• Nenhum resultado encontrado

4.1 As limitações dos dados existentes

Um dos maiores problemas em comparação estatística estar em assegurar que os sistemas criminais, em cada canto, inclua uma grande parte de atos criminais que "mapeie" o crime em cada país (FELSON, 1997). Pare que se tenha um escopo comparável, é importante que este sistema de classificação estatística conte com a incidência de crimes em uso similar à outras nações. Daí o autor coloca o que ele chama

de “problema de escopo”: tanto as estatísticas da polícia quanto os survey de vitimização

focalizam na clareza do ordenamento da lei de crimes comuns, como o homicídio, assédio sexual, outros tipos de assaltos, furtos e roubos. Enquanto existe pelo menos alguma atenção para a fraude ou os crimes envolvendo drogas, a maioria dos crimes de colarinho branco e crimes sem vítimas (como o uso de drogas, prostituição) são excluídos desses sistemas de dados.

Evidentemente, estatísticas da polícia não incluem, é claro, crimes que não chegam até ela. A maior evidência sobre diferenças em relatos de crimes entre nações sugere que a proporção de crimes não relatados à polícia varia consideravelmente entre as nações e entre os tipos de crimes, sendo que essa variabilidade é maior ainda para roubos, vandalismo, assalto e ameaça. Isto sugere que as comparações entre as nações usando estatísticas da polícia são melhores para o estudo da violência extrema como homicídio, arrombamento e roubos de veículos.

Em contra partida, as estatísticas da polícia incluem relatos de crimes contra estabelecimentos comerciais, ao passo que os surveys de vitimização não; a menos que o crime seja cometido pelos empregados do proprietário. Conseqüentemente, o survey de vitimização também subestimará o total de crimes cometidos no país, o que não será nenhum problema se a pessoa estiver interessada é na vitimização de indivíduos, e não no

total de crimes do país. De qualquer forma fica evidente o fato de que existem muito mais crimes sendo cometidos do que a polícia e as pessoas conseguem perceber, visto que pôr um lado, as estatísticas da polícia subestimam o total de crimes quando não capta os crimes menos ousados e menos mirabolantes e, por outro, o Survey de Vitimização também não relata os crimes cometidos contra estabelecimentos comerciais.

Sem ter essa visão mais abrangente do número total de crimes cometidos, muitas pessoas estudam o crime com a mente cheia de pré-noções, levadas pela emoção (Cf. FELSON, 1997). E talvez por causa dessa emoção, muitas pessoas fazem vastas generalizações sobre o crime como: "Talvez possamos eliminar o crime definitivamente", ou "muitas vítimas de estupro são culpadas de provocarem", ou ainda "o racismo é a

causa da maioria dos nossos crimes".

Mas e as emoções não são um problema apenas do crime. Contudo, como o crime é largamente discutido, as informações incorretas sobre o crime são mais largamente disseminadas, tanto pelos meios de comunicação de massa, quanto pelos jornais escritos, que focalizam muito mais os crimes dramáticos, ousados e extraordinários do que o crime real, cotidiano e que é muito mais comum. E, segundo o autor, é importante aprender mais sobre as formas normais de crimes. Para tanto, o autor coloca que aqueles padrões de coletas de dados podem nos ajudar.

Começando com UCR do FBI de 1990, o autor coloca que está incluído um total de 14,5 milhões de ofensas relatadas para oito das maiores categorias de crime: homicídio, seqüestro, incêndio premeditado, assalto com agravante, roubo, arrombamento à noite, roubo de veículo, furto. Contudo, homicídios são apenas 1% da maioria dos crimes. Mais de 20.045 homicídios nos EUA em 1990 não interessariam à Scherlock Holmes,

visto que não há nada de mirabolante neles. Apenas 312 foram pôr estrangulamento e apenas 36 pôr afogamento; 14 por explosivos e 11 por envenenamento. Dois por cento desses homicídios foram pôr assassinato; apenas 2% dos homicídios envolveram um triângulo amoroso e 6,5 % envolveram narcóticos. E embora nem todos esses crimes tenham sido interessantes, isto não nega a significância dessas mortes, mas mostram também que os homicídios interessantes, com alto grau de ousadia, são uma parcela pequena do total de crimes. Ou seja, os crimes com alto grau de criatividade e gravidade formam uma parte muito pequena do total de crimes cometidos. Em outras palavras, existem muitos crimes que nunca levará o seu autor à prisão.

Nesse sentido, pensamos que esses dados têm uma importância muito grande no sentido de nos dizer algo sobre a cotidianidade do crime, sobretudo, se considerarmos que em grande parte dos Estados americanos o contato com armas de fogo é algo "natural", e mesmo o crime sendo algo tão comum, não se observa um número considerável de crimes cinematográficos. O Survey Nacional de Crime indicou aproximadamente 34 milhões de vitimização nos Estados Unidos em 1990, sendo que 81% das vítimas contou que a ação não foi violenta. O autor afirma ainda que se compararmos 20.045 homicídios oficiais dos 4,7 milhões assaltos do Survey Nacional de Crimes pôr vitimização temos que para muitos homicídios existem pelo menos 230 assaltos que não são letais. E Felson deixa claro que os Survey respondidos são predominantemente relativos a crimes menores. Por exemplo, 88% dos estudantes universitários relataram o uso ilegal de álcool; 31% alegaram que já haviam feito uso de maconha e menos de 7% contaram que já haviam usado cocaína.

Então, a grande maioria dos crimes são muito comuns, não são dramáticos, e nem violentos. Um exemplo de atos criminais comuns são embriaguez pública, perturbação da paz e fumar pequenos cigarros de maconha, negociar acessórios de carros roubados, e depredar propriedades públicas, além de negociar propriedades do local de trabalho. Mesmo quando há violência ela é menor.

Entretanto, essas ofensas comuns não são divulgadas na televisão. Ela prefere mostrar casos dramáticos, ofensas interessantes e tramas emocionais. Outro exemplo disso, segundo o autor foi o fato de que em anos recentes muitas redes de televisão têm monitorado as atividades de policiais através das câmaras de filmar. E o efeito disso é uma amostra de o quão natural e cotidiano é o trabalho da polícia; muito diferente do cotidiano dos policiais e detetives dos seriados de televisão.