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Revisão Bibliográfica

2.5 As micro e pequenas empresas (MPEs)

Os critérios que classificam o tamanho de uma empresa constituem um importante fator de apoio às micro e pequenas empresas (MPEs), permitindo que estabelecimentos dentro dos limites instituídos possam usufruir os benefícios e incentivos previstos nas legislações.

Assim, como pode ser visualizado na Tabela 2, conforme divulgação no boletim estatístico elaborado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2005) o critério escolhido para a classificação do porte de empresas utiliza tanto o número de empregados, como o total de receita bruta anual, cujos valores foram atualizados pelo Decreto nº 5.028/2004, que corrigiu os limites originalmente estabelecidos:

Tabela 2: Classificação das Micro e Pequenas Empresas (MPEs)

PORTE Nro Func.

Indústria Com/ Serviços Nro Func. Faturamento Bruto Anual Bruto Mensal Faturamento

Microempresa Até 19 Até 09 Até

R$ 433.755,14 R$ 36.146,26 Até Pequena

Empresa De 20 a 99 De 10 a 49 De R$ 433.755,15 a R$ 2.433.222,00 De R$ 36.146,27 a R$ 202.768,50 Fonte: Sebrae (2005).

Desta forma, a Tabela 2 mostra os números que classificam e diferenciam a micro empresa da pequena empresa. Os dados mostram que a classificação da quantidade de funcionários no setor da indústria é diferente do setor do comércio e serviços. Observa-se também que, além da quantidade de funcionários, outro critério adotado para classificar as

empresas é o valor do faturamento bruto, tendo sido abordado tanto o faturamento anual como o faturamento mensal.

Com relação à influência e a importância deste segmento de mercado na economia brasileira, o SEBRAE (2007) destaca, como pode ser observado no Gráfico 1, que no Brasil existem cerca de 5 milhões de micro e pequenas empresas (MPEs), perfazendo assim, um total de 98% das empresas existentes no país. Ressaltando, portanto que, este setor é responsável por 67% das ocupações e 20% do PIB brasileiro.

Gráfico 1 - A presença das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira Fonte: Sebrae-SP e Sebrae-NA (2007)

Assim, como se pode verificar pelos números apresentados no Gráfico 1, as MPEs, podem ser destacadas como um segmento ativo e dinâmico, pelo crescimento vertiginoso, extraordinária expansão, atuante participação no mercado de trabalho e distribuição de receitas, referenciando portanto, sua grande relevância no cenário brasileiro.

A geração de novos empregos - uma das maiores preocupações mundiais – e a criação de novas empresas incrementam a oportunidade de novos negócios, além de contribuir para o aumento da competitividade econômica. Este fator tem despertado grande interesse por parte de entidades e órgãos governamentais brasileiros, que nos últimos anos, vem engendrando alternativas para o desenvolvimento de projetos de apoio e incentivos a este segmento empresarial.

Nota deste apoio foi a recente instituição da Lei Geral das micro e pequenas empresas, sancionada em Dezembro de 2006, tendo por base uma proposta elaborada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2007), sendo considerada o novo estatuto nacional das MPEs. Esta lei tem a finalidade de dar suporte à estrutura organizacional deste segmento de mercado, ampliar as linhas de crédito, consolidar as

legislações existentes, principalmente no que se refere à parte tributária, unificando os impostos, no intuito de minimizar os custos e incentivar o crescimento destas empresas.

Contudo, há uma grande lacuna entre o querer e o efetivamente ter, pois paradoxalmente a esta realidade, o SEBRAE (2007) informa que, até o ano de 2006, somente 22% do total de crédito ofertado no Brasil eram destinados as MPEs. Em 2007, houve um crescimento de 25%, perfazendo um total de quase 50%, em virtude principalmente, das grandes corporações estarem recorrendo ao mercado de capitais e deixando de utilizar este produto no mercado financeiro.

Porém, apesar deste crescimento vertiginoso, as MPEs ainda deparam com grandes obstáculos no acesso ao crédito. Assim, frente a esta conjuntura, aparentemente antagônica, e dado que o recurso financeiro é um dos elementos mais importantes no estabelecimento e sustentação de um negócio, evidenciam-se alguns fatores que têm proporcionado a manutenção deste “status quo” tão prejudicial ao fomento das negociações com as MPEs: juros altos, carga tributária elevada, grandes exigências de garantias e de documentos comprobatórios de sua real situação, são os principais obstáculos a serem superados pelos empreendedores deste segmento de mercado.

Contudo, um fator preponderante para dar evasão à potencialidade de crescimento destas empresas, é a concessão de linhas adequadas de crédito, levando-as a obter assim, o suporte para melhor estruturar e alavancar seus negócios, continuando, portanto, a serem detentoras desta grande habilidade de geração de emprego e renda na economia brasileira.

Por outro lado, especialistas alertam que, mais dinheiro no mercado exige também maior cautela da parte dos empresários. "É importante que, antes do empreendedor pedir o empréstimo, ele tenha um conhecimento profundo sobre o seu negócio. É fundamental fazer o planejamento” afirma Fábio Lacerda, gerente de acesso a serviços financeiros do Sebrae-SP.

A Serasa (2007) – uma das maiores empresas do Brasil em pesquisas, informações e análises econômico-financeiras - afirma que, “as MPEs deixaram de ser um universo à parte e sofrem, direta ou indiretamente, a competição e as oscilações financeiras do mercado globalizado”. Assim, essas empresas devem estar preparadas com critérios e referências internacionalmente praticados para garantir sua perpetuação.

Portanto, nas MPEs, a informalidade é característica marcante, fazendo com que a eficiência dos números apresentados para a análise da sua capacidade de endividamento, fique muitas vezes, comprometida. Além da falta de documentação necessária e consistente, os demonstrativos financeiros e contábeis, normalmente não correspondem à realidade das empresas. Fator justificado por Schrickel (2000) que afirma que, os balanços das empresas em

geral não revelam em absoluto a sua realidade operacional ou factual, notadamente das micro e pequenas empresas.

Para a Serasa (2007) o potencial de crescimento, profissionalização e acesso ao crédito, estão relacionados a informações detalhadas, com dados quantitativos e qualitativos a respeito da empresa e de seus sócios, sendo esta assimetria, um dos principais fatores que impede o crédito para as MPEs, pois o acesso à informação é requisito de competitividade, sendo palavra de ordem para o sucesso de qualquer organização.

A Serasa (2007) complementa ainda que, além das empresas de pequeno porte sofrerem com o crédito mais reduzido, elas se deparam também com altas taxas de juros, afastando-as das negociações creditícias, inibindo assim, uma maior exposição e crescimento, pois dificilmente conseguiriam em suas atividades, retornos que permitissem remunerar os encargos financeiros.

A Equifax (2007) – uma das principais fornecedoras mundiais de informações de crédito comercial - destaca que, um dos maiores desafios do mercado brasileiro tem sido a concessão de crédito para MPEs, ressaltando que, a falta de informações consistentes e o histórico de crédito restritivo do setor, estão entre as maiores dificuldades para o desenvolvimento destas empresas.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2006), em entrevista com várias instituições financeiras brasileiras, detectou que as principais dificuldades nas análises de crédito das MPEs decorrem de fatores como: a baixa transparência dos registros contábeis, os dados irreais das receitas operacionais apresentadas e as escassas informações sobre dívidas contraídas no mercado financeiro e com fornecedores. Estes obstáculos interferem grandemente no processo de tomada de decisão e no acesso e controle da situação operacional e econômico-financeira dos pequenos empreendedores.

Finalmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2003) afirma que, na abordagem das MPEs, um dos problemas enfrentados é a escassez de informações atualizadas sobre a sua dimensão e forma de inserção na economia, o que se constitui em uma lacuna grave para a formulação de políticas de estímulo ao crescimento deste segmento.

Neste contexto, a partir da pesquisa literária e da experiência da autora junto a este segmento de mercado, confirmando os dados pesquisados, quando abordam a insuficiência de informações destas empresas, definiu-se por ampliar o escopo do método de análise de crédito utilizado pela empresa Alfa. Procedimento este, efetuado por meio de informações que integram os ativos intangíveis aos ativos tangíveis já utilizados no processo de análise e que

refletem as perspectivas estratégicas, voltadas principalmente, para a prevenção de riscos futuros das empresas e que será elucidado a seguir.