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PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO

3. A FAMÍLIA E SUAS INTERACÇÕES

3.5 As etapas da aceitação do problema dos filhos

Os pais de uma criança com NEE sofrem uma forte emoção ao receber a notícia da incapacidade do seu filho, pois rompe todas as expectativas e submerge-os numa súbita sensação de desconcerto que pouco a pouco se transforma num sentimento de impotência e desamparo.

Perante esta situação os pais podem reagir de diversas formas se bem que estas costumam oscilar entre a observação positiva ou a entrega sacrificada, passando por reprovação ou responsabilidade pessoal sobre o facto. Todas estas atitudes coincidem em

fomentar uma fixação e uma acomodação a determinados objectivos pessoais, que nada têm a ver com a tomada de decisões e iniciativas positivas para o seu filho.

Deve ficar claro que é quase impossível enfrentar as dificuldades que representa para uma família a noticia que o filho tem uma deficiência. A análise desta situação deve fazer-se com o máximo de compreensão pela carga emocional que arrasta.

Embora difícil, o desejável será que os pais adoptem, quanto possível, uma posição realista e objectiva em relação ao problema global que apresenta a criança com NEE.

A adaptação ao problema da deficiência constitui uma experiência única para cada indivíduo, varia de família para família e depende também do grau de deficiência que se trata. As famílias em geral passam por uma série sucessiva de estádios antes de chegar a uma solução prática, vão avançando pouco a pouco, até chegarem a defrontar a problemática apresentada e a fazer planos úteis e inteligentes. Quanto mais rápido se chegar a este ponto maior equilíbrio terão estas famílias, pois chegam a uma compreensão e aceitação do problema, que lhes permitirá manter relações normalizadas tanto com o seu próprio filho como com todos os membros da comunidade.

As etapas para chegar a esta atitude positiva segundo Bach (1980) são as seguintes: 1º. Etapa da incredulidade – Quando um casal recebe uma primeira informação que o seu filho tem uma deficiência resistem a aceitar a verdade e a sua primeira reacção é de incredulidade e de estupefacção.

Os pais esforçam-se então em convencer-se que o seu filho se vai desenvolver normalmente e utilizam todos os mecanismos de defesa que tenham ao seu alcance, para proteger os seus sentimentos e negarem a evidência. Em algumas ocasiões começa a procura inútil de médicos especialistas, hospitais, etc., em busca de alguém que lhes confirme que o seu filho não tem qualquer problema.

Este período de difícil relação manifesta-se nalguns pais em hostilidade, tristeza e dificuldades de comunicação o que provoca crises e tensões familiares e sociais.

2º- Etapa de Medo e de Frustração – Quando um dos cônjuges ou ambos começam a aceitar a realidade, opera-se uma mudança na atitude, que vai desde culpabilizar o outro, os médicos ou a si mesmo e passam a preocupar-se mais com as relações sociais do que com o próprio filho.

Este período é caracterizado pela tristeza, por uma grande quantidade de perguntas sem resposta, por uma depressão e uma apatia e desinteresse geral. Os pais encontram-se perdidos, pois muitas vezes não sabem o que fazem nem como actuar.

Estas duas etapas têm o desconcerto e o desespero como ponto comum: os pais pensam e preocupam-se basicamente nas repercussões que terão para eles, o facto de o seu filho ter uma deficiência e não se interessam por actuar positivamente. São incapazes de ajudá-lo.

A maior parte das vezes precisam de ser ajudados exteriormente para que se preocupem com a criança, para verificarem o modo como a deficiência afecta o seu filho para estarem em condições de empreender acções concretas no sentido de ajudá-lo, o que se converterá em benefício para todos.

3º. Etapa da Decisão. É a etapa do exame objectivo e inteligente. Os pais acabam por aceitar a realidade e decidem fazer o possível para melhorarem as expectativas e o prognóstico do seu filho, mas devem fazê-lo sem abdicar das suas obrigações ou necessidades tanto profissionais como sociais e familiares.

A aceitação da deficiência do filho e a decisão de enfrentar esta situação de maneira objectiva e inteligente indicam que há uma mudança de atitude que reproduz uma estabilidade muito importante para fazer frente a todos os problemas que surgem com o tempo. Os pais devem aceitar o seu filho tal como é, com as suas limitações e as suas capacidades, para terem uma visão realista acerca do seu futuro e da sua situação.

Para alcançar esta situação positiva e manter esta atitude reflexiva, os pais precisam de uma dupla intervenção, que deve efectuar-se precocemente.

Primeiro devem receber toda a informação objectiva sobre o problema do seu filho e sobre as potencialidades de evolução e as características principais. Depois devem receber apoio emocional de forma a ajudá-los a alcançar a próxima etapa na maior brevidade possível, pois isso provocará uma normalização geral na família e nas suas relações com a comunidade. Também adquirem um sentido de competência na forma como lidar com a situação, na procura dos recursos da comunidade e em possuírem uma atitude em relação aos comportamentos dos restantes elementos da comunidade.

Ao longo dos anos tem sido cada vez mais confirmada a ideia que a família é parte integrante do processo educativo dos alunos e que a sua envolvência na escola é insubstituível e extremamente necessária.

O importante é que o encarregado de educação acompanhe de perto o percurso do seu educando para, atempadamente, serem postas em prática estratégias que o possam auxiliar da melhor forma a ter sucesso no seu percurso escolar, sendo importante termos presente todas as interacções familiares.

Apesar de algumas mudanças, a família continua a ser o elemento chave na vida e desenvolvimento da criança, logo a escola deverá sempre considerá-la nas decisões mais importantes respeitantes aos seus alunos.