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3.3. Enquadramento geológico e geomorfológico

3.3.1. As grandes regiões estruturais de Portugal

A área está inserida na unidade geoestrutural Zona Centro Ibérica, (ZCI), na figura 24, uma das grandes unidades geológicas do Maciço Ibérico (MI) ou Hespérico, (Ribeiro et al., 2007), constituída por um conjunto de rochas datadas da idade ante- mesozóica, presentes ao longo da parte central e ocidental da Península Ibérica (Jesus, 2001).

Fig. 24 - Mapa das unidades morfoestruturais da Península Ibérica, (adaptado de Julivert et al., 1974; Ribeiro et al.,1979; Farias et al., 1987).

Existe uma enorme influência da estrutura geológica na paisagem, nessa base, as grandes áreas estruturais do país são sobretudo o Maciço Hespérico que ocupa a parte ocidental e central da Península Ibérica e constitui o núcleo primitivo do território, apenas invadido pelo mar na periferia. Devido ao facto de ter sido dobrado e metamorfizado, (muitas vezes com granitização), durante a orogenia hercínica, o Maciço Hespérico tornou-se no núcleo resistente ao dobramento alpino.

Localização da área em estudo. Localização da área em estudo.

A grande estrutura geológica que marca a geomorfologia da região é denominada por anticlinal de Valongo (e.g., Couto 1993, Jesus 2001), e alonga-se numa extensão superior a 50 km, desde a cidade de Valongo até Castro Daire, sendo, segundo Rebelo, (1975) o elemento estruturante responsável quer pela morfologia da região, quer pela definição das “Serras de Valongo”.

Este anticlinal é assimétrico, tem uma direção NW-SE e marca a paisagem da região com o alinhamento das serras de Serra de Santa Justa e Pias. Toda a morfologia do concelho deve-se à influência da tectónica que existiu na região e que definiu o alinhamento de várias serras, como é evidente no mapa da figura 25.

Fig.25 - Modelo Digital do Terreno do concelho de Gondomar, Ferreira (2008).

As cristas quartzíticas correspondem aos flancos do anticlinal de Valongo: o flanco ocidental é representado pela Serra de Santa Justa e o flanco oriental pela Serra de Pias (Silva, 2003).

A Serra de Santa Justa prolonga-se no flanco oriental pelas Serras de Pias, (376 metros); Serra de Santa Iria (416 metros), Serra de Banjas (370 metros), e Serra da Boneca, (520 metros), descrito por Ferreira, (2008). No flanco ocidental estende-se pela Serra do Castiçal, (324 metros); a Serra das Flores (322 metros), e Serra de S. Domingos, segundo Couto, (1993). No centro da cidade de Gondomar, destaca-se o relevo residual do Monte Crasto com uma altitude de 192 metros, (figura 25).

Já referido, a área estudada insere-se numa das grandes unidades geológicas do Maciço Ibérico (Ribeiro, 1979), e, (Lotze 1945, Julivert et al. 1974 in Couto, 1993), representado em pormenor na figura 26, onde estão simplificadas as principais formações que predominam no concelho, destacando-se o Complexo xisto- grauváquico, ante ordovícico e séries metamórficas derivadas.

Fig. 26 - Carta Geológica simplificada do Concelho de Gondomar. ICETA. Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agroalimentares, 2004 (Adaptado).

As litologias presentes na área em estudo, variam entre xistos, grauvaques e granitos, mais ou menos metamorfizados, do complexo xisto-grauváquico ante- ordovícico com séries metamórficas derivadas, (figura 26), podendo ainda encontrar- se quartzitos que ajudam a definir alguns relevos como as cristas quartzíticas das Serras de Valongo. Estas, devem a sua importância à dureza e ao facto de constituírem blocos soerguidos a partir de falhas situadas ao longo dos contactos litológicos (González, 1999).

A área está também inserida no denominado distrito auri-antimonífero Dúrico- Beirão, considerado o segundo do país no que diz respeito à exploração de ouro. As jazidas são sobretudo filonianas e foram exploradas desde a antiguidade, (Couto, 1993).

Assinala-se a série de conglomerados, em bancadas muito espessas, de arcoses e de xistos argilosos, que incluem depósitos antracite, explorado em diversas minas no concelho de Gondomar, particularmente nas minas de S. Pedro da Cova e de Midões, ambas inativas.

As formações xistentas do Silúrico aparecem no anticlinal deformado e falhado, ao longo do eixo, com estiramento de camadas. Aparecem camadas silúricas entre as formações xistentas do Carbónico continental e Devónico e as formações xistentas do Ordovícico, (figura 26).

As Formações do Ordovícico surgem na parte central do anticlinal preenchido por xistos argilosos finos, escuros, ardosíferos, vulgarmente designados por xistos de Valongo. As rochas do Complexo Xisto-Grauváquico, (CXG), ante-ordovícico e as séries metamórficas derivadas, estão bastante metamorfizadas.

Os xistos e grauvaques que sofreram intensa metamorfização provocada pelos “granitos do Porto” transformaram-se em xistos luzentes, micaxistos, gneisses, migmatitos, etc.

Entre Fânzeres e S. Pedro da Cova, a metamorfização atenua-se, predominando, os xistos argilosos e os grauvaques finos, que sucedem aos xistos estaurolíticos de Fânzeres (xistos de Fânzeres), que se encontram na Serra de Fânzeres, Vale de Ferreiros, Formiga e Rapadas. As assentadas de conglomerados mais notáveis ocorrem na área da antiga mina de Montalto (Covelo) e em Tardariz (S. Pedro da Cova).

Os sistemas Silúrico, Ordovícico e Carbónico estão presentes na parte oriental do concelho e as formações graníticas a Noroeste, contornadas pelo complexo xisto- grauváquico e por alguns depósitos de terraços fluviais.

As formações aluvionares que incluem os atuais aluviões e depósitos arenoargilosos de fundo de vales, ocupam áreas reduzidas, destacando-se as extensas acumulações arenoargilosas ao longo dos vales dos rios Ferreira e Sousa, bem como, os “areinhos do Douro”, por vezes de grande extensão, situados quer em Melres, quer na Lomba.

As manchas dos depósitos de praias antigas e de terraços fluviais, (figura 26), correspondem aos depósitos de 15 - 20 metros, e encontram-se no Rodolho (Melres); Areiro (Lomba); Gramido (Valbom); Fontelhas (Fânzeres); Conchadas (Covelo) e em Portela do Carvalhal de Além, nas margens do rio Ferreira.

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