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CAPÍTULO 4: METODOLOGIA DA PESQUISA

4.2. As etapas de coleta de dados

Esta pesquisa foi realizada tendo como um dos objetos de coleta de dados um questionário com dez perguntas abertas (APÊNDICE A). Para validar as informações deste questionário, foram aplicadas a dois grupos de acadêmicos. As respostas foram

63 tabuladas e analisadas para que as perguntas pudessem ser reelaboradas caso não atingissem os objetivos propostos na pesquisa.

O questionário foi aplicado com dez perguntas abertas a 32 alunos concludentes do curso de Química Licenciatura, 21 questionários foram analisados e os demais não foram devolvidos pelos informantes. Após as análises e tabulação dos questionários selecionaram-se destes, 10 para compor um Grupo Focal. O critério de seleção e consequentemente participação do grupo focal foi levar em consideração um grupo heterogêneo, que privilegiasse concludentes que em sua graduação participaram de projetos diversos existentes, todos os entrevistados eram conhecidos do pesquisador, facilitando assim a seleção para participarem do grupo focal. Segundo Gatti (2005) a relação próxima entre entrevistados/pesquisador facilita no desenvolvimento da pesquisa. Os selecionados foram8:

2 formandos que participaram de Iniciação Cientifica durante a graduação;

2 formandos que participaram de Projetos de Extensão e/ou PIBID durante a graduação;

2 formandos que participaram de Monitoria durante a graduação;

2 formandos que participaram de Atividades diversas durante a graduação e;

2 formandos que durante a graduação não participaram de nenhuma atividade de pesquisa e extensão.

Após coleta e análises dos dados foi realizado o Grupo Focal (ANEXO B), que segundo Gatti (2005) as pesquisas com grupos focais tem por objetivo captar, a partir das trocas realizadas no grupo, conceitos, sentimentos, atitudes, crenças, experiências e reações, de modo que não seria possível com outros métodos, como por exemplo, a observação, a entrevista ou questionários.

No Grupo focal privilegiam-se a seleção de participantes segundo alguns critérios conforme o problema de estudo, desde que eles possuam algumas características em comum que os qualificam para a discussão em questão (GATTI, 2005).

O Grupo Focal (GF) é uma técnica de coleta de dados do tipo entrevista coletiva onde os participantes discutem sobre uma temática específica determinada pelo moderador do grupo. Segundo (POWELL e SINGLE, 1996, p. 449), um grupo focal “é

8 Dos 10 selecionados para participar do Grupo Focal, por motivos pessoais, dois faltaram para a realização desta

64 um conjunto de pessoas selecionadas e reunidas por pesquisadores para discutir e comentar um tema, que é objeto de pesquisa, a partir de sua experiência pessoal”. Para Rodrigues (1988), grupo focal é “uma forma rápida, fácil e prática de pôr-se em contato com a população que se deseja investigar”. Gomes e Barbosa (1999) acrescentam que “o grupo focal é um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido, com o propósito de obter informações de caráter qualitativo em profundidade”. Krueger (1996) descreve como “pessoas reunidas em uma série de grupos que possuem determinadas características e que produzem dados qualitativos sobre uma discussão focalizada”.

É importante destacar que um grupo focal não é uma entrevista realizada com um grupo de pessoas. Para tanto é preciso dar condições para que o grupo discuta pontos de vista, façam criticas, abram perspectivas diante da problemática para o qual foram convidados a discutir coletivamente (GATTI, 2005).

De acordo com Neto, Moreira e Sucena (2002), o grupo focal é caracterizado como:

Uma técnica que reside no fato de ela trabalhar com a reflexão expressa através da “fala” dos participantes, permitindo que eles apresentem, simultaneamente, seus conceitos, impressões e concepções sobre determinado tema. Em decorrência, as informações produzidas ou aprofundadas são de cunho essencialmente qualitativo (p. 5).

O objetivo principal de um grupo focal é revelar as percepções dos participantes sobre os tópicos em discussão. Normalmente, os participantes possuem alguma característica em comum, por exemplo: compartilham das mesmas características demográficas tais como nível de escolaridade, condição social, ou são todos com a mesma formação superior. Por definição, o GF, pode ser dirigido por duas ou mais pessoas: uma discutindo (Moderador) e as outras realizando anotações. Quem está escrevendo as anotações não deve interferir para não misturar os papéis. O moderador do grupo focal levanta assuntos identificados num roteiro de discussão e usa técnicas de investigação para buscar opiniões, experiências, ideias, observações, preferências, necessidades e outras informações. O moderador incentiva a participação de todos, evitando que um ou outro tenha predomínio sobre os demais. Além disso, conduz a discussão de modo que esta se mantenha dentro dos tópicos de interesse. O moderador

65 não deve fazer julgamento, e sim salientar as ideias relevantes e encorajar a darem segmento às perguntas.

Vale destacar características que são importantes no momento de elaboração e desenvolvimento do grupo focal, segundo alguns autores9, são elas:

O GF é organizado com pequeno número de pessoas (entre 8 e 12), para incentivar a interação entre os membros;

Cada sessão dura de uma a duas horas no máximo;

A conversação concentra-se em poucos tópicos (no máximo 5 assuntos);

O moderador tem uma agenda onde estão delineados os principais tópicos a serem abordados. Esses tópicos são geralmente pouco abrangentes, de modo que a conversação sobre os mesmos se torne relevante;

O moderador deve ter domínio do assunto que será discutido;

Pode haver a presença de observador externo (o qual não se manifesta) para captar reações dos participantes;

Os GF´s não são úteis para inferências precisas a respeito de toda a população; Utiliza questões e respostas não estruturadas, podendo contribuir ao trazer novas ideias sobre o assunto que está sendo investigado;

Deve captar informações e não dar informações.

Gatti (2005) defende a escolha de um moderador que seja experiente, flexível e com habilidade suficiente para a proposição de situações que possibilitem a interação entre os indivíduos. O trabalho do moderador bem como o registro das interações ocorridas no grupo focal são auxiliadas pela presença de relatores. Os relatores são pessoas que não interferem na discussão e que têm por função fazer anotações dos aspectos gestuais e da fala dos participantes.

As transcrições do grupo focal deste trabalho foram devidamente organizadas em um texto (ANEXO C). Esse material bruto constitui o todo da análise desta etapa da pesquisa. Para melhor apreciação, adotamos a Análise de conteúdo como técnica de análise do material que tem como principal referência Bardin (2009).

Para Bardin (2009, p. 44) análise de conteúdo é definida de modo geral como:

Um conjunto de técnicas de análise de comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ao não) que permitam a

9 GOMES e BARBOSA (1999); NETO, MOREIRA e SUCENA (2002); GATTI (2005); GUIMARÃES (2011);

66 inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Para a transcrição foi levado em consideração alguns critérios tais como:

Parênteses ( ) - palavras que não poderão ser corretamente entendidas e foram substituídas por hipóteses do que entendemos;

Parênteses duplo (( )) - adotado para registrar comentários; Colchetes [ ] - falas simultâneas;

Deslocamento _______ - quando houver interpretação das falas; Reticências ... - pausa nas falas;

Interrogação ? - usado para perguntas; Letras maiúsculas - entonações de voz.

As diferentes fases de análise de conteúdo organizam-se em torno de quatro etapas, segundo Bardin (2009, p. 121).

1- Pré-análise;

2- Exploração do material; 3- Tratamento dos resultados; 4- Inferência einterpretação.

A pré-análise, primeira etapa da análise de conteúdo, consistiu na organização sistemática do corpus da pesquisa. Por meio da leitura flutuante que consiste em estabelecer contato com primeiros documentos a analisar e ter as impressões do texto, possibilitando uma melhor organização das ideias iniciais quanto ao objeto investigado. As diversas leituras realizadas no decorrer da pesquisa foram também fundamentais para um conhecimento do material para que pudéssemos fazer o levantamento de algumas hipóteses relacionadas aos objetivos desta pesquisa. Antes da análise propriamente dita, preparamos o material (edição) para padronização e classificação.

A segunda fase, exploração do material, segundo Bardin (2009) compreende essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função de regras previamente reformuladas, ou seja, tratamento do material bruto. Estes resultados são tratados de maneira a serem significativos e válidos que permitam estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos, os quais condensamas informações fornecidas.

Para maior rigor dos resultados, estes são submetidos a interpretações com o propósito de alcançar os objetivos.

67 Segundo Bardin (2009), a codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitam uma descrição das características pertinentes ao conteúdo.

A classificação dos elementos em categorias impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com os outros, sendo este o que permitirá o agrupamento. É possível, contudo, que outros critérios apareçam em outros aspectos analógicos, talvez modificando a repartição anterior. O processo classificatório possui uma importância considerável em toda e qualquer atividade cientifica. A categorização tem por principal objetivo fornecer, por condensação, uma representação simplificada dos dados em bruto.

Um conjunto de boas categoriasapresentam algumas características:

1. A exclusão mutua: as categorias devem ser construídas de tal maneira que um elemento não seja classificado em duas ou mais categorias. Mas caso isso ocorra orienta-se utilizar artifícios de modo a evitar multicodificação;

2. A homogeneidade: auxilia a qualidade da exclusão mutua, dependendo da homogeneidade, atribui a cada categoria um principio de organização;

3. A pertinência: a categoria é considerada pertinente quando está adaptada ao material de análise escolhido, e quando pertence ao quadro teórico definido; o sistema de categoria deve refletir as intenções da investigação, as questões do analista e/ou corresponder as características das mensagens;

4. A objetividade e a fidelidade: as diferentes partes do material devem ser codificadas de mesma maneira, mesmo quando submetidos a várias análises. Para isso, é preciso definir claramente as variáveis que estão sendo consideradas na análise e os índices que irão determinar a entrada daquele elemento na categoria;

5. A produtividade: são os resultados férteis que podem ser alcançados através das categorias que possibilitem, por exemplo, o desenvolvimento de inferências e novas hipóteses.

Foi embasado nessas características que elaboramos duas dimensões que atendessem aos objetivos de nossa pesquisa. A partir das dimensões, elaboramos as categorias e as falas dos sujeitos foram agrupadas em categorias, levando-se em consideração as características comuns ao conteúdo destas e procurando está atentos aos conceitos envolvidos para atingir os objetivos da pesquisa. Os resultados serão discutidos a seguir, iniciando a discussão dos resultados a partir da aplicação dos questionários.

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