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4. PROCEDIMENTOS METODÓLOGICOS: A ELABORAÇÃO DO ROTEIRO

4.1 AS ENTREVISTAS

Neste trabalho, optou-se por utilizar a entrevista do tipo aberta por contemplar os objetivos estabelecidos. Um dos interesses foi o de fazer com que cada uma das colaboradoras refletisse o máximo possível a respeito das questões em pauta, e que fossem críticas em relação à própria fala e o mais fiel possível às suas convicções, tabus, verdades e modos de ver a vida. Foram elaboradas duas perguntas que propuseram a livre expressão das entrevistadas procurando despertar confiança e simpatia para que houvesse identificação e projeção entre entrevistadas e entrevistadora de acordo com as observações feitas por Morin (2002). As perguntas foram: “O que você achou do filme?” e “Você se identifica com a personagem principal do filme?”.

Procurou-se promover e contemplar a tranquilidade das falas das professoras, tendo sido um momento gratificante, no qual houve uma sintonia direta com a pesquisa. Saborear cada fala, cada gesto, cada mudança na entonação da voz propiciou momentos de profunda reflexão sobre o tema que foi escolhido para esta dissertação.

Inicialmente, foi realizada uma entrevista-piloto com uma das professoras, objetivando a realização de um teste, com a intenção de ajustar as questões e treinar o fazer investigativo. Essa experiência foi positiva na medida em que foram descobertos alguns caminhos que deveriam ser percorridos para se realizar uma produtiva entrevista. A primeira observação foi em relação ao local escolhido para a entrevista: a sala da coordenação da escola na qual a professora atuava. Percebeu-se que não havia condições para a reflexão e a elaboração das respostas devido ao barulho externo que vinha do pátio e da aula de educação física que ocorria ao lado da janela da sala. Outro fator que foi determinante para realização das entrevistas fora do ambiente escolar foi a constante interrupção por parte de alunos, colegas, coordenadora que prejudicou o bom andamento da entrevista. Esses fatos levaram ao descarte da entrevista piloto e a escolher ambientes mais tranquilos nos quais as educadoras se sentissem à vontade.

Permitimos que as professoras escolhessem o local da entrevista, sendo que a Professora 1 optou por uma doceria localizada no bairro em que ela reside e em horário de pouca movimentação. Percebeu-se que ela se sentiu a vontade e a entrevista foi produtiva no sentido de riqueza de detalhes.

Tanto a Professora 2 quanto a Professora 3 concederam a entrevista em suas residências, e foram momentos ricos de descontração e fluidez de ideias. Percebeu-se que se sentiram muito a vontade por estarem em suas casas, tranquilas e seguras em relação as respostas.

A Professora 4 concedeu a entrevista em um café próximo à universidade na qual realiza um curso de pós-graduação, e o horário foi adequado pois o estabelecimento estava vazio e pudemos realizar a entrevista com calma e tranquilidade.

Sobre a interpretação do conteúdo das falas recolhidas nestes depoimentos, é interessante recorrer a Morin (2002, p.66), que explica que o cuidado com a interpretação do material deve ser minucioso e crítico, pois “A entrevista se fundamenta na fonte mais rica e duvidosa de todas, a palavra. Ela traz, quase sempre, o risco da dissimulação e da fabulação”. Para que não incorresse neste erro, as professoras foram motivadas a se expressarem da melhor forma possível e eliminaram-se alguns fatores que poderiam influenciar as reflexões das entrevistadas tais como inibição, timidez, desatenção, racionalização, exibicionismos e defesas pessoais, de acordo com as orientações expostas pelo autor. Quanto mais o entrevistado discorre sobre o tema, maior é a quantidade de material a ser analisado a fim de eliminar estes riscos.

As entrevistas, todas gravadas e integralmente transcritas, serão identificadas com os nomes fictícios, como mostra o quadro:

NOME TEMPO DE TRABALHO NO

MAGISTÉRIO

FORMAÇÃO IDADE LOCAL DE

TRABALHO

Professora 1 10 anos Magistério, História e Pedagogia

33 anos Prefeitura do Município de São Paulo

Professora 2 6 meses Letras 47 anos Governo do

Estado de São Paulo

Professora 3 5 anos Letras 28 anos Governo do

Estado de São Paulo

Professora 4 16 anos Educação Física e Pedagogia

36 anos Prefeitura do município de São Paulo

Segue uma descrição mais detalhada do perfil das professoras entrevistadas.

Professora 1

Tem 33 anos, atua há 10 anos no magistério municipal de São Paulo, professora de Ensino Fundamental I de uma escola localizada na Zona Sul da cidade de São Paulo, formada em História pela Universidade de São Paulo – USP (2008), magistério pelo CENTRO ESPECÍFICO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO MAGISTÉRIO – Cefam (1998), e pedagogia pela Universidade Nove de Julho – Uninove (2011). Atua há 7 anos na Sala de Apoio Pedagógico , atual Projeto de Recuperação Paralela, é Professora Efetiva de Ensino Fundamental I concursada no Município de São Paulo. A escola na qual leciona está

localizada próxima a divisa de 3 municípios: Diadema, São Bernardo do Campo e São Paulo. Segundo a professora seus alunos são oriundos de condomínios de prédios localizados no próprio bairro e também dos bairros vizinhos, sendo que um deles está localizado no município de Diadema. A escola não é considerada de alto risco e não possui os adicionais referentes a distancia, difícil acesso ou periculosidade.

Professora 2

Tem 47 anos, atua há 6 meses no magistério Ensino Fundamental II na disciplina de Português Formada em Letras em 2009 pela Universidade Fundação Santo André, não é concursada, porém atua como professora contratada em duas escolas estaduais situadas em bairros distintos do município de Santo André, uma no centro da cidade e outra na periferia, localizado na Grande São Paulo. Uma das escolas na qual leciona está localizada no centro da cidade de Santo André, atende ao público de diversos bairros do município e principalmente estudantes trabalhadores, não é considerada uma escola de alto risco. A segunda escola está localizada na periferia de Santo André e segundo a professora, seus alunos são oriundos de bairros próximos e também não é considerada uma escola de alto risco ou difícil acesso.

Professora 3

Tem 28 anos, formada em Letras em 2009 pela Universidade da Fundação Santo André, atua há 5 anos no magistério como Professora de Ensino Fundamental II concursada no Estado de São Paulo, leciona a disciplina de Português em uma escola estadual localizada na zona leste da cidade de São Paulo. A escola na qual a professora leciona é considerada de alto risco e de difícil acesso por estar localizada na periferia da cidade de São Paulo e possuir elevado índice de criminalidade.

Professora 4

Tem 36 anos, graduada em Educação Física pela Universidade Ibirapuera em 1999, Especialista em Educação Física Escolar pela Fefisa – Faculdade de Educação Física de Santo

André - em 2003 e Graduada em Pedagogia pela Uninove – Universidade Nove de Julho - em 2012. Atua no magistério há 16 anos na disciplina de Educação Física como Professora de Ensino Fundamental II concursada do Município de São Paulo. A escola está localizada na Zona Sul de São Paulo, no bairro de Santo Amaro, a professora a considera uma escola de alto risco por estar inserida num bairro com alto índice de assalto.