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1. INTRODUÇÃO

1.4. AS LUTAS E TENSIONAMENTOS DOS CAMPOS CONTROVERSOS DO

Importante ressaltar que os planos emergenciais acontecem em meio a um campo de tensão, de um movimento orquestrado pelas diversas forças conservadoras (religiosas, médicas, jurídicas) amparadas pelo apogeu da Guerra às Drogas, o que foi chamado de “Epidemia do Crack”. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e os donos de Comunidades Terapêuticas, com representantes tanto no Legislativo como no Executivo (e com o grande apoio da mídia), começam uma campanha perversa de financiamento destes equipamentos com recursos das Políticas Públicas.

Diante deste cenário, a IV Conferência Nacional Intersetorial de Saúde Mental em 2010, e a XIV Conferência Nacional de Saúde em 2011, aprovaram em seus documentos finais o fortalecimento do SUS e a Política de Atenção aos usuários de Álcool e Outras Drogas, excluindo as Comunidades Terapêuticas, por entender que o tratamento não respeitava os princípios dos direitos humanos e da luta antimanicomial.

Após pausa de uma semana na escrita, ainda como projeto de qualificação, registramos acontecimento na vida real cotidiana que nos afeta em todos os sentidos, ora de tristeza, de impotência, em outros com certa luz no fim do túnel. A morte de Cristian, menino de 12 anos, no dia 06/09/2015, que estava jogando bola no campinho quando um tiroteio começou na Favela de Manguinhos/RJ, foi mais uma vítima da política de Guerra às Drogas. Compartilho o sentimento do Dr. Edmar

Oliveira (2015), psiquiatra e escritor, que atuou nessa comunidade e escreveu em sua rede social este depoimento:

[...] “tive acesso a um vídeo que mostra a população revoltada com a polícia e no final o corpo do menino. Vejo o vídeo várias vezes, pois inúmeras vezes andei naquele espaço conversando com senhoras na porta de casa, homens alegres na birosca, meninos soltando pipas. ... Não sei se já entrei na casa do menino. Mas descubro horrorizado que logo verei outra mãe em situação de desespero. Desespero por uma situação sem saída e humilhante. Situação de impotência frente a políticas de estado que abalam a saúde mental de uma população marginalizada. Algo que deve ser feito, pois está tudo errado. A situação de “enxugar o gelo” de uma dor sem fim não é sustentável. É preciso que as ações de saúde sejam muito além do saber médico. É necessário que enfrentemos a dor da humilhação, que as situações sem saída possam falar do sentimento que é ser morador de favela, é dessa cidade, é preciso fazer os direitos humanos universais valerem também na favela. Só assim começaremos a restabelecer a saúde mental destas pessoas sofridas. É inócuo receitar antidepressivos”.

Essas mortes na favela são banalizadas, têm pouca repercussão na mídia: a polícia e as autoridades buscam argumentos para criminalizá- las. Pelo lado dos familiares, percebe-se um desespero louco em falar que seu menino não era bandido, revelando um traço perverso, que quase justifica a morte se o menino fosse usuário de drogas e/ou tivesse envolvimento com o tráfico – mesmo aos 12 anos de idade. Que sentimentos e afetos são atravessados por essas pessoas envolvidas neste processo, cuja fronteira entre usuário e traficante é tão tênue, diante do paradigma de Guerra às Drogas?

Nessas indagações, faz-se necessário evocar Foucault e Agambem no que se refere ao biopoder e ao conceito de vida nua. O sujeito, enquanto sujeito de direitos, ocupa um segundo plano em relação à preocupação política de preservar e maximizar o vigor e a saúde das populações (FOUCALT, 1978). O que melhor define as características da biopolítica da população é que, ao propor a melhoria da raça e da espécie, constrói corpos sem direitos que se configuram como vida nua, vida que se mantém as margens das relações de poder, que podem ser submetidas e até aniquiladas (CAPONI, 2009).

Que cenário temos hoje? Temos uma Política de Saúde implementada pelo SUS que assume a responsabilidade pelo cuidado de pessoas com problemas relacionados às drogas. O modelo de cuidado preconizado nas diretrizes políticas no

campo da saúde mental vai ao encontro dos objetivos do movimento da luta antimanicomial, na construção de um processo de Reforma Psiquiátrica, por não ser excludente, não moralista e se fundamentar na perspectiva da Redução de Danos.

Por outro lado, a partir da configuração da “Epidemia do Crack” e com alternativas do Plano “Crack: É Possível Vencer” (2011), as perspectivas são de retrocesso. Este plano nasce na Secretaria Estratégica do Governo Federal e passa a ser coordenado pela Secretaria Nacional sobre Drogas- SENAD, ligada ao Ministério da Justiça. Ele integra diversas ações ligadas a três eixos de atuação que contemplam o trabalho articulado e integrado de diferentes políticas públicas: Cuidado, Autoridade e Prevenção (BRASIL, 2012). As medidas construídas para seu enfrentamento estão ancoradas na sensação de medo produzida pela epidemia do crack e pela visão do usuário como um sujeito perigoso, capaz de cometer delitos e atos violentos em nome do “vício” e por efeito da substância, sem controle e incapaz de gerir sua própria vida. Acredita-se ser preciso proteger a sociedade desse perigo e também proteger o próprio sujeito de si mesmo (SILVA, 2013).

No que se refere ao eixo do cuidado, diretamente ligado a área da Saúde, já comparece as contradições nesse campo, porque ao mesmo tempo que se implanta a Rede de Atenção Psicossocial com inclusão das Comunidades Terapêuticas nesta rede, abrem-se diversas formas de convênios com as CTs, cuja estratégia central é a internação, seja ela voluntária, involuntária ou compulsória. A estratégia adotada não é do campo do cuidado e da subjetividade, mas remonta aos processos de segregação e higienistas, típicos do início do século passado.

As diversas entidades do Movimento da Luta Antimanicomial em carta aberta à Presidência da República se posicionaram reiterando seu compromisso com a Reforma Psiquiátrica e destacaram que os usuários de drogas são os novos sujeitos do perigo social como os loucos o foram antes, pelas propostas de segregação e exclusão. Adverte ainda que a Reforma Psiquiátrica não tem como sustentar ética, mas também financeiramente dois modelos. Serviços que convidam ao exercício da liberdade não convivem com outros que negam este direito (CARTA DAS ENTIDADES EM DEFESA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA, 2011).

Dessa forma, faz-se importante e necessário destacar que o campo de correlação de forças nas esferas federal, estadual e municipal – quer seja do legislativo, do judiciário e do executivo – travaram e continuam travando uma luta que interferem nas políticas públicas.

Essas forças conservadoras, nas figuras dos representantes das Comunidades Terapêuticas e Associação Brasileira de Psiquiatria, obtiveram financiamento público fora do âmbito do SUS para representarem seus interesses. Apesar dessas medidas serem duramente criticadas pelos movimentos de direitos humanos e da Luta Antimanicomial, encontraram consentimento e apoio popular (SILVA, 2013).

No âmbito do estado do Espírito Santo podemos citar a Rede Abraço, criada no governo passado (GESTÃO, 2011-2013) numa iniciativa conjunta do Legislativo, do Judiciário e do Executivo, buscou referências no modelo de tratamento aos usuários de drogas de Alagoas. A Rede Abraço foi criada em fins de 2013 e inserida no âmbito de uma Secretaria Especial sobre Drogas, ligada diretamente ao Gabinete do Governador, ancorada em um modelo de cuidado tendo a religião e as comunidades terapêuticas como os alicerces. Funcionava como um Centro de Acolhimento, contando com um serviço de Call Center, com uma equipe composta por assistente social, psicólogo e conselheiro terapêutico, visando realizar uma triagem. A Rede Abraço credenciou diversas comunidades terapêuticas com objetivo de encaminhamento das pessoas atendidas (PORTAL DO GOVERNO DO ES, acesso em 12 dez 2015).

O atual Governo Estadual (GESTÃO, 2015-2018) realizou mudanças em torno desse programa. De acordo com o coordenador, em uma reunião com integrantes do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, no dia 18/05/2015, a nomeação de um psiquiatra para a Secretaria Estadual sobre Drogas assumiu um caráter mais “técnico” e “menos ideológico” para lidar com esta questão (informação verbal). No início do ano de 2016, a Coordenação Estadual sobre drogas realizou um Seminário , onde estiveram presentes os movimentos sociais (Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, Fórum Estadual sobre drogas), que reafirmaram as pautas em defesa da Rede de Atenção Psicossocial-RAPS e do paradigma da Redução de Danos.

O que podemos constatar é que a Secretaria sobre Drogas, quando foi criada inicialmente em 2012, tinha como objetivo fazer a articulação das diversas secretarias para uma política estadual integrada e intersetorial sobre drogas, o que não se efetivou.

Outro dado relevante e que vem sendo motivo de muita preocupação do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial é o vertiginoso crescimento de gastos com internações compulsórias saltando de 1,6 milhões em 2011 para 35,2 milhões em 20152. Esses gastos poderiam ser investidos no fortalecimento da RAPS no Estado.

No ano passado, em função das mobilizações nacionais dos movimentos da Luta Antimanicomial do país em torno do Movimento “Fora Valencius”3

, foi criada a Frente Nacional Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica. Seguindo a orientação nacional, foi criada a Frente Parlamentar Estadual em Defesa da Reforma Psiquiátrica, trazendo estas pautas para a Assembléia Legislativa do nosso estado, no segundo semestre de 2016, objetivando tensionar este espaço para reorientar os recursos no sentido de fortalecimento da RAPS estadual.

Trazendo o cotidiano para nossa escrita, cenas que nos afetaram na novela “Verdades Secretas”, ao mostrar uma personagem dependente de álcool (interpretada pela atriz Eva Vilma) , internada em uma clínica particular contra a sua vontade, ironizando a fala do seu filho “que está ali para melhorar sua vida”: ela diz para outra pessoa internada que ali não tem nada para sua vida. Na mesma linha, apresenta a clínica psiquiátrica de luxo para o personagem Bruno, um jovem de classe rica. Absurdamente, a única cena retrata o exame de toque anal no jovem para verificar se portava droga ao ser internado pela família. Outra personagem, uma modelo decadente interpretada pela atriz Grazi Massafera, era explorada pela sua mãe. Retratada como Zumbi na Cracolândia, ela é arrebanhada por um missionário, que fornece alimento para seu “corpo e sua alma” e a leva para uma

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Dados da Área Técnica de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas-Secretaria Estadual de Saúde- SESA – repassados por e-mail ao Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial em junho/2016

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Este movimento se deu a partir da nomeação de Valencius Wurch pelo então Ministro da Saúde, Marcelo Castro, como Coordenador Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, em dezembro de 2015. Este psiquiatra foi Diretor do manicômio de Paracambi-RJ, com sérias denúncias de violações de direitos humanos.

Igreja Evangélica e, logo em seguida, para uma Clínica de Recuperação – provavelmente uma Comunidade Terapêutica. Estas cenas revelam o quanto a televisão continua reproduzindo práticas que vão ao encontro do modelo proibicionista.

Refletimos como as ideias e as práticas do Campo da Atenção Psicossocial, Redução de Danos, os dispositivos de Cuidado, como os CAPS e os Consultórios na Rua ainda são invisíveis. Reflexões compartilhadas por Tofóli, psiquiatra e professor da UNICAMP, publicadas em sua página no Facebook, a que coincidentemente tive acesso logo em seguida ao que escrevi:

[...] uma novela pode influenciar a visão da população sobre os “craqueiros” e as próprias políticas de drogas? No entanto, ao que eu me lembre, jamais um personagem de drogas e raramente um dependente de álcool, em uma novela da Globo, foi capaz de encontrar a redenção- que nas novelas, diferentes da vida real, quase sempre acontece- sem uma internação. Todos os tratamentos ambulatoriais e de autoajuda possíveis, sem sucesso, para só se redimirem para o final feliz após internações psiquiátricas. Até agora, tratamentos sem institucionalização praticamente não fazem parte do manual dos autores da Rede Globo, com exceção de um ou outro personagem que se encontra no AA. Redução de danos, então, só se for novela de ficção científica... Na verdade, há uma novidade sim... no penúltimo capítulo a moça, recém estuprada e precisando de cuidados médicos é levada por um missionário diretamente para uma igreja! E assim, para quem trabalha na Saúde, lidando com todos os tipos de usuários de drogas,-desde os que realmente precisam de internação até os que não querem ou não se beneficiam deste tipo de abordagem- continuará a ser necessário trabalhar contra o senso comum e aparentemente óbvio de que as únicas opções de “cura definitiva” para a dependência química são a internação, a oração ou a combinação de ambas em uma comunidade terapêutica.

Diante desse cenário, retomamos nosso objeto de pesquisa para fazer reflexões no campo da Reforma Psiquiátrica, no que se refere às diversas dimensões que compõem este sistema complexo. Amarante (2007), ao se reportar à Reforma Psiquiátrica, ao campo da saúde mental e da atenção psicossocial, ressalta que não se pode pensar em modelo ou sistema fechado, mas sim como processo social e complexo. Com a ideia de processo, pensa-se em movimento, processos e transformações permanentes:

[...] enfim, um processo social complexo se constitui enquanto entrelaçamento de dimensões simultâneas, que ora se alimentam, ora são conflitantes; que produzem pulsações, paradoxos, contradições, consensos, tensões (AMARANTE, 2007, p.63).

Estas dimensões são teórico-conceitual, tecno-assistencial, juridicopolítica e sociocultural. A dimensão teórico-conceitual consiste em mudanças no referencial teórico e conceitual sobre as concepções sobre a loucura e reflete diretamente na formação dos diversos profissionais que vão se formando no novo ideário da reforma;

A dimensão tecno-assistencial foi a que mais se efetivou com a abertura de novos CAPS em todo o país e com a criação de novos serviços, tais como consultórios na rua e unidades de acolhimento, principalmente para o campo do álcool e outras drogas. É nesta dimensão que se concretiza o campo do cuidado.

A juridicopolítica é definida por Amarante (2007) como revisão das legislações no tocante aos conceitos e noções que relacionam a loucura à periculosidade, irracionalidade, incapacidade e responsabilidade civil tendo como objetivo trabalhar a cidadania, o campo dos direitos humanos e sociais.

Já a dimensão sociocultural pode ser entendida como o conjunto de práticas sociais que visam transformar o imaginário social relacionado à loucura, doença mental e anormalidade. Concordamos com Yasui (2010), que coloca no horizonte da dimensão sociocultural a utopia de mudar o mundo, a Reforma Psiquiátrica, como um processo civilizador. Partimos do pressuposto de que de todos, de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau, foram fortemente impactados pelo processo que foi construído historicamente e demarcado fortemente pelo início do novo milênio: pela política de “Guerra às Drogas”. Neste contexto vale ressaltar que:

[...] a dimensão sociocultural é, portanto, uma dimensão estratégica, e uma das mais criativas e reconhecidas, nos âmbitos nacional e internacional, do processo brasileiro de reforma psiquiátrica. Um dos princípios fundamentais adotados nesta dimensão é o envolvimento da sociedade na discussão da reforma psiquiátrica com o objetivo de provocar o imaginário social a refletir sobre o tema da loucura, da doença mental, dos hospitais psiquiátricos a partir da própria produção cultural e artística dos atores sociais envolvidos (usuários, familiares, técnicos e voluntários) (AMARANTE, 2007, p.73). As ideias veiculadas na mídia, sob o título da “Epidemia do crack”, materializadas no espaço urbano com as famosas cracolândias, têm ocupado uma construção

avassaladora no imaginário cultural, inclusive sobre familiares e usuários, ancoradas na ideia de loucura e de violência. O usuário de droga é aproximado ao louco e a droga é encarada como caso de polícia. A lógica ideologizante é colocar o usuário como criminoso, doente ou pecador. Estas ideias ressoam no conjunto da população que vão buscar respostas a partir destas ideias: aos loucos, aos criminosos e aos violentos, recorre-se mais uma vez à exclusão.

Do ponto de vista de militante do Movimento da Luta Antimanicomial, representado no Espírito Santo pelo Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial, observa-se que há pouca participação dos familiares e dos usuários de álcool e outras drogas nos encontros e organizações desses movimentos.

Considerando a dimensão sociocultural como uma mudança de cultura e de olhares da sociedade sobre a droga e os usuários de drogas (principalmente a partir da produção cultural e artística dos usuários envolvidos neste processo), nossa intenção foi ouvir estes atores sobre o que pensam a esse respeito. Que efeitos se tem produzido nesses sujeitos (usuários) nesse campo atravessado por tantas controvérsias e caminhos que vão em direções tão distintas? Como se dão os modos de subjetivação desses atores frente a estes desafios? Que afetos foram produzidos nos sujeitos na nossa pesquisa, que passaram pela experiência concreta de uma clínica psiquiátrica ou de uma comunidade terapêutica? Que produção subjetiva se deu nesse processo?

Nossa intenção foi a de pesquisar como os diretamente envolvidos por esta questão, (usuários) atendidos nos serviços da Rede de Atenção Psicossocial de Vitória são afetados pelos discursos e práticas dessa área e também como essas interferem nos seus processos de subjetividade e nas alternativas de cuidado que estes recorrem. Buscamos pesquisar como se sentem, se percebem e quais os caminhos e respostas têm sido buscados por eles; entender se esses caminhos e expectativas vão na direção da atenção psicossocial ou na reprodução dos processos de exclusão e de práticas manicomiais.

Neste percurso, com a escuta a esses usuários e usuárias, apontamos pistas e caminhos para que possamos intervir na dimensão sociocultural e avançar no processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Fragmentos de falas de usuários e familiares, que chegaram a nós de diversas formas, foram significativos neste processo: “nossa vida acaba quando descobrem que somos usuários de crack”. A mãe, agente de saúde, fala: “Apareceu no jornal: prenderam o grande traficante do morro; esse ‘grande traficante’ é meu filho que pega minhas economias para comprar drogas.” Ainda, outro usuário, dando seu depoimento no Seminário de Direitos Humanos e Saúde Mental em Vitória em 2013: “Sinto os olhares das pessoas do meu prédio com preconceito sobre mim, porque sabem que sou usuário de drogas”.