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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Franca – UNIFRAN, sob o n CAE: 62493116.7.0000.5495 (ANEXO B), em conformidade com os princípios éticos estabelecidos na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. A coleta dos dados ocorreu somente após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.

5 RESULTADOS

A caracterização sócia demográfica da população de crianças e de seu representante familiar está demonstrada na Tabela 1.

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 1- Distribuição sócio demográficos dos participantes do estudo. Jacuí, 2017 VARIÁVEIS Criança (N=62) Familiar responsável (N=62) (intervalo) Mediana n % n % Sexo Feminino 32 52 51 82 - Masculino 30 48 11 18 -

Idade das crianças (em anos) - - - - 2,95 (9 m – 5a, 11 m e 30 dias)

Escolaridade dos pais (em anos) 11,27 (5 - 16)

Estado civil

Solteiro 10 16

Casado/Amasiado 47 76

Separado/divorciado 3 5

Viúvo 2 3

Número de pessoas na residência

2 a 3 50 81 4 a 5 9 14 Mais de 5 3 5 Ocupação atual Ativo 56 90 Aposentado/Pensionista 1 2 Sem remuneração 5 8

Renda familiar (em reais) 1.600

(700 a 2.800) Localização de Moradia Zona Urbana 59 95 Zona Rural 3 5 Relação de Moradia Cada própria 28 45 Alugada 30 48 Cedida 4 6

Dos representantes familiares que responderam o questionário, (48%) foram mães, (46%) pais e (6%) irmãos. A idade em anos das crianças foi de 2,95 ± 0,39 e a escolaridade dos participantes foi de 11,27 ± 0,76 anos.

Houve certa homogeneidade entre os sexos das crianças, (52% feminino e 48% masculino) deste estudo e predomínio de crianças com três anos (Figura 1). Entre os representantes familiares, predominaram mulheres (82%,), casadas (76 %). Ressalta-se que a maioria expressiva (90%) dos participantes está no mercado de trabalho, mas a média da renda familiar de R$1.600,00 ainda é baixa. Embora, segundo dados do IBGE, o rendimento nominal mensal domiciliar

per capita da população brasileira residente atingiu R$1.268,00.

Figura 1 – Percentual distribuído por faixa etária das crianças atendidas na creche. Jacuí – MG, 2017

Fonte: Dados da pesquisa

Relativo à rede social, a escala de MOS-SSS apresenta duas perguntas sobre o número de parentes em quem confiar para falar sobre quase tudo e número de amigos também em quem confiar. E outras três questionam sua participação e frequência em atividades coletivas. Os resultados estão demonstrados na Tabela 2.

Tabela 2– Rede social referida pelos participantes, Jacuí – MG, 2017 VARIÁVEIS N % Número de parentes 1 a 3 35 56 4 a 5 15 25 Mais de 5 7 11 Nenhum 5 8 Número de amigos 1 a 3 40 64 Nenhum 14 23 4 a 5 5 8 Mais de 5 3 5

Atividades esportivas em grupo*

Não 47 76

Sim 15 24

Trabalho voluntário*

Não 31 50

Sim (Festas beneficentes) 31 50

Atividades religiosas*

Não 47 76

Sim 15 24

Total 62 100,0

*Participação nos últimos 12 meses.

Observa-se o predomínio das famílias com até três pessoas, acrescido pelo número reduzido de amigos. A maioria relatou ter até três amigos e realizarem poucas atividades em grupo. Ressalta-se entre os participantes a ausência de práticas religiosas, embora não tenha sido considerado a espiritualidade dos mesmos. Relativo à satisfação com o tipo de apoio social percebido, os resultados estão demonstrados na Figura 2.

Figura 2 - Percentual de satisfação dos participantes em relação às dimensões do apoio social. Jacuí – MG, 2017.

Fonte: Dados da pesquisa

A dimensão do apoio afetivo foi a mais percebida pelos participantes do estudo. Esse tipo de apoio alcançou 87% de satisfação, e reflete sobre as demonstrações de amor e afeto.

Relativo à satisfação com a cidade de moradia, os resultados estão demonstrados na Figura 3.

Figura 3 – Sumário relativo à cidade de moradia. Jacuí – MG, 2017

Fonte: Dados da pesquisa

Os participantes demonstraram satisfação com a cidade de moradia, principalmente por achá-la acolhedora e de baixo custo de vida (48%). Em contraponto (6%) se queixaram da falta de segurança.

No setor de comércio e serviços, há empresas de confecções de jeans que contribuem para a economia local e geram empregos, especialmente para as mulheres, porém, no município de estudo, a economia é baseada na agricultura, predominando a cafeicultura e a pecuária.

Durante quatro meses do ano, de março a junho, chega ao município uma população flutuante, em média 100 famílias, vinda principalmente da região Norte do país - Pernambuco para a colheita de café. Dessas, pelo menos 20 crianças são acolhidas na creche da cidade de estudo.

6 DISCUSSÃO

A mudança de concepção de assistencialismo e tutela acerca das creches para um local de ensino e cuidados ampliou sua ação social e de apoio às mulheres trabalhadoras e passaram a ser um equipamento efetivo de apoio social que deveria se articular de forma mais intensa com outros setores da sociedade.

No Brasil, os municípios são responsáveis pela oferta e gestão de educação infantil, que inclui as creches.

Acredita-se que a creche seja um espaço de socialização e interação, com a função de cuidar e educar, mas não substitui a família nessa tarefa, e oferece um efetivo apoio social para as famílias.

Em situações de vulnerabilidade, o apoio social tem sido apontado como um fator que pode contribuir para manter a saúde das pessoas, por desempenhar função reguladora, possibilitando ao sujeito superar mais prudente com as ausências e problemas no dia a dia (ZANINI, VEROLLA-MOURA, QUEIROZ, 2009).

No presente estudo, adotou-se a conceituação de Griep (2003), para a análise dos resultados, que considera cinco dimensões de apoio social: o apoio material, que se refere à provisão de recursos práticos e ajuda material; o apoio afetivo, referente a demonstrações físicas de amor e de afeto; o apoio interação social positivo, que significa contar com pessoas com quem relaxar e se divertir; apoio emocional, que se refere à habilidade da rede social em satisfazer as necessidades individuais em relação a problemas emocionais; e o apoio informativo, referente a contar com pessoas que aconselhem, informem e orientem.

A família, escola, comunidade, trabalho, dentre outras, fazem parte da rede social com que o ser humano vivencia desde o nascimento. E as relações entre pessoas e ambientes disponibilizam oportunidades de apoio nos momentos de crise ou mudança e podem criar perspectivas de desenvolvimento humano por meio das possibilidades de emprego, estudo, amizades, lazer, vínculo de suporte e de afeto (BRITO, KOLLER, 1999).

Ao reportar perguntas do questionário MOS-SSS referentes à rede social, quanto ao número de parentes e amigos que se sente à vontade para falar

sobre quase tudo, a maioria (56%) dos familiares entrevistados responderam de um a três parentes ou amigos. Ressalta-se que 23% relataram não ter nenhum amigo.

O apoio social percebido sofre influência pelo que ele representa e assume para a pessoa em uma dada situação. O apoio percebido relaciona-se com o perfil de personalidade e o seu meio ambiente, bem como eventualidades da vida que podem abalar a agilidade de requerer e aceitar o apoio e, eventualmente, de que este apoio seja efetivo (HUPCEY, 1998).

Entre as dimensões percebidas pelos representantes, predominou o apoio afetivo (87%), que reflete as demonstrações físicas de amor e afeto.

O apoio afetivo é igualmente fundamental por ser responsável por imprimir qualidade às relações e contribuir para a manutenção dos vínculos. Portanto, o apoio social e afetivo está relacionado à percepção que a pessoa tem de seu mundo social, como se orienta nele, suas estratégias e competências para estabelecer vínculos, e com os recursos que esse lhe oferece, como proteção e força, diante das situações de risco que se apresentam (BRITO, KOLLER, 1999).

Nesta perspectiva, o apoio assume-se como um processo promotor de assistência e ajuda por meio de fatores de suporte que facilitam e asseguram a sobrevivência dos seres humanos, e a creche passa a ser reconhecida como um centro de coparticipação com a família e a comunidade em favor do desenvolvimento integral e da educação da criança (ARAÚJO, GAMA, 2013).

Em segunda posição (82%), a dimensão do apoio do tipo interação social positiva está condicionada à existência de pessoas com quem possam relaxar e se divertir. No estudo de Rosa e Benício (2009), os autores citaram a importância do ambiente social, dos membros da família, vizinhos, colegas de trabalho e amigos para proporcionarem condições propícias e estimuladoras de contatos e de relações sociais positivas. Os efeitos benéficos se traduzem na melhoria da qualidade de vida.

O apoio material relativo à provisão de recursos práticos e ajuda material alcançou 80% dentre os participantes. O apoio material está relacionado a qualquer tipo de ajuda que alguém possa oferecer ao outro, podendo ser considerado uma forma de expressão da solidariedade (KOZAN, WANDERBROOCKE, POLLI, 2016).

Nesse sentido, essa dimensão alcançou a terceira posição relativa às demais. Por se tratar de famílias de camadas empobrecidas, embora empregadas e

com uma renda média de R$ 1.600,00, infere-se que elas ainda dependam da ajuda do Estado, familiares e amigos.

O Apoio Informativo que está condicionado à existência de pessoas que possam oferecer conselhos, informações e orientações alcançou (78%). Gonçalves et al. (2011). Nessa dimensão do apoio, também implica em considerar que as crianças são as multiplicadoras no espaço domiciliar do conhecimento que é trabalhado nas creches. Ressalta-se que esse tipo de apoio é recebido pelos profissionais que estão cotidianamente com as crianças, garantindo informações e conselhos úteis para lidar com situações ou resolver problemas.

No presente estudo, acredita-se que a creche seja uma entidade capaz de ampliar o apoio das famílias à medida que deixa de ser um local só para o cuidado, alimentação e guarda de crianças para ser um instrumento educativo, tanto para as crianças quanto para as famílias.

O apoio emocional foi o menos percebido (76%). Refere-se à habilidade da rede social em satisfazer as necessidades individuais em relação a problemas emocionais, Gonçalves et al. (2011) cita o apoio emocional, que compreende a percepção de ser cuidado, apoiado e valorizado por alguém afetivamente acessível.

Evidenciou-se nos resultados que a rede social dos participantes é restrita, variando de uma a três pessoas com que possam ter relações sociais, de afeto e amizade; por consequência, apresentou a menor satisfação percebida. Esse resultado poderá subsidiar ações organizadas com a finalidade de favorecer e incentivar a criação de vínculos entre as famílias e profissionais, criando espaços e ambientes saudáveis na perspectiva da PS.

O reconhecimento por parte dos profissionais diante dos aspectos dessa diversidade de relações deve ser considerado, incluindo-se as práticas sociais e as políticas públicas voltadas à promoção, prevenção e ao controle dos problemas de saúde prevalentes na comunidade (SARUBBI et al., 2014).

Os resultados demonstraram que 14 % das crianças do município de estudo frequentam a creche. Resultado próximo do nacional, pois segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, das 10,3 milhões de crianças brasileiras com menos de quatro anos, 16,6% (1,4 milhões) estavam matriculadas em creche ou escola.

Desse contingente de 7,7 milhões de crianças que ficavam em casa, 61,8% de seus responsáveis demonstraram interesse em matricular na creche, representando a necessidade de 4,7 milhões de vagas a serem disponibilizadas no Brasil. Observou-se que o interesse do responsável em matricular na creche crescia com o aumento da idade da criança, passou para 49,1% com menos de um ano, atingindo 78,6% entre as crianças de três anos de idade (IBGE, 2015).

De acordo com o Censo Escolar, no ano de 2017, teve 1.337.218 crianças matriculadas em creches no Brasil, sendo o nível de ensino de maior crescimento (INEP, 2017).

Dado que o município de estudo é uma região de economia agrícola sazonal, na colheita de café, muitos trabalhadores chegam à cidade, trazendo suas famílias, e permanecem em média por quatro meses (de abril a julho). Mesmo assim, a creche se organiza e consegue atendê-los. Segundo a coordenadora da creche, há capacidade para receber as crianças de nove meses a seis anos de idade das famílias que chegam ao município.

Os governos locais são reconhecidos como os que possuem a maior capacidade de promover a urbanização sustentável, já que são o nível de decisão mais próximo da população e também podem identificar as principais demandas e problemas (ONU, 2016). Observa-se, que a creche vem atendendo aos objetivos ao voltar-se para os resultados positivos do estudo, configurando uma proximidade entre a gestão e as necessidades da população, no que tange aos serviços oferecidos pela creche.

Estes dados são fundamentais para ressaltar a necessidade da realização de pesquisas que contemplem o delineamento do perfil da população infantil que frequentam as creches, caracterizando-as a fim de conhecer o que fazem as crianças, do que brincam, se estudam, entre outras informações. É consenso que a educação de crianças pequenas é uma das áreas educacionais que mais retribuem à sociedade os recursos que foram nela investidos (KAPPEL, CARVALHO, KRAMER, 2001). Esse conhecimento fornece subsídios para elaboração de políticas e práticas na perspectiva da PS local.

Os dados do presente estudo demonstraram a prevalência de famílias nucleares, tendo em média de duas a três pessoas (83%). E, entre os participantes representantes eleitos pelas famílias, houve um predomínio de mulheres (82%), casadas (76%).

O modelo de família nuclear, formado por homem, mulher e filhos vem se diversificando. Dentre os novos modelos há, inclusive, o reconhecimento da sociedade (PIZZI, 2012).

No estudo de Fonseca (1997), também foi demonstrado o predomínio das mulheres enquanto alicerce nas relações entre creche e família, embora seja agente de um sistema social pautado por subordinações e relações marcadas pelo poder da dominação masculina.

A creche se estabeleceu para o atendimento às necessidades das famílias e, ao fazê-lo, configurou-se como importante ponto de apoio social, representando um espaço favorável, com chances e alternativas efetivas para o processo de crescimento, desenvolvimento infantil e PS (ESTEVES et al., 2012).

Para que a creche se torne um ambiente mais seguro e saudável, é necessário que se criem medidas mais focadas para a PS, prevenção de agravos mais comuns na infância das crianças que frequentam creches, tornando um ambiente de maior garantia de assistência (SOUZA, SODRÉ, SILVA, 2015).

A inserção de bebês e crianças em creches tem se tornado cada vez mais frequente. Essas crianças têm estado a maior parte do tempo nesses locais. A cada dia, essa instituição vem aumentando o seu papel no desenvolvimento das habilidades infantis, à medida que se amplia em número de unidades e atendem a uma larga parcela da população infantil (SILVA, ENGSTRON, MIRANDA, 2015).

É fato que a dinâmica de trabalho da creche não contempla o que a comunidade pode oferecer, tampouco considera os pais como parceiros no trabalho da creche. Desta forma, os pais foram vistos, no estudo de Bhering e Nez (2002), como desmotivados e evasivos, por não se envolverem com questões relacionadas à estimulação, aprendizagem e cuidados básicos da criança. Para eles, a creche continua sendo um lugar seguro e de suprimento das necessidades básicas, havendo pouco interesse e envolvimento da parte dos pais em saber o que a creche oferece à criança em termos pedagógicos e sociais.

É reconhecida a contribuição da creche em conciliar trabalho e cuidado com os filhos, especialmente para as mulheres. Apresenta-se como alternativa conciliadora, por ser um local distinto do lar e, por sua natureza, não pretende substituir a família ou sobrepor-se a ela. As creches devem se constituir num espaço favorável ao desenvolvimento da criança e, ao mesmo tempo, numa forma de apoio

às famílias, quando a mãe, por necessidade econômica ou pelo desejo de um engajamento profissional, sai do lar para trabalhar ou estudar (SOARES, 2002).

Segundo o PNE, em 2015, a escolaridade média do brasileiro atingiu 10,1 anos. A população de 18 a 29 anos, que reside no campo, atingiu, na média, 8,3 anos de estudo. Ao destacar os anos de estudo da população que vive nas cidades, a escolaridade média nacional da população de 18 a 29 anos atingiu 10,3 anos de estudo em 2015 (IBGE, 2015).

Entre os familiares que participaram da pesquisa, a mediana foi 11,27 anos de escolaridade, (variando de cinco a 18 anos), um pouco a mais da média nacional.

Dados de 2015 apontaram uma estimativa nacional de 15,64% para a população rural do total da população. Seria aproximadamente 35 milhões de habitantes. Já a população urbana chega a 84,36%, o que corresponderia a 185 milhões de brasileiros. O Brasil é o país com o maior número de cidades do mundo, porém das 5.570 cidades, cerca de 4 mil cidades têm até 20 mil habitantes (IBGE, 2015). O município de estudo está entre as cidades do Brasil com até 20 mil habitantes e, comparativamente, se aproxima na proporção nacional de residentes na zona urbana.

Residir em zona urbana é um ponto favorável, pois, de forma geral, os benefícios do espaço urbano sobrepõem ao rural, nesse caso acerca da escassa oferta do Estado para a Educação Infantil na zona rural (YAMIN, SILVEIRA, RODRIGUES, 2009).

O crescimento urbano sem planejamento ameaça o desenvolvimento sustentável no espaço das cidades, pois as políticas por si só não asseguram a distribuição equitativa dos benefícios da vida urbana (FIGUEIREDO et al. 2017). Neste sentido, o direito à cidade que seja inclusiva, sustentável e equitativa pressupõe esforços individuais e coletivos de participação e gestão para promoção da qualidade de vida da população.

Para Monteiro e Veras (2017), a mecanização no campo vem repercutindo em uma diminuição da mão de obra nacional, fazendo com que os moradores rurais migrem para a cidade em busca de emprego e melhoria na qualidade de vida. Por consequência, o aumento da população urbana provocou aumento na demanda por moradia para as famílias e de investimentos. A falta de investimento aliada ao crescimento das cidades provocou ampliação de

assentamentos habitacionais, mas de modo precário e associado a desigualdades sociais.

Em relação à localização e relação de moradia, a maioria dos participantes reside na cidade e em casa de aluguel. A renda familiar atingiu uma média de R$ 1.600,00. Entre os participantes da entrevista, a maioria (90%) está no mercado de trabalho, trabalhando na colheita do café.

O Brasil possui cerca de 24 milhões de pessoas que não possuem habitação adequada, ou não têm onde morar, e vivem nos grandes centros urbanos. O déficit de moradia no país chegou, em 2014, a 7,7 milhões, dos quais 5,5 milhões estão em centros urbanos (IBGE, 2014). Embora o município seja pequeno, e com bons indicadores sociais, o baixo poder aquisitivo das famílias dificulta o acesso à moradia.

Evidenciou-se entre os participantes que a maioria (76%) não participa de reuniões, ou de algum tipo de atividade coletiva. Diante desse resultado, esperava-se algum reflexo negativo na interação social positiva; entretanto, essa dimensão de apoio alcançou a segunda posição de apoio com mais satisfação. Nesse paradoxo, infere-se a existência de relações intrafamiliares favoráveis, desencorajando iniciativas de busca para relações mais amplas e coletivas. Nesse sentido, há necessidade de estudos mais aprofundados para investigar de fato se há essa associação.

Os participantes demonstraram satisfação com a cidade de moradia (48%), por ser tratar de uma cidade pequena e com um custo de vida baixo. Representantes dessas famílias relataram acolhimento e apoio recebido pela vizinhança, sendo que muitas delas não retornam à cidade de origem, por conseguirem manter o serviço na lavoura e usufruir de melhor qualidade de vida que o local oferece.

Quantos aos aspectos negativos sobre o município de moradia, (6%) queixaram sobre a falta de segurança. A situação social impactada pela política econômica no país vem afetando as famílias, bem como os baixos salários e o desemprego, o que tem gerado muitos crimes contra o patrimônio, aumentando a sensação de insegurança nos espaços da cidade (SANTOS, 2009).

Relataram gostar de morar na cidade natal, também por estarem próximos a família (26%). Para Dessen e Polonia (2007), na família, os laços afetivos asseguram o apoio psicológico e social e constitui uma rede de apoio, nos

quais os familiares se sentem seguros e amparados pelo vínculo afetivo e de interação social.

Pelo fato do município ser de pequeno porte, os participantes (19%) relataram como positivo o acesso fácil à escola, hospital (serviços de saúde) e creche.

Morar em lugar próximo da família, amigos, vizinhos, enfim onde consiga transitar mais facilmente devido à proximidade dos locais pode ser uma relação favorável, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, pois tem ligação direta com a sobrevivência humana e permite ao indivíduo sua inclusão na sociedade, sendo indispensável para sua dignidade (MONTEIRO, VERAS, 2017).

O viver na cidade é certamente uma relevante mudança demográfica ocorrida nas últimas décadas. O ambiente urbano influencia a saúde e os comportamentos humanos, apontando para a necessidade do melhor entendimento dos determinantes da saúde das populações que vivem nas cidades (CAIAFFA et

al., 2008).

Em sociedades, que não dispõem de um sistema de políticas sociais efetivos e abrangentes, as condições de subsistência das famílias são determinadas por seu nível de rendimentos. Não se pode desconsiderar a influência dos fatores macroestruturais (economia, oportunidades ocupacionais, desigualdades) que constituem outro componente desse quadro.

Observou–se, neste estudo, que os dados obtidos sugerem que os participantes estão satisfeitos com a estruturação da instituição e podem contar com o apoio da creche para atender as suas necessidades e as de seus filhos, gerando confiabilidade e favorecendo a promoção do bem-estar das crianças que frequentam a creche.

Assim, foram identificados alguns fatores limitantes no estudo, como o

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