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F ASES DE EXECUÇÃO DE PAREDES TIPO B ERLIM DEFINITIVAS

8.3. P AREDES TIPO B ERLIM

8.3.4. F ASES DE EXECUÇÃO DE PAREDES TIPO B ERLIM DEFINITIVAS

A construção de uma parede tipo Berlim definitiva compreende a execução das seguintes fases (Figura 8.14 e 8.15) (Guerra et al., 2000):

 Furação, instalação dos perfis metálicos e selagem (Figura 8.14a);  Execução da viga de coroamento (Figura 8.14b);

 Escavação do primeiro nível, por painéis alternados (Figura 8.14c);

 Execução dos painéis do primeiro nível, alternadamente (primários e secundários) e instalação e pré-esforço das ancoragens (Figura 8.14d);

 Escavação do segundo nível, também por painéis alternados (Figura 8.14e);

 Execução dos painéis do segundo nível, alternadamente (primários e secundários) e instalação e pré-esforço das ancoragens (Figura 8.14f);

 Escavação do terceiro nível, também por painéis alternados (Figura 8.14g);

 Execução dos painéis do terceiro nível, alternadamente (primários e secundários) e da sapata de fundação (Figura 8.14h).

As fases de execução descritas anteriormente dizem respeito à construção de uma parede tipo Berlim definitiva constituída por três níveis de painéis e estabilizadas por meio de ancoragens. O processo mencionado é exatamente o mesmo, independentemente dos níveis existentes, porém chama-se a atenção para o facto de no último nível usualmente não se executar ancoragens.

Fig.8.14 – Fases de execução de uma parede tipo Berlim definitiva [37]

Prestando um maior nível de detalhe nas fases compreendidas entre a escavação do painel e a execução da sua cofragem para posterior betonagem, pode-se ainda referir (Figura 8.15):

 Realização da escavação do segundo nível, por painéis alternados (Figura 8.15a);  Execução da armadura dos painéis (Figura 8.15b);

 Realização de uma caixa de areia de modo a embeber as armaduras de espera para a ligação com o painel do nível seguinte (Figura 8.15c);

 Realização da cofragem do painel, escorando-a contra o terreno (Figura 8.15d);

Fig.8.15 – Detalhe das fases de execução da parede compreendidas entre a escavação dos painéis e a realização da sua cofragem para posterior betonagem [37]

Posto isto, de seguida realiza-se uma breve descrição de algumas das etapas mais importantes executadas durante o processo de construção deste tipo de paredes.

8.3.4.1.Furação, instalação dos perfis metálicos e selagem

Os perfis metálicos são habitualmente introduzidos no terreno através de gruas, em furos executados com o auxílio de um equipamento de perfuração a trado. Consoante o tipo e condição do solo existente, das condições climatéricas que se fazem sentir, das solicitações de eventuais estruturas vizinhas, da geometria da parede e da capacidade de carga das ancoragens, o afastamento entre perfis pode variar entre 1,5 a 3 m (Figura 8.16) (Mascarenhas, 2011).

Os furos devem ser realizados no mínimo até 2 m abaixo da cota de projeto da escavação, para os perfis serem aí selados, sendo atribuída a este troço do perfil a designação de “ficha”.

Após a execução dos furos, os perfis metálicos são colocados no interior dos mesmos com um tubo de PVC a eles amarrado que permite a injeção da calda de selagem.

Quanto à sua orientação, os perfis devem ser instalados de modo a que o seu eixo de maior inércia fique paralelo à face vertical da parede, maximizando-se assim a sua resistência à flexão para o interior da escavação.

Por fim, refere-se que os perfis devem ser colocados de modo a que fiquem 50 cm acima da superfície do terreno, para posteriormente ser possível a sua solidarização com a viga de coroamento.

Fig.8.16 – Esquema em planta representativo da colocação dos perfis ao longo do perímetro da escavação [45]

8.3.4.2.Execução da viga de coroamento

A viga de coroamento tem a função de permitir ligar todos os perfis instalados, de forma a que estes trabalhem em conjunto (Figura 8.17a). A sua execução baseia-se essencialmente nos seguintes passos (Brito, 2001b):

 Abertura da vala para a sua construção;

 Colocação de uma camada de areia, no fundo da vala, com espessura suficiente para embeber os ferros de espera para o primeiros painéis a serem executados. Esta camada permite também que os varões não entrem em contacto direto com o terreno, impedindo assim a fixação de partículas aos mesmos, situação essa que é prejudicial para a aderência dos varões ao betão;

 Montagem da armadura da viga, incorporando os perfis verticais (Figura 8.17b); 

 Betonagem;

 Descofragem após o betão ter ganho presa e resistência suficiente.

Fig.8.17 – Viga de coroamento: a) esquema representativo; b) perspetiva da armadura incorporando o perfil vertical [45, 80]

8.3.4.3.Escavação dos painéis primários do primeiro nível

Como referido em 8.3.1, a execução dos painéis de cada nível é realizada de forma alternada através de painéis primários e secundários. A operação inicia-se com a escavação dos painéis primários, deixando-se banquetas de solo nos locais destinados à construção dos painéis secundários, que só são removidas após a finalização dos primeiros (Figura 8.18). Este é um modo de operação seguro, já que tirando-se partido do efeito de arco, é possível evitar deslocamentos indesejados do terreno a suportar. Refere-se também que é usual a escavação do terreno localizado atrás dos perfis, de forma a permitir a colocação da armadura (Pinto, 2008).

Fig.8.18 – Escavação dos painéis primários: a) esquema; b) situação em obra [45]

8.3.4.4.Execução da armadura e betonagem dos painéis primários do primeiro nível

Posteriormente à escavação dos painéis primários procede-se à montagem das suas armaduras (Figura 8.19a), as quais são amarradas aos varões de espera da viga de coroamento, que foram embebidos na vala de areia realizada. Chama-se a atenção para o facto das armaduras deverem ser montadas com espaçadores para garantir a espessura de recobrimento definida em projeto.

Outro aspeto relevante é o facto de se colocar um negativo (tubo de PVC) conjuntamente com as armaduras dos painéis, de modo a se produzir um furo que permita a instalação das ancoragens posteriormente à betonagem dos mesmos (Figura 8.19b) (Santos, 2011).

Por fim, pelas mesmas razões enunciadas em 8.3.4.2. (na construção da viga de coroamento), a extremidade inferior dos varões da armadura dos painéis também é colocada numa vala de areia, para que estas sejam depois amarradas aos painéis do nível inferior.

Fig.8.19 – Armadura de um painel: a) Execução; b) negativo na zona da ancoragem [71, 12]

Finalizada a execução da armadura realiza-se a cofragem dos painéis para posterior betonagem dos mesmos (Figura 8.20). A cofragem é normalmente apoiada através de escoras que fazem reação contra o terreno envolvente ou em blocos de betão colocados nas proximidades.

Estando a cofragem devidamente montada e escorada inicia-se a betonagem dos painéis introduzindo o betão no seu interior através de um trémie, procedendo-se de seguida à sua cuidada vibração.

Fig.8.20 – Execução do painel: a) cofragem; b) betonagem [12]

8.3.4.5.Instalação das ancoragens nos painéis primários do primeiro nível

Estando os painéis primários betonados, seguidamente procede-se à instalação das ancoragens. Para tal, é necessário colocar o equipamento de perfuração próximo do painel, conferindo à ferramenta de perfuração a inclinação desejada para a ancoragem.

Após o equipamento estar devidamente preparado inicia-se a perfuração do solo através do furo presente no painel, deixado pelo negativo. Finalizada a operação de furação limpa-se o fundo do furo com ar comprimido e introduz-se a armadura da ancoragem. Seguidamente realiza-se a selagem da

vazios do terreno e o espaço entre a armadura e as paredes do furo. Por último, executa-se a re-injeção da calda para formar o bolbo de selagem (Brito, 2001b).

8.3.4.6. Execução dos painéis secundários do primeiro nível

Tendo em conta a explicação dada para a construção dos painéis primários, presente nos pontos 8.3.4.3. a 8.3.4.5., refere-se que a construção dos painéis secundários é feita repetindo todo o processo. Destaca-se apenas que a sua construção só é iniciada após a demolição das banquetas estabilizadoras presentes nas suas zonas de execução.

Estando os painéis do primeiro nível todos construídos e as ancoragens instaladas, aplica-se o pré- esforço em todas elas.

8.3.4.7.Execução dos painéis dos restantes níveis

Relativamente aos restantes níveis da parede refere-se também que a sua execução segue de igual modo todas as fases anteriormente descritas, ou seja, constroem-se os painéis primários e instalam-se as ancoragens, seguidamente executam-se os painéis secundários e instalam-se as suas ancoragens. Estando os painéis do nível todos construídos e com as ancoragens instaladas aplica-se o pré-esforço às mesmas (Figura 8.21).

Fig.8.21 – Execução do nível seguinte: a) painéis primários construídos e armadura dos painéis secundários executada; b) fim da construção dos painéis do nível e tensionamento das ancoragens [45]