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No Brasil, o número de alunos com mais de 50 anos cresceu nos últimos anos. Homens e mulheres com experiência de vida e muita história para contar aos colegas estão encontrando ou reencontrando o caminho do conhecimento acadêmico. Nos corredores e salas de aula de faculdades e universidades, pessoas de cabelos grisalhos se misturam com os jovens, egressos dos colégios, para buscarem a primeira ou a segunda formação superior, como uma alternativa profissional ou apenas com o intuito de atualização. O número de matrículas nas universidades abertas à Terceira Idade, em vários estados do país, registram essa realidade.

Outro fator que vem influenciando a busca de escolaridade superior está relacionado às mudanças na economia mundial. A competitividade não é mais local mas, global, o que exige a atualização. “Minha intenção não é atuar no mercado como advogado, mas me aprimorar no meu ramo de atividade", afirma o empresário Paulo Coelho, de 39 anos, estudante do quinto período de Direito, da UNIVALI.

O coordenador do processo seletivo e professor do curso de Design da UNIVILLE, José Carlos Iwaya, informa que os alunos com idade superior a 45 anos são os mais interessados, apesar de enfrentarem dificuldades na fase inicial. "As notas mais elevadas são as deles. A evasão também é muito pequena. Estas pessoas já sabem o que querem, são bem realistas e investem bastante", comentou o professor.

Entre a população mais velha, observa-se uma crescente demanda pela educação continuada e pelo o acesso à educação superior. É a conscientização da necessidade de lutar pelos seus direitos e vencer a competitividade. A criação de um elevado número de universidades da Terceira Idade, em varias regiões do país, reflete esse processo.

A Gerontologia é favorável à participação das pessoas de Terceira Idade na vida social. O principal argumento assenta na competência do idoso de se preparar para uma velhice com qualidade que se apoia nos contatos sociais, na troca de experiências e de conhecimentos.

As primeiras experiências e estudos relacionados ao tema da Terceira Idade surgiram na França e nos Estados Unidos, nos anos 70, coincidindo com a intensificação do processo de envelhecimento populacional e estabilidade econômica. Os modelos e denominações criados nestes países difundiram-se em poucos anos por todo o mundo, contribuindo para a sua institucionalização.

O estadista e inventor norte-americano Benjamin Franklin foi um dos precursores na criação de atividades educacionais para adultos e idosos nos Estados Unidos.

Na Filadélfia, em 1727, ele formou um grupo composto de 12 pessoas denominado Junto. Durante 30 anos esse grupo encontrou-se semanalmente para discutir problemas relacionados à sociedade e à comunidade.

Na França, nos anos 50 e 60, o aumento da longevidade e da população idosa deu origem a varias atividades educacionais alternativas para atender pessoas recém -aposentadas. É francesa, inclusive, a denominação Terceira Idade, com referência à etapa de improdutividade no curso da vida.

Nos anos 70, as universidades da Terceira Idade entraram na segunda geração de atividades educacionais; nos seus currículos enfatizaram o desenvolvimento de a preparação dos idosos para uma participação ativa na sociedade.

A terceira geração das universidades francesas da Terceira Idade surgiu nos anos 80 e preocupou-se em desenvolver um currículo adaptado às necessidades educacionais de um segmento populacional que estava se aposentando cada vez mais cedo.

Na China, desde o fim da revolução cultural, os governantes consideraram a educação a melhor forma de ajudar os mais de 100 milhões de idosos chineses que deveriam se adaptar às mudanças sociais. Dentre os programas, destacou-se uma rede de 400 universidades para idosos, que promovem atividades acadêmicas para 470 mil estudantes na faixa etária acima de 50 anos.

No Uruguai, a Universidade Aberta do Uruguai - UNI-3 - foi criada em 22 de abril de 1983. Esse programa é o pioneiro na América Latina. Sua característica de ensino é não-formal, intergeracional e fundamentada na educação permanente. Sua finalidade essencial consiste em preparar o idoso para ser, participar, contribuir para o desenvolvimento da comunidade, dar e receber, tomar decisões, cultivar novas amizades, viva uma vida plena, digna e harmoniosa.

Os princípios básicos dessas universidades mantém-se inalteráveis ainda hoje e consistem em proporcionar aos mais velhos a possibilidade de conviverem de maneira salutar e útil com as gerações mais novas.

O movimento das Universidades da Terceira Idade alastrou-se rapidamente pela Europa, chegando a Portugal em 1976, quando o Dr. Herbert Miranda fundou a Universidade Internacional da Terceira Idade de Lisboa. Na América do Sul chegou os anos 80 marcaram o inicio das Universidades da Terceira Idade.

Embora mantendo um objetivo básico, as Universidades de Terceira Idade (UTI’s) organizaram as suas atividades de diferentes formas, de acordo com o país de origem mas, todas dão primazia ao conhecimento cultural e científica. As aulas são complementadas com atividades recreativas, como o teatro, corais, grupos de dança e ginástica, pintura e passeios. Funcionam, basicamente, como ensino superior e ou como ensino informal.

Na Espanha as UTI’s estão principalmente ligadas a universidades tradicionais como a Universidade de Salamanca e a Universidade de Toledo; a freqüência a esses cursos se dá com horários e apropriados para o sua público. Além dos cursos superiores, devidamente realizam, também, cursos de curta duração ou cursos de verão.

Na França e na maioria dos países europeus as UTI’s funcionam como um espaço alternativo de aprendizagem, sem finalidade de certificação. O Ministério da Educação deste país permite o uso da denominação “Universidade” mas não em cabe conceder certificados ou grau acadêmico (DL nº 252/82 de 28 de Junho). Elas funcionando fora do sistema escolar, e mantem fiéis aos princípios básicos da aprendizagem informal. A maioria trabalha com professores voluntários embora haja exceções, o que resulta no esclarecimento de mensalidades mais elevadas. Existem atualmente 33 UTI’s com mais de 5000 alunos, sendo as maiores a Universidade de Lisboa da Terceira Idade (ULTI) e a Universidade do Autodidata e da Terceira Idade do Porto (UATIP), com 630 e 500 alunos respectivamente. Elas utilizam a denominação de Universidades ou Academias de Cultura, estas últimas ligadas às Santas Casas da Misericórdia. A maior é Leiria, com 500 alunos. Santa Maria da Feira e Oeiras têm menos alunos é a de Lisboa, com 500 alunos.

As universidades de Portugal desenvolvem atividades paralelas como teatro, jograis, canto, cerâmica, rendas e bordados, thai-chi, música, etc, e algumas têm

revistas e publicações regulares: Arvore do Saber – da ULTI ou Terceira Dimensão, da UATIP.

Em 27 de Novembro de 1998 foi criada a Federação Portuguesa das Universidades, Academias e Associação para a Terceira Idade - FEDUATI.