• Nenhum resultado encontrado

Aspectos biológicos, farmacológicos e químicos do gênero Croton

Fundamentação Teórica

2.3. Aspectos biológicos, farmacológicos e químicos do gênero Croton

No Nordeste são usadas na medicina popular no tratamento de inflamações, úlceras e hipertensão (BIGHETTI et al., 1999; HIRUMA-LIMA et al., 1999), algumas espécies são relatadas ainda por seu uso popular contra a diarreia como Croton campestri (CRUZ, 1982), Croton cajucara (COSTA et al., 1989) e Croton rhamnifolioides (RANDAU et al., 2002).

Várias espécies de Croton, tais como C. lechleri, C. palanostigma, C. urucurana e C. draconoides, contem um seiva vermelha viscoso que é obtida após fazer cortes nas raízes (DUKE; VASQUEZ, 1994). As árvores maduras de C. lechleri L. Produzem uma seiva de vermelho à laranja-amarelado, que é altamente valorizada por acelerar a cicatrização de feridas. Devido a sua aparencia com o sangue, o látex é chamado de "sangre de drago" ou "sangre de grado", traduzida em Inglês como "sangue de dragão" e "sangue de árvore", respectivamente (MILANOWSKI et al., 2002; RIINA; BERRY; VAN, 2009).

C. eluteria é uma árvore de médio porte comum na região norte da América do Sul e que se estende pela Améria Central e sul do México. Apresenta caule de alto valor medicinal e rico em óleos voláteis, diterpenos, alcalóides e taninos, sendo aplicada como balsâmica, digestiva, estomáquica, febrífuga, hipotensora, narcótica e tônica. Bastante utilizada contra febre-terçã (decorrente da malária) e como um substituto de Cinchona e Cascara (SALATINO; SALATINO, NEGRI, 2007). Outra espécie amazônica, C. pullei não apresenta citações como medicinal, porém possui óleo volátil e alcalóides (julocrotonina e crotonimida) com propriedades bem interessantes, como anti-inflamatória, antinociceptiva e antiproliferativa (ROCHA et al.,2008).

A C. micans é um arbusto de ampla ocorrência, conhecido no Brasil como “alecrim-de-vaqueiro” e reconhecido como sedativa e calmante, sendo utilizada também no tratamento de distúrbios cardíacos e gripes(COMPAGNONE et al., 2010).

A C. malambo Karst, uma pequena árvore que cresce no oeste da Venezuela e norte da Colômbia, é conhecida como palomatias e Torco. A infusão das cascas é utilizada na medicina tradicional para o tratamento de diabetes, diarreia, reumatismo, úlcera gástrica e como anti-inflamatório e analgésico (SUÁREZ et al., 2003).

Existem ainda espécies Croton zehntneri e Croton cajucara que estão presentes na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (RENISUS) por apresentar potencial e poder gerar produtos de interesse ao SUS. Esta relação foi criada com o intuito de contribuir para a regulamentação do setor, contém o nome de 71 espécies nativas ou exóticas, já utilizadas por vários serviços de saúde estaduais e municipais, a partir do conhecimento tradicional e popular e de estudos químicos e farmacológicos disponíveis (NASCIMENTO-JÚNIOR et al., 2010)

Espécies de Croton são fontes abundantes de substâncias ativas contra o câncer, tais como diterpenóides (clerodano, furoclerodane e diterpenos acíclicos) e alcalóides (por exemplo taspina) (SALATINO; SALATINO; NEGRI, 2007). Além disso, estudos farmacológicos com espécies de Croton têm mostrado atividade antioxidante Croton lechleri Müll. Arg. (LOPES E LOPES et al., 2004), efeitos hepatoprotetores (AHMED et al., 2002), imunomoduladores (WILLIAMS, 2001), e no Brasil, efeitos vasorelaxantes com Croton nepetifolius Baill. (LAHLOU et al., 2000) e antimicrobianos contra bactérias multidrogas resistentes com Croton campestris A. (MATIAS et al., 2011).

Estudos fitoquímicos realizados por Araújo-Júnior et al. (2003) com três espécies do gênero Croton resultaram no isolamento dos seguintes compostos: das partes aéreas de Croton moritibensis Baill., popularmente conhecida como “velame- preto”, quatro alcalóides (harmana e tetrahidroharmana, 2-etóxicarbonil tetrahidroharmana e 6-hidróxi-2- metiltetrahidroharmana) e três diterpenos (sonderianol, 12-hidróxi-13-metil 8,11,13-podocarpatrien-3-ona e 12-hidróxi-13-metil-1,8,11,13- podocarpatrien-3-ona); das raízes de Croton muscicapa Müll. Arg., três novos alcalóides sesquiterpênicos do tipo guaiano, uma nova classe, muscicapina A, muscicapina B, e muscicapina C; das raízes de Croton polyandrus Spreng., a cordatina, o éster metílico do ácido 12-oxo-hardwickic, ácido 18-hidroxi-Labda-7,13-dien-15-óico, estes constituintes são mostrados no quadro 1.

Quadro 1. Constituintes químicos isolados das raízes de Croton polyandrus

Já estudos realizados por Medeiros (2012) com as partes aereas de Croton grewioides Baill. Resultaram no isolamento de treze substâncias (2-oxo-cleroda-3,13- dien-15α,16-olideo-21-ato, 2-oxo-cleroda-3,13-dien-15 ,16-olideo-21-ato, ent-15,16- epoxi-2-oxo-3,13(16),14-clerodatrieno, ent-15,16-epoxi-20-acetoxi-2-oxo-3,13(16),14- clerodatrieno, ácido ent-15,16-epóxi-2-oxo-3,13(16),14-clerodatrien-20-óico, 2-oxo- 5α,8α-cleroda-3,13-dien-15,16-olideo, ácido cleroda-3,13-dien-15,16-olideo-8-óico, ácido ent-caur-16-en-19-óico, ent-7α-acetoxitraquiloban-18-óico, ácido trans-octacosil ferulato, 4-alil-1,2-dimetoxibenzeno, 2-hidroxi-4,6-dimetoxi-acetofenona e estigmast-4- en-3-ona), sendo destes, três descritos pela primeira vez na literatura, dois isolados pela primeira vez no gênero e oito relatados pela primeira vez na espécie.

Uma revisão da literatura sobre 108 espécies do gênero Croton, realizada por Medeiros (2012), levantando dados desde 1907 à 2009, mostrou que as espécies pertencentes a este gênero são ricas em terpenóides, especialmente diterpenos,

flavonoides e alcalóides, como ilustrado no Quadro 2. Também são ricas em terpenóides de baixo peso molecular (mono e sesquiterpenos), que juntamente com arilpropanóides formam outra importante classe de produtos naturais, os óleos essenciais, responsáveis pelo odor característico de muitas espécies de Croton.

Quadro 2. Estrutura química de substâncias isoladas de espécies de Croton

Outros compostos, também isolados de diferentes espécies de Croton foram classificados em 21 categorias, a saber, aliciclicos, alifáticos, alcalóides, compostos benzênicos, carboidratos, diterpenos, flavonóides, lignanas, lipídios, monoterpenos, peptídeos, fenantrenos, fenilpropanóides, proteínas, quinonas, sesterpenos,

muscicapina A glaucina

sesquiterpenos, esteróides, triterpenos e xantonas, como mostrado no Quadro 3, o que demonstra a importância do estudo fitoquímico do gênero (MEDEIROS, 2012).

Quadro 3. Perfil Fitoquímico do gênero Croton (MEDEIROS, 2012)

0 100 200 300 400 500 Coum arin Lact ona Feni lbut anoi de Sest erpe no Pira zidi na Qui noid es Het eroc iclo de oxig ênio Lim onoi des Polic iclo s Meg asti gman os Fura noce mbr anoi des Xant onas Prot eina s Benz oil-M etilp olió is Lign anas Carb oidr atos Lipí deos Benz enoi des Este roid es Trit erpe nos Flav onoi des Alif átic os Feni lpro pano ides Alcal oide s Mon oter peno s Sesq uite rpen os Dite rpen os

Documentos relacionados