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2. Objetivos

3.8. Aspectos éticos

Este estudo foi realizado com seres humanos, familiares de pacientes internados em UTI de duas instituições uma pública e uma privada no interior de São Paulo.

Obedecendo a Resolução nº 466/2012 do Ministério da Saúde, foi submetido do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UNICAMP, filiado ao Conselho Nacional de Pesquisa com seres humanos (CONEP), com parecer aprovado número 112.112 .

A solicitação de coleta foi feita ao responsável pela Instituição, campo de pesquisa. Previamente foi esclarecido aos sujeitos da pesquisa o objetivo da mesma, sua participação voluntária, a garantia do sigilo de suas respostas e pedido o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (anexo 1).

4. Resultados

Este estudo arrolou 122 familiares dos pacientes internados nas UTIs, pública (57) e privada (65).

As próximas tabelas mostram a caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes e a caracterização sociodemográfica dos familiares dos pacientes internados, sujeitos de nosso estudo.

A tabela 1 apresenta a caracterização sociodemográfica e clínica dos pacientes na instituição pública onde 50,9% (29/57) eram do sexo masculino, a idade variou de 15 a 88 anos com uma média de 51,7(18,9). Na instituição privada, igualmente na pública a maioria era do sexo masculino, 52,3% (34/65), a idade variou de 17 a 90 anos de idade com uma média de 66,0 (17,9). Os pacientes da instituição pública tinham escolaridade média de 7,5 (4,7), com importante variação do grau de instrução, de 0 a 15 anos. A maior parte dos pacientes, 59,6% (34/57) possui um companheiro. Quanto à atividade profissional a grande maioria era inativa 68,4% (39/57) o que explica os resultados em relação à renda pessoal baixa, onde 68,4% (39/57) tinha zero de renda individual. Quanto à renda familiar 51,9% (27/57) tinha de 2 a 5 SM. Na instituição privada a escolaridade foi maior, média de 11,9(3,2), com importante variação do grau de escolaridade também, 4 a 19 anos. A maior parte dos pacientes, 65,6% (42/65) possui um companheiro. Quanto à atividade profissional a grande maioria era inativa 66,2% (43/65), porém com renda pessoal maior, isto é, 41,2%(14/65) tinha renda 2 a 5 SM. Quanto à renda familiar 46,2% (18/65) tinha de 2 a 5 SM de renda também.

A grande maioria dos pacientes de ambas as instituições pública e privada possui apoio espiritual através da religião, isto é, 98,2% (56/57) e 93,8% (61/65) respectivamente.

Em relação ao diagnostico médico, da instituição pública e privada foi grande a variabilidade das respostas, os quatro primeiros diagnósticos maior incidência foram respectivamente, IAM com 14,0% (8/57), politraumatizado com 10,5% (6/57), neoplasia benigna cerebral 7,0% (4/57) e outros diagnósticos 19,3%(11/57). Na instituição privada foram IAM 13,8% (9/65), choque séptico 6,2% (4/65), doença diverticular 6,2% (4/65) e outros diagnósticos 18,5% (12/65).

Ainda dentro do perfil clínico na instituição pública 59,6% (34/57) tinham condições clínicas associadas como IAM, angina, HAS, Diabetes Mellitus, dislipedemia. A proporção de pacientes submetidos a tratamento clínico e cirúrgicos foi, clinico 52,6% (30/57) e

cirúrgico 42,1% (24/57). Na instituição privada este número doenças associadas é mais significativo 85,5% (53/65). A proporção de pacientes submetidos a tratamento clínico e cirúrgicos foi respectivamente 47,7% (31/65) e 38,5% (25/65), houve também os paciente que se submeteram a ambos os tratamentos 13,8% (9/65).

Quanto ao uso de medicamentos, 100% dos pacientes das instituições pública e privada faziam uso. O uso de psicofarmaco foi semelhante nas duas instituições 54,4% (31/57), e 50,8% (33/65) respectivamente.

O último item da caracterização do paciente foi o tempo de permanência que houve uma grande variação, de 1 a 180 dias com média de permanência 10,2 (23,9) na pública e de 1 a 400 dias com média de permanência 24,4 (77,0) na privada.

Os dados relevantes na tabela 1 foram que os pacientes do hospital privado tiveram idade, escolaridade e renda pessoal e familiar maior (p-0,0001) Mann-Wihitney, e maior incidência das doenças associadas (p-0,007) Qui Quadrado.

Tabela 2. Características sociodemográficas e clínicas de pacientes internados em Unidade de

Terapia Intensiva de hospital público (n=57) e privado (n=65) do município de Campinas, 2015. Características Hospital público (%) n Média (±DP*) Hospital privado (%) n Média (±DP*) P Idade (em anos) 51,7 (±18,9) 66,0 (±17,9) <.0001¹ Sexo

Masculino 50,9(29/57) 52,3(34/65) 0.87¹

Feminino 49,1(28/57) 47,7(31/65)

Escolaridade (em anos) 7,5 (±4,7) 11,9 (±3,2) <.0001¹

Situação Conjugal (com

companheiro) 59,6(34/57) 65,6(42/65) Renda pessoal (SM*) Até um SM 25,5(13/57) De 1-2 SM 19,6(10/57) De 2-5 SM 41,2(14/65) <.0001¹ Zero 47,1(24/57) 23,5(8/65) <.00013 Renda Familiar Até um SM 9,6 (5/57) De 1-2 SM 32,7(17/57) De 2-5 SM 51,9(27/57) 46,2(18/65) De 5-10 SM 28,2(11/65) Acima de 10 SM 23,1(9/65)

Vínculo empregatício (inativo) 68,4 (39/57) 66,2(43/65) 0.792

Crença religiosa (sim) 98,2 (56/57) 93,8(61/65)

Condições clínicas associadas 59,6(34/57) 81,5(53/65) 0.00772 Tipo de tratamento

Cirúrgico 42,1(24/57) 38,5(25/65)

Clínico 52,6(30/57) 47,7(31/65) 0.282

Clínico e cirúrgico 5,3(3/57) 13,8(9/65)

Uso de psicofármacos 54,4(31/57) 50,8(32/65 0,692 Tempo de permanência UTI (dias) 10,2 (±23,9) 24,4 (±77,0) 0,78¹

A tabela 2 mostra a caracterização do ambiente, nas duas instituições pública e privada. Quanto ao tipo de internação a individual ou quarto privativo foi a maioria na instituição privada com 98,5% (64/65) enquanto que na pública foi 60,7% (34/57). Quanto a presença de janela na instituição pública 51,8% (29/57) possui e apenas 31,3% (20/65) na privada, com (p-0.0012) teste Qui Quadrado.

Quanto à presença de relógio somente 28,6% (16/57) na instituição pública possui. Em relação a ter cores fortes na parede somente 5,4% (3/57) na instituição pública

possui. Em relação a banheiro privativo 1,8%(1/57) na instituição pública possui.

Tabela 3. Característica do ambiente das UTIs de dois hospitais público (n=57) e privado (n=65) do município de Campinas, 2015

Hospital público Hospital privado Total p*

n (%) n (%) n (%)

Tipode unidade de internação

Individual 34 60,7 64 98,5 98 81,0 Coletiva Ambos 20 35,7 1 1,5 21 17,4 2 3,6 0 0,0 2 1,7 Presença de janela 29 51,8 20 31,3 49 40,8 0,001² Presença de relógio 16 28,6 0,0 0,0 16 13,2 <0001²

Cores fortes na parede

Banheiro privativo 3 5,4, 0 0 3 2,5 0.096³

1 1,8 2 3,1 3 2,1 1.00³

____________________________________________________________________

Tabela 4. Características sociodemográficas dos familiares de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva de hospital público (n=57) e privado (n=65) do município de Campinas, 2015. Características Hospital privado (%) n Média (±DP*) Hospital público (%) n Média (±DP*) P Idade (em anos) 42,3(±11,9) 47,3(±11,5) 0.031¹

Sexo

Masculino 28,1(16/57) 29,2(19/65) 0.89¹

Feminino 71,9(41/57) 70,8(46/65)

Escolaridade (em anos) 9,7(±4,6) 13,8(±3,0) <.0001¹ Situação Conjugal (com companheiro) 66,6 38/57) 76,9(50/65) Renda pessoal (SM*) De 1-2 SM 24,5(12/57) 36,4(16/65) Até um SM 22,4(11/57) 20,5(9/65) <.00012 De 2-5 SM 20,4(10/57) 20,5(9/65) Renda Familiar De 1-2 SM 52,1 25/57) 41,9(18/65) <.00012 De 2-5 SM 31,3(15/57) 32,6(14/65)

Vínculo empregatício (ativo) 57,9(33/57) 73,8(48/65) 0,632 Crença religiosa (sim) 96,5 55/57) 93,8(61/65) 0,683 Parentesco Filho 3,8(22/57) 46,2(30/65) Outros 31,6(18/57) 32,3(21/65) Cônjuge 19,3(11/57) 13,8(9/65) 0,523

Mora com o paciente 63,2(36/57) 33,8(22/65) 0,00122

A tabela 3 nos mostra a caracterização sociodemográfica dos familiares dos pacientes internados na instituição pública e privada.

O perfil destes familiares será descrito agora. Os resultados obtidos através desta amostra foi bastante semelhante na instituição pública e privada em relação ao gênero, idade e situação conjugal. Na instituição pública a amostra foi composta de maioria do sexo feminino 71,9% (41/57), a média de idade foi 42,3 (11,9) com variação de 18-63 anos. A maioria da amostra possui companheiro 66,6%(38/57). Na instituição privada também houve predominância do feminino 70,8% (46/65), a média de idade foi 47,3 (11,5) com variação de 24-72 anos. Também a maioria possui companheiro 76,9% (50/65).

A escolaridade foi maior na instituição privada, assim como o vínculo empregatício, porém a faixa salarial bastante semelhante. Na instituição pública a média da escolaridade foi 9,7 (4,6) com variação de 0-23 anos de estudos, onde 57,9%(33/57) trabalham, isto é possui vínculo empregatício. Em relação à renda destes familiares 24,5%(12/57) possui renda pessoal de 1-2 SM e a renda familiar 52,1% (25/57) tinha renda de 1-2 SM também. A média da escolaridade na instituição privada foi 13,8 (3,0) com variação de 04-21 anos de estudos, onde 73,8%(48/65) trabalham, isto é possui vínculo empregatício. Em relação à renda destes familiares 36,4%(16/65) possui renda pessoal até um SM e a renda familiar 41,9 %(18/65) tinha renda de 1-2 SM.

Na instituição pública em relação à crença religiosa a grande maioria possui 96,5% (55/57). Quanto ao grau parentesco 31,6%(18/57) tinham outros parentesco como sobrinha, nora, e 19,3%(11/57) eram cônjuges. A grande maioria dos familiares moram com o paciente, 63,2%(36/57). Em relação à crença religiosa na instituição privada a grande maioria possui 93,8% (53/57). Quanto ao parentesco 46,2%(30/65) eram filho, 32,3%(21/65) tinham outro parentesco como sobrinha, nora. A grande maioria dos familiares não moram com o paciente, apenas 33,8%(22/65).

Os resultados obtidos sobre o perfil dos familiares (tabela 4) são bastante semelhantes na instituição pública e privada em relação ao gênero e situação conjugal. Os familiares dos pacientes do hospital privado tiveram idade maior (p-0,031) e escolaridade, renda pessoal e familiar (p-0,0001), em comparação do hospital público. O ranking dos estressores de cada item da escala e o escore total obtido nas duas instituições pública e privada foram apresentados na tabela 4a e 4b.

Tabela 5a. Ranking dos 50 itens do Escala de Avaliação de Estressores em UTI (EAEUTI), média e DP, mediana e o escore total obtidos junto aos familiares de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva do hospital e privado (n=65) do município de Campinas, 2015. Itens do EAEUTI Hospital privado Média DP Médiana Varia ção P Sentir dor 3,6 0,9 4,0 0-4 0.0022

Não conseguir se comunicar 3,5 1,1 4,0 0-4 <.0001 Estar preso por tubos e drenos 3,4 0,9 4,0 0-4 0.0461 Não receber explicações sobre o seu tratamento 3,4 0,9 4,0 0-4 0.0002 Ver a família e os amigos apenas alguns minutos por dia 3,4 1,0 4,0 0-4 0.0009 Não mexer as mãos ou braços devido ao soro ou medicação na veia 3,4 0,8 4,0 0-4 <.0001

Sentir medo de morrer 3,4 1,2 4,0 0-4 0.0002

Desconhecer o tempo de permanência na UTI 3,4 1,0 4,0 0-4 <.0001 Sentir falta do marido, esposa ou companheiro (a) 3,3 1,2 4,0 0-4 0.046

Não conseguir dormir 3,3 1,1 4,0 0-4 <.0001

Estar incapacitado para exercer seu papel na família 3,3 1,1 4,0 0-4 0.0006 Ficar com tubos e sondas no nariz e/ou na boca 3,2 1,1 4,0 0-4 0.0039

Ser furado por agulhas 3,2 1,1 4,0 0-4 0.0005

Não ter controle sobre si mesmo 3,2 1,1 4,0 0-4 0.0006

Ter sede 3,1 1,2 4,0 0-4 0.0004

Escutar o alarme do seu monitor disparar 3,1 1,1 4,0 0-4 0.0023 Ouvir pessoas falando sobre você 3,1 1,2 4,0 0-4 <.0001 Ter luzes acesas constantemente 3,0 1,1 3,0 0-4 0.0008 Estar num quarto muito quente ou muito frio 3,0 1,1 3,0 0-4 <.0001 Ter uma cama e/ou travesseiros desconfortáveis 2,9 1,2 3,0 0-4 0.0027 Escutar o gemido de outros pacientes 2,9 1,3 3,0 0-4 <.0001 Não ter noção de onde você está 2,9 1,1 3,0 0-4 0.0004 Escutar a equipe de enfermagem falar termos que eu não entendo 2,9 1,1 3,0 0-4 0.0021

Estar aborrecido 2,9 1,2 3,0 0-4 0.0013

Sentir que a enfermagem está muito apressada 2,8 1,2 3,0 0-4 0.0003 Escutar o barulho e alarme dos aparelhos 2,8 1,2 3,0 0-4 0.037 Ter que ficar olhando para os detalhes do teto 2,8 1,3 3,0 0-4 <.0001 Ter preocupações financeiras 2,8 1,3 3,0 0-4 0.0068 Enfermagem e médicos falando muito alto 2,7 1,2 3,0 0-4 0.25 Não saber que horas são 2,7 1,3 3,0 0-4 <.0001

Não saber quando vão ser feitos procedimento em você 2,7 1,1 3,0 0-4 0.14 Escutar sons e ruídos desconhecidos 2,7 1,2 3,0 0-4 0.0030

Não saber que dia é hoje 2,7 1,2 3,0 0-4 0.0026

Não ter privacidade 2,7 1,2 3,0 0-4 0.0047

Ter que usar oxigênio 2,6 1,2 3,0 0-4 0.015

Ver bolsas de soro penduradas na sua cabeça 2,6 1,2 3,0 0-4 0.0010 Sentir-se pressionado a concordar com o tratamento 2,6 1,3 3,0 0-4 <.0001 Sentir que a enfermagem está mais atenta aos aparelhos do que a você 2,5 1,2 3,0 0-4 <.0001 Ter homens e mulheres no mesmo quarto 2,5 1,5 3,0 0-4 <.0001 Ser acordado pela enfermagem 2,5 1,1 3,0 0-4 0.0004 Sentir cheiros estranhos ao seu redor 2,5 1,2 3,0 0-4 0.037 Receber cuidado de médicos que não conheço 2,5 1,2 3,0 0-4 0.0007 Ter máquinas estranhas ao seu redor 2,4 1,1 2,0 0-4 0.0050 Ter a enfermagem constantemente fazendo tarefas ao redor do seu leito 2,4 1 2,0 0-4 0.0017 Observar tratamento que está sendo dado a outros pacientes 2,4 1,3 3,0 0-4 0.0011

Ter medo de pegar AIDS 2,4 1,4 2,0 0-4 0.049

Membro da equipe de enfermagem não se apresentar pelo nome 2,1 1,2 2,0 0-4 0.021

Escutar o telefone tocar 2,1 1,2 2,0 0-4 0.26

Ter que medir a pressão várias vezes ao dia 2,0 1,1 2,0 0-4 0.0002 Ser frequentemente examinado pela equipe medica e de

enfermagem 2,0 1,0 2,0 0-4 0.0042

142,4 31,5 0-200 0.0001

Em relação aos fatores de estresse todos foram mais pontuados no hospital privado, exceto: enfermeiros e médicos falam alto, não saber quando serão feitos procedimentos em você e ouvir telefone tocar, tiveram a mesma pontuação.

Para os 65 familiares estudados na instituição privada, sentir dor, não conseguir se comunicar, estar preso por tubos e drenos, não receber explicações sobre o seu tratamento foram os quatro maiores estressores.

Na instituição privada, o escore total médio foi 142,4 ( 31,5). Na instituição pública, o escore total médio foi 101,8 (39,2).

Para os 57 familiares estudados na instituição pública, sentir dor, estar preso por tubos e drenos, sentir falta do marido, esposa ou companheiro (a), não receber explicações sobre o seu tratamento, foram os quatro maiores estressores.

Destaca-se que o intervalo possível para a escala é de 0 a 200, sendo que maior a pontuação, maior o estresse percebido na UTI.

Tabela 4b. Ranking dos 50 itens do Escala de Avaliação de Estressores em UTI (EAEUTI), média, DP, mediana e o escore obtidos junto aos familiares de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva do hospital público (n=57) do município de Campinas, 2015.

Hospital Mediana público Média DP Variação P Itens do EAEUTI Sentir dor 3 1,2 3,5 0-4 0.0022

Estar preso por tubos e drenos 2,8 1,4 3 0-4 0.046

Sentir falta do marido, esposa ou companheiro (a) 2,8 1,5 3,5 0-4 0.046 Não receber explicações sobre seu tratamento 2,6 1,4 3 0-4

0.0002 Ficar com tubos e sondas no nariz e/ou na boca 2,5 1,5 3 0-4

0.0039 Ver a família e os amigos apenas alguns minutos por dia 2,5 1,5 3 0-4

0.0009

Não conseguir se comunicar 2,5 1,5 3 0-4

<.0001 Estar incapacitado para exercer seu papel na família 2,5 1,4 3 0-4

0.0006 Escutar o barulho e alarme dos aparelhos 2,4 1,3 2 0-4

0.037 Enfermagem e médicos falando muito alto 2,4 1,4 3 0-4

0.25 Escutar o alarme do seu monitor disparar 2,4 1,4 3 0-4

0.0023 Não saber quando vão ser feitos procedimentos em vc 2,4 1,4 3 0-4

0.14

Ser furado por agulha 2,4 1,3 2,5 0-4

0.005 Não ter controle sobre si mesmo 2,4 1,4 3 0-4 0.0006

0.0005¹ Desconhecer o tempo de permanência na UTI 2,4 1,4 3 0-4

<.0001 <.0001

Não conseguir dormir 2,2 1,6 3 0-4

0.0008

2,2 1,3 2 0-4

Ter luzes acesas constantemente 2,2 1,3 2 0-4 0.0013 0.002

Estar aborrecido 2,2 1,7 2 0-4

0.0004

Sentir medo de morrer 2,1 1,5 2 0-4

0.0027 Ter sede

0.015 Ter uma cama e/ou travesseiros desconfortáveis 2,1 1,5 2 0-4

0.037

Ter que usar oxigênio 2,1 1,2 2 0-4

0.0021 Sentir cheiros estranhos ao seu redor 2 1,3 2 0-4

<.0001 Escutar a equipe de enfermagem falar termos que eu não

entendo

2 1,6 2 0-4

0.0068

Ouvir pessoas falando sobre você 2 1,5 2 0-4

0.0003

Ter preocupações financeiras 2 1,5 2 0-4

0.26 Sentir que a enfermagem está muito apressada 1,9 1,4 2 0-4

0.0010

Escutar o telefone tocar 1,9 1,3 2 0-4

0.0004 Ver bolsas de soro penduradas sobre sua cabeça 1,9 1,2 2 0-4

0.0030 Não ter a noção de onde você está 1,9 1,6 2 0-4

<.0001 Escutar sons e ruídos desconhecidos 1,9 1,4 2 0-4

0.0026 Estar em um quarto muito quente ou muito frio 1,9 1,4 2 0-4

Não saber que dia é hoje 1,9 1,5 1,5 0-4

0.0050

Não ter privacidade 1,9 1,5 2 0-4

0.0017 Ter máquinas estranhas ao seu redor 1,8 1,1 1 0-4

0.049 Ter a enfermagem constantemente fazendo tarefas ao redor

do seu leito

1,8 1,2 1 0-4

<.0001

Ter medo de pegar AIDS 1,8 1,6 1 0-4

0.0004

Não saber que horas são 1,7 1,4 1 0-4

<.0001

Ser acordado pela enfermagem 1,7 1,2 1 0-4

0.0007 Ter que ficar olhando para os detalhes do teto 1,7 1,4 1 0-4

0.021 Receber cuidados de médicos que não conheço 1,7 1,2 2 0-4

0.0042 Membro da equipe de enfermagem não se apresentar pelo

nome

1,6 1,2 1 0-4

<.0001 Ser frequentemente examinado pela equipe médica e de

enfermagem

1,5 0,09 1 0-4

0.0011 Sentir que a enfermagem está mais atenta aos aparelhos do

que a você

1,5 1,2 1 0-4

<.0001 Observar tratamentos que estão sendo dados a outros

pacientes

1,5 1,5 1 0-4

0.0002 Sentir-se pressionado a concordar com o tratamento 1,5 1,5 1 0-4

<.0001 Ter que medir a pressão arterial várias vezes ao dia 1,2 1,1 1 0-4

<.0001 Escutar o gemido de outros pacientes 1,1 1,4 0 0-4

<.0001 Ter homens e mulheres no mesmo quarto 1 1,4 0 0-4

0.26¹ Não conseguir mexer as mãos ou braços devido ao soro ou

medicação na veia

1 1,4 0 0-4

0.26¹

101,8 39,2 0-200 0.0001

Para avaliação da confiabilidade da medida foi empregado o teste de consistência interna, alfa de Cronbach.

Em relação à consistência interna foi constatado o alfa de Cronbach de 0,95 na instituição privada (n=65) e o,96 na pública (n=57).

5. Discussão

A caracterização sociodemográfica dos pacientes internados evidencia homogeneidade na distribuição de homens e mulheres. O nível de escolaridade foi maior na instituição privada, isto reflete os sujeitos oriundos da instituição privada caracterizada pelo atendimento a usuários de nível socioeconômico e cultural mais elevado(47). Tais

achados coincidem com os de estudos internacionais e nacionais que verificaram estressores em instituição filantrópica no Brasil(35,38,40). Em outro estudo realizado em

instituição pública também no Brasil, foi encontrada média de escolaridade menor e grande número de pacientes inativos, refletindo as características dos pacientes usuários do sistema público de saúde (41).

Os pacientes, embora inativos, apresentaram renda individual e familiar maior na instituição privada, isto reflete a característica dos pacientes com melhor nível sócio econômico(48). Os dados referentes à situação conjugal também são coincidentes com

relatos pregressos. A maioria dos pacientes eram casados, o que era esperado dada faixa etária do grupo estudado(41,47).

Em relação ao diagnóstico médico, tanto na instituição pública quanto a privada, é grande a variabilidade das respostas, sendo assim, o item de maior incidência na instituição pública IAM com 14,0%, politraumatizado com 10,5%, neoplasia benigna cerebral 7,0% e outros diagnósticos com 19,3% e 18,5% respectivamente. Na instituição privada, o IAM foi de 13,8%, choque séptico 6,2% e doença diverticular 6,2%.

No meu estudo em 2007, também verificou que, em relação ao diagnóstico de internação, houve predominância de doenças do sistema cardiocirculatório, como a síndrome coronariana, porém em uma maior proporção 68,9%(13). Este dado revela a

relevância das síndromes coronarianas, com diagnostico de entrada, dados encontrados também em um estudo de 2015, onde 34% dos pacientes internados demonstraram este diagnóstico(42). Outros estudos apresentaram os mesmos resultados(13, 34, 41, 42, 47, 48). De

fato, as síndromes coronarianas estão presentes nas UTIs geral e coronarianas e em 2007 o meu estudo que realizou a adaptção cultural para língua portuguesa do Brasil foi realizado em uma unidade coronariana dai a justificativa do dados encontrados.

Ainda dentro do perfil clínico o estudo evidenciou que na instituição pública, 59,6% possuía condições clínicas associadas como IAM, angina, HAS, Diabetes Mellitus, dislipidemia. A proporção de pacientes submetidos a tratamento clínico e cirúrgico foi de 52,6% para clínico e 42,1% para cirúrgico. Na instituição privada, este número doenças associadas foi estatisticamente mais significativo 85,5%, acredita-se que como estes pacientes das instituições privadas possuem plano de saúde é provável que ocorra uma maior investigação em relação às doenças. A proporção de pacientes submetidos a tratamento clínico e cirúrgico foi respectivamente na instituição privada foi 47,7% e 38,5%, houve também os pacientes que se submeteram a ambos os tratamentos, apenas 13,8%. No meu estudo em 2007, os pacientes tinham 2,2 de média de condições clínicas associadas.houve predomínio de tratamento cirúrgico, 64,1%, devido ao fato de serem oriundos da unidade coronariana estes pacientes foram submetidos a Revascularização do Miocárdio.

A média de permanência na instituição privada foi o dobro da pública: 24,4 dias e 10,2 dias respectivamente. Este dado nos faz pensar na possibilidade da instituição privada realizar maior investigação sobre as doenças. Se compararmos a outros estudos: a média de internação em UTI encontrada no meu estudo em 2007 foi coincidente com outras médias relatadas em estudos nacionais e internacionais destinados a avaliação de estressores em UTI(38, 39, 40, 41, 47). No estudo internacional (2004), a média de internação

em UTI foi de 2,8 dias; em estudo italiano que comparou estressores entre pacientes submetidos a transplante de fígado e grandes cirurgias abdominais, o tempo médio de internação foi de 3,5 dias entre os pacientes transplantados e de 3,3 entre os submetidos a outras cirurgias abdominais. Nos estudos brasileiros, o tempo médio de internação em UTI oscilou entre 2,3 e 2,7 dias(38, 39, 40, 41, 47).

Poucos estudos fizeram uma ampla caracterização do perfil dos sujeitos e verificou as intervenções em que os pacientes são submetidos nas UTIs e isto foi realizado por mim em 2007 e agora(13).

O perfil dos familiares mostrou resultados bastante semelhantes na instituição pública e privada, em relação ao gênero, idade e situação conjugal. Na instituição pública, a amostra foi composta de maioria do sexo feminino 71,9%, sendo a média de idade de 42,3, com variação de 18-63 anos. A maioria da amostra possui companheiro 66,6%. Na instituição privada também houve predominância do feminino 70,8%, a média de idade foi 47,3 com variação de 24-72 anos. Também a maioria possui companheiro 76,9 %.

O gênero feminino encontrado ao lado do paciente confirma que as mulheres têm maior perfil para o cuidado e também maior disponibilidade de tempo em relação aos homens.

A escolaridade foi maior na instituição privada, assim como o vínculo empregatício, porém a faixa salarial bastante semelhante. Na instituição pública, a média da escolaridade foi 9,7 com variação de 0-23 anos de estudos, onde 57,9% trabalham, isto é, possui vínculo empregatício. Em relação à renda destes familiares, 24,5% possui renda pessoal de 1-2 SM e a renda familiar 52,1% de 1-2 SM também. A média da escolaridade na instituição privada foi 13,8 com variação de 4-21 anos de estudos, onde 73,8% trabalham, isto é, possui vínculo empregatício. Em relação à renda destes familiares 36,4% possui renda pessoal até um SM e a renda familiar 41,9 % tinha renda de 1-2 SM. Como esperado, a escolaridade da instituição privada foi maior, isto provavelmente impactou na maior porcentagem de pessoas com vinculo de trabalho, mas não teve alteração em relação à faixa salarial.

Quanto ao grau parentesco, 31,6% tinham outros parentescos como sobrinha, nora e 19,3% eram cônjuges. A grande maioria dos familiares mora com o paciente, 63,2%.

Percebemos que os pacientes da instituição pública têm maior variabilidade em relação ao acompanhamento dos membros da família e, devido ao nível socioeconômico menor, moram juntos na mesma casa.

Quanto ao parentesco, 46,2% era de filho, 32,3% tinham outro parentesco como sobrinha, nora. A grande maioria dos familiares não mora com o paciente, apenas 33,8%. Percebemos que os pacientes da instituição privada, quase 50% são acompanhados pelos filhos e, devido nível socioeconômico maior, não moram juntos na mesma casa.

Na instituição pública, o escore total médio é de 101,8 (39,2) e na instituição privada 142,4 ( 31,5). Destaca-se que o intervalo possível para a escala é de 0 a 200, sendo que maior a pontuação, maior o estresse percebido na UTI.

Para os 57 familiares estudados na instituição pública, sentir dor, estar preso por tubos e drenos, sentir falta do marido, esposa ou companheiro (a), não receber explicações sobre o seu tratamento, foram os quatro maiores estressores.

Para os 65 familiares estudados na instituição privada, sentir dor, não conseguir se comunicar, estar preso por tubos e drenos, não receber explicações sobre o seu tratamento, foram os quatro maiores estressores.

Dor, comunicação, imobilização, esclarecimento sobre o tratamento e falta do companheiro foram para os familiares da instituição pública e privada os maiores estressores percebidos. A média de cada item da escala e o escore total foi maior na instituição privada. Possivelmente, familiares com maior nível sócio econômico têm maior dificuldade em lidar com a internação de parentes.

Em 2007 na minha dissertação de mestrado foi realizado um teste psicrométrico, analise fatorial exploratória, para verificar a validade de constructo do instrumento, isto é, verifica se o instrumento mede o que se propõe a medir. A Análise dos Fatores que confirmou a validade de constructo do instrumento, gerando cinco fatores que explicaram 48,9% da variância das respostas (13).

No Fator 1 denominado - Estressores relacionados à dimensão biológica - foram agrupados doze itens que representam estressores do ambiente da UTI que afetam componentes físicos, principalmente os sentidos, como o da audição ( “Escutar o barulho e os alarmes dos aparelhos”, “Escutar sons e ruídos desconhecidos”, “Escutar os gemidos de outros pacientes”, “Escutar o telefone tocar”, “Enfermagem e médicos

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