Supp△(M )| = ℓ ≥ 2. Suponhamos que se existe

um epimorfismo f : M′−→ Ncom M, N∈ F(△) e |Supp

△(M′)| < ℓ,

ent˜ao Ker(f ) ∈ F(△). Mostremos que a conclus˜ao tamb´em vale para M . Seja t = max Supp△(M ). Pela Observa¸c˜ao 3.3.4, os m´odulos M(t) e N(t) s˜ao

tais que M/M(t), N/N(t) ∈ F({△

1, △2, . . . △t−1}) e M(t), N(t) ∈ add(△t).

0  0  0  0 //Ker(f) //  M(t) f′ // µ  N(t) // ν  0 0 //Ker(f ) //  M f // p  N // π  0 0 //Ker(f′′) //  M/M(t) f′′ //  N/N(t) //  0 0 0 0 onde f′ = f |

M(t) e f′′ : M/M(t)−→ N/N(t) ´e tal que f′′(m + M(t)) = f (m) +

N(t). Tanto fquanto f′′ s˜ao epimorfismos, pois f(M(t)) = f (M(t)) = N(t).

O diagrama de linhas continuas ´e comutativo j´a que µ e ν s˜ao inclus˜oes e p e π s˜ao as proje¸c˜oes canˆonicas. Assim o Lema da Serpente garante a existˆencia da seq¨uencia exata

0 −→ ker(f′) −→ ker(f ) −→ Ker(f′′) −→ 0.

Como |Supp△(M(t))| < |Supp△(M )| e |Supp△(M/M(t))| < |Supp△(M )| a

hip´otese de indu¸c˜ao implica que tanto ker(f′) quanto ker(f′′) est˜ao em F(△).

Isto prova que ker f ∈ F(△), pois F(△) ´e fechada por extens˜oes (Observa¸c˜ao 3.3.1).



Dualmente temos o seguinte resultado para a categoria F(▽).

Proposi¸c˜ao 3.3.11. A categoria F(▽) ´e fechada por con´ucleos de monomor-

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