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As Políticas nacionais de saúde direcionadas ao idoso

As políticas públicas de saúde anteriores à Constituição Federal de 1988 (artigos 196 e 200 do capítulo: Da seguridade social) não especificam benefícios às pessoas idosas. Nesta, pela primeira vez é declarada a saúde como direito de todos e dever do Estado, e são mencionadas as diretrizes que regem o Sistema Único de Saúde, como a descentralização, integralidade e participação social. A Carta Magna trata a saúde de um modo geral, para todos os grupos etários, além de trazer competências para o SUS.

Depois, a Lei n°8.080/90 regulamentou o SUS, dispondo sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, acerca da organização e funcionamento dos serviços de saúde. Em sequência, no mesmo ano, a Lei n° 8.142/90 dispôs sobre a participação da comunidade na gestão do SUS, bem como a respeito das transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Ambas ainda não possuem nenhuma diretividade à população idosa (BRASIL, 1990a, 1990b).

1.4.1 A Política nacional do idoso

A primeira política destinada à população idosa foi criada somente em 1994, quando, recebendo o título de Política Nacional do Idoso, Lei n° 8.842 de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a política nacional do idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso (BRASIL, 1994).

O principal objetivo desta lei é assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade; além de ratificar como idosas todas as pessoas maiores de sessenta anos, para efeitos desta lei. A regulamentação desta lei encontra-se no Decreto n° 1.948 de 3/7/1996. Foram vetados vários artigos, dentre estes todos do Capítulo V, que tratava do Conselho Nacional.

1.4.2 O Estatuto do Idoso

O Estatuto do Idoso, publicado no ano de 2003, em seu parágrafo único artigo 3º, trata da garantia de prioridade das pessoas idosas, compreendendo: o atendimento preferencial em órgãos públicos e privados de serviços; preferência na formulação e execução de políticas sociais públicas; destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas de proteção ao idoso; formas alternativas de participação, ocupação e convívio intergeracional; priorização do atendimento ao idoso por sua família em detrimento do asilar; capacitação e reciclagem dos recursos humanos em geriatria e gerontologia; além de garantia de acesso às redes de serviços de saúde e social. (BRASIL, 2003)

Os direitos fundamentais, as medidas de proteção e a política de atendimento ao idoso foram discutidas pelo Estatuto. Este considera como direitos fundamentais o direito à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, aos alimentos, à saúde, a educação, cultura, esporte e lazer, à profissionalização e ao trabalho, à previdência social, à assistência social, à habitação e ao transporte.

Pesquisa desenvolvida pelo SESC (2007) mostrou que a maioria da população brasileira acima de 60 anos “ouviu falar no Estatuto do Idoso, mas não leu”, e acredita que o Estatuto deve garantir sobretudo direitos sociais, com destaque ao acesso à saúde e à aposentadoria, ou a alguma outra renda.

1.4.3 A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, aprovada em 19 de outubro de 2006, pela Portaria 2.528/GM , traz como finalidade primordial recuperar, manter e promover

a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde, seguindo os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde e as referidas pelo Pacto pela Vida na Saúde do Idoso (BRASIL, 2006d).

Esta política expressa ainda como desafios a escassez de estruturas de cuidado intermediário ao idoso no SUS, o número insuficiente de serviços de cuidado domiciliar ao idoso frágil previsto no Estatuto do Idoso, a escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa, e a implementação insuficiente ou mesmo a falta de implementação das redes de assistência à saúde do idoso (BRASIL, 2006d).

1.4.4 O Pacto pela saúde

Em 2006, foi pactuado entre as quatro esferas da gestão (União, Distrito Federal, Estados e Municípios) o Pacto pela Saúde, na Portaria n° 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006, com base nos princípios constitucionais do SUS, em que se definiram prioridades articuladas e integradas nos componentes de Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS (BRASIL, 2006c).

O Pacto pela Vida define seis prioridades, entre elas a Saúde do Idoso, com o objetivo de implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa buscando uma ação integral. As diretrizes apontadas para a saúde do idoso são: promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral e integrada à saúde das pessoas idosas; estímulo às ações intersetoriais; implantação de serviços de atenção domiciliar; o acolhimento preferencial em serviços de saúde; assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; fortalecimento da participação social; formação de educação permanente; divulgação da Política Nacional da Pessoa Idosa; Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção ao idoso; bem como apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas (BRASIL, 2006c).

O Pacto traz ainda como ações estratégicas a caderneta de saúde da pessoa idosa, o manual de atenção básica à saúde da pessoa idosa, o programa de educação permanente à distância na área do envelhecimento e saúde do idoso voltado para profissionais da rede de atenção básica, a reorganização do acolhimento à pessoa idosa, a assistência farmacêutica, a atenção diferenciada na internação e atenção domiciliar.

No Pacto pela saúde, quando se refere à Política Nacional de Promoção da Saúde, há como ação estratégica voltada para a alimentação saudável, disseminar a cultura da alimentação saudável em consonância com os atributos e princípios do Guia Alimentar da população brasileira, com a produção e distribuição de material educativo, no caso da população idosa, a criação de orientações para a alimentação saudável dos idosos.

1.4.5 Outras políticas

Seguindo à publicação do Estatuto do Idoso, foi publicado o decreto n° 5.296/04, que regulamenta a prioridade de atendimento às pessoas idosas, e ainda especifica e estabelece normas gerais de critérios básicos para a promoção da acessibilidade (BRASIL, 2004).

Por meio da Lei nº 11.433, de 28 de dezembro de 2006, ficou instituído o Dia Nacional do Idoso, a ser celebrado no dia 1º de outubro de cada ano. E os órgãos públicos responsáveis pela coordenação e implementação da Política Nacional do Idoso ficam incumbidos de promover a realização e a divulgação de eventos que valorizem a pessoa do idoso na sociedade (BRASIL, 2006a).

A assistência domiciliar foi regulamentada pela Lei 10.424, em 15 de abril de 2002. Em 19 de outubro de 2006, foi instituída a internação domiciliar no âmbito do SUS, por meio da Portaria nº 2.529, sendo definida como o conjunto de atividades prestadas no domicílio a pessoas clinicamente estáveis que exijam intensidade de cuidados acima das modalidades ambulatoriais, mas que possam ser mantidas em casa, por equipe exclusiva para este fim (BRASIL, 2006e).

A Portaria nº 2.529 ainda aponta a composição dos Serviços de Internação Domiciliar: uma equipe multiprofissional, garantia de retaguarda no período da noite e finais de semana, estabelecimento do roteiro e das condições mínimas para credenciamento, estabelecimento de prioridades de eleição de grupos populacionais específicos, dentre outras especificações. A população idosa é colocada, nesta portaria, como grupo populacional com prioridade de eleição para receber assistência domiciliar do SUS.