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Aspectos históricos e estruturais do Futebol de Espetáculo

ASPECTOS HISTÓRICOS E ESTRUTURAIS DO FUTEBOL DE ESPETÁCULO

O presente capítulo apresenta a gênese, o desenvolvimento e a subsunção real do futebol as normas do mercado. A reflexão acerca desses três momentos da organização da modalidade no mundo é fundamental para demarcar que a mercantilização do futebol é o resultado das das transformações nos diferentes complexos da vida humana submetida aos marcos do modo de produção capitalista.

Sendo assim, após os dois primeiros capítulos em que procuramos demonstrar o circuito do valor por dentro da organização do futebol e o contexto histórico que isso ocorre, observando especialmente os complexos do mundo do trabalho, da economia, da política e da cultura, agora vamos às raízes do nosso fenômeno para entender o seu processo histórico de desenvolvimento até chegar à forma de Futebol de Espetáculo.

Para tanto, inicialmente apresentamos o surgimento e a inserção da modalidade na cultura inglesa e posteriormente nos demais países em que a Inglaterra possuía relações comerciais. Na sequência abordamos o processo de internacionalização, expondo alguns aspectos que foram fundamentais para a universalização da modalidade. No terceiro momento abordamos o processo de espetacularização da modalidade. Por fim, tratamos das mudanças da FIFA, dos clubes e das ligas na era do Futebol de Espetáculo.

3.1- A gênese do Futebol

Os jogos com bola são registrados desde a antiguidade, nos diferentes cantos do planeta. Eles faziam parte das tradicionais festas comemorativas dos povos egípcios, chineses, maias, incas entre outros (GALEANO, 2015).

No velho continente também existiam atividades com bola. Os ingleses no século XII comemoravam a expulsão dos dinamarqueses do seu território chutando uma bola de couro que simbolizava a cabeça do general do exército invasor. Outros jogos com bola que utilizam pés, mãos e que permitiam violência física também faziam parte da vida dos moradores daquele país. Já os italianos de uma maneira menos agressiva jogavam com os pés o cálcio (PRONI, 1998).

Ao longo dos séculos seguintes, distintos jogos, sob pouca normatização, com variações nas formas de praticá-los, nos diferentes lugares, violentos e competitivos,

continuavam a ocupar o tempo das pessoas, sendo um passatempo e modo de divertimento (SALVADOR, 2004).

Entretanto, a burguesia ascendente à classe hegemônica era avessa ao contato de seus membros com aquelas práticas por considerá-las degradantes e, da mesma forma, acreditavam que não contribuíam para a formação moral e intelectual dos seus jovens e nem para a disciplina e a revitalização da força de trabalho dos seus funcionários.

Nesse sentido, o caminho seguido foi a esportivização dos jogos populares (tanto da elite quanto das camadas subalternas) (BRACHT, 2005). Os exercícios físicos e os jogos praticados no cotidiano das cidades foram regulamentados a partir dos princípios existentes na produção das fábricas, bem como possuíam as características da sociedade nascente, como a burocracia e a racionalização.

A regulamentação do esporte permitiu que a elite pudesse desfrutar dessa atividade como passatempo e com a perspectiva de formar novas lideranças – vencedores – e, de outro modo, com o crescimento da população urbana e do tempo de não trabalho dos operários, que estes tivessem práticas menos violentas que não os impossibilitassem de retornar no dia seguinte para a fábrica, bem como tivesse no tempo livre formas de internalização dos valores sociais disseminados em outras instituições (exemplo: competição; rendimento; respeito às regras; hierarquia e divisão de papéis).

Ao longo do século XX o esporte, nas suas diversas modalidades, difundiu-se para todas as partes do planeta. ―No hay ningún país em el que no sea uma de las distracciones preferidas de la juventude, al mismo tempo que ele espectáculo favorito de las masas‖ (GILLET, 1971, p. 22).

E o futebol? Esse fenômeno é produto deste momento histórico, surge como um sistema regulamentado, racional, burocrático e hierárquico de competição física no processo de urbanização e industrialização da Europa no século XIX, especificamente nas escolas frequentadas pelos filhos da elite inglesa. Assim, é sistematizado como um símbolo de distinção e status social de uma classe, pois, a sua prática, com suas regras, no seu início, demarcam claramente a classe social que a pessoa pertencia.

De acordo com Elias e Dunning (1992) as primeiras regras do futebol foram feitas nas escolas inglesas entre 1845 e 1862. Porém, conforme demonstra Galeano (2015, p. 33) esse fenômeno ―provém de um acordo de cavalheiros que doze clubes ingleses selaram no outono de 1863, numa taverna de Londres. Os clubes assumiram as regras estabelecidas em 1846 pela Universidade de Cambridge‖ .

A fundação da Football Association com as regras do futebol em 1863 permitiu que as equipes pudessem competir entre si sob o mesmo marco legal. A uniformização das normas foi fundamental para o estabelecimento das competições entre as equipes, ainda que nos primeiros anos elas fossem restritas aos clubes pertencentes às regiões próximas, uma vez que não havia uma rede de transporte desenvolvida interligando os centros urbanos. Algo que logo fora superado com a construção de vias, especialmente ferroviária, que permitiu a descentralização das disputas no território inglês.

As competições entre os clubes alimentavam as rivalidades locais e regionais. As vitórias das equipes nos campos era uma conquista do bairro ou da cidade sobre os demais vizinhos. Isso nutria o sentimento de pertencimento das pessoas e possibilitava ao futebol ocupar um espaço no imaginário social.

Diante da existência das competições entre os clubes surge a possibilidade de quantificar feitos, comparar marcas, records e recordistas. Isso leva Sevcenko (1994, p.3) a concluir que:

O que caracteriza por excelência essa nova atividade é a pressão dos desempenhos contra o rigor do cronômetro, a circunscrição precisa do espaço da ação, a definição de regras fixas e padrões de arbitragem em sua institucionalização em ligas locais, nacionais e internacionais. Desempenhos medidos na linguagem abstrata dos números, desenvolvidos num espaço abstrato, num tempo padronizado, segundo um andamento meticulosamente normatizado e configurados numa escala global.

Nesse sentido, observa-se que o futebol é um fenômeno que se caracteriza pela busca do máximo rendimento seja individual ou coletivo. De forma semelhante do que ocorre numa indústria, os futebolistas e os clubes buscam quebrar marcas e obter os melhores resultados. Outro aspecto presente no futebol é a hierarquia entre os competidores (seja entre as entidades de prática, entre os esportistas ou entre as nações). As seleções nacionais, por exemplo, são ranqueadas pelos resultados esportivos que alcançam ao longo do ano. Os atletas ao final das competições recebem premiações pelo destaque obtido durante os torneios. Uma terceira característica é a necessidade de igualdade e transparência no momento da competição. As regras devem ser as mesmas e quem acompanha não pode ter dúvida sobre os critérios de competição e dos resultados. Por fim, temos a racionalização de todo o processo (antes, durante e depois dos espetáculos futebolísticos) e a estrutura burocrática, semelhante aos estados-nação. A quantificação do treinamento, as comparações entre os atletas e clubes, a classificação dos resultados nas competições são fatores presentes na sociedade moderna e

também no futebol. Da mesma forma, é impensável ter futebol sem uma organização burocrática, com papéis exercidos por cada ente dirigente.

Assim, é impossível pensar a existência do futebol em sociedades anteriores. A organização, a divisão da sociedade e os valores hegemônicos da sociedade capitalista dão forma e moldam essa modalidade.

Destaca-se que se a iniciativa dos jovens londrinos de regulamentar o futebol foi de diferenciar a modalidade de outras práticas, como o rubgy e de demonstrar a superioridade deles em relação a outros competidores (DAMO, 2005). Contudo, o que se observa no campo ideológico é a tendência de reprodução e de reforço por parte do futebol dos princípios da sociedade capitalista e o atendimento dos anseios de uma elite por uma prática que fosse digna do status que ocupava na sociedade e no momento seguinte como forma de disciplina e formação física e intelectual das camadas subalternas.

No que se refere à apropriação da modalidade como forma de disciplinamento e formação do caráter dos membros dos grupos sociais subalternos, observa-se já na década de 1870 a tendência do futebol ser compreendido como elemento capaz de, como na lição de Proni, ―combater a delinquência nas populações miseráveis como Liverpool e Manchester e estimular atitudes e aptidões relativas ao mundo do trabalho, como a resistência física, a disciplina funcional e a obediência às normas e aos comandos [...]‖ (PRONI, 1998, p.58).

Ressalta-se que a expansão do futebol entre as camadas subalternas acompanha o processo de industrialização da Inglaterra. A formação das grandes fábricas foi o ponto de partida para a constituição naquelas localidades de clubes e cenário de descoberta de atletas para as equipes locais.

A disseminação do futebol entre os operários não foi apenas como uma atividade de lazer, mas também como uma atividade profissional, um meio de ampliar a renda. Os trabalhadores que se destacavam na prática da modalidade recebiam benefícios que complementava seu salário.

Aos olhos dos dirigentes essa relação era imprópria, sendo vista como uma afronta aos valores morais aristocráticos e um aceno à ética utilitária vinculada à burguesia. Afinal, o futebol deveria ser uma atividade amadora, sem qualquer elemento de profissionalismo, de performance, de treinamento e de remuneração.

A resistência à profissionalização da modalidade por parte de representantes da elite inglesa também se relaciona aos riscos iminentes de serem derrotados por equipes com jogadores de futebol que não pertenciam a sua classe social. Assim, era mais fácil negar-se a competir do que disputar e serem derrotados nos confrontos (REIS; ESCHER, 2006).

Diante da pressão dos clubes e dos atletas pela profissionalização e o interesse dos representantes das camadas nobres pela manutenção da prática amadora, a direção da Associação de futebol da Inglaterra estabeleceu em 1885 um ―modelo híbrido‖ em que os dirigentes dos clubes e o quadro societário seriam compostos por empresários, industriais ou comerciantes sem qualquer remuneração e os atletas seriam assalariados-profissionais. Isso permitiu a existência de uma camada dirigente da elite inglesa, tendo o controle federativo do esporte (PRONI, 1998).

A partir do momento em que houve a profissionalização dos jogadores estabelecam-se tetos salariais e regras para a transferência deles para outros clubes. Assim, começa a surgir uma hierarquia entre atletas e clubes, tendo em vista que aqueles com os melhores jogadores era também quem atraia mais público e consequentemente tinha mais renda e títulos.

No entanto, cabe desde já advertir que se os elementos básicos da mercantilização do futebol já estão presentes com o profissionalismo, a configuração jurídica-institucional dos clubes e o sistema federativo inglês, não é possível afirmar que havia uma organização do futebol conforme as regras do mercado. Sem dúvida, as relações mercantis estão presentes, da mesma forma que é possível afirmar que os jogos eram espetáculos para o público presente nos estádios. Porém, possuía uma dimensão bem inferior àquela existente na atualidade.

Mas isso será objeto nos tópicos seguintes. Nesse momento cabe sinalizar que: a) o futebol é um produto da ação humana na modernidade, resultado das relações sociais estabelecidas ao longo da história dos seres humanos, consolidado na Inglaterra durante o processo de expansão da industrialização e urbanização; b) o futebol é herdeiro dos princípios que sustentam a sociedade capitalista e, portanto, segue o seu ritmo de desenvolvimento; c) nos primeiros anos de regulamentação do futebol ainda que tivessem relações mercantis, elas eram simples e limitadas pela própria organização da modalidade.

3.2- Internacionalização do futebol

O segundo momento do desenvolvimento desta modalidade caracteriza-se pelo seu processo de internacionalização. Ao passo que o futebol se consolidava na Inglaterra como um importante fenômeno da cultura local também era levado para outros países da Europa e América como um produto do modo de vida dos ingleses. O processo de expansão da modalidade pelo planeta ocorreu conjuntamente com a ampliação da dominação do império inglês por meio do comércio e, na sequência, pela formação de mercados de consumo de massa, especialmente nos países centrais do capitalismo mundial (EUA e Europa Ocidental).

O modo de vida inglês, seus aspectos culturais, dentre eles o futebol, acompanhavam as expedições mercantis. Sobre isso Hobsbawn (1995, p.97) diz:

O esporte que o mundo tornou seu foi o futebol de clubes, filho da presença global britânica [...]. Esse jogo simples e elegante, não perturbado por regras e/ou equipamentos complexos, e que podia ser praticado em qualquer espaço aberto ou menos plano do tamanho exigido [...] tornou-se genuinamente universal.

Seguindo a tendência expansionista do capital (seja exportação de dinheiro ou a instalação de indústrias em outras nações) o esporte e, em particular o futebol, é institucionalizado em diversas nações, com um sistema federativo próprio, de acordo com as relações capitalistas existentes naquele território.

A introdução do futebol na América Latina, especialmente na Argentina e no Brasil está intrinsicamente relacionada às conexões com o império britânico. Para Mascarenhas (2001, p. 47), ―A presença constante de suas embarcações, associada à implantação de ferrovias e diversos outros equipamentos em nosso território [...], viabilizou relativo contato com diversas práticas socioculturais inglesas, dentre elas o futebol‖. Não é por acaso que a primeira federação nacional na América do Sul surge na Argentina, que possuía naquela época fortes laços comerciais com a Grã-Bretanha.

Registra-se que o futebol como produto e reflexo da sociedade capitalista disseminará com mais rapidez e solidez nos locais em que relações de produção capitalista estão mais desenvolvidas, com jornadas de trabalho mais definidas, com processos de urbanização e o desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte. Ou seja, o estágio de desenvolvimento do capitalismo nas nações em que a modalidade passa a ser difundida terá influência no ritmo e nas características da organização da modalidade. Por isso, o destaque para os países europeus e da América.

No primeiro momento de sua expansão observa-se sinais de rejeição ao ―modelo inglês‖, profissional entre os atletas e amador na direção das entidades de administração e prática esportiva, tendo em vista que tanto na Europa como na América o futebol inicialmente ficou restrito à elite. O entendimento geral era de que a forma amadora representava os valores da parcela dirigente da sociedade.

Proni (1998) relata pelo menos três exemplos de tensionamento entre o ―modelo híbrido inglês‖ e a versão do amadorismo ―puro‖ defendido pelos dirigentes por todo o ocidente. O primeiro é que os principais clubes da Europa do final do século XIX e início do século XX, pertencentes a membros de frações da burguesia, disputavam competições em

ligas amadoras. O segundo aspecto foi a inserção da modalidade nos Jogos Olímpicos. Os dirigentes do Movimento Olímpico proibiam qualquer vínculo profissional dos participantes. Por fim, em 1904 foi criada a Federação Internacional do Futebol (FIFA), entre os fundadores (França, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Espanha, Suécia e Suíça) destaca-se a ausência da Inglaterra. O país que foi o berço desse esporte via a criação da FIFA como algo desnecessário e não abriu mão de ter o controle sobre as regras do jogo e nem do controle amador das organizações esportivas. Assim, a FIFA ficou responsável pela organização do futebol no mundo, porém, os britânicos tinham garantia de que os clubes não eram empresas para render lucro para os diretores e acionistas.

Entretanto, no bojo da luta pela ―pureza‖ e domínio dos aspectos amadores, a tendência era de que logo fosse sucumbido pelo desenvolvimento da modalidade. A valorização das competições, com a inserção de jogadores de camadas subalternas, o crescimento do público nos estádios, a fundação de clubes de operários e a realização da Copa do Mundo pela FIFA a partir de 1930 com a presença de atletas profissionais são evidências de que uma nova fase, profissional ao menos na relação dos atletas com os clubes, estava se consolidando no mundo.

Antes disso, diante da proibição de pagamento dos atletas para disputarem as competições, os dirigentes distribuíam presentes, benesses, também conhecidos como ―bichos‖. Essa era a forma de burlar os regulamentos e ao mesmo tempo manter os jogadores, principalmente aqueles das camadas subalternas que tinha no esporte uma forma de melhorar de vida. Esse ―salário indireto‖ também era um mecanismo de evitar a saída dos atletas para os clubes concorrentes.

Assim, entre a fase amadora e a profissional da relação clube-atleta houve um período de semi-profissionalismo, com resistências da classe dirigente. Ela estará presente na maioria dos países da Europa e América até meados da década de 1920. A partir de então, com o crescente assédio dos maiores clubes europeus aos atletas dos clubes menores do próprio continente e também aos latinos foi gradativamente incorporada às relações profissionais dos jogadores de futebol com as equipes.

Observa-se que a melhor situação econômica dos países da Europa, bem como o estágio mais desenvolvido na organização dos clubes e das competições permitiam às equipes desse continente uma maior arrecadação com os jogos e com isso disponibilizavam os melhores ―salários‖ aos jogadores. Esses clubes para levar vantagem nas disputas internas tinham a necessidade de contar com os melhores atletas e não necessariamente do próprio país. Assim, a corrida pela atração dos latinos, destaque para os argentinos, uruguaios e

brasileiros era uma forma de qualificar os elencos e obter melhores resultados nas competições.

Nota-se que tanto na Europa como na América o futebol no início do século XX já movimentava as cidades. As rivalidades internas entre os bairros e entre os municípios de um mesmo país alimentavam as disputas dos clubes e levavam o público aos estádios71. Ao passo que a competição de seleções implementada pela FIFA em 1930 despertava nas pessoas o sentimento de nacionalismo.

Desse modo, nas primeiras décadas do século XX o futebol já era um elemento da cultura de diversos países do Velho e Novo Mundo. Isso ocorreu pela linguagem simples desse esporte, a forma fácil de praticá-lo, a influência da cultura inglesa, vista como moderna e cosmopolita e também por: a) conquistas trabalhistas (aumento do tempo livre e, em alguns casos, direitos sociais) e a formação de um mercado de consumo de massa; b) fortalecimento dos Estados-nações e o enfretamento político-ideológico no plano internacional; c) constituição de um sistema federativo; d) desenvolvimento dos meios de comunicação e de transporte. Na sequência falamos brevemente sobre cada um desses aspectos que foram fundamentais para a internacionalização da modalidade.

a) Aumento do tempo livre

A constituição de um público para os jogos e a disseminação da prática entre as camadas subalternas relaciona-se diretamente com a urbanização das cidades, com a diminuição do tempo de trabalho nas fábricas, as conquistas de direitos e a formação de um mercado de consumo de massa. As mudanças do modo de produção capitalista, sob a primeira e segunda fase do imperialismo compõem um pano de fundo que contribuiu para generalização do futebol. Dentre elas destacam: a) formação de monopólios que partilham a exploração dos diferentes territórios entre si; b) fusão do capital industrial com o bancário – capital financeiro; d) produção em larga escala e um mercado de consumo em massa a partir dos anos 1930, que se consolida após a segunda guerra mundial; e) por constantes lutas entre capital e trabalho (NETTO; BRAS, 2009).

A consolidação de uma economia monopolista, com acumulação de capital por parte das frações da burguesia, bem como a constituição de ―estados sociais‖, obviamente em níveis diferentes, conforme a organização dos trabalhadores no corpo da sociedade civil e da

71 As rivalidades entre os grandes clubes ingleses Manchester United e Liverpool, por exemplo, reproduz as

disputas entre as duas cidades que dão nome às equipes no século XIX. Informação disponível em: http://espnfc.espn.uol.com.br/manchester-united/stretford-end/11278-manchester-liverpool-e-uma-rivalidade- industrial. Acesso em: 18 out. 2017

sociedade política garantiram aos membros das camadas subalternas, resultados de sua luta, tempo livre e condições materiais para ir aos estádios.

Não iremos entrar em detalhes acerca das características da estrutura e superestrutura da sociedade nesse contexto histórico. Isso já foi objeto de nossa análise em outro momento (MATIAS, 2013). Apenas pontuamos que a expansão capitalista monopolista pelo globo (com empresas e capital) não foi sem crises e conflitos de classe. A queda da taxa dos lucros

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