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BEATRIZ PEREIRA NASSER CIDADE, APOIO E REDE SOCIAL DAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS MENORES DE SEIS ANOS QUE FREQUENTAM CRECHE

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BEATRIZ PEREIRA NASSER

CIDADE, APOIO E REDE SOCIAL DAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS

MENORES DE SEIS ANOS QUE FREQUENTAM CRECHE

Dissertação apresentada à Universidade de Franca, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Promoção de Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Glória Lúcia Alves Figueiredo

Co-orientadora: Profa. Dra. Marisa Afonso de Andrade Brunherotti

FRANCA - SP

2018

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DEDICO este trabalho a minha mãe Maria Vilma, que, nas adversidades e dificuldades da vida, me ajudou a concluir esse sonho; ao meu namorado Igor Rogério, que soube compreender a minha ausência e a importância desse momento, contribuindo com amor, carinho e paciência.

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AGRADECIMENTO

A Deus e a Nossa Senhora Aparecida, por guiarem meus pensamentos e darem-me forças para nunca desistir, mesmo quando a vontade, muitas das vezes, era abandonar tudo.

O caminho é longo, mas a vitória é certa! Obrigada, meu Deus, por esta conquista!

A meus pais, meus irmãos e minha sobrinha, meu infinito agradecimento. Sabendo das minhas dificuldades para realização deste mestrado, sempre estiveram ao meu lado, incentivando-me e acreditando em minha capacidade.

A meu namorado Igor Rogério, pelo companheirismo, paciência, compreensão e, principalmente, pelo apoio, dando-me forças para não desistir da empreitada. Em muitos momentos, quando pensei que não possuía mais forças, inspirou-me a querer ser mais do que fui até hoje!

A minha orientadora Glória Lúcia Alves Figueiredo, pelas orientações, compreensão e incentivo dispensado ao desenvolvimento deste trabalho. Serei eternamente grata por toda ajuda e “puxões de orelha”. Foi para mim uma verdadeira LIÇÃO DE VIDA a nossa convivência durante esses anos.

Aos docentes e funcionários do Programa de Promoção de Saúde. Aprendi muito com vocês!

A meus amigos do Mestrado, pelos momentos que passamos juntos. Vou sentir saudades!

A instituição Creche Nosso Lar de Jacuí, a todos os seus colaboradores e a coordenadora Santina, pelo apoio para a concretização deste trabalho. Meu eterno agradecimento!

A todas as famílias das crianças que participaram espontaneamente deste trabalho. Por causa delas é que esta dissertação se concretizou. Vocês merecem meu sincero agradecimento!

Finalmente, gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para que este trabalho fosse concretizado. Meu eterno agradecimento! Vou levar cada um no meu coração.

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... bom mesmo é ir à luta com persistência para conseguir o que deseja, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito pra ser insignificante.

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RESUMO

NASSER, B.P. Cidade, rede e apoio social das famílias de crianças menores de seis anos que frequentam creche. 2018. 51f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, UNIFRAN, Franca – SP.

As necessidades familiares ultrapassam a residência e será, no espaço das cidades, que as famílias precisarão contar com a rede social, equipamentos e recursos que lhes deem suporte; dentre eles, a creche. Objetivou-se, neste estudo, analisar a satisfação dos familiares com a cidade, apoio e a rede social. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, exploratório, com abordagem quantitativa. Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos: a escala de MOS-SSS e um questionário, contendo perguntas sobre o município, moradia e dados sócio demográficos, o qual foi aplicado aos 62 representantes familiares. Os resultados da rede social demonstram que a maioria tem apenas de um a três parentes ou amigos, sendo que 23% relataram não ter nenhum amigo. A dimensão de apoio mais percebida foi o afetivo (87%), trata-se das demonstrações de amor e afeto; seguida pela Interação social positiva (82%), apoio material (80%), informativo (78%) e, por último, o emocional (76%). Evidenciou-se satisfação com a cidade de moradia (48%), principalmente por achá-la acolhedora e ter baixo custo de vida (48%), por ser a cidade natal e estarem próximos à família (26%), mas 6% queixaram-se da insegurança. O acesso a serviços de saúde, escola e à creche também foi valorizado (19%). Conclui-se que os participantes percebem a creche como um lugar de acolhimento e aprendizagem para as crianças, significando um equipamento importante de apoio social. Contudo, se apoiada por políticas públicas e iniciativas locais, além de agregar valor significativo para a melhoria da qualidade de vida das famílias, possibilitaria ampliação da rede social e criação de vínculos e amizades. Ressalta-se a importância do ambiente saudável nos espaços da cidade para a promoção da saúde e do bem-estar das pessoas, o que justifica o investimento na construção e gestão das creches.

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ABSTRACT

NASSER, B.P. City, network and social support of families of children under six age attending child care centers. 2018. 51f. Dissertation (Master in Health Promotion) - University of Franca – SP.

Family needs go beyond the home and it will be in the cities that families will need the social network, equipment and resources that support them, among them the day care center. The objective of this study was to analyze family members satisfaction with the city, support and social network. This is a descriptive, cross-sectional, exploratory study with a quantitative approach. For the data collection, two instruments were used, the MOS-SSS scale and a questionnaire, containing questions about the municipality of housing and socio-demographic data, which were applied to the 62 family representatives. The results of the social network show that most have only one to three relatives or friends, and 23% reported having no friends. The most perceived support dimension was the affective (87%), it is the demonstrations of love and affection; followed by positive social interaction (82%), material support (80%), informational (78%) and finally emotional (76%). Satisfaction with the city of residence (48%) was found, mainly because it found it welcoming and having a low cost of living (48%), being hometown and close to the family (26%), but complained of insecurity (6%). Access to health services, school and day care was also valued (19%). It is concluded that the participants perceive the day care as a place of welcome and learning for the children, meaning an important equipment of social support. However, if supported by public policies and local initiatives, in addition to adding significant value to improving the quality of life of families, it would enable the expansion of the social network and the creation of bonds and friendships. The importance of the healthy environment in the spaces of the city is emphasized for the promotion of the health and well being of the people, which justify the investment in the construction and management of day care centers.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Percentual distribuído por faixa etária das crianças atendidas na creche. Jacuí – MG, 2017... 26

Figura 2 dimensões do apoio social. Jacuí – MG, 2017... Percentual de satisfação dos participantes em relação às 28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1

Distribuição sócio demográfica dos participantes do estudo. Jacuí – MG 2017...

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Tabela 2 Rede social referida pelos participantes, Jacuí – MG, 2017... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACS Agente Comunitário de Saúde APS Atenção Primária à Saúde

CONASEMS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente ESF Estratégia de Saúde da Família IDH Índice de Desenvolvimento Humano LDB Lei de Diretrizes Básicas

MOS-SSS Social Support Survey of the Medical Outcomes Study

MS Ministério da Saúde

NASF Núcleo de Apoio à Equipe de Saúde da Família OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde PAISC Programa Assistência Integral à Saúde da Criança PNE Plano Nacional de Educação

PNPS Política Nacional de Promoção da Saúde

PS Promoção da Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

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APRESENTAÇÃO

Concluí a graduação em Enfermagem no ano de 2008, pela Universidade de Alfenas – MG. Logo após, consegui uma vaga de trabalho na minha cidade natal, Jacuí – MG, exercendo o cargo de enfermeira em uma Unidade de Saúde da Família. Foi umas das experiências mais marcantes da minha vida profissional, pois pude compartilhar experiências inexplicáveis e conviver com pessoas que contribuíram muito para que eu chegasse até aqui.

Já nos primeiros meses de trabalho, comecei uma especialização em Saúde da Família, por perceber a importância do enfermeiro na equipe de saúde, e segui me atualizando por meio de cursos e pós- graduações. Já atuei na área de Enfermagem Hospitalar e Enfermagem, com ênfase em Saúde Coletiva. Tive a oportunidade de participar de um treinamento de Instrumentação em Cirurgia Cardíaca, na qual trabalho até o momento, o que me proporcionou abrir um leque de oportunidades, conhecimentos e amizades. Senti a necessidade de retomar a vida acadêmica e encontrei neste Programa de Mestrado em Promoção de Saúde um incentivo para a realização de um sonho e a contribuição com o meu crescimento profissional.

Decidi fazer a pesquisa no município de residência, por acreditar que este trabalho poderá contribuir para o fortalecimento local, promovendo bem-estar às crianças e um ambiente saudável.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 1

1. REVISÃO DA LITERATURA

1.1 A INSTITUIÇÃO CRECHE NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA

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1.2 LOCAIS DE CUIDADOS INFANTIS NA PERSPECTIVA DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

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1.3 A CRECHE EM OUTROS PAÍSES 14

2. JUSTIFICATIVA 17 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL 19 3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO 19 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 NATUREZA DA PESQUISA 20 4.2 LOCAL DE ESTUDO 20 4.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA 21

4.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS 21

4.5 COLETA DOS DADOS 22

4.6 ANÁLISE DE DADOS 23 4.7 ASPECTOS ÉTICOS 24 5. RESULTADOS 25 6. DISCUSSÃO 30 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38 8. REFERÊNCIAS 39 APÊNDICES APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO 48 ANEXOS

ANEXO A - ESCALA DE APOIO SOCIAL SOCIAL SUPPORT SURVEY OF THE MEDICAL OUTCOMES STUDY MOSS

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INTRODUÇÃO

Em 1959, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração dos Direitos das Crianças para garantir que elas fossem protegidas. Esses direitos continuaram a evoluir e, em 1989, a ONU publicou outro acordo sobre o tema, a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança para as crianças de todo o mundo (BRASIL, 1990a). No Brasil, também há o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, que, dentre outros, atribui legalmente ao Estado, família e à sociedade, responsabilidade pela oferta e gestão da educação infantil de crianças de zero aos três anos de idade nas creches ou instituições equivalentes (BRASIL, 1990b; UNICEF, 1989).

As cidades vêm ganhando importância significativa como espaço de intervenção em torno de projetos comuns e de interesses coletivos, mas, para seu desenvolvimento, esses projetos necessitam da solidariedade social e da integração das políticas públicas urbanas (WESTPHAL, 2000). As cidades deveriam prover um alto suporte social, evitar a distribuição desproporcional de recursos e investimentos públicos, na perspectiva de superar a exclusão social entre as pessoas e famílias que vivem ali, tornando a cidade lócus territorial de proteção.

Destarte, em todos esses documentos, estar na escola é um direito de toda criança desde o seu nascimento e, o local, em que essas conquistas vêm sendo verificadas, é nas cidades, que têm se revelado um espaço importante de organização e mobilização social.

Os membros de uma família são unidos pelas crenças, valores, tradições, relações com a rede de apoio social e a forma como as famílias cuidam de seus membros poderá intervir na percepção dos indivíduos que vivenciam em determinado local (PEDRO, ROCHA, NASCIMENTO, 2008; PRATES; SCHMALFUSS, LIPINSKI, 2015).

Há diferentes tipos e dimensões de apoio social: emocional, afetivo, informativo, interação social positiva e material, mas pode-se afirmar que eles atingem todos os integrantes de um grupo familiar, pois interagem de forma contínua, integrada e conjunta, sobretudo porque estão próximos fisicamente. O

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apoio social é um fator positivo e importante para que o cuidado seja efetivado nas famílias (GARCIA et al., 2015).

É importante distinguir apoio social do termo rede social, embora diversas definições sejam propostas, mostrando que não existe um consenso sobre esses conceitos. O presente estudo se apoiou nas definições abaixo relacionadas.

O apoio social encontra-se na dimensão pessoal. Caracteriza-se por ser qualquer informação, falada, ou não, ou auxílio material oferecido por grupos ou pessoas que se conhecem, tem contatos sistemáticos e que resultam em efeitos emocionais ou comportamentos positivos, ou não. Trata-se de uma retribuição, que produz resultados concretos para a pessoa que o recebe como também para quem concede o apoio. O apoio social é limitado às percepções de quem o recebe (BOWLING, 1997; HUPCEY, 1998; VALLA, 1999; GRIEP, 2003).

O apoio social pode ter várias classificações, porém, para a construção deste estudo e análise dos dados, fundamentou-se em cinco dimensões estudadas por Griep (2003): apoio emocional, instrumental, informativo, material e interação social positiva.

Já a rede social se refere à estrutura, instituição ou grupo de pessoas com as quais o indivíduo mantém contato ou vínculo social e que podem, ou não, oferecer ajuda em situações de necessidades. A rede é entrelaçada por relações que unem os indivíduos, de modo a garantir que os recursos do apoio social procedam por esses vínculos (BOWLING, 1997; GRIEP, 2003; GONÇALVES et al., 2011). Assim, o apoio social chega às famílias pelas redes sociais que elas estabelecem.

As transformações capitalistas observadas na sociedade e a crescente demanda por creches revelaram essa tendência contemporânea da família em buscar conciliação de trabalho e cuidados para seus filhos. A creche passou, então, a ter uma forte influência no desenvolvimento físico, intelectual, psicológico e social das crianças (GRANDE et al., 2017; GOULART, BANDUK, TADDEI, 2010).

Para as crianças, a família destaca-se como principal grupo social responsável por sua formação e socialização. Dela se espera o exercício fundamental de atendimento às demandas biológicas, psíquicas, sociais, espirituais e culturais de cada membro, além de ensinar, proteger e, sobretudo, satisfazer as necessidades básicas da criança em todo seu ciclo de vida. Representa a forma tradicional de viver e uma instância mediadora entre indivíduo e sociedade,

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produzindo, reunindo e distribuindo recursos para a satisfação de suas necessidades básicas (CARVALHO, ALMEIDA, 2003).

No contexto histórico atual, as atribuições dadas às famílias ultrapassam a residência e será no espaço das cidades que as famílias, especialmente aquelas de baixa renda, precisarão contar com equipamentos e recursos sociais que lhes deem suporte para assumir todas suas responsabilidades. Assim, a percepção e a satisfação das famílias com o apoio social e rede social poderão fornecer subsídios para a implementação de práticas, políticas e estratégias na perspectiva da Promoção de Saúde (PS) dos municípios.

Diante do exposto, questiona-se: as famílias do município estão satisfeitas com a cidade, rede e apoio social recebido? E a creche? Ela é reconhecida como um ponto de apoio na rede social? Nesse sentido, o objetivo central dessa pesquisa é analisar a satisfação dos familiares das crianças menores de seis anos com a cidade, apoio e rede social de um município mineiro.

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1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 A INSTITUIÇÃO CRECHE NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A INFÂNCIA

O processo de redemocratização no Brasil se iniciou logo após a crise social nos anos setenta e com o fim da ditadura militar, buscando encontrar respostas para o dilema da política de saúde nacional. Grupos profissionais e progressistas da saúde se engajaram nas discussões à procura de novos paradigmas que guiassem as diretrizes na saúde, educação e buscaram dar uma nova dimensão às políticas públicas de saúde, com foco nos determinantes sociais e históricos do processo saúde/doença (BARROS, SILVA, SANTOS, 2014).

No Brasil, as primeiras instituições voltadas ao atendimento à infância surgiram por volta de 1970. Tiveram seu início fortemente marcado pela ideia de oferecer assistência e amparo aos filhos de mães que entraram no mercado de trabalho (SPADA, 2005).

Em atendimento à parcela das famílias de baixa renda, especialmente as mulheres que saíam em busca de trabalho e não tinham um local e com quem deixar os filhos, as primeiras creches surgiram na França, no século XVIII, por volta de 1770. Com caráter puramente assistencialista, as creches eram voltadas para os aspectos da higiene, cuidados físicos e alimentação, não sendo considerado o enfoque de ações educativas (OLIVEIRA et al., 1992).

O histórico de sua implantação era norteado pelo acolhimento, guarda e proteção das crianças carentes, na qual as mães eram inseridas no mercado de trabalho e não poderiam assumir a responsabilidade pelos cuidados com a criança (SPADA, 2005).

Era comum o cuidado infantil ser delegado às amas e escravas, substituídas, ao longo do tempo, por avós, tias, madrinhas e babás. Partindo dos contextos históricos e socioculturais, a função de cuidar e educar na sociedade têm sido atribuída às mães, cabendo aos pais o sustento da família. No entanto, outras mulheres também se incumbiram e se incumbem dessas tarefas (GOMES, SILVA, ERN, 2003).

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O nascimento da indústria moderna alterou profundamente a estrutura social vigente, modificando os hábitos e costumes das famílias. As mães operárias, que não tinham com quem deixar seus filhos, utilizavam o trabalho das conhecidas mães mercenárias. Essas, ao optarem pelo não trabalho nas fábricas, vendiam seus serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de outras mulheres (PASCHOAL, MACHADO, 2009).

O surgimento de creches primeiramente atendeu a necessidade das mulheres que se inseriam no mercado de trabalho, mas nesse momento histórico a creche amplia sua função, mais do que um local apenas para alimentar, vestir e cuidar de crianças, esse equipamento social passa a auxiliar na remuneração familiar.

A função puramente assistencialista da creche perdurou até a década de 70. A partir deste período passou a ser influenciada pela luta em defesa de novas propostas, ou seja, creche e pré-escolas foram organizadas pela sociedade civil e foram legitimadas pela Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2010).

Em São Paulo, em razão da revolução industrial ter acontecido de forma maciça, as creches foram criadas em 1909 para atender os filhos dos operários que trabalhavam nas indústrias e as crianças carentes (FORNARI, SAPAROLLI, SILVA, 2013).

Diante do paternalismo interessado das indústrias, o Estado não se responsabilizou em manter instituições que assistiam às crianças, restringindo-se a atender somente crianças de camadas empobrecidas da população. Essa postura manteve as creches restritas no assistencialismo e impossibilitou a construção de uma identidade bem definida e estabelecida, não somente para a instituição, mas também para seus trabalhadores (ROSEMBERG, 2003).

Após as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que se intensificaram no século passado, produziram alterações significativas para a vida em sociedade. No contexto da industrialização no Brasil, as contradições dos investimentos públicos destinados aos complexos hospitalares e o acesso à saúde como bens de consumo foram apontados pelos movimentos sociais. Esse fato ocorreu até o fim do século XIX e início do século XX, em que os interesses políticos e econômicos das classes dominantes se articulavam com as políticas de saúde (MACEDO, MARTIN, 2014).

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Em 1974, no Canadá, surgiu o Movimento de Promoção da Saúde (PS), conhecido também como informe Lalonde. Seus fundamentos encontram-se no conceito de campo da saúde, que reuniu os chamados determinantes da saúde. Esse conceito contempla a decomposição do campo da saúde em quatro amplos componentes: Biologia Humana, Ambiente, Estilo de Vida e Organização da Assistência à Saúde, dentro os quais se distribuem inúmeros fatores que influenciaram e influenciam a saúde (BUSS, 2000).

Data de 1978 a primeira conferência internacional de PS, a Conferência de Alma Ata, cujo tema foi Cuidados Primários de Saúde, conseguiu grande atenção para a saúde de todos os povos. O enfoque para a estratégia de Atenção Primária à Saúde (APS) foi o chamado para que os governantes cooperassem. Ressaltou-se a promoção e a proteção da saúde dos povos, entendendo-os como essenciais para o contínuo desenvolvimento econômico e social, para melhoria da qualidade de vida de todos e para a paz mundial (BUSS, 2002).

A Conferência de Alma Ata trouxe, também, um importante reforço para os defensores da estratégia da PS, que culminou com a realização da I Conferência Internacional sobre PS, em Ottawa, Canadá, em 1986 (BUSS, 2000).

Outras conferências internacionais aconteceram e geraram documentos que também trouxeram contribuições importantes para a PS, podendo citar: II Conferência Internacional sobre PS e a Declaração de Adelaide, II Conferência Internacional sobre PS e a Declaração de Sundsval, IV Conferência Internacional sobre PS e a Declaração de Jacarta, V Declaração do México e Quinta Conferência Internacional de PS, VI Conferência Mundial de PS e a Carta de Bangkok (BUSS, CARVALHO, 2009).

No Brasil, a VIII Conferência Nacional de Saúde, mesmo sendo antes da I Conferência Mundial de PS, realizada em Ottawa, no Canadá, já propôs para a sociedade brasileira conceitos e objetivos semelhantes. Segundo a Carta de Ottawa, a saúde não era apenas a ausência de doença, mas também a atenção às necessidades básicas dos seres humanos. Definiram a PS como o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo (BUSS, 2000).

A VIII Conferência Nacional de Saúde foi considerada o evento político–sanitário mais importante da segunda metade do século. Nessa conferência

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teve inúmeros trabalhos técnicos desenvolvidos que serviram de base à elaboração da Seção da Saúde da Constituição Federal de 1988 (BERBEL, RIGOLIN, 2011; BRASIL, 2011).

A nova Constituição Federal demarcou um período de transformação da saúde pública no Brasil. As mudanças da história do Brasil se refletem no desenvolvimento do conceito de saúde, pois além da ausência de doença, a nova carta constitucional sugere estratégias para a recuperação, proteção e PS e a garantia de políticas públicas de saúde para o cidadão. Transformou a saúde em direito de cidadania e deu origem ao processo de criação de um sistema único e público, universal e descentralizado de saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) (HEIDEMANN et al., 2006).

O processo de implantação do SUS foi iniciado a partir de várias definições estabelecidas na Constituição de 1988. A Lei n°8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondente, entre outros aspectos relevantes e define as responsabilidades de cada esfera de governo federal, estadual e municipal (BRASIL, 1990c). A Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde (BRASIL, 1990d).

O modelo de APS é considerado imprescindível para a viabilidade dos sistemas de saúde e para melhoria nas condições de saúde da população. E foi uma das estratégias adotadas para a consolidação do direito à saúde e, consequentemente, para o alcance de níveis mais elevados de qualidade de vida no Brasil (CUNHA, 2009; SILVEIRA, MACHADO, MATTA, 2015).

Considerando suas ações fundamentadas na proximidade e conhecimento do território adscrito, no acolhimento e no acompanhamento longitudinal aos usuários, a APS apresenta elevado potencial para a efetivação da integralidade (MACEDO, MARTIN, 2014).

Para tanto, visando uma nova condição de trabalho, diferente do modelo biomédico tradicional, fazem-se necessárias significativas mudanças, a iniciar pelos profissionais, a fim de fortalecer a abordagem e focar no indivíduo, família e comunidade. Nessa proposta de reorganização de saúde, a atenção básica deverá ser a principal porta de entrada e conduzir os usuários para os princípios da

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universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. O modelo assistencial da APS se desenvolve por práticas de cuidado e gestão, e pelo desenvolvimento de um trabalho de equipe, em território definido em que vivem essas populações (BRASIL, 2000).

Nas suas diversas áreas técnicas foi muito intensa a interlocução mantida entre o Ministério da Saúde (MS), com organismos internacionais, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) e várias instituições de ensino e pesquisa, brasileiras e internacionais, de reconhecida autoridade técnico-científica no tema. O conhecimento e a experiência acumulada nessa trajetória histórica compartilhados geraram as condições necessárias à institucionalização da PS, e a Comissão de Intergestores Tripartite aprovou, no ano de 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) pela Portaria n° 687, de 30 de março de 2006, que foi revisada em 2014 (BRASIL, 2006; BRASIL, 2014).

A PNPS propõe o compromisso da sociedade e suas instituições com a adoção de modos de vida mais saudáveis. Estabelece prioridades de intervenção e traduz-se em compromissos para o cotidiano do SUS, sendo assim garantido o acesso à assistência, a prevenção de doenças e agravos, reduzindo a vulnerabilidade e riscos relativos à saúde (MALTA et al., 2009).

É importante compreender que a PS se constitui um modo de ver a saúde e a doença, sendo que sua abordagem pode trazer contribuições relevantes que ajudam a romper com a hegemonia do modelo biomédico. Faz se necessário intensificar as ações das estratégias de promoção no cotidiano dos serviços de saúde, promover a autonomia das pessoas, indivíduos e profissionais, para que em conjunto possam compreender a saúde como resultante das condições de vida e propiciar um desenvolvimento social mais equitativo. A capacitação e ação da comunidade no processo que liga a saúde e qualidade de vida estabelecem condição individual e social para a saúde e de mediação entre os diversos setores envolvidos (BUSS, 2002; HEIDMANN et al., 2006).

Vale destacar a importância de se trabalhar em conjunto com as cinco estratégias de promoção à saúde: políticas públicas, criação de ambientes saudáveis, reforço da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos serviços de saúde. A articulação entre estes campos de ação

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representa uma força maior que poderá impulsionar transformações na realidade de saúde da população (HEIDMANN et al., 2006).

Além do desafio do MS para implantação da PNPS em um país de dimensões continentais e com tantas diferenças sociais, evidencia-se a efetividade da PS na conclusão dos objetivos a que ela se propõe, no auxílio para a formação de indivíduos autônomos, capazes de promover mudanças e na determinação social do processo saúde/doença (BARROS, SILVA, SANTOS, 2014).

1.2 LOCAIS DE CUIDADOS INFANTIS NA PERSPECTIVA DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

A creche é um local de cuidados infantis.

Ao longo dos anos, no Brasil, a atenção à saúde da criança vem sofrendo transformações, tendo recebido influências de cada período histórico, dos avanços do conhecimento técnico-científico, das diretrizes das políticas sociais e da abrangência de diversos agentes e segmentos da sociedade (FIGUEIREDO, MELLO, 2007).

Com o intuito de melhorar e assegurar a assistência à saúde da criança no Brasil foi elaborado, em meados de 1980, o Programa Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC), com ações voltadas para a prevenção de agravos mais frequentes e de maior peso na mortalidade de crianças de zero a cinco anos de idade, tais como: promoção do aleitamento materno e orientação alimentar no primeiro ano de vida, controle da diarreia, controle das doenças respiratórias na infância, imunização e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento como metodologia para organização da assistência nessa faixa etária (BRASIL, 1984).

Na perspectiva dos direitos para a infância, a partir de 1970, ocorreram muitas mudanças políticas e econômicas que determinaram o esgotamento do modelo sanitário em vigor. Devido a essas crises e o processo de redemocratização do país, foram dados novos rumos às políticas públicas, o que contribuiu para o surgimento, na arena sanitária, de sujeitos sociais que propugnavam mudanças na atenção à saúde e educação (BRASIL, 2011).

A educação da criança no Brasil foi considerada, por muito tempo, como pouco importante, bastando que fossem cuidadas e alimentadas. Após a Constituição de 1988, a educação se integra ao sistema público. Ao fazer parte da

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primeira etapa da educação básica, ela é concebida como questão de direito, de cidadania e de qualidade. As interações e a brincadeira são consideradas eixos fundamentais em uma educação de qualidade (BRASIL, 2012).

Nas sociedades contemporâneas, a escola e as creches deveriam ser o local de estruturação de concepções de mundo e de consciência social, de circulação e de consolidação de valores, de promoção da diversidade cultural, da formação para a cidadania, de constituição de sujeitos sociais e de desenvolvimento de práticas pedagógicas. Não será apenas na escola ou nas creches que se produz e reproduz o conhecimento, mas é nela que esse saber aparece sistematizado e codificado. É um espaço social privilegiado onde poderia definir a ação institucional pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos (BRASIL, 2013).

Nesse sentido, a creche é uma realidade na vida de uma grande parcela das crianças brasileiras em idade pré-escolar, pois ali passam mais de oito horas por dia, cinco dias por semana. Desde que a presença da criança seja adequada, as creches são locais que podem oferecer boas condições, asseguram o desenvolvimento e zelam para um correto estado nutricional (GOULART, BANDUK, TADDEI, 2010).

A creche cumpre um papel importante na comunidade, pois garante que os pais trabalhem e as crianças frequentem um contexto coletivo de educação e cuidado e ressalta a importância do cuidar e educar na socialização com outras crianças (GUIMARÃES, 2011).

As creches estão vinculadas às normas educacionais do sistema de ensino ao qual pertencem. Devem contar com a presença de profissionais da educação em seus quadros de pessoal e estão sujeitas à supervisão pedagógica do órgão responsável pela administração da educação. As propostas pedagógicas de educação infantil devem respeitar os princípios éticos, políticos, dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática e os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2010).

No ano de 1996, a Lei de Diretrizes Básicas (LDB), n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabeleceu orientações para a educação nacional. A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da

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comunidade. Sendo que na primeira fase de desenvolvimento, do zero aos três anos, as crianças deverão ser atendidas nas creches ou instituições equivalentes. E até completar seis anos, ou seja, dos quatro aos cinco anos frequentarão as pré-escolas (BRASIL, 1996).

De acordo com a LDB, os municípios são responsáveis pela oferta e a gestão da educação infantil. No caso das creches, a legislação permite que instituições privadas sem fins lucrativos façam parte do sistema público, oferecendo atendimento gratuito. Para isso, deverá ser firmado um convênio ou outro tipo de parceria público-privada entre a Prefeitura e a instituição (BRASIL, 1996).

Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), todos os professores da pré-escola e dirigentes de creches devem ter habilitação específica em nível médio. O artigo 62, da LDB, indica que as Secretarias de Educação precisam assumir papel mais efetivo, investindo na formação de profissionais de creches por meio de cursos passíveis de certificação formal, tanto para professores quanto para auxiliares, de modo a assegurar condições dignas para o trabalho com as crianças, uma vez que a gestão exige cuidados e mobiliza afetos (KRAMER, NUNES, 2007), que precisam ser cuidados.

A família compartilha com a creche a educação e socialização da criança. A creche é o alicerce e apoio para a condução e orientação. A criança institucionalizada passa a viver e conviver com seus pares e com adultos em um novo contexto com regras e normas próprias, sendo estas relações imprescindíveis na vivência e educação da criança (BAHIA, MAGALHÃES, PONTES, 2011).

Os vínculos afetivos e emocionais seguros que a criança estabelece com seu cuidador estão diretamente relacionados com o seu desenvolvimento e a aprendizagem durante a primeira infância, uma condição fundamental para inserção da criança no mundo (CAMPOS, 2013).

A relação da família com a instituição de ensino contribui para fortalecer a comunicação e aprendizagem. O aprendizado e o desenvolvimento começam bem antes da educação formal, a tarefa de orientar e cuidar da educação dos filhos não pode ficar exclusivamente a cargo de professores a partir da fase pré-escolar. O papel da família também inclui a atenção especial com a educação das crianças, sendo a referência fundamental, porque os pais têm um papel indispensável nos primeiros anos de vida dos filhos (ALMEIDA, 2014).

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No Brasil, os direitos das crianças e dos adolescentes foram reconhecidos pela Convenção dos Direitos Humanos e pelos protocolos facultativos na Constituição Federal de 1988 e o ECA (BRASIL, 1990b). A Constituição Federal, de 1988, foi o marco de um novo olhar político, pedagógico e social para a criança, em que passa a ser considerada cidadã, sujeito de direitos. A família, a sociedade e o Estado são declarados responsáveis por garantir, com absoluta prioridade, os seus direitos (BRASIL, 2010).

Considerado um marco histórico e legal na construção das políticas públicas capazes de fazer valer os direitos sociais da população infantil e juvenil, o ECA estabelece uma nova concepção de infância e adolescência (BRASIL, 1990b). Siqueira (2012) destacou que o ECA apresenta a visão da criança e do adolescente não como objetos de tutela, defendidos pelo Código de Menores, mas como sujeitos de direitos e deveres.

O sistema de garantia dos direitos pelo ECA substitui a doutrina da situação irregular pela doutrina de proteção integral à criança e ao adolescente, estabelece medidas para enfrentar situações de violação de direitos da criança e do adolescente. Dentre estas, apresenta-se a medida de acolhimento institucional como estratégia de proteção, quando há ocorrência de risco, violência, abandono ou qualquer forma de violação de direitos (SIQUEIRA, 2012; BRASIL, 1990b).

A trajetória histórica e social da criança demonstra que, após 1990, ela passou a ser vista como alguém merecedora de atenção, cuidados e respeito. No mesmo período, após a promulgação da Constituição Federal de 1988, as creches passaram a ser vistas como direito da criança, um ambiente onde deveria ocorrer a educação da primeira infância e não somente sua guarda e proteção, e sim vinculadas à educação infantil (SPADA, 2005).

O papel dos movimentos sociais foi fundamental na luta e na conquista de novas creches. Durante anos, o Estado sentiu se isento diante da sociedade em implantar novas creches. Foi exigida do Estado uma nova postura diante da instituição creche, como um direito do trabalhador e, acima de tudo, da criança, na perspectiva de pensar como um local de educação para crianças pequenas (AGUIAR, 2001).

A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, brinca, imagina,

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fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade. A criança tem, na família biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais (BRASIL, 1990a).

A Educação Infantil, oferecida em creches e pré-escolas, caracteriza-se como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de zero a cinco anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (BRASIL, 2010).

Deve-se sempre reconhecer e incorporar o direito das crianças à brincadeira, já que o brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento das crianças pequenas. Por meio das brincadeiras, a criança pode desenvolver algumas capacidades importantes, tais como: a atenção, a imitação, a memória e a imaginação (BRASIL, 2010).

A ideia de princípios, valores, respeito e ética deve ser apresentada às crianças desde o nascimento. Tanto os pais como os professores têm um papel relevante no desenvolvimento da criança durante a primeira infância, por isso devem ser complementares. A educação formal é um complemento que deveria fazer parte da formação do indivíduo, embora distantes cada vez mais devido à participação desproporcional das camadas sociais mais vulneráveis (CAMPOS, 2013).

A família, de um modo geral, representa o lugar de garantia da sobrevivência, do desenvolvimento e da proteção integral aos filhos e demais membros, independente do arranjo familiar ou da forma como é estruturada. Não importa sua estrutura, a família tem um papel essencial no desenvolvimento da criança desde os primeiros momentos de sua existência (SOARES, 2002). E as creches reúnem elementos capazes de oferecer apoio no intuito de assegurar uma vida com melhor qualidade para as crianças e suas famílias.

É notável o espaço social conquistado pelas creches, visto que foi conquistado com muito esforço pelos profissionais que se dedicaram, e ainda se dedicam à evolução destas instituições que cresceram e crescem, dia após dia, tornando-se um local transformador, habilitado a produzir experiências educativas (CARVALHO, ALMEIDA, 2003).

(27)

A reflexão coletiva sobre o histórico das creches e as políticas públicas no Brasil envolve questões delicadas do cotidiano das instituições de educação infantil, permeado em precariedades e pouca responsabilização.

1.3 A CRECHE EM OUTROS PAÍSES

Com a evolução industrial, a partir do século XVIII, ocorreram importantes transformações ideológicas e socioeconômicas, que de certa forma sensibilizaram as estruturas familiares. Destacam-se as mudanças no papel da mulher perante a sociedade e o surgimento de instituições como as creches, com a finalidade de desempenhar atividades que antes eram exclusivamente maternas, como o cuidar das crianças (FARIA, WICHR, 2013).

Ao longo da história, as creches passaram por períodos de expansão e retração nos países europeus, que modificavam seu funcionamento de acordo com as influências sociais, econômicas e políticas, que cerceavam ou impulsionavam estas instituições (OLIVEIRA et al., 1992).

Na Austrália, o termo creche domiciliar, se refere à assistência infantil, na qual os educadores registrados prestam cuidados em suas próprias casas para os filhos de outras pessoas, sob a gestão de um esquema de coordenação local entre governo, pais e educadores. O estudo desenvolvido por Corr et al. (2014), verificou como as condições de trabalho na creche domiciliar influenciam o bem-estar mental do educador, com vistas a gerar estratégias específicas para o contexto da PS mental no trabalho e demonstrou uma análise crítica de como a imparcialidade das relações com o governo e famílias, usando serviços da creche domiciliar, moldam as condições de trabalho. Em parte, 12% das famílias australianas utilizam o serviço.

Um estudo, realizado na província Canadense de Québec, mostrou um primeiro passo na identificação de características familiares socioeconômicas e psicológicas que influenciam as decisões sobre cuidados infantis. Os níveis inferiores de escolaridade e o desemprego das mães durante a gravidez têm sido associados a uma pior qualidade da educação dos filhos e do ambiente doméstico. A amostra do estudo foi baseada em 1.504 crianças, com informações completas sobre características assistenciais e psico socioeconômicas nos anos de 1997– 1998. Os autores apontaram que o desemprego materno durante a gravidez, idade

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materna mais jovem (no início da gestação), e um número maior de irmãos (maior que dois), estiveram associados à menor participação na assistência formal, comparada ao cuidado dos pais e aos cuidados parentais. O uso de creches formais e informais foi cerca de 80% menos frequente entre filhos de mães que estavam desempregadas durante a gravidez do que entre filhos de mães empregadas (GEOFFROYE et al., 2012).

Para Jacobs, Guidubaldi e Nastasi (1986), em um estudo realizado em Baldi, na França, os autores examinaram as diferenças no funcionamento social e cognitivo entre crianças em idade pré-escolar matriculadas em creches. Um grupo era formado por 38 crianças, filhos de pais divorciados, e outro grupo por 42 crianças de famílias íntegras. Não foram encontradas diferenças cognitivas relevantes que beneficiaram as crianças de pais divorciados. O apoio de família informal, como tios e avós, foi associado a um melhor desenvolvimento social das crianças, ao passo que o apoio da equipe da creche foi associado a um melhor desempenho cognitivo.

Em outro estudo desenvolvido na Austrália, especificamente em Melbourne, envolvendo creches familiares de áreas socioeconômica baixas, os autores evidenciaram que uma a cada cinco crianças de famílias vivenciaram um transtorno de saúde mental durante a infância. Observou-se que os educadores apresentavam formação limitada para lidar com esse problema e que seria preciso promover a capacitação dos mesmos. Ainda assim, a creche familiar foi considerada promotora do bem-estar social e emocional das crianças (DAVIS et al., 2011).

Também na Austrália, Brow et al. (2011), entrevistaram pais de crianças para examinarem as percepções da vida familiar e sua experiência em tempo integral de cuidado domiciliar com as crianças. Observou-se que muitas famílias sofriam de estresse e frustrações com o serviço de casa e com os cuidados infantis e passaram a contar com o apoio da comunidade e dos serviços de creches residenciais para superarem os desafios. Os membros da família perceberam uma grande melhora na qualidade de vida geral. Os serviços prestados pela creche auxiliaram na superação dos desafios, desde o desenvolvimento da inclusão e integração, bem como as necessidades da criança.

As creches se estabeleceram ao meio as necessidades de guarda das crianças, no período em que as mulheres estavam entrando no mercado de trabalho. Com o tempo, ampliaram sua contribuição social, passaram a ser

(29)

considerada uma instituição de educação infantil amparada legalmente, como um direito social para as crianças brasileiras. No entanto, para sua garantia, precisam de incentivo financeiro e controle social, apoiados pelas políticas públicas.

(30)

2 JUSTIFICATIVA

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma população considerada saudável é aquela que melhora de modo contínuo o ambiente em que vive, seja físico ou social. Baseando–se neste conceito, lançou, na década de 1980, a proposta de cidades saudáveis. O movimento por cidades saudáveis teve início no Canadá, contudo as diretrizes e implementação de uma cidade saudável guardam diferenças nas especificidades estreitamente relacionadas aos contextos sociais e políticos locais. O seu objetivo maior é a melhoria da qualidade de vida da população. Reafirmando que a conquista de uma vida com qualidade não passa apenas pela saúde, mas pelo papel dos governos, juntamente com outros segmentos sociais, e por meio da participação social na busca de soluções político institucionais, um projeto de cidade saudável pressupõe um novo projeto de cidade e uma sociedade renovada, que vai além do sistema de saúde (RIANI COSTA, 1997; ADRIANO et al., 2000; MENDES, 2007).

Os dez requisitos para uma cidade saudável definido pela OMS seriam: ambiente físico limpo e seguro, ecossistema estável e sustentável, necessidades básicas satisfeitas, acesso a experiências, recursos, contatos, interações e comunicações, economia local diversificada e com inovação, orgulho e respeito pela herança biológica e cultural, serviços de saúde acessível a todos, alta nível de saúde, alto grau de participação social e alto suporte social, sem exploração (OMS, 1995).

Uma cidade saudável é aquela que busca continuamente melhorar seu meio ambiente e a presença de um forte apoio social, não só da comunidade, mas de diferentes setores, será capaz de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes (ZAPATA et al., 2016).

A creche, além de ser um espaço privilegiado para estimulação motora e cognitiva das crianças, pode ser um importante ponto de apoio social na cidade para as famílias de crianças menores de seis anos. Parte-se do pressuposto de que a forma como a creche é percebida e se configura na família poderá influenciar em suas relações sociais familiares, afetivas e econômicas.

(31)

Para a manutenção da saúde e melhoria da qualidade de vida faz-se necessário a compreensão de vários elementos. Acredita-se que, à luz do referencial da PS, o conhecimento da percepção das famílias quanto à rede, apoio social e provisão de serviços e equipamentos sociais pelo Estado, no âmbito das cidades poderá fornecer subsídios para ampliar estratégias promotoras de saúde, o que justifica a elaboração do presente estudo.

(32)

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a satisfação dos familiares com a rede de apoio social oferecido pela creche de um município mineiro.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar o perfil sócio demográfico das famílias.

Conhecer a satisfação com o apoio e rede social vivenciado pelas famílias no contexto urbano.

(33)

4

MATERIAL E MÉTODOS

4.1 NATUREZA DA PESQUISA

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, exploratório com abordagem quantitativa.

4.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi desenvolvido em Jacuí, localizado no Sudoeste do Estado de Minas, a 397 km da capital Belo Horizonte. A área total do município é de 409, 229 km, com uma população de 7.502 habitantes, sendo 647 crianças menores de cinco anos de idade. A densidade demográfica é de 18,33 hab./km². O índice de desenvolvimento humano (IDH) é de 0,668 (IBGE, 2010).

Os serviços de saúde do município compreendem atendimentos básicos e especializados, ambulatorial, hospitalar, atendimentos de urgência e emergência e serviços de apoio diagnóstico, atendendo a esfera pública e privada.

A Secretaria Municipal de Saúde tem a gestão da rede pública de saúde composta por duas unidades de saúde da família, uma unidade de vigilância em saúde, um hospital, uma farmácia básica, um ambulatório municipal (BRASIL, 2016). Cada unidade de ESF é composta por uma equipe multiprofissional, sendo um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem, um dentista, oito Agentes Comunitários de Saúde (ACS) por unidade e dois agentes de combate a endemias para cada unidade. A Secretaria de Saúde do município conta com 16 ACS e cinco agentes de combate a endemias. Possui 2.598 famílias cadastradas, com cobertura de 100% da população. A média diária de visitas por ACS é de nove visitas (BRASIL, 2018).

A Secretaria Municipal da Educação conta com uma creche sob a forma de prestação de serviços. No ensino infantil há três escolas. Uma delas oferece a educação infantil e fundamental e as outras duas oferecem apenas o ensino fundamental. São equipadas com bibliotecas, salas de informática, de vídeo,

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cantinhos de leitura, quadros brancos, ventiladores em todas as salas e bebedouro no pátio.

A creche do município foi fundada em 25 de março de 1985. É uma entidade de organização civil sem fins lucrativos, exercendo atividades educativas, e que ministra apoio pedagógico, atendendo crianças de nove meses a menores de seis anos. Oferece atendimento em período integral e parcial. No período de estudo, atendia 89 crianças. Trata-se de uma instituição filantrópica, que conta com o apoio da Loja Maçônica, dos pais das crianças, da comunidade e de campanhas para manter suas atividades (CRECHE NOSSO LAR DE JACUÍ, 2016; BRASIL, 2018).

A creche descrita tem a colaboração de sete funcionários e uma coordenadora geral, os quais atuam na missão de educar, cuidar e amparar crianças, sem distinção de cor, raça ou credo, e oferecer educação infantil, conforme a Resolução n° 443, de 29 de maio de 2001 (CRECHE NOSSO LAR DE JACUÍ, 2016).

4.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Das 647 crianças, na faixa etária entre nove meses a menores de seis anos de idade (cinco anos, 11 meses e 30 dias) do município, 89 (14%) frequentavam a creche do estudo. Dessas, todos os pais foram convidados a participar da pesquisa, porém 27 não aceitaram. Assim, a amostra foi constituída por 62 representantes familiares dessas crianças.

4.4 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados, foram escolhidos dois instrumentos com vistas a subsidiar e atingir os objetivos propostos. Um roteiro de perguntas, contendo questões relativas ao município de moradia e aos dados sócios demográficos dos representantes familiares participantes do estudo (APÊNDICE A).

O outro instrumento escolhido foi a escala de apoio social denominada Social Support Survey of the Medical Outcomes Study (MOS-SSS) (ANEXO A), desenvolvido nos Estados Unidos (SHERBOURNE, STEWART, 1991). Os dados

(35)

foram coletados com os familiares durante a visita no domicílio, na qual foi utilizado um gravador para os relatos dos familiares.

A validação e a adaptação cultural do instrumento apresentam indicadores psicométricos de validade de conteúdo, validade de construto e análise de confiabilidade teste-reteste (CHOR et al., 2001; GRIEP et al., 2005; FACHADO et

al., 2007).

A escala de apoio social utilizada foi elaborada, originalmente, para o MOS. Trata-se de um estudo que abrangeu 2.987 adultos, usuários de serviços de saúde em Boston, Chicago e Los Angeles, nos Estados Unidos, que apresentavam uma ou mais doenças crônicas. Na sua forma original, esse instrumento foi concebido para abranger cinco dimensões de apoio social: apoio material; apoio afetivo; apoio emocional; apoio informativo; e interação social positiva (GRIEP, 2003).

As perguntas da Escala MOS-SSS se dividem segundo cada dimensão. O apoio material consta de quatro perguntas, relativas à provisão de recursos práticos e ajuda material; para o apoio afetivo, contém três perguntas, acerca das demonstrações físicas de amor e afeto; o apoio emocional é abordado com quatro perguntas, a respeito da habilidade da rede social em satisfazer as necessidades individuais em relação a problemas emocionais; o apoio informativo se apresenta com quatro perguntas, condicionadas à existência de pessoas que possam oferecer conselhos, informações e orientações; e, por último, a interação social positiva que está condicionada à existência de pessoas com quem possam relaxar e se divertir.

Para todas as perguntas citadas, há cinco opções de respostas, variando, de um a cinco, o valor das respostas em que constam: nunca (vale um ponto); raramente (dois pontos); às vezes (três pontos); quase sempre (quatro pontos) e sempre (cinco pontos).

4.5 COLETA DE DADOS

Foi realizado um levantamento dos endereços das famílias pela coordenação da creche. Durante uma reunião de pais da instituição, os familiares foram informados da realização da pesquisa pela coordenadora. Aos que se interessaram, ela comunicou que eles receberiam uma visita domiciliar da

(36)

pesquisadora e que esta estaria acompanhada do Agente Comunitário de Saúde (ACS).

Durante a visita ao domicílio, a pesquisadora fez o convite para a participação da pesquisa, explicou os objetivos e orientou dúvidas. Em seguida, solicitou aos familiares que escolhessem uma pessoa (pai, mãe ou irmão), com 18 anos de idade ou mais, que representasse a família. Se essa pessoa estivesse no domicílio, seria solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e seria aplicado os dois instrumentos. Caso contrário, seria agendado outro dia e horário para retorno ao domicílio.

A coleta de dados se deu de março a julho de 2017 e foram realizadas 89 visitas. Cada visita domiciliar durou cerca de 30 minutos.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados obtidos com os familiares foram compilados e agrupados em quadros com números exatos e porcentagens. Os dados da escala foram compilados, os resultados organizados em figuras e quadros, com o objetivo principal de fazer uma análise panorâmica da distribuição das fontes de suporte social informadas pelas famílias das crianças que frequentam a creche do município de estudo e correlações.

Para o procedimento de análise das respostas, seguiram-se as etapas sugeridas por Griep (2003) para estudos em que se utilizam a Escala MOS-SSS. Os escores foram obtidos pela soma dos pontos totalizados pelas perguntas de cada uma das dimensões e divididos pelo escore máximo possível na mesma dimensão. Cita-se a dimensão de apoio afetivo, constituída por três perguntas. Se um participante respondeu "sempre" em dois itens, e "quase sempre" no terceiro, seu total de pontos será igual a 14. O resultado dessa adição foi dividido por 15 (número máximo de pontos desta dimensão). A fim de padronizar os resultados de todas as dimensões, porque estas são constituídas por diferentes números de perguntas, o resultado da razão (total de pontos obtidos/pontuação máxima da dimensão) foi multiplicado por 100, a fim de se obter o percentual total da escala. Devido à inexistência de pontos de corte no referido instrumento, considerou-se que quanto mais próximo de 100% for o percentual obtido, melhor a percepção do apoio social. Em seguida, foi utilizada estatística descritiva para analisar os dados quantitativos.

(37)

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Franca – UNIFRAN, sob o n CAE: 62493116.7.0000.5495 (ANEXO B), em conformidade com os princípios éticos estabelecidos na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. A coleta dos dados ocorreu somente após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.

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5 RESULTADOS

A caracterização sócia demográfica da população de crianças e de seu representante familiar está demonstrada na Tabela 1.

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 1- Distribuição sócio demográficos dos participantes do estudo. Jacuí, 2017 VARIÁVEIS Criança (N=62) Familiar responsável (N=62) (intervalo) Mediana n % n % Sexo Feminino 32 52 51 82 - Masculino 30 48 11 18 -

Idade das crianças (em anos) - - - - 2,95 (9 m – 5a, 11 m e 30 dias)

Escolaridade dos pais (em anos) 11,27 (5 - 16)

Estado civil

Solteiro 10 16

Casado/Amasiado 47 76

Separado/divorciado 3 5

Viúvo 2 3

Número de pessoas na residência

2 a 3 50 81 4 a 5 9 14 Mais de 5 3 5 Ocupação atual Ativo 56 90 Aposentado/Pensionista 1 2 Sem remuneração 5 8

Renda familiar (em reais) 1.600

(700 a 2.800) Localização de Moradia Zona Urbana 59 95 Zona Rural 3 5 Relação de Moradia Cada própria 28 45 Alugada 30 48 Cedida 4 6

(39)

Dos representantes familiares que responderam o questionário, (48%) foram mães, (46%) pais e (6%) irmãos. A idade em anos das crianças foi de 2,95 ± 0,39 e a escolaridade dos participantes foi de 11,27 ± 0,76 anos.

Houve certa homogeneidade entre os sexos das crianças, (52% feminino e 48% masculino) deste estudo e predomínio de crianças com três anos (Figura 1). Entre os representantes familiares, predominaram mulheres (82%,), casadas (76 %). Ressalta-se que a maioria expressiva (90%) dos participantes está no mercado de trabalho, mas a média da renda familiar de R$1.600,00 ainda é baixa. Embora, segundo dados do IBGE, o rendimento nominal mensal domiciliar

per capita da população brasileira residente atingiu R$1.268,00.

Figura 1 – Percentual distribuído por faixa etária das crianças atendidas na creche. Jacuí – MG, 2017

Fonte: Dados da pesquisa

Relativo à rede social, a escala de MOS-SSS apresenta duas perguntas sobre o número de parentes em quem confiar para falar sobre quase tudo e número de amigos também em quem confiar. E outras três questionam sua participação e frequência em atividades coletivas. Os resultados estão demonstrados na Tabela 2.

(40)

Tabela 2– Rede social referida pelos participantes, Jacuí – MG, 2017 VARIÁVEIS N % Número de parentes 1 a 3 35 56 4 a 5 15 25 Mais de 5 7 11 Nenhum 5 8 Número de amigos 1 a 3 40 64 Nenhum 14 23 4 a 5 5 8 Mais de 5 3 5

Atividades esportivas em grupo*

Não 47 76

Sim 15 24

Trabalho voluntário*

Não 31 50

Sim (Festas beneficentes) 31 50

Atividades religiosas*

Não 47 76

Sim 15 24

Total 62 100,0

*Participação nos últimos 12 meses.

Observa-se o predomínio das famílias com até três pessoas, acrescido pelo número reduzido de amigos. A maioria relatou ter até três amigos e realizarem poucas atividades em grupo. Ressalta-se entre os participantes a ausência de práticas religiosas, embora não tenha sido considerado a espiritualidade dos mesmos. Relativo à satisfação com o tipo de apoio social percebido, os resultados estão demonstrados na Figura 2.

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Figura 2 - Percentual de satisfação dos participantes em relação às dimensões do apoio social. Jacuí – MG, 2017.

Fonte: Dados da pesquisa

A dimensão do apoio afetivo foi a mais percebida pelos participantes do estudo. Esse tipo de apoio alcançou 87% de satisfação, e reflete sobre as demonstrações de amor e afeto.

Relativo à satisfação com a cidade de moradia, os resultados estão demonstrados na Figura 3.

Figura 3 – Sumário relativo à cidade de moradia. Jacuí – MG, 2017

Fonte: Dados da pesquisa

(42)

Os participantes demonstraram satisfação com a cidade de moradia, principalmente por achá-la acolhedora e de baixo custo de vida (48%). Em contraponto (6%) se queixaram da falta de segurança.

No setor de comércio e serviços, há empresas de confecções de jeans que contribuem para a economia local e geram empregos, especialmente para as mulheres, porém, no município de estudo, a economia é baseada na agricultura, predominando a cafeicultura e a pecuária.

Durante quatro meses do ano, de março a junho, chega ao município uma população flutuante, em média 100 famílias, vinda principalmente da região Norte do país - Pernambuco para a colheita de café. Dessas, pelo menos 20 crianças são acolhidas na creche da cidade de estudo.

(43)

6 DISCUSSÃO

A mudança de concepção de assistencialismo e tutela acerca das creches para um local de ensino e cuidados ampliou sua ação social e de apoio às mulheres trabalhadoras e passaram a ser um equipamento efetivo de apoio social que deveria se articular de forma mais intensa com outros setores da sociedade.

No Brasil, os municípios são responsáveis pela oferta e gestão de educação infantil, que inclui as creches.

Acredita-se que a creche seja um espaço de socialização e interação, com a função de cuidar e educar, mas não substitui a família nessa tarefa, e oferece um efetivo apoio social para as famílias.

Em situações de vulnerabilidade, o apoio social tem sido apontado como um fator que pode contribuir para manter a saúde das pessoas, por desempenhar função reguladora, possibilitando ao sujeito superar mais prudente com as ausências e problemas no dia a dia (ZANINI, VEROLLA-MOURA, QUEIROZ, 2009).

No presente estudo, adotou-se a conceituação de Griep (2003), para a análise dos resultados, que considera cinco dimensões de apoio social: o apoio material, que se refere à provisão de recursos práticos e ajuda material; o apoio afetivo, referente a demonstrações físicas de amor e de afeto; o apoio interação social positivo, que significa contar com pessoas com quem relaxar e se divertir; apoio emocional, que se refere à habilidade da rede social em satisfazer as necessidades individuais em relação a problemas emocionais; e o apoio informativo, referente a contar com pessoas que aconselhem, informem e orientem.

A família, escola, comunidade, trabalho, dentre outras, fazem parte da rede social com que o ser humano vivencia desde o nascimento. E as relações entre pessoas e ambientes disponibilizam oportunidades de apoio nos momentos de crise ou mudança e podem criar perspectivas de desenvolvimento humano por meio das possibilidades de emprego, estudo, amizades, lazer, vínculo de suporte e de afeto (BRITO, KOLLER, 1999).

Ao reportar perguntas do questionário MOS-SSS referentes à rede social, quanto ao número de parentes e amigos que se sente à vontade para falar

(44)

sobre quase tudo, a maioria (56%) dos familiares entrevistados responderam de um a três parentes ou amigos. Ressalta-se que 23% relataram não ter nenhum amigo.

O apoio social percebido sofre influência pelo que ele representa e assume para a pessoa em uma dada situação. O apoio percebido relaciona-se com o perfil de personalidade e o seu meio ambiente, bem como eventualidades da vida que podem abalar a agilidade de requerer e aceitar o apoio e, eventualmente, de que este apoio seja efetivo (HUPCEY, 1998).

Entre as dimensões percebidas pelos representantes, predominou o apoio afetivo (87%), que reflete as demonstrações físicas de amor e afeto.

O apoio afetivo é igualmente fundamental por ser responsável por imprimir qualidade às relações e contribuir para a manutenção dos vínculos. Portanto, o apoio social e afetivo está relacionado à percepção que a pessoa tem de seu mundo social, como se orienta nele, suas estratégias e competências para estabelecer vínculos, e com os recursos que esse lhe oferece, como proteção e força, diante das situações de risco que se apresentam (BRITO, KOLLER, 1999).

Nesta perspectiva, o apoio assume-se como um processo promotor de assistência e ajuda por meio de fatores de suporte que facilitam e asseguram a sobrevivência dos seres humanos, e a creche passa a ser reconhecida como um centro de coparticipação com a família e a comunidade em favor do desenvolvimento integral e da educação da criança (ARAÚJO, GAMA, 2013).

Em segunda posição (82%), a dimensão do apoio do tipo interação social positiva está condicionada à existência de pessoas com quem possam relaxar e se divertir. No estudo de Rosa e Benício (2009), os autores citaram a importância do ambiente social, dos membros da família, vizinhos, colegas de trabalho e amigos para proporcionarem condições propícias e estimuladoras de contatos e de relações sociais positivas. Os efeitos benéficos se traduzem na melhoria da qualidade de vida.

O apoio material relativo à provisão de recursos práticos e ajuda material alcançou 80% dentre os participantes. O apoio material está relacionado a qualquer tipo de ajuda que alguém possa oferecer ao outro, podendo ser considerado uma forma de expressão da solidariedade (KOZAN, WANDERBROOCKE, POLLI, 2016).

Nesse sentido, essa dimensão alcançou a terceira posição relativa às demais. Por se tratar de famílias de camadas empobrecidas, embora empregadas e

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