• Nenhum resultado encontrado

7. LÓCUS DA PESQUISA: DOMINGOS MARTINS

7.1. ASPECTOS HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE DOMINGOS MARTINS

O município de Domingos Martins38 foi colonizado por alemães, pomeranos e italianos, que, a partir de meados do século XIX, deixaram a Europa para começar uma vida nova no Brasil.

37

Adjetivo pátrio: quem nasce em Domingos Martins é considerado martinense.

38

Informações obtidas no site oficial da Prefeitura Municipal de Domingos Martins <http://www.domingosmartins@es.gov.br>. Acesso em: 15 jan. 2013.

Os primeiros a chegar foram os alemães, em 1847, quando fundaram, em Santa Isabel, neste município, a primeira colônia alemã no Espírito Santo. O grupo era formado por 39 famílias, sendo 23 católicas e 16 luteranas, vindas da região montanhosa do Hunsrück (Costa do Cachorro), na Prússia Renana, das cidades de Koblenz, Lötzbeuren e Traben-Trarbach, em número de 163 pessoas.

Em 1859, somaram-se aos primeiros colonos outros alemães, provenientes da região do Hesse do Reno. Entre 1857 e 1873, ocorreu o fluxo de pomeranos para a região de Santa Leopoldina e Melgaço (distrito de Domingos Martins).

Os pomeranos vieram da região que ficava situada entre o norte da Alemanha Ocidental e a Polônia. Ela fazia parte da Alemanha desde 1200. Durante o feudalismo, estava vinculada ao Império Prussiano, mas, a partir de 1945, dois terços da Pomerânia foram anexados à Polônia e a outra parte ficou pertencente à Alemanha.

Embora haja registros sobre a chegada de pomeranos ao Espírito Santo entre 1829 e 1833, para participarem da construção e limpeza da estrada projetada Vitória (ES)- Ouro Preto (MG), eles não fundaram colônias nem se estabeleceram de imediato no Estado. Muitos nem permaneceram na região.

O fluxo de pomeranos para as regiões de Santa Leopoldina e Melgaço se deu mais tarde, entre 1857 e 1873, num total aproximado de 2.143 pessoas. Os pomeranos que hoje se encontram em Domingos Martins se concentram mais em Melgaço (na Sede e na localidade de Califórnia) e em Paraju (na Sede e nas localidades de Tijuco Preto e Rio Ponte). Eles vieram da província pomerana das regiões de Koslin, Kolberg, Greifswald e outras. Chegaram à colônia de Santa Isabel subindo o rio Santa Maria da Vitória até a cachoeira de Santa Leopoldina.

A partir de 1859, também chegaram os primeiros italianos na colônia de Santa Isabel. Nessa época, havia em Santa Isabel 27 italianos, mas o maior fluxo de italianos para a região começou em 1875. A ocupação italiana concentrou-se no distrito de Aracê. No início do século XX (por volta de 1900), apareceram na região os primeiros imigrantes italianos. A sua chegada ocorreu por caminhos até então desconhecidos pelos alemães e que foram desbravados a partir de outras direções. Uma primeira leva chegou pelo lado de São Floriano, chegando pelo município de

Alfredo Chaves pela região de São Bento de Urânia. Eles se estabeleceram no alto de Pedreiras e começaram a atrair outras famílias, que foram adquirindo a posse dos alemães que voltavam para a região de São Rafael. Uma outra leva veio por trás da Pedra Azul, passando por Castelinho em direção a São Paulinho.

A colônia progrediu gradativamente e logo se emancipou do município de Viana, sendo elevada à condição de Freguesia, em 1869, e Distrito Policial em 1878. No dia 20 de outubro de 1893, o município de Santa Isabel desmembrou-se de Viana por meio do Decreto Estadual Nº 29.

Pela Lei Estadual nº 1.307, de 30 de dezembro de 1921, o município, antes chamado de Santa Isabel, passou a denominar-se Domingos Martins, em homenagem ao herói capixaba Domingos José Martins, que nasceu em 9 de maio de 1781 no município de Itapemirim e participou como líder da Revolução Pernambucana, tendo sido fuzilado em 12 de junho de 1817 na Bahia.

No tocante aos aspectos culturais que compõem Domingos Martins, tais contribuições manifestam-se na alimentação, na música, na arquitetura e nos festejos, dentre outras. A tradição do povo martinense pode ser constatada na "Sommerfest", ou Festa da Imigração Alemã, que ocorre desde 1987 na Sede, no final de janeiro. A apresentação de grupos folclóricos, bandas típicas alemãs e desfiles alegóricos atrai milhares de visitantes todos os anos. Tem ainda a “Pommerfest”, Festa Pomerana em Melgaço, que acontece em setembro; e em outubro, “Blummemfest”, Festa das Flores, também em Domingos Martins.

Para manter a tradição trazida pelos colonizadores, em 1984 foi criado, no município o Grupo Folclórico Bergfreunde, o primeiro no Estado do Espírito Santo. A partir daí outros surgiram e hoje já são cinco, que se apresentam nos eventos da cidade e também pelo país.

Outra forma de apreciar a cultura local é por meio das bandas de metais. No município existem duas: a Pommerchor e Pommerweg’s, ambas da região pomerana de Melgaço. Elas surgiram dos tradicionais coros de trombones que acompanham os hinos nos cultos das igrejas evangélicas luteranas em ocasiões de casamentos, batizados, visitas a idosos e até mesmo em sepultamentos. Hoje se apresentam também fora dos templos, em festas circulares e para grupos de visitantes. Há ainda

o Grupo Cultural Martinense, que há mais de 50 anos é presença garantida nos eventos locais.

O uso de concertinas e sanfonas é outra tradição mantida no município, principalmente em casamentos e animados forrós. Há também os corais, que já são seis e têm um repertório que mescla canções sacras e seculares. Alguns grupos entoam canções em língua alemã.

A língua trazida pelos imigrantes também é muito forte entre o povo martinense. Tanto o dialeto Hunsrück39 quanto a Língua Pomerana40 ainda são utilizados pelos descendentes para se comunicarem. Há registros de pessoas mais idosas, que não falam português. Há, inclusive, igrejas luteranas que realizam cultos, uma vez por mês, nesses idiomas.

7.2. COMO FUNCIONAVAM AS ESCOLAS NAS REGIÕES DE DESCENDENTES