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Capítulo 2 Contexto da Prática Pedagógica Supervisionada

2.4. As turmas na Prática Pedagógica Supervisionada

A Prática Pedagógica, cuja duração foi de 450 horas, sob a supervisão da orientadora da Universidade, a Professora Doutora Mercedes Rabadán Zurita, decorreu em duas turmas do 3º Ciclo, mais concretamente na turma D, do 8º Ano e na turma G, do 7º ano, que eram da responsabilidade do professor cooperante, Mestre Dr. Carlos Mangas.

2.4.1. 8º Ano, turma D

A turma do 8º D era composta por dezasseis alunos, sendo treze do sexo feminino e três do sexo masculino, com idades compreendidas entre os catorze e os dezasseis anos. Nesta turma havia ainda três alunos de quatro nacionalidades, sendo que os pais eram provenientes da

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Ucrânia, da Holanda, da Espanha e da Suécia. Uma das alunas cuja mãe era espanhola era uma aluna aplicada e empenhada na realização das tarefas.

Segundo as informações fornecidas pelo professor cooperante e as obtidas após a consulta do Projeto Curricular de Turma (PCT), estes alunos provinham de famílias bem estruturadas, sendo que a maioria dos encarregados de educação possuíam como formação académica, o ensino secundário e o ensino superior.

Durante o período de observação das aulas do professor cooperante Dr. Carlos Mangas e também durante a minha ação pedagógica, analisei os alunos e as suas diferentes características, o seu desempenho, o seu comportamento, as suas dificuldades na realização de atividades, o que facilitou o meu processo formativo, pois elaborei as planificações para a sequência de aprendizagem formativa tendo em conta todas essas informações.

Constatei também que os alunos eram bastante motivados e participativos, sendo que havia alguns alunos que se mostravam desinteressados por terem dificuldades na expressão escrita/oral em espanhol. Alguns dos fatores que contribuíram para a falta de aproveitamento escolar de alguns alunos desta turma eram, sobretudo, a dificuldade de atenção/concentração nas aulas, pois dispersavam-se com grande facilidade; a falta de hábitos de estudo e métodos de trabalho e também a falta de interesse e empenho na realização das tarefas propostas. Tendo em conta estas mesmas dificuldades, planifiquei a minha aula da sequência formativa com atividades lúdicas motivadoras como o puzzle dos transportes (Vide 5.3.1. O puzzle dos meios de transporte usada na turma 8ºD), com materiais autênticos onde os alunos poderiam ter um contacto mais genuíno com a língua meta e também uma atividade para praticar a expressão oral (simulação de uma compra de um bilhete).

De uma forma geral, o 8ºD era uma turma com um comportamento satisfatório, embora alguns alunos demonstrassem algumas dificuldades no cumprimento de regras dentro da sala de aula (saber estar, saber ouvir e saber intervir).

Na aula da sequência de aprendizagem formativa que lecionei, nada tenho a apontar de negativo dos alunos, uma vez que foram bastante participativos e empenhados na realização de todas as atividades propostas.

2.4.2. 7º Ano, turma G

A turma do 7º G era constituída por um total de dezoito alunos, nove rapazes e nove raparigas, com idades compreendidas entre os onze e os dezassete anos, sendo a média de idades da turma de 12,27 anos. Na turma havia dois alunos com Necessidades Educativas Especiais,

que beneficiavam das seguintes medidas educativas: a) apoio pedagógico personalizado e d) adequações no processo de avaliação (tipologia: mental/linguagem).

De acordo com o Plano da Turma, o papel ativo dos encarregados de educação dos alunos era maioritariamente entregue às mães, havendo apenas dois pais como encarregados de educação. Relativamente às habilitações académicas dos Pais/Encarregados de Educação, estas eram variadas, iam desde o 4º ano de escolaridade até à licenciatura.

Esta turma era constituída por alunos com diferentes capacidades e ritmos de trabalho/aprendizagem no desempenho das tarefas solicitadas. Na globalidade, os alunos eram pouco interessados, pouco trabalhadores e nada empenhados, refletindo-se nos resultados escolares de algumas disciplinas como as de Espanhol, que eram negativos.

Além disso, estes alunos revelavam: falta de raciocínio lógico/ matemático; défice de atenção/concentração e dificuldades no cumprimento de regras de comportamento; na participação organizada; na organização de materiais escolares e na falta de pontualidade. É de salientar que dos dezoito alunos da turma, quinze beneficiavam de Planos de Acompanhamento Pedagógico e que nem todos obtiveram resultados positivos, pois os alunos abrangidos não cumpriam as medidas implementadas nesses planos.

A turma do 7ºG distinguiu-se das outras turmas do 7º Ano por ser uma turma “TEIP”. A designação de “turma TEIP” é dada pelo Agrupamento de Escolas Padre João Coelho Cabanita para caracterizar aquelas turmas, cujos alunos provêm de contextos sociais e económicos difíceis e que apresentam problemas de indisciplina e dificuldades de aprendizagem. Neste tipo de turmas, são implementadas estratégias de diferenciação pedagógica, cujo objetivo “é promover estratégias de diferenciação pedagógica, de forma a melhorar os resultados e a melhoria da qualidade do sucesso, em especial para os alunos diagnosticados com maior distanciamento em relação às competências definidas e com resultados menos satisfatórios” (Palmeirão & Matias, 2016, p. 78).

As medidas que o Conselho de Turma decidiu implementar nesta turma, no sentido de resolver estes problemas, foram:

▪ controlar as intervenções / atitudes / comportamentos inconvenientes de alguns alunos para não prejudicar o bom funcionamento das aulas e os restantes colegas;

▪ modificar e reajustar comportamentos, exigindo aos alunos, o cumprimento integral das regras básicas de comportamento na sala de aula, procedendo à uniformização dos critérios de atuação dos docentes;

▪ incentivar o respeito pela diferença, nomeadamente sobre os diferentes ritmos de aprendizagem de cada um dos colegas;

▪ valorizar a participação oral dos alunos mais reservados e com mais dificuldades, de modo a elevar os seus níveis de interesse, de autoestima e de aprendizagem (fazer uso do reforço positivo, quando é alcançado o êxito nas tarefas propostas)

▪ apoiar o aluno na descoberta das diversas formas de organização da sua aprendizagem e na construção da sua autonomia para aprender em interação com os outros;

▪ organizar atividades cooperativas de aprendizagem rentabilizadoras da autonomia, responsabilização e criatividade de cada aluno;

▪ organizar o ensino prognosticando e orientando a execução de atividades individuais, a pares, em grupos e coletivas.

No que diz respeito ao comportamento, a turma era bastante agitada, perturbando o normal funcionamento das atividades letivas. Os alunos denotavam dificuldades em participar na aula de uma forma organizada e disciplinada, intervindo e falando ao mesmo tempo. Por conseguinte, estes episódios conduziam a momentos desestabilizadores no desenvolvimento/sequência das aulas, dado que havia sempre necessidade de as interromper para repreender os alunos indisciplinados.

As causas subjacentes a este tipo de comportamento podiam estar relacionadas com a imaturidade demonstrada por alguns alunos, mas também com problemas do foro psicológico, tais como, a agressividade e a falta de autoestima. Ao longo do ano letivo, alguns alunos tiveram acompanhamento psicológico no Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), disponibilizado pela escola, no sentido de lhe serem incutidos padrões de comportamento adequados, hábitos de estudos, métodos de trabalho e ainda valores de responsabilização no cumprimento de deveres enquanto aluno.

Apesar dos problemas anteriormente evocados, era uma turma que participava ativamente em projetos da escola, como a participação nas comemorações da semana da Matemática, no Campeonato de Cálculo Mental SuperTmatik e a criação de uma banda desenhada alusiva à “Lenda das Amendoeiras em Flor”.

Do contacto que mantive com estes alunos no decurso da minha prática pedagógica, posso afirmar que nem sempre foi fácil lidar com o comportamento inadequado em contexto de sala de aula. No entanto, eram alunos que demonstravam uma certa motivação para a aprendizagem da língua espanhola. Sempre que possível, valorizei a participação oral dos alunos mais reservados e com mais dificuldades, fazendo uso do reforço positivo, de modo a elevar os seus níveis de interesse, de autoestima e de aprendizagem. Na verdade, esta turma foi, de longe, a que me concedeu mais desafios devido aos seus problemas de comportamento e de

aproveitamento escolar, contudo, tentei sempre ir ao encontro das suas necessidades educativas e das suas dificuldades de aprendizagem, motivando-os sempre para a aprendizagem da língua espanhola.