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2.2 TOMADA DE DECISÃO NA ORGANIZAÇÃO

2.2.1 O pensamento administrativo e as organizações

Com a evolução do homem e a vida em sociedade, as pessoas perceberam que poderiam ampliar suas próprias habilidades trabalhando umas com as outras, pois assim satisfariam melhor suas próprias necessidades. Nas sociedades mais primitivas as atividades passavam a ser divididas de acordo com as habilidades individuais. Uma vez dividido o trabalho alguns acordos eram elaborados para o bem comum, e logicamente, o grupo estratificava tarefas dividiam-se de acordo com a força individual, idade e habilidades específicas, desenvolvendo assim os primeiros líderes. Estas formas mais elementares das primeiras organizações humanas refletem essencialmente nos mesmos elementos de uma organização ao longo da história (WREN, 1994).

Junto com a necessidade de formar organizações, nasce a atividade administrativa. Wren (1994) evidencia a atividade administrativa desde a formação das primeiras organizações estruturadas por pessoas. Para ele, para a formação das primeiras organizações, primeiro deveria existir um objetivo, em segundo as pessoas devem ser atraídas por este objetivo, em terceiro cada membro do grupo deveria ter algo na qual poderia trabalhar ou lutar, em quarto estas várias atividades devem ser estruturadas para que o grupo atinja seu objetivo e por último o grupo percebe que os resultados são alcançados mais facilmente se existir alguém para tomar as decisões estratégicas e mantiver as relações de todos em torno daquele objetivo.

Assim, ao longo da história, mesmo antes da ciência da administração ser estabelecida, diversos grupo de pessoas reunidos em forma de organização confirmam tais características, como a criação dos códigos de leis babilônicas, os processos das dinastias chinesas antigas, os grandes líderes hebreus apresentados na bíblia no antigo testamento, os grandes impérios gregos e romanos, a institucionalização da igreja católica etc.

Organizações, portanto, defendem o interesse de um grupo de pessoas, logo este interesse é o que define a direção que a organização segue, e consequentemente este direcionamento pode impactar diretamente na sociedade. Desta forma, desde as organizações mais antigas já se percebe que estas possuem o poder de impactar socialmente e que os

estudos administrativos contribuem para que cada organização atenda a seu interesse. Logo, compreender as organizações pode ser um importante dispositivo para lidar com a realidade ao seu redor (HALL, 2004).

Para avaliar tal realidade, Hall (2004) apresenta alguns métodos que tipificam a organização, porém evidencia que tratar de tipos de organizações pode auxiliar em algumas formas de estudos organizacionais, porém pode não fazer sentido algum em outros. Uma comparação utilizada é a distinção entre homens e mulheres, que pode ser relevante em algumas circunstâncias, e se tornar totalmente irrelevante em outra, como na seleção de alunos ou de membros de um corpo docente. Desta forma se faz, por exemplo, na distinção entre empresas com fins lucrativos e sem fins lucrativos, esta informação pode se tornar irrelevante se for necessário avaliar a complexidade organizacional na tomada de decisão. Neste caso, o ponto importante é o fato que constitui a priori uma organização: a existência de um objetivo. Logo, tipificar as organizações é uma forma de criar construções sociais da realidade (HALL, 2004).

A história conduz a diversas formas organizadas que impactaram diretamente da vida e no desenvolvimento da humanidade. Com o avanço social e das ciências, a Revolução Industrial anuncia uma nova era para a civilização, assim como, é um marco para os estudos da ciência da administração. A teoria organizacional em si é um campo bastante contestado e em constante construção devido às diferentes visões de como caracterizar as organizações e como devem ser estudadas e compreendidas.

Mesmo o pensamento administrativo tendo identificado formas de uma organização desde os primeiros grupos de pessoas, a teoria organizacional surgiu de fato em função do modelo econômico do capital. Desde seus pensamentos clássicos, apoiados nos estudos de Marx e Weber em que caracterizam o campo organizacional, autores como Ure, Gilbreth, Taylor, Ford, Fayol, Barnard, e Urwick utilizaram a ciência social a fim de organizar o trabalho eficientemente para o capital. Os teóricos organizacionais tinham o objetivo de auxiliar na eficiência das metas organizacionais. Mesmo Mayo e sua equipe, que verificaram as necessidades psicológicas do trabalhador, tinham como objetivo principal de melhora da

eficiência do trabalho. O modelo burocrático de Weber foi o ponto de partida para muita teoria organizacional, o tipo ideal de burocracia tornou-se perfeitamente racional e eficiente para a visão organizacional da época. Modelos que impulsionaram os

estudos de teorias organizacionais, chamada teoria

organizacional normal, e adicionaram valor científico a elas, tendo em vista que, inicialmente, todas as correntes de estudiosos organizacionais adotavam o modelo da ciência natural, através do experimento, e estas predominaram nas organizações modernas (MARSDEN; TOWLEY, 1999).

A teoria organizacional veio acompanhada por uma extrema racionalidade na busca pela eficiência, eficácia e pelo forte apelo econômico. O pós-modernismo, porém trouxe uma série de autores que manifestavam insatisfação contra este pensamento positivista e objetivaste existente. Estes autores trazem o conceito iluminista de progresso apresentando a teoria organizacional contra normal. Estas novas teorias ainda não foram consolidadas, fazendo com que convivamos hoje com estas duas correntes nas organizações: uma teoria normal voltada à eficiência do capital, marcadamente uma teoria dos gestores; e a teoria humanizada, descrita como a teoria dos geridos. Fato é que a segunda ainda não se demonstrou como uma total alternativa à primeira (BERTERO, 1999).

O entrave entre as teorias modernas e pós-modernas trazem questionamentos sobre o posicionamento do individuo nos estudos organizacionais, assim como estimula debates intermináveis a cerca da efetividade de cada teoria isoladamente. Hall (2004) apresenta as teorias organizacionais defendendo que os teóricos não podem mais prender-se a paradigmas. Busca, através da combinação das diversas perspectivas de estudos, explicações para cada contexto organizacional na medida em que são executados.

Em virtude de todas as organizações serem unidades sociais que interagem com a sociedade, todo envolvimento de seres humanos, seja no lado da causa ou no lado do efeito da equação, introduz um elemento de incerteza (HALL, 2004, p. 149).

É sob esta incerteza que a figura humana toma decisões dentro destas organizações, em busca do melhor resultado para

as organizações, ou seja, para que a organização seja eficaz. E este será o assunto tratado nas próximas sessões deste capítulo.