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9.2 Os resultados da reforma

9.2.2 As Medidas de Acompanhamento

Na sequência da proposta da Comissão, a reforma de 1992 instituiu, de facto, as três “me- didas de acompanhamento”: as medidas agro-ambientais, as medidas florestais na agri-

cultura e a reforma antecipada.

Refira-se que, à data, o acervo comunitário dispunha já, ao nível da política estrutural, de instrumentos de âmbito similar ao das referidas medidas de acompanhamento, nomea- damente os contidos no Regulamento (CEE) n.º 797/85 do Conselho e, posteriormente, no Regulamento (CEE) n.º 2328/91 do Conselho. No entanto, dada a sua concepção, es- tas medidas não assumiram mais que um papel menor, de aplicação territorial restrita e facultativa da política estrutural17.

Dado o âmbito deste trabalho, apenas analisaremos as medidas agro-ambientais e, dentro destas, as medidas aplicáveis às culturas arvenses de sequeiro e às pastagens permanen- tes.

As medidas agro-ambientais decorrem do Regulamento (CEE) n.º 2078/92 do Conselho, cujo regime de ajudas se desenvolve segundo três grandes objectivos:

• acompanhar as mudanças previstas no contexto da OCM;

• contribuir para a realização dos objectivos das políticas comunitárias em matéria agrícola e de ambiente;

• contribuir para proporcionar aos agricultores um rendimento adequado.

15Regulamento (CE) n.º 2417/95 da Comissão. 16Regulamento (CE) n.º 2417/95 da Comissão. 17Cf. Portaria n.º 85/98, de 19 de Fevereiro.

Este regime de ajudas destinava-se, entre outros, a “favorecer uma extensificação favo- rável ao ambiente das produções vegetais e da criação de bovinos e ovinos, incluindo a reconversão de terras aráveis em prados extensivos”18.

As medidas agro-ambientais em Portugal

As medidas agro-ambientais, previstas no Regulamento (CEE) n.º 2078/92 do Conselho, são aplicadas em Portugal por intermédio da Portaria n.º 698/94, de 26 de Julho, “que estabelece o regime de ajudas à extensificação e ou manutenção de sistemas agrícolas tradicionais extensivos” e institui um conjunto de medidas, no qual estão integradas as duas medidas que analisaremos: Sistemas cerealíferos de sequeiro e Sistemas forrageiros

extensivos.

Nesta Portaria considerava-se “a agricultura portuguesa, na sua generalidade, extensiva”, pelo que o conjunto das medidas instituídas era dirigido à criação de ”incentivos para a manutenção desses sistemas de produção, contribuindo, assim, não só para proporcionar a melhoria das condições de vida das populações rurais, como também preservar o am- biente e a conservação da natureza”. Estas ajudas, que implicavam um compromisso de 5 anos, eram moduladas e limitadas a uma determinada superfície objecto de ajuda. De entre as medidas instituídas, a medida Sistemas cerealíferos de sequeiro aplicava-se às culturas, em sequeiro, de trigo, triticale, cevada, aveia e centeio, estava limitada a 50 ha por exploração e incluía um conjunto de compromissos que se pode enquadrar no conceito de “boas práticas culturais”:

• utilizar cereais de variedades adequadas à produção de grão;

• praticar uma rotação em que os cereais de sequeiro representem, anualmente, entre 15% e 50% da SAU;

• não utilizar encostas com declives superiores a 12%; • praticar, no máximo, uma lavoura anual;

• mobilizar o solo de acordo com as curvas de nível; • não queimar o restolho.

Os montantes unitários da ajuda eram:

• até 10 ha: 60 ECU/ha; • de 10 a 50 ha: 35 ECU/ha.

A medida Sistemas forrageiros extensivos, destinava-se às áreas ocupadas com pastagens permanentes e encabeçamentos entre 0.15 e 1.40 CN/ha de superfície forrageira e estava igualmente limitada a 50 ha por exploração. Os compromissos, eram igualmente enqua- dráveis no conceito de “boas práticas culturais”:

• não fazer mobilizações com reviramento do solo;

• manter o encabeçamento dentro dos limites estabelecidos;

• fazer a limpeza manual das pastagens19; no caso de pastagens semeadas admitia-se a limpeza mecânica, desde que sem recurso a maquinaria pesada e sem mobilização do solo;

• manter o estrato arbóreo;

• manter a vegetação arbustiva ao longo das linhas de água. Os montantes unitários da ajuda eram:

• até 5 ha: 80 ECU/ha; • de 5 a 10 ha: 45 ECU/ha; • 10 a 50 ha: 25 ECU/ha.

Em 1996, por força da supressão do factor de correcção aplicável às taxas de conversão agrícolas, a Portaria n.º 393/96, de 21 de Agosto, altera os montantes unitários destas aju- das:

• Sistemas cerealíferos de sequeiro: – até 10 ha: 72.50 ECU/ha; – de 10 a 50 ha: 42.30 ECU/ha. • Sistemas forrageiros extensivos:

– até 5 ha: 96.60 ECU/ha; – de 5 a 10 ha: 54.30 ECU/ha; – 10 a 50 ha: 30.20 ECU/ha.

Em 1998, antecipando o espírito, introduzido pela “Agenda 2000”20, de conferir “uma im-

19Embora se possa considerar uma boa prática, este compromisso apresenta um custo associado ao seu

cumprimento, que não encontra paralelo na medida Sistemas cerealíferos de sequeiro.

portância acrescida aos instrumentos agro-ambientais destinados a apoiar o desenvolvi- mento duradouro das zonas rurais e a responder ao aumento crescente das exigências da sociedade em matéria de serviços ecológicos”, a Portaria n.º 85/98, de 19 de Fevereiro, pro- cede a uma reformulação do regime instituído pela Portaria n.º 698/94, de 26 de Julho, no intuito de “corrigir ou eliminar algumas das limitações às ajudas consideradas inadequa- das ou injustificadas”.

Assim, no âmbito das medidas aqui analisadas, além da introdução, entre outros menos significativos, de novos compromissos que limitavam a realização de cortes para feno, esta alteração fica essencialmente marcada pela supressão das limitações no que respeita às áreas máximas que poderiam beneficiar das ajudas, pela alteração das classes de mo- dulação e pelo aumento dos valores unitários das ajudas:

• Sistemas cerealíferos de sequeiro: – até 10 ha: 101.40 ECU/ha; – de 10 a 50 ha: 81.10 ECU/ha; – mais de 50 ha: 40.60 ECU/ha. • Sistemas forrageiros extensivos:

– até 10 ha: 96.60 ECU/ha; – de 10 a 50 ha: 77.30 ECU/ha; – mais de 50 ha: 38.60 ECU/ha.