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No Brasil, na década de 1960, devido ao regime autoritário de governo, as comunidades tinham que aceitar de qualquer forma os projetos de construção de empreendimentos hidrelétricos, chamados de “projetos de desenvolvimento”. Já a partir de 1979, quando os civis começam a readquirir poder de reivindicação, houve a retomada de manifestações populares contra estes grandes projetos hidrelétricos (Muller, 1995).

Em 1980 com a promulgação da Constituição Federal, a sociedade civil começou a se reorganizar formando grupos para a luta de seus interesses. A história dos atingidos por barragens no Brasil é marcada pela resistência na terra, de luta pela natureza preservada e pela construção de um Projeto Popular para o Brasil que contemplasse uma nova Política Energética justa, participativa, democrática e que atendesse os anseios das populações atingidas, de forma que estas tivessem participação nas decisões sobre o processo de construção de barragens, seu destino e o do meio ambiente (GRZYBOWSKI, 1990; MEDEIROS, 1989).

As grandes obras de usinas hidrelétricas desalojaram milhares de pessoas de suas terras, uma enorme massa de camponeses, trabalhadores que perderam suas casas, terras e o seu trabalho. Muitos acabaram sem terra, outros tantos foram morar nas periferias das grandes cidades. Com esta realidade surgiu a necessidade da organização e da luta dos atingidos por barragens no Brasil, como forma de resistir ao modelo imposto.

A luta das populações atingidas por barragens que, no início, era pela garantia de indenizações justas e reassentamentos, logo evolui para o próprio questionamento da construção de barragens. Assim, os atingidos passam a perceber que além da luta isolada na sua barragem, deviam se confrontar com um modelo energético nacional e internacional. Para isso, seria necessária uma organização maior, que articulasse a luta em todo o Brasil (GRZYBOWSKI, 1990; MEDEIROS, 1989).

Em abril de 1989 é realizado o Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores Atingidos por Barragens, com a participação de

representantes de várias regiões do País. Foi um momento onde se realizou um levantamento global das lutas e experiências dos atingidos em todo o país, e se decidiu constituir uma organização mais forte em nível nacional para fazer frente aos planos de construção de grandes barragens.

Dois anos após, em março de 1991, é realizado o I Congresso dos atingidos por Barragens, de todo o Brasil -, onde se decide que o MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, deve ser um movimento nacional, popular e autônomo, que deve se organizar e articular as ações contra as barragens a partir das realidades locais, à luz dos princípios deliberados pelo Congresso. O dia 14 de Março é instituído como o Dia Nacional de Luta Contra as Barragens, sendo celebrado desde então em todo o país.

Os Congressos Nacionais do MAB passaram a ser realizados de três em três anos, sempre reunindo representantes de todas as regiões do país, e as decisões tomadas servem como base para o trabalho e linhas gerais de ação.

No ano de 1997 é criada na Suíça a Comissão Mundial de Barragens (CMB), ligada ao Banco Mundial e com a participação de representantes de ONGs, Movimentos de atingidos, empresas construtoras de barragens, entidades de financiamento e governos. A CMB teve o objetivo de levantar e propor soluções para os problemas causados pela construção de Barragens a nível mundial, bem como propor alternativas. Do debate que durou aproximadamente três anos, resultou o relatório final da CMB, que mostra os problemas causados pelas barragens e aponta um novo modelo para tomada de decisões.

Em novembro de 1999 o MAB realizou seu IV Congresso Nacional, onde é reafirmado o compromisso de lutar contra o modelo capitalista neoliberal, e por um Projeto Popular para o Brasil, onde se inclui um novo modelo Energético. Foi reafirmado que o método de organização de base do MAB é através dos grupos, instância de organização, multiplicação das informações e resistência ao modelo.

O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens -, tem sua luta voltada contra a expropriação da terra, onde reivindicam condições no mínimo aceitáveis, ou seja, que reconstitua no mínimo as condições de vida em que viviam os atingidos anteriormente ao deslocamento. Vejamos o que diz GRZYBOWSKI (1990, p. 26) sobre o MAB.

Um aspecto fundamental no movimento de barragens diz respeito ao resgate de elementos sócio-culturais, definidores do grupo atingido, em associados à luta pela terra. Os atingidos, quando organizados em movimentos, tendem a recusar a redução praticada na ação desapropriatória que vê tudo o que vai ser perdido sob as águas do lago como passível unicamente de uma avaliação e uma indenização monetária.

Neste processo de radicalização das propostas dos movimentos, a defesa da terra e a oposição às barragens aparecem como uma defesa de um espaço social e culturalmente organizado, com relações de parentesco, vizinhança e amizade, com suas escolas, igrejas e cemitérios.

Desta forma, o movimento vem para resistir ao modelo de desenvolvimento imposto pelos agentes responsáveis pela construção de tal empreendimento, lembrando que há uma heterogeneidade social dos participantes (GRZYBOWSKI , 1990). São atingidos todos os que vivem na área da barragem: posseiros, pequenos proprietários, parceiros e arrendatários, agregados, assalariados, médios e grandes produtores, artesãos, comerciantes, etc.

Existem algumas lutas do MAB que ficaram registradas historicamente por darem início ao reconhecimento à questão dos deslocamentos compulsório das famílias atingidas e a luta por seus direitos; como a barragem de Itaparica, entre Bahia e Pernambuco, onde houve a ocupação do canteiros de obras como tentativa de impedimento de entrada de máquinas em áreas não indenizáveis; os cortes nas cercas da Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF -, em manifesto contra o descaso das autoridades responsáveis com as questões dos atingidos pelo empreendimento. A partir de então se obteve as primeiras reuniões com a participação destas famílias, foi quando tiveram início as obras de Itaipu, no Paraná. Mesmo assim as lutas continuavam, principalmente por indenizações mais justas, conforme cita GRZYBOWSKI (1990, p. 29):

Itaipu, pela importância da própria obra, acabou dando destaque à ação dos atingidos. Através do “Movimento Justiça e Terra”, as lutas dos expropriados centraram-se na justa indenização, obtendo ganhos significativos neste aspecto. Dois acampamentos, com assembléias diárias, foram os piques do movimento. Como os próprios atingidos reconhecem, o seu maior ganho foi o seu crescimento social e político, a coragem de reivindicar direitos e a percepção das artimanhas do poder.

As famílias atingidas pertencem muitas vezes a classe menos favorecida ou com menor poder aquisitivo e acabam sofrendo com as mudanças a que são submetidas e que coloca em estado de crise todo o seu esquema de sobrevivência, excedendo, muitas vezes, a sua capacidade de resposta à situação em que foram inseridas. Muitas das

lutas organizadas pelo MAB continuam a ter expressão no presente, como vemos nas seguintes reportagens.

CORREIO DO POVO

PORTO ALEGRE, SÁBADO, 1º DE JULHO DE 2000 Atingidos por barragem deixam Itá

Agricultores aceitaram a proposta de reunião com a Gerasul na próxima terça-feira, em Concórdia

Produtores realizaram ato público no canteiro de obras José Ody Em assembléia-geral realizada ontem, na comunidade de Lajeado Ouro, entre Aratiba e a Usina de Itá, cerca de 95% dos atingidos pela barragem de Itá aceitaram a proposta da Gerasul para a realização de uma reunião na próxima terça- feira, às 10h, em Concórdia, Santa Catarina. O representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Luiz Dalla Costa, disse que participaram do encontro representantes da Gerasul, do Ministério da Agricultura, das secretarias de Agricultura do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e do Banco do Brasil.

Na pauta da reunião, os agricultores vão reivindicar R$ 3 mil, a fundo perdido, seguindo o exemplo do que a empresa Maesa forneceu aos atingidos pela Usina de Machadinho. Segundo Costa, os agricultores vão pedir também ao governo federal a abertura de uma linha de crédito especial para investimento e recomposição das propriedades. Ele disse que este pedido estava na pauta de reivindicações entregue à Gerasul em outubro do ano passado. 'Deverá ser 50% a fundo perdido e os outros 50% a serem pagos em até dez anos', afirmou Costa. Ele explicou que os atingidos querem construir um projeto de desenvolvimento regional que beneficie a todos.

Os atingidos retornaram ontem ao canteiro de obras da usina para ato público. As lideranças elaboraram cadastros com os nomes de todos interessados nos R$ 3 mil para custeio das lavouras de verão. No início da tarde, grande parte dos ônibus já viajavam para seus municípios de origem.

Na segunda-feira, ocorrerá reunião na sede do MAB, em Erechim, entre as lideranças do movimento e representantes de todos os municípios que tiveram áreas alagadas. A comitiva deve representar os agricultores na terça-feira.

Correio do Povo Porto Alegre - RS – Brasil

CORREIO DO POVO

PORTO ALEGRE, SEXTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2001 Manifestação paralisa Machadinho

Líderes do ato alegam que cidade perderá receita com a saída de colonos atingidos por barragem

Hidrelétrica deverá operar em 2002

Mais de mil pessoas participaram ontem, às 10h, do protesto que paralisou todas as atividades na cidade de Machadinho, na região Nordeste do Estado. O movimento, que tem o apoio da prefeitura, hospital, agências bancárias e do comércio em geral, exige que a Maesa, empresa responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Machadinho, reavalie o relatório sobre o impacto ambiental, social e econômico no município. A usina está sendo construída entre os municípios de Piratuba (SC) e Maximiliano de Almeida (RS).

As autoridades argumentam que o município de Machadinho perderá 40% da sua população e terá uma redução de 40% na arrecadação. Os projetos na área de turismo ecológico também serão prejudicados, conforme o secretário de Turismo, Indústria e Comércio, Airton Fabro.

No início da tarde de ontem, o prefeito de Machadinho, Luis Rebeschini, levou as reivindicações e um abaixo-assinado para o Ministério Público Federal em Passo Fundo, pedindo apoio e providências. Uma das reivindicações é de que seja dada prioridade ao reassentamento de 150 famílias de atingidas pela barragem, preferencialmente na própria região, impedindo que essas pessoas se transferiram até mesmo de Estado. Às 16h, os organizadores comandaram uma caminhada pelas principais ruas da cidade.

A Maesa divulgou, ontem, uma nota oficial sobre a manifestação. Segundo o documento, a opção de sair ou não do município foi feita individualmente pelas famílias, sem qualquer interferência da empresa. A Maesa explica que tentou comprar duas áreas no município, no total de 818 hectares, que poderiam receber 38 famílias. No entanto, de acordo com a nota, o Movimento dos Atingidos por Barragens considerou as terras impróprias para a agricultura.

Além disso, segue o documento, de acordo com o EIA/Rima, a reestruturação das comunidades impactadas e indenizadas, não é obrigatoriedade da empresa durante a construção da obra.

Correio do Povo Porto Alegre - RS - Brasil

O deslocamento compulsório em função da construção de grandes barragens hidrelétricas atinge a vida sócio-cultural das famílias envolvidas. São pessoas que moraram em um lugar toda a sua vida, onde construíram laços de amizade, modos de produzir e viver próprios, formados a partir das vivências passadas de geração em geração, e que se vêem deslocadas do seu lugar sem a certeza de continuar com os vínculos sociais tão fortes e presentes até então em suas vidas. Segundo ZONIN (1994):

A cultura popular verificada nas comunidade rurais atingidas parece ainda possuir muitas características de ser uma cultura estruturada a partir de relações internas (geração após geração), distinta daquela realidade cultural imposta, como por exemplo, pela indústria cultural e seus interesses.

A dimensão social-cultural da população atingida é inevitavelmente afetada, pois após o deslocamento muitas famílias não conseguem se identificar com o novo local de moradia, mesmo que tenham a infra-estrutura básica para sua reestruturação. Pois a situação não envolve somente a questão física, mas também a questão social e de raízes culturais.

A identidade social, parte integrante da cultura destas pessoas, é afetada diretamente. Muitas destas famílias acabam deixando o local de moradia que foi destinado a elas no reassentamento, para voltarem

a residir em local próximo onde moravam anteriormente ao deslocamento.

CAPÍTULO III

NOÇÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS

3.1 - Noções de Identidade Social

A questão da identidade é abordada em vários contextos e áreas, tendo assim várias definições. Procuraremos aqui discutir e apresentar algumas noções e referências para o trabalho em foco, sinalizando uma contextualização para a análise dos resultados obtidos com as entrevistas realizadas com os reassentados da UHDF.

A palavra Identidade vem do latim (identitas, identitaten). É um nome abstrato originado de IDEN, o “mesmo”. Tem como sinônimo, embora não seja usado com grande freqüência, o vocábulo mesmidade.

Nesta abordagem HOIRISCH (1970, p. 15) fala o seguinte:

... cada pessoa se sente a mesma desde a sua infância, tratando- se de um aspecto do Eu especial e peculiar: a mesmidade tem como base sua continuidade na vida vivida, ou seja sua historicidade. Tudo aquilo que aprende, que vê, que sente, enfim, tudo que vive constitui a sua identidade; conforme a psicologia, a realidade interna e a realidade externa.

HALL (2001) em suas definições a respeito de identidade também concorda com HOIRISCH, quando diz que:

... a identidade na concepção sociológica preenche o espaço “interior” e “exterior”, entre o mundo pessoal e o mundo público o fato de que projetamos a “nós próprios“ nossas identidades culturais, ao mesmo tempo que internalizados seus significados e valores, tornando-os “parte de nós”, contribui para alinhar nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural.

Ou seja, o autor quer dizer que a identidade une o sujeito à estrutura, estabiliza os sujeitos e seus mundos culturais onde estão inseridos, ‘unificando-os’.

Outra questão a respeito da identidade que HALL(2001) aborda vem ao encontro do contexto social, quando fala que o processo de mudanças estruturais e institucionais contemporâneas produz o sujeito pós-moderno, compreendido como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. Assim, HALL afirma que a identidade torna-se uma “celebração móvel”, formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que no rodeiam. O autor reforça sua idéia quando diz que a identidade é formada ao longo dos tempos, através de processos inconscientes, e não algo inato, existente na consciência quando a pessoa nasce. Segundo o autor, existe sempre algo “imaginário” ou fantasiado sobre a sua unidade, onde esta permanece sempre incompleta, está sempre em “processo”, sempre em formação. Ainda segundo HALL (2001, p. 8):

O próprio conceito com o qual estamos lidando, “identidade”, é demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na ciência social contemporânea para ser definitivamente posto á prova. Como ocorre com muitas outros fenômenos sociais, é impossível oferecer afirmações conclusivas ou fazer julgamentos, seguros sobre as alegações e proposições teóricas que estão sendo apresentadas.

Para MERCER, citado em HALL (2001), a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza.

Já GUATTARI (2000, p.68), dentro da psicologia, define identidade como um conceito de referenciação, de circunscrição da realidade a quadros de referência, quadros esses que podem ser imaginários. Esta referenciação, segundo o autor, vai desembocar tanto no que os freudianos chamam de processo de identificação, quanto nos procedimentos policiais, no sentido da identificação do indivíduo, sua carteira de identidade, sua impressão digital, etc. Ou seja, a identidade é aquilo que faz passar a singularidade de diferentes maneiras de existir por um só e mesmo quadro de referência identificável, reforça o autor.

Outro autor que trata da questão da identidade é SILVA (2000, p.15), que a relaciona com a incerteza e a mudança, e com a noção de subjetividade:

... As identidades em conflito estão localizadas no interior de mudanças sociais, políticas e econômicas, mudanças para as quais elas contribuem. As identidades que estão construídas pela cultura são contestadas sob formas particulares no mundo contemporâneo.

A subjetividade envolve nossos sentimentos e pensamentos mais pessoais. Entretanto, nós vivemos nossa subjetividade em um contexto social no qual a linguagem e a cultura dão significado à experiência que temos de nós mesmos e no qual nós adotamos uma identidade.

...O conceito de subjetividade permite um exploração dos sentimentos que estão envolvidos no processo de produção da identidade e do investimento pessoal que fazemos em posições específicas de identidade.

Percebemos que a identidade de um indivíduo inclui, além da bagagem cultural que traz consigo, também seus sentimentos que influencia na maioria das vezes suas decisões. Assim como seu envolvimento nos processo e relações sociais em que se encontra envolvido. Segundo BERGER (1997, p.228):

A identidade é formada por processos sociais. Uma vez cristalizada, é mantida, modificada ou mesmo remodelada pelas relações sociais. Os processos sociais implicados na formação e conservação da identidade são determinados pela estrutura social.

As teorias sobre a identidade estão sempre encaixadas em uma interpretação mais geral da realidade.

Qualquer teorização sobre a identidade e sobre os tipos específicos de identidade tem portanto, de fazer-se no quadro das interpretações teóricas em que são localizadas.

Sobre a questão da identidade dentro das relações e do contexto social, afirmam SILVEIRA et. al. (2001, p. 17):

O contexto da ilustração estabeleceu que a identidade corresponde estender conexões entre o que está dentro e o que está fora do sujeito, relacionando os âmbitos privado e público. As “identidades culturais” estabeleceriam a composição das paisagens sociais “exteriores” e assegurariam nossa conformidade subjetiva às nossas necessidade objetivas de cultura. Também opera alinhando nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural.

A identidade definitivamente “situa” o sujeito na estrutura, estabilizando, unificando e tornando previsíveis ambos.

Podemos concordar que a identidade situa o sujeito em sua estrutura, seja ela familiar, de relações interpessoais ou de si mesmo. Mas que o acontece quando esta identidade fica ameaçada, por uma mudança de vida, estabelecida por terceiros, em uma realidade sem muita escolha?

Conforme SILVEIRA et. al. (2001, p.13):

O sujeito que anteriormente experimentava uma identidade unificada e estável, vem se fragmentando. Ele se torna composto de identidades freqüentemente contraditórias ou não resolvidas, e vem rompendo como resultado de mudanças estruturais e

institucionais, que podem ser instituições5 clássicas como

família, estado-nação, a escola, a família...

Este processo estaria produzindo o sujeito pós-moderno, não possuidor de uma identidade fixa, essencial ou permanente, desmarcado de suas representações. Em outra obra SILVEIRA et. al. (2001, p.21) também trata da questão da “identidade como construção”, definindo identidade como :

... segundo o dicionário é a qualidade de idêntico, o conjunto de características próprias e exclusivas de uma pessoa, como

nome, idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos6 e

impressões digitais; o reconhecimento de que um indivíduo

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Segundo SILVA(1999), os indivíduos vivem no interior de um grande número de diferentes instituições, que constituem aquilo que Pierre Bordieu chama de “campos sociais”, tais como famílias , os grupos de colegas, as instituições educacionais, os grupos de trabalho ou partidos políticos.

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Atualmente não mais se identifica pessoas com “defeitos físicos” mas Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais PPDs.

morto ou vivo é o próprio; carteira de identidade; a relação de igualdade válida para todos os valores das variáveis envolvidas.

Esta definição também deixa mais claro o conceito “puro” de identidade, ou seja, a partir de onde podemos incluir ou reconhecer a identidade dentro de um contexto específico. Para a semiologia (ciência geral dos signos, dos sistemas de significações) identidade é o conjunto de marcas que estruturam o modo de ser dos indivíduos e, ao mesmo tempo, é um conjunto de senhas através das quais os indivíduos se permitem ser identificados e também se identificar. A identidade se define, portanto, na dinâmica das trocas, no intercâmbio entre crenças e construções simbólicas.

Para CASTELLS (1999, p. 24), outro autor que trabalha a questão da identidade, esta se constrói demarcada por relações de poder:

Avento aqui a hipótese de que, em linhas gerais, quem constrói a identidade coletiva, e para quê essa identidade é construída, são em grande medida os determinantes do conteúdo simbólico

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