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ASCENSÃO SOCIAL

No documento COMPARTILHANDO SABERES EM EDUCAÇÃO: (páginas 196-200)

área educacional que certamente reflete condi- ções gerais da oferta dessa modalidade de ensino no país.

PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância. Inclusão Social. As- censão Social. UAB. Pedagogia.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ABRINDO

AS PORTAS PARA INCLUSÃO E

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1 Introdução

Esta pesquisa tem como foco principal identificar as contribuições da Educação a Distância (doravante EAD) para a inclusão e ascensão social de sujeitos em condições sociais menos favorecidas, que, por diversos motivos relacionados a localidade de moradia, trabalho, família, recursos financeiros, entre outros, não puderam dar continuidade aos seus estudos em idade regular.

Pretende-se, por intermédio deste, relatar como a EAD apresenta possibilidades para a inclusão e ascen- são social; identificar se a EAD é um instrumento que visa à diminuição de desigualdades através da aqui- sição da cultura; expor as dificuldades que a EAD en- controu em sua implementação no Brasil; e, ainda, as conquistas da EAD como modalidade de ensino. Este estudo toma por base a oferta do curso de Pedagogia a distância no polo de Itamarandiba (MG), pelo Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

A escolha do tema foi motivada pela dimensão que a EAD vem tomando no cenário geral da educação no Brasil, gerando, não raro, debates e polêmicas a respei- to de vários aspectos de oferta dessa modalidade. De um lado, há aqueles que acreditam que a EAD é a forma de mudar os rumos da educação no país, auxiliando na diminuição das desigualdades sociais; de outro lado, si- tuam-se aqueles que acreditam que a EAD é uma ilusão, que serve apenas para ludibriar o sistema e distribuir cursos e formação sem precedentes, aumentando ain- da mais a exclusão social.

za-se uma estreita vinculação do ensino com aspectos sociais bastante relevantes: é praticamente indiscutível, a título de exemplo, que, por sua capacidade de atender a milhares de pessoas ao mesmo tempo, ajudou a recu- perar a economia na Inglaterra após a Segunda Guerra Mundial. Os governantes acreditavam que a única saí- da para acabar com o caos seria oferecer educação de qualidade à população, surgindo, assim, a United King- dom Open University (UKOU). O Brasil teve a oportuni- dade de ter acesso ao programa, mas os investimentos na área educacional acabaram sendo utilizados com outras finalidades à época, e a EAD teve a sua implanta- ção postergada. De qualquer maneira, com o advento da Internet e a propagação da utilização de computadores pessoais ao final do século XX, foi inevitável voltar os olhares para essa nova modalidade de ensino.

Atualmente, não só os cursos de graduação e pós- graduação estão sendo oferecidos regularmente a distância, mas é notável o aumento de oferta de cur- sos livres, a exemplo dos Massive Open Online Courses (MOOCs) em plataformas de EAD, capazes de atender a milhares de pessoas ao mesmo tempo, expandindo o acesso à educação. No Brasil, esse modelo ainda é recente, mas já conquistou muitos adeptos.

A EAD, por sua dinamicidade e potencialidade de superar as barreiras geográficas, foi uma alternativa sig- nificativa para auxiliar na formação de professores em todo o território brasileiro, surgindo com essa possibili- dade a Universidade Aberta do Brasil (UAB). Atualmen- te, ela atende milhares de pessoas, além de possibilitar a formação adequada e de qualidade para muitos pro- fessores, oferecendo cursos em várias áreas, inclusive

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técnicos. Os polos de apoio presencial são situados em locais estratégicos, em muitos casos onde não existem instituições de ensino superior, para que todos os inte- ressados possam ter acesso a cursos de graduação, pós-graduação ou técnicos gratuitos. Os cursos oferta- dos são de instituições públicas federais, estaduais e municipais.

Vejamos alguns aspectos históricos e de funda- mentação teórica sobre a EAD, para depois chegarmos à abordagem de aspecto mais prático empreendida nes- ta pesquisa.

2 Breves considerações sobre a EAD

2.1 Novos paradigmas educacionais

Ao longo da história da humanidade encontramos relatos e evidências de que o fazer pedagógico é uma propriedade inerente ao ser humano, desde os tempos imemoriais, em que habitava as cavernas, e o processo de ensino e aprendizagem era uma necessidade básica para a sua sobrevivência, até o mundo contemporâneo, em que os processos de informação são submetidos a mecanismos que ora fomentam a corrida capitalista, ora promovem a dignidade humana.

A aprendizagem baseada na solução de problemas,

Problem Based Learning (PBL), é um procedimento que

surgiu na década de 1960 na área da Saúde (MORAN, 2013) e que, ao que tudo indica, não tem retorno. Sur- gem cada vez mais escolas e métodos inovadores, que se vão mesclando, fazendo surgirem daí metodologias híbridas cada vez mais eficientes, no sentido de tornar o aprendiz o próprio sujeito da sua aprendizagem. Junto

a esse quadro, os jovens estão passando cada vez mais tempo conectados, seja em computadores, celulares ou tablets, não somente acessando conteúdos, mas tam- bém gerando conteúdos nesses novos espaços (GAR- RIDO, 2011).

Não se trata de uma ode à evolução tecnológica, nem tampouco um menosprezo a modelos educativos que não tomem por base as plataformas educacio- nais, salas invertidas, os e-boards ou quaisquer outros recursos viabilizados pela tecnologia contemporânea. Rocha (2012), por exemplo, mostra-nos muito bem que as novas metodologias ainda são um desafio dentro do nosso sistema educacional, e os próprios educadores, apesar de reconhecerem sua eficácia, não deixam de salientar aspectos negativos, como a resistência por parte de uma boa parcela dos professores universitá- rios, a dificuldade de enquadramento do processo nas ciências humanas, a escassez de tempo por parte de professores e alunos para a preparação prévia das ati- vidades a serem discutidas em encontros presenciais, a dificuldade de incentivar um maior hábito de leitura pelos alunos, além de outros aspectos relacionados à autodisciplina e as relações interpessoais.

No contexto dessas ideias, cumpre aos profissio- nais ligados à área da Educação, tanto no âmbito da prática pedagógica quanto no âmbito da pesquisa edu- cacional, procurar entender melhor os fundamentos fi- losóficos que dão suporte a essa dita revolução, a fim de que ela não seja tomada como um modismo de in- clusão social do alunado. Em termos discursivos, é de bom tom alocar o aprendiz no centro do processo, mas a EAD e as metodologias ativas exigem mais do que

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