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2.2 A teoria da decisão

2.2.8 As possibilidades decisórias a partir das informações

Driver et al. (1998) avaliam o fato de que os tomadores de decisões diferem em seus processo decisório em muitos aspectos, pois alguns são risk lovers, outros, ao contrário, são avessos ao risco. Uns decidem individualmente, já outros compartilham o processo decisório. Uns apoiam-se na subjetividade quando da decisão (são intuitivos); outros se utilizam de estruturas formais de tomada de decisão, o que pode determinar velocidade de decisão maior ou menor. Há aqueles que tudo sabem e outros que estão envoltos pela escuridão, cuja decisão se perde em incontáveis possibilidades.

Driver et al. (1998) apontam duas características que podem determinar essas diferenças e que determinam estilos decisórios específicos. Em primeiro, está a capacidade e a forma de utilizar a informação, nas quais a quantidade de informações é efetivamente utilizada na tomada de decisão. Em segundo, encontra- se o foco dado pelo número de alternativas identificadas na tomada de decisão a partir das informações levantadas.

Driver et al. (1998) avaliam que da primeira característica decorrem dois tipos de comportamento. Os tomadores de decisão maximizer e os satisfacer, que não carregam consigo a adjetivação de ser melhor ou pior, um em relação ao outro, mas que são mais adequados à situação a qual estão envoltos. Há aquelas em que o tempo é exíguo, a situação é extremamente intrincada ou as informações são diminutas ou não confiáveis. A segunda característica está vinculada ao foco, podendo ser unifoco, quando a informação produz apenas uma alternativa de ação e multifoco, quando utiliza a informação para produzir muitas alternativas de ação.

Outro aspecto relevante na configuração do potencial informacional por parte do tomador de decisões é a sua bagagem de experiências no que diz respeito a decisões. Nesse sentido, Macadar (1998) reporta-se ao background de decisões, que municia o tomador de decisão (decision maker) no sentido de que ao tomar decisões utilize esse conhecimento, auferindo um poder de fogo mais efetivo frente a situações mais intrincadas. Esse background pode advir da idade, que pressupõe uma maior exposição a eventos da mesma natureza, do tempo de trabalho, da experiência gerencial, do nível educacional, da experiência com outras culturas e da participação em outras decisões, sejam elas estratégicas, gerenciais ou operacionais. Essas são considerações que encontram ressonância na Nova Economia Evolucionária, quando esta discute aa path dependence e a cumulatividade, às quais veremos na sequência.

Devemos considerar também o aspecto ligado diretamente à previsibilidade das informações disponíveis em determinado momento. Nesse sentido, Macadar (1998) esclarece que essa previsibilidade diz respeito ao conhecimento dos resultados e as consequências das alternativas a serem escolhidas. Dessa forma, continua a autora, não basta apenas ter ciência da magnitude do risco, mas, acima de tudo, conhecer o caráter desse risco, que deverá ser considerado no processo decisório.

Macadar (1998) apresenta três condições possíveis para a avaliação das alternativas quanto aos resultados a seguir apresentadas

a) Certeza: possuir o conhecimento integral e preciso do que cada uma das alternativas poderá gerar, o que significa dizer que há conhecimento completo dos resultados de cada ação e isso pressupõe a existência de apenas uma consequência para cada uma das alternativas levantadas, o que em nosso entender significa aceitar a ideia de racionalidade ilimitada.

b) Risco: há múltiplos resultados e uma probabilidade de ocorrência ligada a cada um deles. Se supormos conhecer a totalidade ou não desses múltiplos resultados e suas respectivas probabilidades, teremos reforçada a ideia de racionalidade ilimitada e limitada respectivamente.

c) Incerteza: da mesma forma que o risco, há muitos resultados conectados às decisões, porém aqui não há conhecimento das probabilidades correspondentes.

Lombardi e Brito (2010), ao tratarem da incerteza, reportam a Keynes a discussão sobre o tema, que na época deste autor não era empregada no sentido de diferenciar o conhecimento efetivo do que era meramente provável, tendo em vista que intervalos de tempo maiores entre a decisão e sua consequência, mais significativo é o ambiente de incerteza. Assim, a incerteza estaria relacionada aos aspectos que o indivíduo não percebe, sendo que não há suporte científico no sentido de calcular as probabilidades de ocorrência futura. Ou seja, quanto mais dilatado for o tempo previsto para o resultado, mais se fará sentir a sensação de incerteza.

Porém, lembram os autores que a necessidade impele o tomador de decisão à conduta sob incerteza. Mesmo as distribuições de probabilidade não seriam suficientes no sentido de entender um ambiente sob a égide da incerteza, tendo em vista que as experiências pretéritas dos tomadores de decisão não se apresentam como vaticinadora fidedigna das consequências de ações presentes. Dessa forma, concluem Lombardi e Brito (2010), a incerteza é uma consequência da visão do tomador de decisão sobre o mundo e, segundo Knight (2005) e Keynes (1937), não é calculável.

É justamente esta incapacidade de ter todas as informações acerca de um evento que determina o que Simon denomina de racionalidade limitada e que resulta em incerteza para o tomador de decisões.

Essa informação é vital e, portanto, irá conduzir a todos no sentido de coletar, organizar estas informações, sejam elas formais ou informais. Todo o esforço é no sentido de entender o contexto, utilizando-se de ferramentas, das mais simples às mais elaboradas.

Percorridas as ideias ligadas à decisão, desde o conceito desta, passando por seus operadores e seus sistemas de operação, nos deslocamos em direção ao funcionamento da mente humana, pois esta é responsável por executar o processo de escolha de comportamentos (decisões). Abordaremos a seguir a Teoria da Perspectiva (Prospect Theory), formulada por Daniel Kahneman e Amos Tversky, a qual evidencia protótipos de comportamento que não constavam do repertorio teórico do processo decisório. Ela volta-se para imperfeições no processo mental humano, como o fato da emoção interferir no equilíbrio emocional, fator pretendido nas decisões racionais, bem como na insuficiente compreensão das situações envolvidas, produzindo frames ou molduras cognitivas.

Embora a teoria da perspectiva se apoie em uma heurística negativa do comportamento decisório humano, dela advém heurísticas positivas que, segundo Berger et al.(2010), são constituídas basicamente de efeitos e padrões relacionados a situações experimentais mais específicas.

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