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Aspecto de Educação ambiental inserido no TJ + Sustentável para a efetividade do Direito a um meio ambiente saudável

5. AS POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS E EFETIVIDADE – UMA ANÁLISE DA POLÍTICA DENOMINADA “TJ + SUSTENTÁVEL”, UM ESTUDO DE CASO

5.2. Aspecto de Educação ambiental inserido no TJ + Sustentável para a efetividade do Direito a um meio ambiente saudável

Como se pode depreender dos resultados acima apontados, verifica-se o importante conteúdo de Educação ambiental que, mesmo no prazo tão curto do projeto piloto, gerou repercussão em relação aos trabalhadores do Judiciário. O estímulo trazido pela competição, somado aos bons resultados e ao aprendizado em relação a novos parâmetros de consumo e de consecução de resultados com menor gasto fez que os servidores e magistrados se engajassem na tarefa.

Há que se salientar que não houve previsão de qualquer outra premiação que não a do Selo, do Certificado vinculado ao programa. Em reunião posterior, com o Diretor do Foro, em agosto de 2014, este, para estimular as unidades judiciárias concentradas no Fórum Seabra Fagundes, lançou, por meio de Ofício Circular, determinação de que a unidade que mais economizasse papel e serviços dos Correios ganharia uma folga anual para cada servidor.

A competição sadia e a preocupação com os resultados fez com que cada unidade judiciária, além de aplicar as medidas determinadas pelo Tribunal de Justiça, organizasse outras formas de economizar e adotassem algumas práticas mais sustentáveis nas atividades diárias.

Na Sexta Vara Cível, por exemplo, passou-se a utilizar copos plásticos não descartáveis e personalizados, com tampa, o que levou a uma economia de mais de 6 (seis) pacotes de copos. Passamos a utilizar a impressão frente e verso para tudo, reaproveitar o papel já usado para as comunicações internas e resgatamos uma impressora que permitia a utilização do papel que sobrava da impressão dos Avisos de Recebimento para os correios (quase dois terços da folha), para a impressão de novos Avisos de Recebimento e outras

impressões mais curtas. A maior parte das Varas adotou o desligamento dos monitores durante o horário do almoço e passou a manter ligados somente os computadores em uso.

As intimações na Sexta Vara Cível, quando se trata de audiência de Conciliação, em que os advogados de ambas as partes tem poderes para transigir, firmar acordos, receber e dar quitação, além de receber intimações, são feitas por publicação no Diário de Justiça, avisando aos advogados sobre a data e o horário para os quais a audiência foi aprazada e informando que o advogado deve cientificar ao cliente para comparecer na data azada, evitando assim a expedição de carta para fins de intimação. Trata-se de economia significativa, visto que são realizadas cerca de 30 (trinta) audiências por mês desse tipo. Trata-se da economia de uma resma de papel por mês, só com as audiências.

O material utilizado para a divulgação do programa teve conteúdo bem didático e fácil de ser assimilado. Faltou-lhe, no entanto, alguma informação mais técnica, que realmente promova uma maior educação ambiental. Faltam informações acerca da economia realizada, bem como do impacto ambiental causado em cada atividade. Da mesma forma, não há informações sobre as técnicas que podem ser utilizadas para diminuir gastos.

Poderiam ser feitos folders e protetores de tela informando qual a quantidade de gases do efeito estufa gerados pelos quilowatts/hora gastos com os computadores ligados, assim como a quantidade desses gases gerada pela produção de uma resma de papel, pois isso, a um só tempo, informaria e conscientizaria todos os envolvidos, gerando uma curiosidade em saber quanto de nossa atividade gera impacto ambiental e contribui para o aquecimento planetário. Poderia ter sido empregado material bem mais barato, aliás, na confecção do material destinado à divulgação do programa.

É imprescindível uma nova reunião com magistrados e servidores, divulgando melhor os resultados e incentivando a novas práticas, caso o programa venha a continuar. É preciso reconhecer que somente a Educação Ambiental, desde a escola, mas também no ambiente de trabalho é capaz de induzir a uma mudança de paradigmas e de forma de viver e executar as atividades, procurando imprimir sustentabilidade. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (Art. 1º da Lei nº 9.795: Brasil, 1999)

A Educação Ambiental para indivíduos adultos, não pode ter a mesma conotação daquela destinada a crianças e jovens é, por vezes, muito mais difícil, na (re)educação dos adultos, afastar antigos costumes, crenças e posturas diante do meio ambiente e recursos naturais. Assim a (re)educação ambiental para adultos deve ser feita na prática, com divulgação perene dos resultados obtidos e dos avanços em relação a cada setor de tarefas, visando a realimentação dos dados que levam às boas práticas e estimulando a sua continuidade.

Nilton Bueno Fischer constata, em seu trabalho, feito a partir da análise de 39 (trinta e nove) dissertações e teses produzidas em universidades brasileiras entre 1988 e 2006, que a educação ambiental para adultos não pode ter a mesma linguagem que para as crianças,

devendo levar em consideração não somente os “saberes acadêmicos”, mas os saberes das

populações, ou seja, levar em consideração as motivações do público alvo.206 Desse modo, para dar continuidade ao programa TJ Mais Sustentável, seria necessário cativar e motivar servidores e magistrados, dando o exemplo de novas práticas e posturas. Isso poderia ocorrer por meio de planejamento participativo, onde fossem ouvidos todos os setores. Além disso pode ser feito um investimento em aquisição de lâmpadas de LED e sensores de presença, para que as luzes não permaneçam acesas onde não há pessoas exercendo suas atividades.

As unidades campeãs de economia nos itens aferíveis individualmente (como resmas de papel, copos, telefonia e correios) poderiam receber tais recursos mais cedo, como forma de premiação. O resultado mais importante do programa, até agora, talvez tenha sido o readequamento das atividades, a demonstração de que é possível realizar a tarefa do Judiciário de forma sustentável. E é preciso que os incentivos nesse sentido continuem e que o próprio TJ+Sustentável seja transformado em programa perene e vincule as administrações seguintes. Após o projeto piloto, já com os dados numéricos resultantes do primeiro semestre de implantação, é possível

Mas isso, como todas as situações expostas neste trabalho, dependem da confecção de um plano de desenvolvimento sustentável para o Tribunal o que, de resto, já é recomendado pelo Conselho Nacional de Justiça, mas não foi ainda implementado. Não há uma norma formal que assegure a continuidade do TJ+Sustentável e a principal sugestão deste capítulo é justamente que a Secretaria de Planejamento Estratégico do Tribunal,

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FISCHER, N.B. Educação não escolar de adultos e educação ambiental: um balanço da produção de conhecimentos. Rev. Bras. Edc., Rio de Janeiro, v.14, n.41, ago. 2009. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/v14n41/v14n41a14.pdf.

juntamente com as demais Secretarias, o confeccione, em prazo de até um ano, informando metas plausíveis para a redução do consumo, além da reorganização de toda a atividade interna do Tribunal, por meio de um plano, que pode ser erigido à condição de norma, por meio de Resolução do Pleno do Tribunal de Justiça.

5.3. Análise da política adotada e sugestões para a continuidade e ampliação do