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2.2 TOMADA DE DECISÃO NA ORGANIZAÇÃO

2.2.2 As Escolas da Administração

Antes da Revolução Industrial a teoria econômica focava em dois fatores de produção, terra e trabalho. Com a migração dos sistemas de produção da terra para as indústrias, o homem passa a empreender em áreas não antes habitadas. Uma vez que um empreendedor decide arriscar-se, o capital deve ser levantado a fim de comprar recursos, maquinários, prédios, ferramentas etc. Nada disto seria realidade até que trabalhadores operem as máquinas e realizem as atividades necessárias. Assim o sistema feudal cedia lugar ao capital, e para a sua prosperidade, tornava-se necessário o desenvolvimento de novas técnicas administrativas (SILVA, 1990).

Com o crescimento das organizações, o empreendedor perdia a capacidade de supervisionar todo o processo, surgindo assim os níveis de supervisão. Os empreendedores frequentemente usavam familiares para assumir posições administrativas, por serem trabalhadores mais confiáveis e que atuariam para preservar a herança, garantindo o controle da família para as próximas gerações. Há evidências que o sistema industrial levou a um aumento significativo no nível de vida, diminuindo as taxas de mortalidade urbana e a mortalidade infantil. Contudo, indústria herdou também o trabalho infantil e feminino, a pobreza e as longas jornadas de trabalho do passado (Wren, 1994).

Tais preocupações conduziram a diversas pesquisas e experimentações nas empresas, nascendo a Ciência da Administração. Esta seção busca apresentar brevemente esta ciência, através de seu enfoque Clássico, Humanista e Organizacional.

Enfoque Clássico

A necessidade de ganhos de eficiência na indústria americana no início do século XX, como decorrência da necessidade de incremento da produtividade e como forma de enfrentar a carência de mão-de-obra especializada, formou-se o terreno fértil para que Frederick Winslow Taylor expresse as ideias construídas sobre sua própria experiência e conhecimento.

Essa abordagem visava determinar cientificamente os melhores métodos para a realização de qualquer tarefa e para selecionar, treinar e motivar os trabalhadores. Além de Taylor, são representantes dessa escola Henry L. Gantt, Frank e Lillian Gilbreth (SILVA, 1990).

Taylor (2006) baseou–se no estudo de tempos e

movimentos nas linhas de produção, para dividir cada função em seus componentes e buscou métodos melhores e mais eficientes para executar cada um desses componentes. Por conta disso, estabeleceu um padrão de quanto os empregados deveriam produzir. Os empregados eram motivados a ultrapassar padrões de desempenho anteriores, com um incremento em seu salário, calculado criteriosamente e denominado sistema de tarifas diferenciadas. São quatro princípios básicos que norteiam seu estudo:

Primeiro - desenvolver para cada elemento do trabalho individual uma ciência que substitua os métodos empíricos;

Segundo - selecionar cientificamente, depois treinar, ensinar e aperfeiçoar o trabalhador; Terceiro - cooperar cordialmente com os trabalhadores para articular todo o trabalho com os princípios da ciência que foi desenvolvida;

Quarto - manter divisão equitativa de trabalho e de responsabilidades entre a direção e o operário. A direção incumbe-se de todas as atribuições, para as quais esteja mais bem aparelhada do que o trabalhador; ao passo que no passado quase todo o

trabalho e a maior parte das

responsabilidades pesavam sobre o operário (TAYLOR, 2006, p.40-41).

Pupilo de Taylor, Gantt propôs que cada trabalhador que atingisse uma cota determinada de trabalho diário receberia uma bonificação. Ele avaliava publicamente os empregados, registrando seu desempenho. Como um professor formado, Gantt era orientado a dramatização de dados em forma de gráficos. A solução de Gantt foi um gráfico em barra para planejamento e controle do trabalho. A pesar de enumeras variações terem sido desenvolvidas, a essência do conceito do

Gráfico de Gantt era mostrar como o trabalho estava traçado e programar entre várias operações para este trabalho se completar (WREN, 1994).

Além da preocupação com a realização das tarefas e o desempenho eficiente, a teoria clássica também traz como principal fundador Henri Fayol, que desenvolveu uma teoria para o corpo administrativo da empresa. Para Fayol (1989) o conjunto de operações realizadas pro todas as empresas pode se dividir em seis grupos:

1º) Operações técnicas: produção,

fabricação, transformação.

2º) Operações comerciais: compras, vendas, permutas.

3º) Operações financeiras: procura e gerência de capitais.

4º) Operações de segurança: proteção de bens e de pessoas.

5º) Operações de contabilidade: inventários, balanços, preços de custos, estatística etc. 6º) Operações administrativas: previsão,

organização, direção, coordenação e

controle (FAYOL, 1989, p.23).

Para operar eficientemente, a função administrativa deve restringir-se ao pessoal, enquanto que outras funções põem em jogo a matéria prima e as máquinas. “A função administrativa tem por órgão e instrumento o corpo social.” (FAYOL, 1989, p.43).

Para o autor, é necessário que se criem um conjunto de condições, leis ou regras para o alcance dos objetivos, Fayol (1989) os denomina de princípios, mesmo não considerando a rigidez da palavra, e indica quatorze princípios destes na qual pôde aplicar com mais frequência na atividade de administração:

1º) a divisão do trabalho;

2º) a autoridade e a responsabilidade; 3º) a disciplina;

4º) a unidade de comando; 5º) a unidade de direção;

6º) a subordinação do interesse particular ao alcance geral;

7º) a remuneração do pessoal; 8º) a centralização;

9º) a hierarquia; 10º) a ordem;

11º) a equidade;

12º) a estabilidade do pessoal; 13º) a iniciativa;

14º) a união do pessoal (FAYOL, 1989, p.43). Logo, para Fayol (1989) toda a empresa deve ter entre as suas atividades algumas funções básicas e indispensáveis à eficiência, assim como um corpo administrativo com habilidades de observar princípios elementares de controle.

Enfoque Humanista

A teoria humanista tem como motivador a grande Resistencia aos esquemas rígidos exigidos pela administração cientifica aos funcionários. Nela há teorias de transições, que buscavam amenizar as teorias clássicas, teorias de relações humanas e as teorias behavioristas.

Nas teorias transitivas surgem diversos estudos com o enfoque psicológico da teoria clássica. Tem como autores principais Orway Tead, Mary Parker Follet e Chester Barnard (SILVA, 1990).

A fim de emergir as teorias referentes à organização formal como um processo social concreto, aonde a ação social é predominantemente realizada, Barnard (1979) disserta sobre as funções executivas e sua organização.

O estudo cuidadoso das ações visíveis dos seres humanos em nossa sociedade - seus movimentos, sua fala, assim como o

pensamento e as emoções que

transparecem através de sua ação e de sua fala - mostra que muitas delas, e algumas vezes a maioria, são determinadas ou dirigidas pela sua ligação com organizações formais (BARNARD, 1979, p.36).

Tais teorias não se restringem apenas às organizações industriais ou comerciais, Barnard (1979) elege que todas as categorias ou tipos de organizações formais abrangem o seu campo de estudo. Para o autor as funções do executivo são as de controle, gerência, supervisão e direção, que são exercidas não somente por altos escalões da organização, mas por todos que se encontrem em posições de controle.

Uma organização é um sistema de atividades humanas cooperativas, cujas funções são: (1) a criação, (2) a transformação e (3) a troca de utilidades. Ela se torna capaz de realizar essas funções pela criação de um sistema cooperativo, do qual a organização é tanto um núcleo quanto um sistema subsidiário, que tem, por sua vez, como componentes, sistemas físicos, sistemas

pessoais (indivíduos e coleções de

indivíduos), e sistemas sociais (outras organizações) (BARNARD, 1979, p.235). Desta forma, as funções executivas delineadas por Barnard (1979) servem de papel fundamental para a sobrevivência da cooperação organizacional.

Já a teoria das relações humanas tem como marco os estudos de Howthorne de Elton Mayo. Já que o enfoque clássico resolvia o problema do lucro, mas não controlava as forças sociais emergentes. A partir dos estudos de Mayo as fabricas foram adaptadas como uma extensão do lar, abrindo espaços assim para as relações informais nas empresas. (WREN, 1994)

A teoria behaviorista, ou comportamental, não foge às concepções básicas da teoria das relações humanas, mas valoriza conceitos de motivação humana. Nela são apresentadas as teorias das necessidades de Maslow, que apresenta uma hierarquia de escalas de valores na qual o ser humano motiva-se para a sua sobrevivência e desenvolvimento. Destaca-se também as teorias de McGregor, que nomeia o trabalhador do enfoque clássico da administração com características de sua teoria “X” em que o considera mediano e leniente, e chama de características “Y” o trabalhador motivado e conscientemente produtivo (SILVA, 1990).

Enfoque Organizacional

O enfoque organizacional busca conhecer melhor as forças que influenciam na empresa, seu propósito maior é tornar a empresa transparente, conhecida por dentro e por fora, e é pautada pelas teorias Estruturalista, Burocrática, de Contingência e Sistêmica.

A teoria burocrática tem como base as teorias de Webber (1978). O tipo monocrático de administração burocrática é o tipo

mais puro de organização administrativa, capaz de atingir o mais alto grau de eficiência. Desenvolveu-se juntamente com os estudos modernos organizacionais. Fortaleceu-se por seu forte conhecimento técnico. Possui força mesmo sob contexto capitalista ou socialista, porém sem a burocracia o sistema capitalista não existiria. O poder está na mão de quem controla, e de quem sabe. Suas principais consequências são: tendência ao nivelamento profissional; tendência a uma única e longa formação profissional e predominância da impessoalidade.

A teoria estruturalista analisa a estrutura da organização comparando as partes internas com o todo. Reside basicamente do antagonismo entre os enfoques clássico e humanista. Tem como principal representante Etzioni (1976) que define organizações como unidades sociais com objetivos específicos. Caracterizam-se por divisão de trabalho, presença de poder e possibilidade de substituição de pessoal. Na prática da vivencia empresarial, esta teoria defende que qualquer que seja o departamento analisado, deve-se efetuar esta análise a luz dos demais departamentos.