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A cultura, a sociedade e a educação influenciam a compreensão que temos a respeito do mundo, temos a tendência de separar as coisas para pensá-las, isso favorece a incompreensão, pois ao olharmos somente para aspectos fragmentados a respeito da educação, como a questão das políticas públicas, salariais, organizacionais, ignorando os outros, como a pratica educacional e a questão da subjetividade dos professores. Ao ser deslocado da rede complexa que envolve esses diversos fatores, percebemos que o professor se sente fora do processo, o que o leva a desconsiderar sua importância.

As entrevistas nos forneceram uma multiplicidade de informações que enriqueceram a pesquisa e nos levaram a reconhecer sujeitos engajados no processo educacional, assim como constatamos, a insatisfação com o sistema educacional atual. Encontramos elementos que denunciaram um sistema que fragmenta os saberes e não beneficia os alunos com relação a aprendizagem. As queixas a respeito da quantidade elevada de alunos por sala, da baixa qualidade do material didático oferecido e sua inadequação, a deficiente formação continuada de professores nos fornecem dados para deduzir que estes são fatores que desconsideram toda a complexidade da educação e dos sujeitos envolvidos no processo educativo. Para Morin, a incerteza é própria dos fenômenos humanos sendo que o processo educativo, apesar de todas as queixas apresentadas pelas professoras poderá ser satisfatório ou não porque dependem de condições adversas e da subjetividade dos sujeitos envolvidos no processo. Nem sempre os fatores apresentados pelas entrevistadas influenciam diretamente na aprendizagem dos alunos, pois há interferência de outras condições ambientais.

A reforma do pensamento, de acordo com o que Morin defende, aponta a necessidade de enfrentamento de muitos desafios que visem a superação do pensamento linear e da fragmentação dos saberes. A proposta é de uma maior contextualização das práticas pedagógicas, a religação dos saberes e a reforma do pensamento. As inter-relações entre todo e partes não podem ser reduzidas a processos lineares que reduzem a uma sequência ou amontoado de saberes desconexos, alheios à realidade dos alunos. A relação parte-todo leva em consideração o educando como um ser pensante, ativo no processo educativo e atuante nas relações com o meio ambiente e a sociedade.

O discurso das professoras a respeito da prática docente nos forneceu dados que reafirmam que o conhecimento é um processo na qual a incerteza, o erro e as ilusões se fazem presentes num mundo de certezas. A complexidade permite a crítica e a autocrítica, além da reflexão e da abertura as novas idéias e conceitos de acordo com o conceito de multidimensionalidade do ser, que compreende o sujeito de forma complexa, situando-o no tempo e no espaço. A pesquisa trouxe elementos para a observação e apreciação das compreensões dos professores a respeito do filme Escritores da Liberdade. As professoras entrevistadas demonstraram que a compreensão de um filme ou qualquer outro produto cultural passa por percepções individuais e subjetivas, de acordo com aquilo que vivenciaram. Foram quatro entrevistas diferentes, com visões de mundo e de educação diversificadas, que reafirmaram a complexidade das relações e a subjetividade dos sujeitos de acordo com o jogo de desordem/ordem/interações/organizações que nos fez compreender a dinâmica da complexidade e de seus operadores.

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