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Aspectos descritivos e classificação diagnóstica

1. EMPATIA

2.1. Depressão

2.1.1 Aspectos descritivos e classificação diagnóstica

O termo depressão pode ser usado para designar: um estado afetivo normal de tristeza diante de perdas e frustrações; um sintoma encontrado em diversos quadros clínicos; uma síndrome que engloba um conjunto de sinais e sintomas (Del Porto, 1999).

De acordo com os manuais de classificação diagnósticos vigentes (DSM IV-TR, 2002 e CID 10, 1993) a depressão é entendida como uma síndrome, cujos sinais e sintomas podem ser agrupados em três categorias, a saber:

1) Sintomas Psíquicos

Humor Depressivo: sentimentos de tristeza durante a maior parte do dia,

baixa auto-estima, auto-recriminações e sentimentos de culpa. O sentimento de desvalia e culpa associado a um episódio depressivo grave pode incluir avaliações irreais sobre o próprio valor, preocupações e ruminações cheias de culpa e senso de responsabilidade exagerado pelas adversidades do dia a dia. Em crianças e adolescentes, ao invés de tristeza, costuma-se observar um humor mais irritável ou “rabugento”. Nesse sentido, comportamentos de oposição e explosões de raiva podem ocorrer. Na ausência destas alterações do humor, queixas somáticas também podem ser indicativas de um quadro depressivo, como: dores de cabeça, labirintite, mal estar gástrico e intestinal, dentre outras. Isso é comum em crianças em idade pré-escolar, em idosos e em adultos que apresentam dificuldades para nomear seus sentimentos e significar as

adultos dá-se o nome de alexitimia, termo cunhado por Sifneos na década de 70.

Redução da capacidade de sentir prazer em atividades antes

consideradas agradáveis: mesmo atividades de lazer e o contato social

não despertam mais o interesse das pessoas deprimidas. Tudo que elas fazem tem um peso de dever e obrigação.

Fadiga ou sensação de perda de energia: as tarefas simples do dia a dia

parecem exigir da pessoa deprimida um esforço considerável, sendo seu desempenho lentificado pela sensação de falta de energia.

Diminuição na capacidade de pensar, de se concentrar ou de tomar

decisões: as capacidades cognitivas de atenção, concentração, raciocínio,

e memória também são afetadas na depressão. O curso do pensamento torna-se lentificado e permeado por idéias ruminativas que dificultam a tomada de decisões aparentemente simples aos olhos dos outros. Queixas de distraibilidade e memória são comuns, sendo necessária a diferenciação com outros quadros nos quais estes sintomas também estão presentes como nas demências e no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

2) Sintomas Fisiológicos

Alterações do sono: a insônia é a alteração mais comum, embora a

hipersonia também possa ocorrer. Mesmo quando conseguem dormir as pessoas deprimidas relatam não ter um sono reparador, sentindo-se cansadas e sonolentas durante o dia.

Alterações do apetite: o mais comum é a perda do apetite acompanhada

de diminuição do peso corporal. Porém, algumas pessoas também podem ter um apetite aumentado, especialmente por doces e carboidratos, podendo, em casos extremos, levar a um quadro de obesidade.

Alterações do desejo sexual: pessoas antes sexualmente ativas relatam

uma queda do desejo sexual. A libido, de um modo geral, é retirada de todas as atividades que antes despertavam prazer (esportes, estudo, brincadeiras, etc), o que se pode observar tanto em adultos quanto nas crianças e adolescentes.

3) Sintomas Comportamentais

Retraimento social: por sentirem-se emocionalmente “a flor da pele”,

pessoas deprimidas tendem a se isolar socialmente para evitar um acréscimo de angústia que possa piorar seu estado atual.

Crises de choro: tanto crises de choro quanto acessos de raiva são

comuns diante de qualquer estímulo, por mais insignificante que possa parecer aos outros.

Comportamento suicida: idéias suicidas são muito comuns e as

motivações para o ato incluem distorções cognitivas, pautadas por um pensamento parcial e cindido a respeito das situações. Os obstáculos que surgem na vida parecem definitivos e intrasponíveis. As perdas e frustrações são supervalorizadas, e o sujeito depressivo centraliza em si toda responsabilidade e a culpa pelo que ocorreu. Dessa forma, a morte parece a única forma de expiação da culpa e de acabar com seu

estar morto, expresso por muitos pacientes pela vontade de “sumir”, “desaparecer” ou “ficar dormindo para sempre”. Tal desejo pode ser atuado de forma inconsciente pela pessoa ao se colocar constantemente em situações de risco como: dirigir em alta velocidade, envolver-se em brigas ou brincadeiras perigosas das quais sempre sai machucada. Muitas vezes, porém, os planos suicidas são mais conscientes e elaborados, estabelecendo a forma, a hora e o local em que o ato será executado.

Retardo psicomotor ou lentificação generalizada ou agitação

psicomotora: em alguns pacientes as alterações psicomotoras em ambos

os sentidos (lentificação ou agitação) podem ser observadas no comportamento. Porém, alguns indivíduos experimentam estas alterações como sensações internas (sintomas) sem apresentarem sinais claros no nível do comportamento.

Tal síndrome depressiva pode estar presente de maneira episódica em vários transtornos mentais como nos transtornos ansiosos em geral (Transtorno Obsessivo Compulsivo, Fobia Social, por exemplo) e nos transtornos do pensamento (Esquizofrenias, Transtorno Delirante, dentre outros). Um episódio depressivo caracteriza-se pela ocorrência de pelo menos cinco dos sintomas descritos anteriormente por um período mínimo de 2 semanas. Quanto à gravidade, os episódios depressivos podem ser classificados como leves, moderados e graves.

Os Transtornos de Humor podem ser unipolares ou bipolares. Os primeiros caracterizam-se pela ocorrência apenas de episódios depressivos, enquanto os últimos envolvem a ocorrência de episódios mistos de depressão e mania ou apenas episódios maníacos.