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AS INFRAESTRUTURAS EXISTENTES NA REGIÃO DE LISBOA

CAPÍTULO I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.5 OS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NO CONTEXTO SOCIOCULTURAL PORTUGUÊS

1.5.1 AS INFRAESTRUTURAS EXISTENTES NA REGIÃO DE LISBOA

Apesar do número crescente de animais de estimação em Portugal, principalmente nas zonas urbanas, estas nem sempre estão orientadas para o seu bem-estar, e a criação de espaços adequados à sua livre circulação é ainda escassa. A integração de parques caninos na cidade vem assim, responder a esta necessidade e proporcionar momentos de sociabilização, quer entre animais quer os seus donos e vizinhos, familiares e amigos.

Em Lisboa, são já muitos os parques e jardins onde se pode usufruir da natureza na companhia dos animais de companhia, e o primeiro abriu ao público em 2013, após obras de requalificação da zona norte do Jardim do Campo Grande (figura 8).

Figura 8: Primeiro Recinto de Recreio Canino de Lisboa – Campo Grande. Retirado de Doglink,

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Junto à Avenida do Brasil, criou-se um espaço de recreio canino vedado, onde os cães podem brincar e correr soltos em segurança. Conta com bastante sombra proveniente das árvores do jardim, uma larga área relvada, um percurso de obstáculos com mesa, passarela, saltos, túneis e postes, e espaço com gravilha onde os animais podem fazer as suas necessidades. Nesse local específico pede-se aos donos que cumpram com uma norma cívica aplicável na maioria dos parques/jardins caninos – a remoção dos dejetos. Nesse sentido, a Câmara Municipal de Lisboa aplica sinalética que alerta os detentores de animais de estimação para a necessidade do cumprimento legal e regulamentar de um conjunto de obrigações (figura 9).

Figura 9: Sinalética aplicada em alguns jardins e parques caninos. Retirado de Câmara Municipal de Lisboa

A inclusão de cada vez mais parques caninos, e outros tipos de espaços pet-

friendly, na cidade de Lisboa seguem uma vontade comum da comunidade. Prova

disso mesmo, foi o Orçamento Participativo de 2016, que permite a participação dos cidadãos na governação da cidade de Lisboa, no qual dos 181 projetos apresentados para votação, onze estavam direcionados ao bem-estar animal. Desde projetos para a construção de mais parques caninos na cidade (Olivais, Ajuda, Areeiro, entre outros), equipamento de socorro e transporte animal e um

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WC para cães, estas foram algumas das propostas apresentadas pelos cidadãos para a utilização de uma verba global de 2,5 milhões de euros em 2017.

A Câmara Municipal de Lisboa face a esta nova perceção social e política que se agrega ao incremento notório de animais de estimação por habitação na cidade, previa em 2017 desenvolver juntamente com a Rio Plano, uma empresa de arquitetura paisagística, vinte parques caninos dispersos por múltiplas zonas da cidade (figura 10).

“(…) pretende criar, a curto prazo, uma rede municipal de zonas de recreio e atividades caninas em toda a cidade de Lisboa, com a implantação de várias tipologias de espaços que estão necessariamente associados às suas dimensões e à malha urbana em que se inserem, apresentando áreas desde os 250m² até os 3.000m².” (DogLink, 2017)

Figura 10: Rede municipal de zonas de recreio canino na cidade de Lisboa.

Retirado de Doglink, 2017

No âmbito do Projeto de Requalificação do Jardim do Campo Grande – Zona Norte, em 2013, a Rio Plano foi a responsável pela criação do primeiro parque canino de média dimensão da capital portuguesa e, inclusivamente, desenvolveu os vários equipamentos aplicados a esse mesmo parque. A experiência piloto foi um sucesso e em 2017 propunham a:

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 “ Criação de um desenho de linhas simples, que ampliem os diferentes espaços e usos e, simultaneamente, tornem o espaço funcional;

 Criação de um circuito específico com equipamentos que permitam uma constante agilidade e movimento, tendo em conta a localização do mobiliário urbano, bebedouro e ponto de água para engate de mangueira para lavagens;

 Criação de uma vedação transparente mas não transponível por animais tendo ainda em conta a normativa dos espaçamentos de guardas e vedações, devido sobretudo às crianças. Esta vedação apresenta uma imagem que se enquadra no desenho do parque e na envolvente urbana ou espaços verdes existentes;

 Capacidade de carga ajustada aos diferentes usos previstos, nomeadamente através da utilização de revestimentos e pavimentos laváveis e drenantes, sendo capazes de absorver o impacto dos animais, bem como constituir um elemento natural e de fácil manutenção para limpeza e lavagem dos dejetos.” (DogLink, 2017)

A cerca de 7 km de Lisboa, também o Concelho de Oeiras já respondeu à necessidade crescente de espaços pet-friendly. O primeiro parque canino funciona no concelho desde 2004 e, até hoje, são já 11 os espaços destinados às necessidades caninas em meio urbano. Os parques estão equipados com infraestruturas adequadas, e é permitido um uso livre dos mesmos. No entanto, tal como acontece em Lisboa, existem regras de utilização por forma a garantir as melhores condições de higiene e de socialização entre animais.

Apesar do superior foco populacional verificado na Região de Lisboa e Vale do Tejo, a verdade é que a atual orientação pró-animal já se sente de norte a sul do país. No Algarve, em 2015, foi inaugurado o primeiro parque rural canino nacional – a Quinta dos Patudos (figura 11) - e no Concelho de Braga foi inaugurado em Abril de 2017, o terceiro parque canino do município (figura 12). Segundo o vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Braga, o Dr. Altino Bessa, estes espaços para os animais de estimação “vêm responder a uma solicitação que vínhamos tendo por parque da população que é proprietária de animais, sendo uma forma de dinamizar também os espaços públicos (…) ” (Caldeira, 2017).

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Figura 11: Quinta dos Patudos – Messines, Algarve. Retirado de Couto, 2015, Jornal do Algarve

Figura 12: Parque Canino de S. Vicente - Braga. Retirado de Junta de Freguesia de S. Vicente, 2017

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CAPÍTULO II. MODELO E HIPÓTESES DE INVESTIGAÇÃO

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