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2 EMBASAMENTO TEÓRICO-EMPÍRICO

2.2 Motivação dos Recursos Humanos

2.2.3 As diferenças internas nas organizações

O ambiente interno caracteriza-se por ser a parte humana e incontrolável da empresa, que forma a organização capaz de transformar a matéria-prima, ou informações, gerando serviços (Fischmann & Almeida, 1991). Configura-se, no ambiente interno, uma enorme quantidade de relações entre as pessoas, formando a chamada rede de clientes e fornecedores internos (Rummler & Brache, 1994, p.21). Os clientes e fornecedores internos são todas as partes que interagem nos processos produtivos, ou mesmo nos processos de apoio ao processo principal da organização (Iniciando..., 1994, p.9). A Figura 3 caracteriza essa relação. Alguns dos processos são vitais à empresa.

As áreas vitais (Rangel, 1994) ou processos empresariais críticos (Harrington, 1993) são os processos dos quais a empresa depende para o seu sucesso. Para Harrington (1993) “esses processos são tanto mais críticos quanto

maiores forem sua importância e sua oportunidade de aperfeiçoamento, e, desta forma, estes devem ser os primeiros a serem atacados”.

Segundo Rangel (1994),

“a instabilidade dos processos vitais traz conseqüências sérias e adversas às

exigências dos clientes da empresa. A seleção deles é uma fase importante para priorizar os trabalhos de identificação dos clientes internos e os benefícios para a empresa residem, entre outros, em estar aplicando melhorias visando atender melhor os clientes de um processo considerado vital para a empresd\

Para o autor, deve-se estabelecer critérios de priorização que podem ser, por exemplo: número de clientes internos impactados; impacto do processo nos resultados de venda da empresa; interface do processo com o cliente externo.

FUNÇÃO A FUNÇÃO B FUNÇÃO C PI --» --► ---» -* ----1 --- » M ERCA D O P2 ---1PRODUTOS ----► P3 -► +1 SERVIÇOS --► -->

Pl= processo 1, P2= processo 2, P3= processo 3

Figura 3: A rede de clientes e fornecedores internos de uma empresa Fonte: Adaptada de Rummler & Brache, 1994, p.21

A seleção dos processos a serem trabalhados é uma fase crítica dentro do processo de melhoria. Muito esforço pode ser dispendido e o programa abandonado, em conseqüência da falta de interesse e de poucos resultados palpáveis, se forem selecionados processos errados. Os processos selecionados devem ser aqueles com que a gerência ou os clientes não estejam satisfeitos. Normalmente, um ou mais dos seguintes motivos influenciam na seleção: problemas e/ou reclamações de clientes externos; problemas e/ou reclamações de clientes internos; processos de alto custo; processos com longo ciclo de execução; possível existência de um meio melhor de executar o processo; disponibilidade de novas tecnologias; orientação administrativa baseada no interesse de um gerente específico em aplicar a metodologia ou envolver uma área que, de outra forma, não seria envolvida.

“ao selecionar o processo, deve-se ter em mente cinco fatores: impacto sobre o

cliente: qua l a importância para o cliente; índice de mudança (você pode resolver

isso?), situação do desempenho (qual o grau de complexidade do processo?), impacto sobre a empresa (qual a importância para a empresa?) e impacto sobre o trabalho (que recursos estão disponíveis?)

Uma das sistemáticas de seleção dos processos críticos é a realizada pela administração, que é freqüentemente utilizada para dirigir os esforços de melhoria para os processos que são mais críticos para o êxito futuro da empresa, ou para aquelas áreas identificadas como problemáticas pela administração.

Dentro dessa visão, autores como Paladim (1994) propõem que se faça uma subdivisão do ambiente empresarial, com o propósito de adequar as ações empresariais para cada área da empresa.

Paladini (1994), propõe a divisão do ambiente empresarial em três segmentos, utilizando os conceitos de ambiente in-line, ambiente on-line e ambiente offline. O ambiente in-line, representa o processo produtivo. O ambiente

o ff Une, por sua vez, é o ambiente de suporte, ou seja, nele estão incluídas as

pessoas que não atuam diretamente no processo produtivo. A função de Marketing é um exemplo disso.

O ambiente on-line dá ênfase ao conceito de cliente na qualidade. É o esforço feito pela empresa para captar, o mais rapidamente, possíveis alterações em preferências, hábitos ou comportamentos de consumo, e repassá-los ao processo produtivo, de forma a adaptar, no menor espaço de tempo, o processo à nova realidade do mercado (Paladini, 1994, p.20). Aqui estariam incluídas as pessoas que atuam no contato direto com o cliente.

Segundo o autor anteriormente citado,

“se a empresa dá prioridade apenas ao ambiente in-line, tem-se uma postura

necessidades e conveniências e 2) não considera todas as atividades da empresa, mas apenas as mais fortes, aquelas em que a empresa apresenta maior competência”.

Com relação às empresas prestadoras de serviços, autores, como Gianesi & Corrêa (1994), propõem outra divisão do ambiente interno. Os autores, utilizando um estudo de Silvestro de 1992 (Silvestro citado por Gianesi & Corrêa, 1994), dividem o ambiente interno em front office e back room. Segundo o autor, a parcela de alto contato com o cliente é normalmente chamada de front ojfice ou linha de frente, enquanto que aquela que realiza operações de baixo contato denomina-se

back room ou retaguarda.

(AAs atividades de alto contato, devido à presença do cliente, têm um ambiente

mais carregado de incerteza e variabilidade, resultando em menor produtividade e controle mais difícil. Ao contrário, as atividades de baixo contato, isoladas do cliente (manufatura), apresentam um ambiente mais previsível, maior padronização, possibilitando maior controle e maior produtividade. Para Gianesi & Corrêa (1994, p. 149-150),

“os funcionários do front office (aqueles que têm possibilidade de ter contato com o cliente) necessitam de habilidades diferenciadas em termos de relacionamento interpessoal com o cliente. Os funcionários do back room certamente também necessitam de habilidades interpessoais para lidarem com seus companheiros de trabalho e clientes internos, importantes para o bom desempenho geral da empresa. Entretanto, devido ao aspecto crítico de estar participando dos momentos de contato com o cliente, os funcionários do front office devem normalmente ser mais bem preparados para o contato interpessoal. Isto inclui aspectos tangíveis (como aparência) e intangíveis (como amabilidade, prestatividade, competência,

entre outros) ,

u\

Os autores concluem dizendo que, em relação a este aspecto, é essencial que a força de trabalho da linha de frente - de contato com o cliente - esteja motivada e satisfeita e que dificilmente um funcionário insatisfeito com suas condições de trabalho conseguirá, num contato pessoal, transmitir um bom nível de serviço ao cliente. c/|