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5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.2 ANÁLISE ESTATÍSTICAS DESCRITIVA REFERENTE AOS ASPECTOS

5.2.2 Aspecto fitotécnico das árvores

Nas áreas em que as árvores disputam o espaço aéreo com as redes elétricas e de comunicação, verificou-se um maior índice de ataque de doenças e pragas, devido às podas realizadas sem critérios, sem técnicas, com lascamento dos galhos. Isso, como se sabe permite a entrada de patógenos.

Vale ressaltar que os itens “ataque de pragas”, doenças e “espécies sadias” foram avaliados visualmente pelo mesmo observador para evitar discordância nos resultados. Considerou-se doença o estado nutricional da planta: coloração da folha, murchamento, presença de manchas, aspecto do fuste e presença de broca.

A maioria das doenças está associada ao tipo de podas executada. Isso confirma a opinião de autores como Biondi (1985), segundo ela, a facilidade com que as pragas e doenças atacam as plantas é resultante dos ferimentos provocados pela poda sem as técnicas adequadas.

Verificou-se que às espécies sadias, apenas 2,2%, de toda área estudada foram consideradas saudáveis; isso sem levar em consideração as espécies recém-plantadas. O cálculo do percentual só faz sentido para as árvores sadias, já que os outros itens sobrepõem os aspectos e impactos diagnosticados, isto é, uma espécie pode ao mesmo tempo que apresenta mutilações sem recuperação, estar inclinada, com ataque de praga e outros aspectos relativos aos parâmetros estudados, enquanto as espécies sadias não apresentam inconformidade alguma.

Quanto às pragas, foram encontradas cupins, formigas e espécies parasitas, como erva de passarinho, além de espécies brocadas,ocas.

• Cupins

Os cupins ou térmitas constituem a ordem Isoptera, que são insetos sociais e predominantemente tropicais. Portanto, climas quentes e úmidos como os do Brasil lhes são favoráveis. Atualmente, estão descritas 2.861 espécies de cupins, das quais 287 ocorrem no Brasil e pertencem a cinco famílias (CONSTANTINO, 2002 apud AMARAL, 2002).

A fonte de alimentação dos cupins é a matéria orgânica vegetal. As espécies xilófagos atacam a madeira mesmo quando esta se encontra em ótimas condições de sanidade, enquanto que outras espécies somente utilizam o material vegetal quando se encontra com certo grau de deterioração causada por fungos (OLIVEIRA,1986 apud AMARAL, 2002).

Os cupins subterrâneos, por sua vez, apresentam ninhos mais elaborados que se desenvolvem preferencialmente no solo, interno ou externo à edificação, em madeira em contato com o solo, em árvores, revestimento de cabos elétricos. As espécies mais atacadas por esta praga foram os Delonix régia, Senna Siamea e Terminalia catappa.

• Formigas Cortadeiras

A engenheira florestal Denise Dolores Moreira, professora da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), compartilha com o pensamento de outros autores quando afirma que “conhecer mais o inseto, sua biologia, ecologia e comportamento ajuda no sucesso de seu controle. A saúva ainda é a pior praga da agricultura brasileira, visto que seu ataque se dá ao longo do ano e não em surtos, como ocorre com outras pragas” (Brasília - Agência Brasil – Abr, 2003)

A saúva (Atta spp), é originária do continente americano. Alimenta-se basicamente da

seiva que as plantas (flores e folhas) liberam enquanto são cortadas. Pedaços do material vegetal são levados até o formigueiro, onde está um fungo que elas cultivam e com o qual vivem em simbiose. Envoltas neste fungo, são encontradas as larvas que dele se alimentam. As saúvas são considerados insetos sociais, ou seja, não são predadores de outros insetos.

De acordo com Moreira (2003), a saúva ocorre em todo o país, mas segundo a literatura, não é encontrada na ilha de Fernando de Noronha. Existe cerca de 10 espécies e três subespécies no Brasil. São várias as características que as distinguem, explica a bióloga. Uma delas é a estrutura externa dos ninhos, e outra, o material que cortam (algumas espécies cortam só gramíneas), "além das diferenças taxonômicas próprias de cada espécie”. A saúva ataca, principalmente, as culturas de arroz, cana-de-açúcar, capins, milho, algodão, eucalipto, mandioca, goiaba, pinheiro e palmeira.

• Erva de passarinho

Planta daninha do gênero Phoradendron, pertencente a família Rubiáceae, a erva de passarinho é um vegetal parasita que possui inúmeras espécies. Ela é transmitida de uma árvore a outra através do excremento dos passarinhos, que se alimentam da semente da planta e fabricam suco gástrico que favorece a germinação.

De difícil combate, a erva emite raízes especiais, denominadas haustórios, que penetram no caule e nos ramos da planta hospedeira, sugando-lhe a seiva e causando sua degeneração É uma planta superior, que tem preferência por plantas tropicais, lenhosas, sugando sua seiva e podendo causar até a morte da planta se não for retirada. As espécies mais atacadas na área em estudo foram: Mangifera indica, Licania tomentosa e ficus

bejamina.

O combate é feito única e exclusivamente através da poda, que deve ser realizada preferencialmente durante o inverno, pois as folhas das árvores secam e a praga fica mais visível. A erva de folha graúda é mais visível e fácil de ser combatida, dificilmente volta a se manifesta sozinha na árvore após esta ser podada. Já a erva de folha miúda que foi a mais identificada nas espécies citadas, volta a se desenvolver caso seja deixada uma única folhinha. Muitas vezes, seu hospedeiro precisa, além da poda, enfrentar uma raspagem. (LORENZI, 20003).

• Psilídeo

Os psilídeos são insetos da ordem Hemiptera, subordem Homoptera, família

Psyllidae. São insetos diminutos (comprimento entre 1 a 5 mm), semelhantes a pequenas

cigarrinhas e de hábito sugador, tendo grande preferência por brotações e folhas novas. Foram identificados nas espécies Clitoria racemosa (totalmente infectadas), localizadas no município de Ipojuca.

• Brocas

De acordo com o especialista, os besouros atacam árvores e arbustos de florestas novas, construindo buracos nos seus troncos para o depósito de ovos. Nessas “galerias” nascem as larvas que se alimentam de material da própria planta. Essa ação pode levar as árvores atacadas ao tombamento como se verificou neste Delonix regia (Figura 28), cuja raiz

e caule estavam totalmente ocos. O reconhecimento visual foi constatado devido à presença de buracos no tronco, além da serragem causada pela escavação feita na madeira.

Em alguns casos, ocorrem mudanças na coloração das folhas ou a copa inteira da árvore fica seca. No entanto, nas espécies onde foi detectada a presença de brocas, as folhas apresentaram-se viçosas em alguns casos, demonstrando danificação no caule. Outras se apresentaram com deformação proveniente de bactéria que causa a degeneração dos tecidos meristemáticos, como apresenta Terminalia catappa (Figura 29).

Fig. 28 – Broca interna no caule e raiz Fig. 29 – Fuste degenerado pelo cancro bacteriano Recife – PE (FÀTIMA,M./2004) Moreno – PE (FÁTIMA/2004)

Nos municípios diagnosticados, verificou-se um grande de número de espécies mutiladas sem recuperação, corte severa de raízes resultante de poda drástica , principalmente nos corredores de maiores movimentos, ocasionando injúrias aos vegetais, conforme registro gráficos (Figura 30- a,b,c,d,e,f ) do percentual de cada município a seguir:

Município do Recife 3% 20% 10% 3% 19% 3% 19% 10%3% 10%

Mutiladas s/recup. Ataque de praga

Ataque de doença Inclinação s/solução

Corte severa de raízes Descorticada

Sadia poda drástica

poda de rebaixamento Poda de desvio

Município de Olinda 4% 21% 7% 20% 2% 8% 20% 5%3% 10%

Mutiladas s/recup. Ataque de praga

Ataque de doença Inclinação s/solução

Corte severa de raízes Descorticada

Sadia poda drástica

poda de rebaixamento Poda de desvio

Município de Jaboatão 1% 11% 15% 7% 0% 6% 25% 5%7% 23%

Mutiladas s/recup. Ataque de praga

Ataque de doença Inclinação s/solução

Corte severa de raízes Descorticada

Sadia poda drástica

poda de rebaixamento Poda de desvio

Município de Moreno 7% 11% 6% 21% 1% 4% 23% 4% 8% 15%

Mutiladas s/recup. Ataque de praga

Ataque de doença Inclinação s/solução

Corte severa de raízes Descorticada

Sadia poda drástica

poda de rebaixamento Poda de desvio

c) Arborização do M. de Jaboatão dos Guararapes (2004) d) Arborização do M. de Moreno (2004)

Município de Ipojuca 14% 7% 10% 8% 0% 2% 28% 14% 10% 7%

Mutiladas s/recup. Ataque de praga

Ataque de doença Inclinação s/solução

Corte severa de raízes Descorticada

Sadia poda drástica

poda de rebaixamento Poda de desvio

Município do Cabo de Stº.Agostinho

6% 6% 9% 5% 2% 16% 21% 13% 9% 13%

Mutiladas s/recup. Ataque de praga Ataque de doença Inclinação s/solução Corte severa de raízes Descorticada

Sadia poda drástica

poda de rebaixamento Poda de desvio

e) Arborização no Município de Ipojuca(2004) f) Arborização M. do Cabo de Santo Agostinho (2004)