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3.2 Criação do município de Campos Lindos (TO)

3.2.1 Aspectos físicos

Dentre os aspectos físicos considerados de maior importância para o desenvolvimento dessa pesquisa, foram considerados a hidrografia, o tipo de clima e a distribuição das chuvas. Foi dado destaque aos aspectos de solo e vegetação local, tendo em vista que a combinação desses fatores é fundamental para as famílias locais para determinação dos espaços adequados para a prática da agricultura.

O município está inserido na sub-bacia do rio Manuel Alves Grande e na bacia do rio Tocantins. Levando em consideração que na Serra do Centro e no seu entorno estão várias

3.254 3.429 3.320 22 2.209 4.819 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 1991 2000 2010 Rural Urbana

nascentes desse rio, é importante destacar que o Inventário Socioeconômico do ZEE traz um alerta sobre a proteção dessas áreas de nascente, de acordo com o documento, deve-se atentar para que o uso da terra nessa área seja adequado à conservação de sua função na recarga dos aquíferos, já que suas cabeceiras não estão protegidas por unidades de conservação. O clima predominante na região é do tipo úmido subúmido com moderada deficiência hídrica no inverno (C2wA’a’), assim temos uma distribuição sazonal das chuvas no decorrer do ano, com uma estação seca, entre maio a outubro, e outra chuvosa, entre novembro e abril, com uma precipitação média de 1.700 a 1.800 mm nesse período.

Quanto aos tipos de solos, no município há o predomínio de Neossolos, Latossolos e Plintossolos. O primeiro e o segundo são mais importantes para os objetivos de nosso estudo, por serem os solos predominantes na região da Serra do Centro. De acordo com as informações do ZEE do Tocantins, baseado no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos em vigor atualmente, na região predomina o Latossolo da subordem Amarelo e os Neossolos das subordens Litólicos e Quartzarênico.

Segundo a Embrapa (2013) os Neossolos são solos jovens, em via de formação, constituídos principalmente por material mineral e material orgânico pouco espesso com poucas alterações em relação ao material originário. Os do tipo Neossolo Litólico (subordem) são caracterizados pelo contato, dentro de 50 cm da superfície, entre o horizonte A ou hístico com material mineral extremamente resistente subjacente ao solo, que pode ser a própria rocha ou horizontes C ou material com 90% ou mais de fragmentos de rocha. Geralmente estão associados a relevo ondulado ou escarpado. Os Neossolos Quartzarênicos não apresentam o contato lítico entre os primeiros 50 centímetros de profundidade e são marcados pela textura arenosa (areia ou areia franca) em todos os horizontes até uma profundidade de 150 cm. Essas características dificultam ou impedem o desenvolvimento de plantas e a mecanização, limitando seu uso para fins agrícolas.

Os Latossolos apresentam melhor aptidão para a agricultura, apesar de suas limitações quanto à fertilidade natural, são facilmente mecanizáveis e a depender do nível tecnológico empregado e de condições climáticas, podem ser indicados para silvicultura, plantio de pastagens artificiais e agricultura intensiva. Atualmente têm demonstrado excelentes índices de produtividade em cultivos intensivos, como no caso da produção de grãos em Campos Lindos. Sua característica principal é a presença do Horizonte B latossólico, uma camada de solo bastante espessa (mínimo de 50 cm), subsuperficial, bastante intemperizada, sem mudança

textural abrupta em profundidade, intensa dessilificação, lixiviação de bases trocáveis, concentração residual de sesquióxidos de Fe e Al, presença de argilas minerais do tipo 1:1 e menos de 5% de minerais resistentes ao intemperismo. Os Latossolos são considerados solos mais evoluídos (velhos), em avançado estádio de intemperização, com baixa presença de materiais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, predominando argilas do tipo 1:1 (baixa CTC), geralmente são bem drenados e muito profundos, fortemente ácidos, com baixa saturação por base (distróficos) e ocorrem geralmente em relevo plano a suave ondulado. A distinção do Latossolo Amarelo (subordem) é em função da cor amarelada (matiz 7,5YR) na maior parte dos primeiros 100 centímetros de profundidade do Horizonte B latossólico (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA, 2013).

Figura 3 – Solos predominantes na Serra do Centro e em seu entorno de acordo com ZEE do estado do

Tocantins 2015.

Fonte: Adaptado de SOLOS, ZEE, SEPLAN/TO, 2017.

Quanto ao tipo principal de vegetação original, predomina no município a Floresta Estacional, o Cerrado ou Savana, e Região de Tensão Ecológica (Encrave Cerrado / Floresta Estacional). Na Serra do Centro e no seu entorno, predominam as duas últimas. Sendo que nas regiões mais planas predomina a Savana Arborizada do tipo Cerrado Típico sem mata de galeria inundável e não inundável. Nos baixões ocorrem as Savanas Arborizadas e Parque, principalmente em associações de Cerrado Típico e Cerrado Ralo sem mata de galeria inundável e não inundável, e os Encraves Savana / Floresta Estacional Semidecidual, principalmente de Savana Parque e Arborizada com Floresta Estacional Semidecidual

Submontana, principalmente em associações do tipo Cerrado Ralo e Cerrado Rupestre sem mata de galeria inundável e não inundável com Mata Seca Semidecídua, e do tipo Cerrado Denso com mata de galeria inundável e não inundável com Mata Seca Semidecídua.

A maior ocorrência foi da Savana Arborizada, um tipo de vegetação caracterizada por árvores baixas de até 8 metros de altura e hemicriptófitos contínuos, ocorre uma camada rasteira de gramíneas associada a uma cobertura lenhosa, que justifica sua divisão em subtipos fitofisionômicos: o Cerrado típico, com cobertura lenhosa que pode variar de 20 a 50%; o Cerrado denso, com cobertura lenhosa entre 50 e 70%; e, o Cerrado rupestre, com 5 a 20% de cobertura lenhosa. A mata de galeria corresponde à vegetação perenifólia que margeia cursos d’água de pequeno porte, com árvores que podem chegar aos 30 metros de altura. Quando não é possível a separação entre o Cerrado denso e a mata de galeria a unidade recebe o nome de Cerrado denso com mata de galeria. A Savana Parque está representada principalmente por Cerrado ralo sem mata de galeria inundável e não inundável constituída por um estrato graminóide e uma cobertura lenhosa de 5 a 20%, a diferença entre Cerrado rupestre e ralo são as espécies predominantes. A Mata Seca Semidecídua representa a porção de Floresta Estacional Semidecidual Submontana (entre 100 e 600 m), não associada a cursos d’água, revestindo encostas de vales.

Figura 4 – Regiões Fitoecológicas do Tocantins elaborado pela Secretaria de Planejamento e Orçamento para o

Projeto Zoneamento Ecológico-Econômico do Tocantins em 2013.

Fonte: adaptado de Regiões Fitoecológicas, ZEE, SEPLAN/TO, 2017.