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As Instituições de Longa Permanência

No documento 2015MargareteJaneteCerutti (páginas 48-52)

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.4 As Instituições de Longa Permanência

O surgimento dos asilos para idosos é uma história construída por vários anos. O cristianismo foi pioneiro no amparo aos velhos: "Há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um hospital para velhos” (ALCANTARA, 2004, p.149).

No século XVIII, os asilos da Era Elisabetana eram instituições que abrigavam mendigos. A partir do século XIX, foram criados na Europa asilos grandiosos com alta concentração de velhos (BEAUVOIR, 1990). Foi ao longo do século XIX que se começou a diferenciar as várias categorias de pessoas

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necessitadas de cuidados e o tratamento que lhes deveria ser concedido. Os mendigos eram os pobres incapazes de achar trabalho e os velhos, também incapazes para o trabalho.

Em termos de legislação, identifica-se o Decreto Imperial de 1884 que regulamentou o funcionamento do Asilo de Mendicidade, inaugurado pelo Imperador Pedro II, em 1879. Este definiu quatro classes de mendigos, independente do sexo, que poderiam ser nele admitidos: os menores de 14 anos, abandonados e ociosos; os indigentes, os velhos e os incapazes (GROISSMAN, 1999, p.124).

Historicamente, o asilo é a modalidade mais antiga de atenção ao idoso e surgiu como um serviço para abrigar idosos pobres. O autor Lafin descreve:

O primeiro tipo de instituição conhecido foi o asilo, que se preocupava com a alimentação e a habitação no atendimento aos idosos. Seus fundadores, quase todas as pessoas carismáticas e com formação religiosa, tinham a filosofia do fazer para os idosos e não com os idosos. A comunidade fornecia os recursos, motivada pelos seus líderes sem, no entanto, conviver com as pessoas que lá eram internadas. Isso, para muitos, era considerado o “fim do poço” ou o fim “fracassado” de uma vida repleta de sacrifícios. As famílias sempre eram consideradas ingratas e traidoras, ignorando um sistema público que não apoiava a família, muitas vezes, profundamente carente. Havia exceções, no entanto, de idosos abandonados por familiares ou de pessoas que, por não possuírem parentes, ficavam à mercê da própria sorte ou por terem perdido a autonomia e, sem familiares, necessitavam de cuidados especiais. Assim, e por não haver instituições que as assumisse, eram colocadas em asilos ( LAFIN, 2004, p.11).

O autor Groisman, fala de como se constituiu historicamente o campo da institucionalização do idoso no Brasil e o contexto em que surgiram os asilos de idosos no Rio de Janeiro, no final do século XIX (GROISSMAN, 1999, p.161).

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exclusivamente idosos oriundos das frações empobrecidas da classe trabalhadora.

Em fins do século XIX, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo dava assistência a mendigos e, conforme o aumento de internações, para idosos (BORN, 2002). Os fatores de risco que levam à institucionalização de idosos no Brasil são: síndrome de imobilidade, depressão, demência, incontinência, sexo feminino, ter idade acima de 70 anos, ser solteiro, sem filhos, viuvez recente, morar sozinho, isolamento social (falta de apoios sociais) e pobreza (BORN; BOECHAT, 2002, p.768).

As Instituições de Longa Permanência de Idosos mantidas por associações religiosas e beneficentes são uma das opções para atender as necessidades sociais da sociedade, que está tendo cada vez mais pessoas idosas.

A crescente procura por esses serviços é explicada em muitos casos, especialmente, quando o idoso demanda maiores cuidados. Tais idosos tornam-se cada vez mais dependente se requerem cuidados de maior complexidade (PERLINI, 2007, p. 229).

Hoje as ILPIs devem estar adaptadas e regulamentadas perante as leis para manter um padrão mínimo de funcionamento. A ANVISA (Agencia Nacional Vigilância Sanitária) estabelece normas a serem aplicadas em todas ILPIs, governamental, ou não, destinadas a moradia coletiva com pessoas de 60 anos ou mais, com ou sem suporte familiar. Atendendo pessoas idosas com variações de dependência, ou seja, aquelas que requerem o auxilio de outras, e equipamentos especiais para realização das atividades da vida diária (AVDs).

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Tendo presente como vivem as Instituições brasileiras hoje, os autores Camarano e Kanso, expressam:

As instituições brasileiras vivem principalmente do recurso aportado pelos residentes e/ou familiares. Aproximadamente 57% das receitas provêm da mensalidade paga por esses. Financiamento público é a segunda fonte de recursos mais importante, responsável por aproximadamente 20% do total. Além disso, as instituições contam também com recursos próprios, que compõem 12,6% do total do financiamento ( CAMARANO; KANSO, 2010, p. 235).

Os mesmos autores continuam falando sobre o papel do Estado:

Apesar de o financiamento público não ser muito expressivo, o Estado aporta outros tipos de contribuição na forma de parcerias, como, por exemplo, fornecimento de medicamentos e serviços médicos. Isto é encontrado, também, no setor privado, podendo-se citar as parcerias com o Sistema S, associações religiosas e universidades. Neste último caso, sob a forma de estágio supervisionado (CAMARANO; KANSO, 2010, p. 235).

Sumarizando, cabe a cada segmento, tanto em nível do Estado ou das políticas públicas assumirem suas responsabilidades, que possam dar uma assistência as ILPIs e fazerem acontecer o cuidado digno e humano aos residentes idosos como também as pessoas que exercem os cuidados tenham amparo formativo.

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