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3 AS MULHERES NA ALERJ: DA TRAJETÓRIA À REPRESENTAÇÃO

3.2 As legislaturas femininas

Na primeira legislatura47 de  1975-1979 o país operava sob o sistema bipartidarista, onde os partidos existentes eram o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e a ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Ambos foram fundados em plena ditadura militar. Os golpistas fecharam os partidos existentes no regime anterior ao golpe de 1964. A

      

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ARENA era então o partido do governo e o MDB representava uma “leal” oposição48. No entanto, o MDB cresceu e acabou tendo na sua constituição desde políticos/as conservadores até membros do então clandestino PCB (Partido Comunista Brasileiro) e sustentou uma importante oposição à ditadura. Nesta primeira legislatura – pós-fusão – cumpriam mandato as deputadas Hilza Maurício da Fonseca (MDB), Maria Rosa Silva Almeida (MDB), Sandra Cavalcanti (ARENA) e Sandra Salim (MDB).

Na segunda legislatura (1979-1982)49 exerceram mandato as deputadas Heloneida Studart (MDB), Maria Rosa (MDB), Hilza Maurício da Fonseca (MDB) e Sandra Salim (MDB). Na terceira legislatura (1983-1987)50, num universo de 70 deputados/as havia seis mulheres: Daisy Lúcidi (PDS -  Partido Democrático Social/ PFL - Partido da Frente Liberal)51, Hilza Mauricio da Fonseca (PMDB – Partido do Movimento Democrático)52, Luci Martins (PDT – Partido Democrático Trabalhista/PMDB), Lucia Arruda do PT (Partido dos Trabalhadores), Rosalda Paim (PDT) e Yara Vargas (PDT). Na quarta legislatura (1987- 1991)53 a representação política feminina foi feita por Alice Tamborindeguy (PDT), Daisy Lúcidi Mendes (PFL), Heloneida Studart (PMDB/PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira), Jandira Feghali (PC do B – Partido Comunista do Brasil), Lúcia Arruda (PT/PV – Partido Verde) e Yara Vargas (PDT).

 

Alice Tamborindeguy (PDT/PSDB), Aparecida Boaventura (PFL/PDT), Aparecida Gama (PDT/PSDB), Daisy Lúcidi (PFL/PPR – Partido Progressista Renovador), Graça Matos (PDT), Heloneida Studart (PT), Lucia Souto (PCB – Partido Comunista Brasileiro/PPS – Partido Popular Socialista), Rosely Souza (PT), Wanúbia de Carvalho (PMDB/PTR – Partido Trabalhista Renovador) e Yara Vargas (PDT) exerceram mandato na quinta legislatura (1991-1995)54. Na sexta legislatura (1995-1999)55 cumpriram

      

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SADER, Emir e JIKINGS, Ivana. Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe, p.222. Boitempo Editorial. São Paulo, 2006.

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Eleições: 15 de novembro de 1978; Posse: 01 de fevereiro de 1979; Término: 31 de janeiro de 1983. 50

Eleições: 15 de novembro de 1982; Posse: 01 de fevereiro de 1983; Término: 31 de janeiro de 1987. 51

O partido Democrático Social (PDS), partido à direita, foi fundado em 1980, logo após o fim do bipartidarismo vigente durante a Ditadura Militar instaurada no Brasil em 1964. Herdeiro e sucessor da ARENA foi extinto em 1993 após a sua fusão com o PDC – Partido Democrata Cristão. Esta fusão criou o Partido Progressista Reformador – PPR. Em meados dos anos 80, de uma dissidência nos quadros do PDS surgiu o PFL – Partido da Frente Liberal, hoje DEM – Democratas. Posteriormente, o PPR mudaria para PPB – Partido Progressista Brasileiro e, numa nova mudança, se tornaria o PP – Partido Progressista (http://wikipedia.org. Consultado em 28/10/2009).

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O MDB – Movimento Democrático Brasileiro – sofreu uma importante expansão no governo Ernesto Geisel forçando os militares a extinguirem o bipartidarismo. Assim surgiu, em 1980, o PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro. (http://wikipedia.org. Consultado em 28/10/2009)

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Eleições: 15 de novembro de 1986; Posse: 01 de fevereiro de 1987; Término: 31 de janeiro de 1991. 54

mandato as deputadas Alice Tamborindeguy (PSDB), Aparecida Boaventura (PMDB/PSDB), Aparecida Gama (PSDB), Graça Matos (PDT), Heloneida Studart (PT), Leda Gomes (PDT), Lucia Souto (PPS), Magaly Machado (PFL/PL – Partido Liberal), Miriam Reid (PMN – Partido da Mobilização Nacional), Núbia Cozzolino (PSD – Partido Social Democrata), Solange Amaral (PV/PFL), Tânia Jardim (PDT/PSDB), Tânia Rodrigues (PT). Na sétima legislatura (1999-2003) 56 ocuparam cadeira no parlamento estadual as deputadas Alice Tamborindeguy (PSDB), Andréia Zito (PSDB), Aparecida Gama (PSDB/PSB – Partido Socialista Brasileiro), Cida Diogo (PT), Cidinha Campos (PDT), Graça Matos (PDT/PSB), Graça Pereira (PFL/PT do B – Partido Trabalhista do Brasil), Heloneida Studart (PT)57, Magaly Machado (PFL/PL), Núbia Cozzolino (PTB – Partido Trabalhista Brasileiro/PPB – Partido Parlamentarista Brasileiro), Solange Amaral (PTB/PFL), Sula (PSDB) e Tânia Rodrigues (PSB). E, finalmente, na oitava legislatura (2003-2007)58, tivemos 15 deputadas eleitas: Eliana Ribeiro (PMDB), Pastora Edna (PMDB), Graça (PSB/PMDB), Aparecida Gama (PSB), Cida Diogo (PT), Jurema Batista (PT), Inês Pandeló (PT), Heloneida Studart (PT), Aparecida Panisset (PPB), Georgette Vidor (PPS), Nubia (PPB), Cidinha Campos (PDT), Waldeth do INPS (PL), Andreia Zito (PSDB) e Graça Pereira (PT do B).

Neste capítulo faremos um levantamento – considerando os três períodos que contextualizaram a época estudada: ditadura militar (196459 a 1985); redemocratização (iniciado em 1985, tendo sido impulsionado em 1984 pela campanha das “Diretas Já”) e o período neoliberal (implementado no Brasil principalmente a partir de 1990 e com conseqüências sociais até os dias de hoje) – sobre cada uma dessas mulheres que obtiveram representação política na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro no período entre 1975 a 2007.

Até o fim desta pesquisa, 37 deputadas tinham exercido mandato na ALERJ. Construímos suas biografias com as seguintes fontes: entrevistas presenciais (com as parlamentares ou pessoas ligadas a estas, quer por grau de parentesco ou relação política); arquivos da ALERJ e consultas a sites da internet. Entrevistamos pessoalmente cinco (05)

             

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Eleições: 15 de novembro de 1994; Posse: 01 de fevereiro de 1995; Término: 31 de janeiro de 1999. 56

Eleições: 03 de outubro de 1998; Posse: 01 de fevereiro de 1999; Término: 31 de janeiro de 2003. 57

Na eleição de 1998 Heloneida Studart não conseguiu se eleger. Tendo ficado como primeira-suplente, assumiu a cadeira do deputado do PT André Ceciliano (que foi eleito prefeito em Paracambi) em fevereiro de 2001. 58

Eleições: 03 de outubro de 2002; Posse: 01 de fevereiro de 2003; Término: 31 de janeiro de 2007. 59

deputadas e quatro (4) assessores ou parentes60. Cinqüenta por cento das entrevistas foram concedidas por parlamentares e/ou assessoria de cunho ideológico de esquerda cujos mandatos estavam fortemente ligados às causas feministas. As demais biografias foram feitas com base em informações contidas nas demais fontes descritas. Durante as entrevistas, estas mulheres fizeram elogios à iniciativa e à importância da pesquisa, o que nos leva a concluir que há um interesse por parte delas em colaborar para o registro da atuação das mulheres neste espaço de poder.

Cabe informar que, a respeito da participação das mulheres na primeira e na segunda legislatura, muitos dados ficaram incompletos em função da parca existência de fontes de pesquisa ou mesmo da difícil possibilidade de acesso sobre este período. Outrossim, daremos relevo às deputadas que obtiveram um maior número de mandatos e sua postura ideológica e de gênero. Serão destacadas as leis elaboradas por elas – relevadas as leis sensíveis à gênero, ou seja, leis que visam a superação do sexismo e leis dirigidas à proteção da mulher – a participação das deputadas nas Comissões Permanentes e nas Comissões Especiais e relevado a fala das mulheres que legitimaram-se pelo discurso feminista. Quanto à participação nas Comissões, vale sublinhar a fala da ex-deputada Jurema Batista quando considera que “tem comissões que são feitas pra mulher, pra negros. São

comissões que não tem dinheiro, não dão dinheiro”. Jurema denuncia desta forma, o

interesse de alguns setores econômicos da sociedade em dadas comissões e a relação que os/as deputadas que as ocupam têm com esses setores e que a presença das mulheres nas comissões da ALERJ ainda está, em grande parte, condicionada àquelas comissões que tratam da questão da assistência e/ou que tenham alguma semelhança com os papéis desenvolvidos pelas mulheres no espaço doméstico.

Ressalte-se que, algumas Comissões são de suma importância para o fomento do debate sobre temas específicos e para pressionar nos momentos de votação de Projetos de Lei que visam superar as desigualdades. A atuação de atores/as estratégicos nestas comissões pode fazer a diferença. Um exemplo disto pode ser captado na entrevista com a deputada Cida Diogo quando argumenta que uma das intervenções que considera muito importante durante seus mandatos na ALERJ foi o projeto sobre a mudança da titularidade da Comissão da Mulher que era a Comissão de Assuntos da Mulher:

      

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A ex-deputada Rosalda Paim não pode conversar conosco por questões de saúde. Por conta disto, entrevistamos o seu esposo Edson Paim.

“Poderia ser até assuntos culinários, assuntos mais de estética, coisas desse tipo. Aí a gente fez questão de fazer uma proposta pra Mesa Diretora, de alteração, e ela passou a ser Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, pra dar uma conotação mais política a uma comissão como essa”.61

Passemos então a descrever, na forma de verbetes62 – como já dito acima, contextualizando as legislaturas nos períodos, a saber: Regime militar, Redemocratização e Neoliberalismo – a biografia pessoal e política das deputadas que exerceram mandato na ALERJ a partir de 1975.

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