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O PROHEMO foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Professor Edgar Santos. Na unidade de diálise foi feito um censo com os dados de identificação de todos os pacientes e cada paciente recebe um número de registro. O termo de consentimento foi fornecido ao paciente contendo o objetivo da pesquisa e informação que os dados de identificação serão mantidos em sigilo e resguardados para fins de publicação em revista científica. A partir do número de registro é que foi feita a ligação dos dados contidos nos diferentes bancos de dados do PROHEMO.

IX. RESULTADOS

A amostra do presente estudo demonstrada na tabela 2 representa um maior número de participantes mulatos, do sexo masculino, com média de idade de 48,7±13,9 anos. Dentro do grupo que apresenta diagnóstico de uma das comorbidades estudadas (diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, doença coronariana e doença vascular cerebral) a maioria não tinha acesso por cateter, o nível de escolaridade era superior ou igual ao segundo grau, não era casado e pertencia entre classe média baixa e classe média alta.

Em relação à avaliação laboratorial, pacientes com diagnóstico de uma das comorbidades analisadas apresentavam maior média de índice de massa corpórea, menor mediana dos meses em diálise, como também menor média de creatinina. Já as médias de hemoglobina, albumina e cálcio não apresentaram diferenças entre os grupos das comorbidades analisadas.

A tabela 3, de uma forma geral, mostra que em todos os componentes das escalas referente a qualidade de vida e percepção da doença (sintoma problema, efeito da doença renal, carga da doença renal) e sintomas depressivos, nos pacientes que não apresentaram diagnóstico de uma das comorbidades estudadas, as médias de escores foram melhores do que os pacientes que apresentaram diagnóstico de uma das comorbidades. Com ênfase na diferença das médias de escores de sintomas problemas, pois apresentou as maiores diferenças, ao contrário do MCS (sumário do componente mental), que teve médias minimamente parecidas.

Tabela 2. Características dos pacientes no grupo total de acordo com o diagnóstico de comorbidade Diagnóstico de DM ou ICard ou DCor ou DCerV Características N Total N=578 Presente N=187 Ausente N=391 Valor de P Idade, média ± DP 578 48,7±13,9 55,1±11,9 45,6±13,7 <0,001 Homens, % (N) 578 60,4 (349) 63,6(119) 58,8(230) 0,268 Raça, % (N) 578 0,005 Branca 11,6 (67) 17,1 (32) 9,0 (35) Mulata 60,6 (350) 61,0 (114) 60,4 (236) Negra 27,9(161) 21,9 (41) 30,7 (120)

Acesso por cateter, % (N) 577 16,6 (96) 27,3 (51) 11,5 (45) <0,001 Nível Educacional <2o

grau % (N)

576 33,3 (192) 35,3 (66) 32,4 (126) 0,489 Casado, % (N) 578 57,1 (330) 49,7 (93) 60,6 (237) 0,013 Pobre ou Muito Pobre, %

(N) 566 46,5 (263) 42,9 (79) 48,2 (184) 0,242 Hemoglobina, média±DP 572 10,3±1,8 10,1±1,8 10,4±1,7 0,648 Cálcio, média±DP 576 8,8±0,8 8,8±0,8 8,8±0,8 0,697 Fósforo, média±DP 576 5,3±1,4 5,2±1,3 5,2±1,4 0,673 PTH, mediana (IIQ) 552 310,9 (467,6) 254,2 (479,0) 324,1(462,8) 0,047 Albumina, média±DP 569 3,6±0,4 3,5±0,3 3,6±0,4 0,324 Creatinina, média±DP 573 10,4±3,4 9,3±3,2 11,0±3,4 0,577 IMC, média±DP 469 23,0±3,8 23,7±4,3 22,7±3,6 0,045 Kt/V, média±DP 553 1,5±0,39 1,5±0,46 1,5±0,35 0,014 Meses em diálise, mediana (IIQ) 552 45,3(69,52) 38,4(63,4) 48,9(72,13) <0,001 Teste Mann Whitney U foi usado para comparar PTH e meses em diálise. N = Número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável DM=Diabetes mellitus, I.Card =insuficiência cardíaca, D. Cor=doença coronariana, D.CerV=doença cerebrovascular IMC= Índice de Massa Corporal IIQ = Largura do Intervalo Interquartil (quartil 75 – quartil 25)

Tabela 3: Distribuição da amostra de acordo componentes das escalas de qualidade de vida e diagnóstico ou não das comorbidades.

Diagnóstico de DM ou ICard ou DCor ou DCerV N Presente N=187 Ausente N=391 Diferença de médias (Sim e Não) Valor de P PCS (média±DP) 578 38,6±10,4 43,0±10,5 -4,40 0,773 MCS (média±DP) 578 47,0±13,0 48,6±11,3 -1,6 0,020 Sintoma Problema (Média±DP) 578 77,1±18,1 82,0±15,1 -4,9 P<0,001

Efeito da doença renal (média±DP)

578 60,1±24,7 64,23±22,8 -4,13 0,053

Carga da doença renal (média±DP)

578 42,1±31,4 48,7±30,9 -6,6 0,281

Sintomas Depressivos (Média ±DP)

578 13,89±9,83 12,098,76 1,79 0,021 PCS: sumário do componente físico do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde;

MCS: sumário do Componente Mental do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde N: númerode pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável

De acordo com os dados expostos na tabela 4, dentre os pacientes que apresentaram diabetes mellitus, a insuficiência cardíaca se destaca como a comorbidade mais prevalente contrapondo-se a doença cerebrovascular, que se destaca como menos prevalente. Além disso, em todos grupos das comorbidades estudadas, as proporções de pacientes que além de possuir uma das comorbidades não-diabéticas, apresentaram diabetes mellitus foi maior do que as proporções dos que não tinham a doença.

Tabela 4. Comorbidade não diabética em diabéticos e não diabéticos. Diabetes Mellitus

Comorbidade Não Diabética N

Total N=578 Presente N=113 Ausente N=465 Valor de P Insuficiência Cardíaca, % (N) 578 10,2 (59) 15,9 (18) 8,8(41) 0,025 Doença Coronariana, % (N) 578 8,0 (46) 16,8 (19) 5,8 (27) <0,001 Doença Cerebrovascular, % (N) 578 3,6 (21) 4,4 (5) 3,4 (16) 0,580* Cardíaca ou Cerebral, % (N) 578 18,9 (109) 31,0 (35) 15,9 (74) <0,001

* Teste exato de Fisher

N= Número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável

Tabela 5: Distribuição da amostra quanto Diabetes mellitus e escores de qualidade de vida

relacionada a saúde (QVRS) e Sintomas Depressivos.

Diabetes Mellitus N Sim:113 (19,6%) Não:465 (79,4%) Diferença de média e IC de 95% PCS (média ± DP) 578 38,05 ± 10,17 42,46 ± 10,62 -4,40 (-6,58; -2,24) MCS (média ± DP) 578 46,91 ± 13,47 48,41 ± 11,56 -1,49 (-3,96; 0,97) Sintomas Depressivos (Média ± DP) 578 14,35 ± 10,46 12,27 ± 8,76 2,08 (0,19; 3,96) Sintomas Problema (média ± DP) 578 75,47 ± 18,56 81,65 ± 15,51 -6,17 (-9,50; -2,84) Efeito da Doença (média ± DP) 578 58,60 ± 23,94 63,96 ± 23,34 -5,36(-10,19; -0,53) Carga da Doença (média ± DP) 578 42,75 ± 33,94 47,50 ± 30,54 -4,74 (-11,18; 1,68) IC: Intervalo de Confiança; PCS: sumário do componente físico; MCS: sumário do Componente Mental a saúde DP: Desvio Padrão; N= número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável

Como representado na tabela 5, entre os pacientes da amostra, cerca de 19,6% tem diabetes mellitus e entre estes a média dos escores do questionário referente a qualidade de vida relacionada a saúde tanto no PCS (sumário do componente físico) quanto MCS (sumário do componente mental) foram menores quando comparado com as médias dos

mesmos scores dos pacientes que não tinham está comorbidade, apresentando diferenças de pontuação 4,40 pontos e 1,49 pontos respectivamente. E nas escalas sobre sintomas problemas, efeito da doença renal, carga da doença os pacientes que não tinham diabetes mellitus apresentaram melhores escores nestes componentes do que os pacientes que tinham diabetes mellitus, com diferenças de escores de 6,17 , 5,36 e 4,74 pontos, respectivamente.

Quanto ao questionário BDI, os pacientes com diabetes mellitus apresentaram escores de sintomas depressivos que correspondiam a sintomas depressivos leves, enquanto os pacientes que não tinham diabetes não apresentaram escores correspondentes a sintomas depressivos.

Tabela 6: Distribuição da amostra quanto a insuficiência cardíaca associada a escores de

qualidade de vida relacionada a saúde (QVRS) e sintomas depressivos.

Insuficiência Cardíaca N Sim: 59 (10%) Não: 519 (90%) Diferença de média e IC de 95% PCS (média ± DP) 578 38,29±11,62 41,97±10,50 -3,68(-6,55; -0,82) MCS (média ± DP) 578 46,77±12,11 48,27±11,93 -1,50 (-4,72; 1,73) Sintomas Depressivos (média ± DP) 578 13,8±9,57 12,55±9,10 1,32 (-1,15; 3,79) Sintomas Problema (média ± DP) 578 76,69±18,64 80,87±16,00 -4,47(-8,57; 0,21) Efeito da Doença (média ± DP) 578 58,89±26,87 63,37±23,11 -4,47(-10,82; 1,87) Carga da Doença (média ± DP) 578 39,30±31,44 47,39±31,17 -8,09(-16,51; 0,32)

IC: Intervalo de Confiança; PCS: sumário do componente físico; MCS: sumário do Componente Mental

DP: Desvio Padrão; N= número; N= Número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável.

Na tabela 6 está representada a distribuição da amostra de acordo com diagnóstico de insuficiência cardíaca. Comparando os dois grupos (pacientes com e os pacientes sem insuficiência cardíaca) os escores de qualidade de vida tanto da parte do PCS quanto MCS foram mais baixos em pacientes com insuficiência cardíaca, representando

aproximadamente 10% do total, do que nos pacientes sem insuficiência cardíaca, que representam uma porcentagem de 90%. Nas escalas de sintomas problemas, efeito da doença e carga da doença renal do questionário de QVRS os resultados foram maiores em pacientes sem Insuficiência cardíaca, com destaque para os escores de carga da doença renal, que apresentou as maiores diferenças de pontuações, 8,09 pontos.

No entanto, quanto aos escores de sintomas depressivos, ambos os grupos (com e sem insuficiência cardíaca) não apresentaram pontuações que fossem correspondessem a sintomas depressivos.

Tabela 7: Distribuição da amostra de acordo com doença coronariana associada a escores

de qualidade de vida relacionada a saúde e sintomas depressivos.

Doença Coronariana N Sim: 46 (8%) Não:532 (92%) Diferença de média e IC de 95% PCS (média ± DP) 578 38,28 ± 9,79 41,88 ± 10,70 -3,60 (-6,82; -0,40) MCS (média ± DP) 578 47,43 ± 14,49 48,17 ± 11,72 -0,74 (-4,35; 2,87) Sintomas Depressivos (média ± DP) 578 14,48 ± 10,50 12,52 ± 9,02 1,95 (-0,80; -4,71) Sintomas Problema (média ± DP) 578 79,16 ± 19,35 80,55 ± 16,04 -1,39 (-6,31; 3,53) Efeito da Doença (média ± DP) 578 63,93 ± 28,74 62,82 ± 23,06 1,09 (-6,0; 8,20) Carga da Doença (média ± DP) 578 43,34 ± 31,93 46,85 ± 31,22 -3,50 (-12,95; 5,93)

IC: Intervalo de Confiança; DP: Desvio Padrão;

N= número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável PCS: sumário do componente físico do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde; MCS: sumário do Componente Mental do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde

Na tabela 7 encontra-se a distribuição da amostra de acordo com o diagnóstico de doença coronariana. Nos pacientes com diagnóstico de doença coronariana, aproximadamente 8% da amostra, os escores do PCS do questionário de QVRS foram mais baixos do que os mesmos tipos de escores dos pacientes que não apresentam doença coronariana, correspondendo a 38,28±9,79 pontos e 41,88±10,70 pontos,

respectivamente. Já o os escores do MCS do questionário de QVRS os dois grupos não apresentaram diferenças significativas, sendo o grupo com doenças coronariana com 47,43±14,49 pontos e o grupo sem doença coronariana com pontuação correspondente a 48,17 ±11,72 pontos. Nas escalas de sintomas problemas, efeito da doença renal e carga da doença renal, a única escala que apresentou diferenças significativas foi o escore de carga da doença renal, com melhores resultados para pacientes sem doença coronariana, em uma diferença de 3,50 pontos.

Em relação aos escores de sintomas depressivos, a tabela 7 mostra ainda que o grupo com doença coronariana apresentou escores correspondentes a sintomas depressivos leves, enquanto o grupo sem doenças coronarianas não apresentam escores correspondentes a sintomas depressivos.

Tabela 8: Distribuição da amostra de acordo com doenças cerebrovascular associada a

escores de QVRS e sintomas depressivos.

Doença Cerebrovascular N Sim: 21 (3,6%) Não: 557 (96,4%) Diferença de média e IC de 95% PCS (média ± DP) 578 39,79 ± 10,61 41,67 ± 10,67 -1,87 (-6,53; 2,78) MCS (média ± DP) 578 41,98 ± 14,00 48,35 ± 11,82 -6,36 (-11,56; -1,16) Sintomas Depressivos (média ± DP) 578 14,14 ± 8,63 12,63 ± 9,17 1,52 (-2,48; 5,51) Sintomas Problema (média ± DP) 578 84,12 ±14,94 80,30 ± 16,36 3,81 (-3,30; 10,94) Efeito da Doença (média ± DP) 578 61,60 ± 22,73 62,96 ± 23,58 -1,35 (-11,64; 8,92) Carga da Doença (média ± DP) 578 34,52 ± 32,45 47,02 ± 31,16 -12,50(-26,93; 1,12) IC: Intervalo de Confiança; DP: Desvio Padrão;

N= número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável PCS: sumário do componente físico do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde; MCS: sumário do Componente Mental do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde

Na tabela 8 há representação da distribuição da amostra entre pacientes com doença cerebrovascular 3,6% e pacientes sem doença cerebrovascular 96% da amostra. Entre ambos no questionário de qualidade de vida relacionada a saúde os escores do

sumário componente físico não apresentaram diferenças significativas entre os grupos, no entanto, os escores de MCS do questionário de QVRS há uma relevante diferença de pontuação entre os dois grupos, na qual, o grupo com doenças cerebrovasculares apresentou escores menores do que o grupo sem a patologia. Na escala de sintomas problema, efeito da doença renal e carga da doença renal, a escala de carga da doença renal foi a única que apresentou importantes diferenças de escores, 12,50 pontos, com escores de 34,52 ± 32,45 pontos para pacientes com doença cerebrovascular e 47,02 ± 31,16 para pacientes sem a doença.

Quanto aos escores de sintomas depressivos os pacientes que cursam com doenças cerebrovasculares apresentaram escores representantes a sintomas depressivos leves, enquanto os pacientes que não cursam com doença cerebrovasculares tinham escores de sintomas depressivos que não correspondiam a sintomas depressivos.

Gráfico 1. Diferença de escores de sintomas depressivos entre as comorbidades.

O Gráfico 1 reúne os resultados dos escores de sintomas depressivos de todas as comorbidades analisadas evidenciando a diferença de escores de sintomas depressivos

entre pacientes que tem e que não tem determinada comorbidade. Como pode-se observar, em todas as comorbidades analisadas pacientes que tem comorbidades, independente de qual seja, apresentam escores mais elevados do que os que não tem. Assim como, dentre as doenças observadas, a doença coronariana foi a que apresentou escores depressivos mais elevados, com 14,48 pontos, correspondes a sintomas depressivos leves.

Gráfico 2. Diferença de escores do Sumário do Componente Físico (PCS) entre as

comorbidades

O gráfico 2 representa as diferenças de escores do Sumário do componente físico (PCS) entre as comorbidades analisadas. Em todas elas os escores de PCS foram mais elevados em pacientes sem comorbidades do que com comorbidades. Dentre as doenças analisadas a que mais se destacou foi a diabetes mellitus, com maiores diferenças de escores entre os grupos, com 4,40 pontos a mais para pacientes sem diabetes mellitus, como também menores escores no componente físico entre as comorbidades analisadas. A doença cerebrovascular se destacou com as menores diferenças entre os grupos, 1,87 pontos de diferença.

Gráfico 3. Diferença de escores do Sumário do Componente Mental (MCS) entre as

comorbidades

O gráfico 3 apresenta as diferenças de médias de escores do Sumário do componente mental (MCS) da QVRS entre as diferentes comorbidades. Em todas as comorbidades analisadas os pacientes que não tem outras doenças associadas a doença renal apresentam melhores escores do sumário do componente mental do que os pacientes que possuem outras comorbidades. A doença cerebrovascular apresentou as maiores diferenças de escores sendo observados 6,36 pontos de diferença, e a doença coronariana apresentou as menores diferenças, com 0,74 pontos a mais para pacientes sem doença coronariana.

Gráfico 4. Diferença de escores de sintomas problemas entre as comorbidades

No gráfico 4 estão representadas as diferenças de médias de escores de sintomas problemas da doença renal entre as diferentes comorbidades analisadas. Com exceção da doença cerebrovascular, que apresentou maiores escores de sintomas problema em pacientes que possuem está comorbidade, todas as outras, pacientes que apresentavam outras doenças tinham escores menores do que os pacientes que não apresentavam outras doenças.

Gráfico 5. Diferença de escores no efeito da doença renal entre as comorbidades

No gráfico 5 há representação das médias de escores de Efeito da doença renal dentre diferentes comorbidades analisadas. Foi observada uma maior diferença de médias entre os grupos que apresentam e não apresentam o diagnóstico de diabetes mellitus, com diferença de 5,36 pontos, sendo também o grupo que teve as menores médias de efeito da doença renal. A menor diferença de média foi nos grupos com e sem o diagnóstico de doença cerebrovascular, com diferença de 1,35.

Gráfico 6. Diferença de escores de Carga da doença renal entre as comorbidades

No gráfico 6 estão representadas as diferenças de médias de escores de Carga da doença renal entre as comorbidade. Em todas as doenças observadas as médias foram menores em pacientes com diagnóstico de uma das comorbidades estudas, e com destaque para doença cerebrovascular que apresentou diferenças visivelmente maiores do que as outras comorbidades, com diferença de 12,50 pontos a mais para pacientes que não tinham o diagnóstico da doença. E sobre esta pode se observa ainda que foi a doença que apresentou os menores escores de carga da doença renal.

Tabela 9: Distribuição da amostra de acordo com as diferenças de médias ajustadas e não-ajustadas

entre os grupos com presença ou ausência de comorbidades. Comorbidades*

(Média ± DP)

Diferença de Médias de presença ou não de comorbidades (IC 95%)

Componentes N

Presente N=187

Ausente

N=391 Não ajustada Ajustada**

PCS 578 38,6 ± 10,4 43,0 ± 10,5 4,28 (2,59; 6,25) 2,82 (0,94; 4,70)

MCS 578 47,0 ± 13,0 48,6 ± 11,3 1,6 (-0,48; 3,68) 2,23 (-0,01; 4,49)

Sintomas/ Problemas 578 77,1 ± 18,1 82,0 ± 15,1 4,85 (2,03; 7,68) 4,76 (1,75; 7,78)

Efeitos da Doença Renal 578 60,1 ± 24,7 64,23 ±

22,8 4,07 (-0,02; 8,17) 6,9 (2,48; 11,31)

Carga da Doença Renal 578 42,1 ± 31,4 48,7 ± 30,9 6,59 (1,15; 12,03) 7,38 (1,4; 13,29

Sintomas Depressivos 578 13,89 ± 9,83 12,09 ±

87,6 -1,79 (-3,39; -0,20) -1,98 (-3,70; -0,25)

DP: Desvio Padrão IC: Intervalo de Confiança; N: Número de pacientes com dados disponíveis para as análises referentes a cada variável

PCS: Sumário do componente físico do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde; MCS: Sumário do Componente Mental do Questionário de qualidade de vida relacionada a saúde *Comorbidades: Diabetes mellitus, Insuficiência cardíaca, doença coronariana e doença cerebrovascular,

** Ajuste: sexo, idade, meses em dialise, dose de dialise, classe econômica, nível educacional, hemoglobina, albumina e creatinina.

A tabela 9 demonstra as diferenças de médias ajustadas e não-ajustadas entre os grupos com e sem comorbidades. Observa-se que as diferenças de médias referente ao efeito da doença renal mostrou maiores diferenças após o ajuste para idade, sexo, dose e tempo de diálise, classe econômica, nível educacional, hemoglobina, albumina e creatinina, com valores antes do ajuste de 4,04 pontos e após o ajuste de 6,9 pontos. Em menor proporção, o mesmo efeito foi observado no componente mental do questionário de qualidade de vida relacionada a saúde, como também nas diferenças de médias relacionadas a Carga da doença renal. No entanto, para os mesmos ajustes, as diferenças de médias dos grupos com e sem comorbidades referentes ao componente físico do questionário de qualidade de vida relacionada a saúde (QVRS) diminuíram após o ajuste, com 4,28 pontos antes do ajuste e 2,84 pontos após o ajuste. As diferenças de médias

entre os grupos com e sem comorbidades referentes a sintomas problema e sintomas depressivos não apresentaram importantes diferenças com e sem ajuste para as variáveis ajustadas.

X. DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo, realizado na cidade de Salvador, chamam atenção para elevada frequência de pacientes com DRT em hemodiálise de manutenção com outras patologias, como diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, doença coronariana e doença cerebrovascular. Nota-se o destaque para diabetes mellitus, que se mostrou mais prevalente dentre as comorbidades estudadas. Esses pacientes, além das comorbidades, relatam mais sintomas depressivos, maior comprometimento físico e mental, como também pior percepção da doença do que pacientes com DRT sem essas comorbidades, o que já tinha sido comprovado em estudos multicêntricos, com outras populações.

De acordo com este trabalho, a população de pacientes em hemodiálise de manutenção é em sua maioria composta por homens, como também foi observado em estudos do DOPPS. No entanto, quando comparada à média de idade da população de outros trabalhos, observa-se que a população soteropolitana em tratamento de hemodiálise é mais jovem do que a população do trabalho supracitado, apresentando como média 48,7 anos, enquanto os estudos multicêntricos apresentam médias de idade que variam de 58 a 62 anos (9) (30). No entanto, todas essas diferenças podem estar mais relacionadas a um contexto socioeconômico, no qual os cuidados com a assistência à saúde, assim como o entendimento do cuidado e do problema por parte do paciente podem interferir mais na progressão da doença e fazer com que esses pacientes iniciem a diálise mais cedo. O perfil demográfico também se distingue de outros trabalhos pois apresenta maior proporção de mulatos enquanto que a proporção de afro-americanos nos Estados Unidos foi de 33,5%, no Euro-DOPPS de 1,6% e no Japão de 0% (30).

O conhecimento da variabilidade das comorbidades também é considerado importante, pois muitos estudos têm relatado a prevalência de doenças coexistentes em pacientes em

diálise nos Estados Unidos (EUA) e feito associações tanto com qualidade de vida relacionada a saúde, quanto com sintomas depressivos (8) (10) (30). Neste sentido, o estudo DOPPS relacionou as comorbidades de pacientes em hemodiálise em países europeus e as comparou com as de pacientes japoneses e norte-americanos observando que a prevalência de doença cardiovascular, doença coronária, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, doença cerebrovascular e doença vascular periférica, era substancialmente mais elevada nos EUA em comparação com a Europa ou no Japão (30). Já o presente estudo mostrou que neste grupo brasileiro 20% dos pacientes possuíam diabetes mellitus, 10,2% insuficiência cardíaca, 8% doença coronariana e 3,6% doença cerebrovascular.

Similar aos resultados encontrados em estudos internacionais, que comparam as médias de escalas dos questionários de QVRS, no presente estudo as dimensões de qualidade de vida relacionada a saúde, percepção da doença e sintomas depressivos foram piores em pacientes com uma das comorbidades estudadas do que nos pacientes sem uma das comorbidades (8) (9) (30). Destaca-se a diabetes mellitus, como a comorbidade mais prevalente, representando cerca de 20% da população estudada e, portanto, revela-se como importante preditor quantitativo dos resultados de pacientes em DRT e assim deve ser considerada ao avaliar associações entre padrões de prática com resultados esperados. (9) (30). Como também foi observado em trabalhos do DOPPS, os resultados encontrados nessa pesquisa mostraram que diabéticos apresentaram maior prevalência de insuficiência cardíaca, doença coronariana e doença cerebrovascular do que os não-diabéticos (30).

Na análise comparativa das comorbidades estudadas, quando avaliados os resultados do componente físico do QVRS, os melhores resultados foram dos pacientes com doença cerebrovascular, como também as menores diferenças de médias. Os piores

resultados foram em pacientes diabéticos, apresentando também as maiores diferenças de médias, demonstrando que a comorbidade diabética está associada a piores níveis de qualidade de vida no aspecto físico. Esta dimensão avalia as limitações na qualidade e no tipo de trabalho desempenhado pelo paciente, assim como atividades habituais e corriqueiras, todas relacionadas ao aspecto físico (17). No entanto, fatores socioeconômicos, renda anual, status socioeconômico também podem ajudar a explicar as diferenças de pontuações no funcionamento físico (9).

No componente mental, a doença cerebrovascular apresentou os piores resultados dentre as comorbidades estudadas. Esses resultados podem ser decorrentes de dificuldades provocadas por problemas associados à doença em si e não necessariamente associada a doença renal.

Na dimensão de sintomas-problema, entre as comorbidades analisadas, diabetes mellitus apresentou os piores resultados. Esta dimensão avalia a extensão do sintoma ou

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