• Nenhum resultado encontrado

2001) C Aspectos Sociais

A. Aspectos Econômicos

Após a inauguração de Brasília, em 1960, iniciou-se um rápido processo de ocupação do Território baseado na expansão da fronteira agrícola e impulsionado pela abertura de rodovias, ligando Brasília a outras regiões do país. (IPEA, 2001, p.38)

O Sistema Rodoviário do Distrito Federal, interligado ao plano rodoviário nacional, visava promover a integração, circulação e aproveitamento de riquezas. No âmbito local pretendia assegurar o crescimento do DF e promover a fixação do homem no campo. Foi definido e alterado ao longo dos decretos: 09 de 09/06/60, 2.297 de 24/03/64, 2.073 de 4/09/74, 6.632 de 3/03/82. Estruturou o território do DF orientando sua ocupação e reforçou a faixa sanitária da Bacia do Paranoá.

Com a implantação do Distrito Federal buscava-se garantir uma agricultura capaz de suprir o mercado consumidor da capital. A grande inovação seria através da alteração do sistema de posse das propriedades rurais e a organização de instituições capazes de desenvolver o setor agropecuário da região. Além do projeto urbano houve

também um planejamento para as áreas rurais dentro do quadrilátero do Distrito Federal, alterando as antigas formas de uso e ocupação do solo. Buscava-se garantir o abastecimento da capital e, ao mesmo tempo, um cinturão verde de proteção do Plano Piloto. Predominavam concepções socializantes do uso do solo com parte das terras rurais desapropriadas e arrendadas. As demais áreas ficariam sujeitas à possibilidade de desapropriação.

Na distribuição das áreas desapropriadas, os lotes próximos ao Plano Piloto (4 ha cada) seriam para a produção de hortaliças; na área intermédia (lotes de 20 a 50 ha), para produção de alimentos e; nas áreas mais afastadas (lotes de 50 a 120 ha), para agricultura e pecuária. As primeiras diretrizes foram estabelecidas pelo Decreto 163/62 que dividiu o território em área metropolitana (compreendida pela área da Bacia do Paranoá circunscrita pela Estrada Parque Contorno – EPCT), áreas urbanas das cidades satélites e a área rural abrangendo o restante.

Conforme aponta estudo de Pébayle (1971), foram previstos vários núcleos compostos de lotes de superfícies variáveis e especializados em produções definidas. Os núcleos rurais foram previstos exclusivamente para os vales amplos. A administração quis utilizar as terras que mais se prestavam ao aproveitamento, ainda que não fossem as mais férteis. Excetuando-se as parcelas do núcleo hortícola de Vargem Bonita, que são inteiramente constituídas dos solos negros, a maioria dos lotes tinham de ser localizados de modo perpendicular ao leito dos rios.

Quatorze núcleos rurais, foram criados nos vales dos afluentes dos rios Descoberto, São Bartolomeu e Preto. As colônias agrícolas possuíam escolas e postos agronômicos. Entretanto, sua implantação enfrentou sérias dificuldades na desapropriação.

Por outro lado, numerosas instalações ilícitas vieram complicar a distribuição dos títulos oficiais de concessão. A rede de estradas asfaltadas e o grande interesse pelas terras próximas de Brasília e das cidades satélites acrescentaram novos elementos de diferenciação entre os vários núcleos.

Núcleos rurais dos roceiros - núcleos rurais de Taquara e Ponte Alta. Agrupavam 21,6% dos lotes do Distrito Federal; ocupados de modo ilegal, antes mesmo de terem sido criados oficialmente.

Núcleos rurais de agricultores e de criadores de gado - Os núcleos rurais de Pipiripau, Tabatinga, Estanislau-Rajadinha e Rio Preto agrupavam 45,38% dos lotes oficiais do Distrito Federal. Somente 7,83% dos lotes possuíam um rebanho de mais de cinco bovinos, o essencial das atividades agrícolas concentra-se no fundo dos vales.

Horticultores de vargem bonita e Taguatinga - agricultores de origem nacional e japonesa em Vargem Bonita e Taguatinga.

Núcleos rurais dos "citadinos-chacareiros" - Em Taguatinga eram chácaras de fim de semana. Sobradinho I e II - Doutores granjeiros - advogados, médicos, homens políticos, altos funcionários com áreas produtivas.

Outras variações encontradas pelo pesquisador na área rural do DF:

Mutações das fazendas tradicionais de criação de gado - a NOVACAP concedeu, aos 103 antigos proprietários, a oportunidade de continuar suas atividades com condições jurídicas definidas e técnicas novas.

Os pequenos invasores rurais - haviam diversos tipos de pequenos invasores rurais: operários lavradores e verdadeiros agricultores. Os pequenos invasores hortelãos do Vicente Pires eram um grupo expressivo destes.

A figura 15, do material elaborado por Pébayle exemplifica os principais núcleos rurais e a ocupação agrícola da época.

As imagens da figura 16, são fotografias aéreas de 1964 e 1965 de algumas áreas rurais e locais de referência. Ilustram a situação agrícola no período.

a) b)

Figura 16: a) Vargem Bonita b) Taguatinga.

Fonte: http://www.sedhab.df.gov.br/preservacao-e-planejamento-urbano/gestao-da-informacao- urbanas/mapas.html

A figura 16a (1965) mostra o núcleo rural Vargem Bonita, já com os traçados das vias do Park Way e do Aeroporto. A figura 114b apresenta Taguatinga e as invasões de posseiros ao longo do leito do córrego Vicente Pires.

A figura 17 (1965) mostra a implantação do núcleo urbano de Sobradinho, já com as áreas rurais (I e II) ao redor apresentando produção agrícola. Eram as áreas dos ‘doutores granjeiros’ ou ‘citadinos chacareiros’ denominadas por Pébayle.

Figura 17: Sobradinho e áreas rurais.

Fonte: http://www.sedhab.df.gov.br/preservacao-e-planejamento-urbano/gestao-da-informacao- urbanas/mapas.html

Figura 18: Região de Tabatinga e Rio Preto.

Fonte: http://www.sedhab.df.gov.br/preservacao-e-planejamento-urbano/gestao-da-informacao- urbanas/mapas.html

A figura 18 (1965), mostra as primeiras divisões de glebas e estradas na região dos núcleos rurais de Tabatinga e Rio Preto, ainda em implantação. Pébayle os denominava de ‘Núcleos rurais de agricultores e de criadores de gado’.

Outra questão importante definida para as áreas rurais foi a preocupação com a pesquisa. No início da construção de Brasília, nas terras da Fazenda Sucupira, na atual área do Riacho Fundo, o Ministério da Agricultura criou o Centro de Laboratório e Pesquisa de Zootecnia. Atualmente esta área está sob responsabilidade da EMBRAPA.

A Fundação Zoobotânica do Distrito Federal criou “Granjas-Modelo” especialmente, para dar suporte alimentar aos habitantes da nova capital. Duas dessas granjas ficavam localizadas na região que, hoje, pertence ao Riacho Fundo: as Granjas- Modelo: Ipê e Riacho Fundo. As fábricas da Granja Ipê produziam banha e doces diversos, enquanto na Granja Riacho Fundo, criavam-se suínos, bovinos e coelhos. Em todas as granjas, havia uma vila residencial para os funcionários.