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5.4 AS VOZES DOS RESPONSÁVEIS DAS NSTITUIÇÕES MUNICIPAIS E DAS

5.4.2 ASPECTOS JURÍDICOS DA EXECUÇÃO DO

Observa-se no discurso que os entrevistados com conhecimento do Pnae sabem que o processo de aquisição ocorre por meio da chamada pública.

“Através da chamada pública, que é lançada em Edital no jornal do município e também afixado na Secretaria de Agricultura” (ORGANIZAÇÃO 8).

“A aquisição se dá por processo licitatório: chamada pública” (SECRETÁRIO 1).

“É pela chamada” (ORGANIZAÇÃO 7).

“Olha, acho que desde o início desse governo há um alinhamento porque o Prefeito quer que compre e... eu não creio que a gente teve problemas em entrar com o Jurídico, as vezes eles voltava com o processo, né, mas é por conta da gente esclarecer mesmo, eles não tem as vezes o hábito de linguagem, né, etc...então, tipo assim né...ao comprar produto de origem animal, então a gente colocava lá pasteurizado e quem ajudou a

79 orientar não conhece ai batia e voltava era mais por dúvidas deles de termos ou não termos técnicos...” (SECRETÁRIO 2).

“As dificuldades são de caráter burocrático: levantamento das documentações que comprovam ser a agricultura familiar, quem são os associados e quais são os gêneros que entregarão no decorrer do ano, enfim” (SECRETÁRIO 1).

“Torno a dizer as dificuldades está por parte dos agricultores, eles precisam se organizar. Para lançar o edital a Secretaria de Educação diz quais são os produtos e as quantidades que será necessário para utilizar durante o ano, é com base nisso que eles vão se programar para ver o quanto será preciso plantar para atingir aquilo, né?! Que é um processo que a gente está fazendo em construção. Eles se organizam e dizem pra mim assim: - nesse mês nos teremos esses cinco produtos para oferecer- e eu respondo com a quantidade que preciso dos cinco produtos. Aí eles se planejam, mas esse planejamento está engatinhando e ainda é falho e acaba refletindo no burocrático. O reflexo do dia-a-dia aparece nas questões de papeladas” (SERVIDOR 1).

“Antes não era, agora inclusive na última, eu não entendi a especificação de um produto, a gente não sabe essas coisas de produtos, aí eles podem dar um suporte pra gente, né, chega na hora a gente não sabe, porque que foi escrito daquela maneira, né, então tá ficando bem mais tranquilo” (SERVIDOR 3).

“A Secretaria de Agricultura tem ajudado bastante a gente a fazer o procedimento correto para participar da chamada e no diálogo com o Jurídico e com a Secretaria de Educação” (ORGANIZAÇÃO 3).

“(...) esse vínculo está ficando cada vez mais forte, porque não tinha isso, esse novo Prefeito que trouxe essa iniciativa, e ele

80 cobrou tudo, o empenho da Secretaria da Educação como da Secretaria da Agricultura, envolvimento com o departamento de licitações, a gente tá conseguindo fortalecer cada vez mais” (SERVIDOR 3).

Mesmo havendo troca de conhecimento entre as diversas áreas que atuam, ainda há dificuldade quanto a legislação, que é vaga e não oferece regramento específico para tal aquisição.

“(...) no meu entendimento, ela não é, vamos dizer, uma licitação, né, usa subsidiária, justamente por isso, pela lei não ser tão específica, mas eu não vejo ela como uma lei de licitação, até por isso, não tem todas as formalidades, você pode permitir que um documento que faltou, seja regularizado na hora, né?! Mais realmente é a questão de regulamentar melhor a chamada pública, é a maior dificuldade que a gente encontra (...)” (SERVIDOR 2).

“Estava comentando isso numa reunião que nós fizemos, por que não fazer uma lei específica para chamada pública? Porque a gente se ampara na Lei 866615 e na Lei 10.52016, mas isso foi colocado como aval jurídico do município, pelo fato de que não tinha lei para se amparar, só a resolução, então precisava de uma lei que desse amparo tanto na parte contratual, na parte de penalidade, enfim, o que os artigos da lei prevê, e ela realmente não dá nada, na verdade, não dá nada, então eu acho que seria uma forma de estar regularizando, de estar melhorando a visão da chamada pública, já que (...) ela cresce cada vez mais em todos os municípios, várias reuniões sobre administrações que a gente vai, cada município fala também que Prefeito tá fazendo os editais

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Lei que regulamenta o processo Licitatório.

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81 de chamada pública. Então ela tá fortalecendo, com esse fortalecimento ela realmente precisava de uma lei específica” (SERVIDOR 3).

Funcionários da prefeitura enxergam a chamada pública como uma forma de transferência de renda para o agricultor, que com a finalidade de auxílio extrapola o limite do rural a partir do momento que contribui para o comércio local e por consequência com a economia da cidade.

“Na verdade, a chamada pública é uma forma da administração ajudar o produtor rural do município (...). Então a questão do agricultor rural do município, é mais para estar correndo o dinheiro no próprio município, a questão dos impostos, essa é uma forma de estar ajudando o agricultor, até porque no critério de julgamento das DAPs da Cooperativa, é a localização” (SERVIDOR 3).

Com isso, no momento da abertura dos envelopes cabe a comissão de licitação averiguar se constam todas as DAPs, para posteriormente encaminhar para a Secretaria de Agricultura e o CAE certificar que todos são agricultores familiares e realizam a produção do cultivo estipulado na proposta de venda.

“A Secretaria da Agricultura vai estar fazendo essa fiscalização sobre os agricultores familiares, porque durante a licitação eles apresentam a DAP dos produtores rurais, e através dessas DAPs eles vão procurar, tem o endereço, tudo certinho, para verificar se realmente o que produtor familiar propôs na licitação é o que realmente ele está produzindo” (SERVIDOR 3).

“Nós temos a visita do CAE acompanhada por mim, para ver se de fato o agricultor está produzindo e não está comprando.

82 Isso é para garantir que o agricultor está mantendo o contrato e se tem a qualidade especificada” (ORGANIZAÇÃO 3).

“Nós temos como atribuição do CAE acompanhar os agricultores para ver se os produtos que estamos recebendo é oriundo da agricultura familiar ou se está vindo de terceiros (...) (CONTROLE SOCIAL 1).

5.4.3 Relações comerciais na execução do Pnae

Um aspecto interessante sobre a merenda de Itapeva refere-se ao fato de que antes da Lei 11.947/2009 ela era adquirida 100% por pregão, sendo os produtos em sua maioria comprados de fora do município, poucos produtos eram comprados no próprio município de Itapeva.

“Os produtos vinham de fora, e quando não, era comprado dos grandes produtores daqui do município, o pequeno não tinha vez” (ORGANIZAÇÃO 3).

“Era tudo pelo pregão, a outra equipe da prefeitura que estava tinha rejeição, ainda em receber nossos produtos” (ORGANIZAÇÃO 7).

“A gente sempre participou, antes da chamada pública concorríamos pelo pregão” (ORGANIZAÇÃO 6).

“(...) tínhamos uns atacadistas carimbadinhos, mesmo agora depois de 2010 pra cá (...) a intenção era que fosse agricultor real (...)” (SECRETÁRIO 2).

“Os hortifrútis eram adquiridos de fornecedores empresariais, mas desde 2013 estamos trabalhando com a agricultura familiar, entretanto, importante ressaltar que eles não atendem a toda a rede, pois falta transporte, pessoas e logística adequada para

83 atender aos mais de 20 mil alunos. No momento, a agricultura familiar entrega para cerca de 15 mil alunos” (SECRETÁRIO 1).

No entanto, atualmente os atores que não estão diretamente dentro da Secretaria de Educação desconhecem a quantidade do recurso que está sendo destinado para a agricultura familiar.

“É para ser no mínimo 30%, mas não sei se vai dar isso, é bom a gente ver. Porque se não der a gente pode cobrar” (ORGANIZAÇÃO 7).

“Acho que vai dar 30%” (ORGANIZAÇÃO 3).

“Nossa conversa é para adquirir pelo menos 30% do repasse, mas a gente sabe que tem capacidade de pegar mais” (TERCEIRO SETOR 1).

“Não, essa porcentagem eu não sei dizer, ai a Educação vai poder te responder” (SECRETÁRIO 2).

Enquanto que os atores atuantes na Secretaria de Educação afirmaram que iria passar de 30% o repasse nesse ano de 2014.

“Para este ano, 2014, estaremos fechando pouco mais de 30% conforme pede o Pnae” (SECRETÁRIO 1).

“Pelo que estamos acompanhando, passará dos 30%, beirando 40%” (CONTROLE SOCIAL 1).

“Não consigo afirmar o valor, mas vai ficar próximo dos 40%” (SERVIDOR 1).

No entanto, nota-se que ainda existem dificuldades para a aquisição da agricultura familiar, que permeiam entre gestão organizativa, transporte, planejamento, ajuste de cardápio, preço e capacidade de abastecimento.

84 “Organizações das cooperativas quanto à distribuição e organização, quanto ao planejamento dos quantitativos que eles têm a oferecer” (SECRETÁRIO 1).

“Ajuste de cardápio em função de sazonalidade porque a turma vinha com um cardápio engessado e na época do ano e não tinha isso não tinha aquilo, por isso o ajuste no cardápio é um dos principais fatores junto com a sazonalidade. A questão cultural do nosso agricultor eles já vinham, volume era bem reduzido e hoje já triplicamos o volume e preço” (SECRETÁRIO 2).

“(...) A gente encontra hoje bastante dificuldade, eu vou ser sincera com você, é com condução. Nosso bairro é muito distante daqui” (ORGANIZAÇÃO 3).

“Acho que umas das principais, assim, é ... por exemplo: eu coloco o João da Silva no projeto e acaba que acontece alguma avaria do clima ou de praga, alguma coisa acontece ele não consegue produzir tal produto. Aí o vizinho dele tem o produto, conseguiu, né, por algum motivo o vizinho tem ou o agricultor de outro assentamento e aí não há possibilidade de trocar o produtor. Então isso é falho, o que acaba acontecendo, no caso nosso ainda não, mas a gente sabe que acontece. Acontece um mercado ilegal dentro do programa, uma comercialização ilegal, porque daí o vizinho acaba indo comprar do vizinho dele para manter o projeto, então o correto seria: aconteceu algum problema com o produtor e outro tem dentro da cooperativa, o correto seria poder substituir ele. Então a prefeitura que ainda tem um jogo de cintura que entende, o que ela faz, ela ainda consegue buscar esse produto no pregão, de outra maneira, mais ainda porque ela tem o entendimento, porque na verdade isso geraria uma quebra de contrato. Porque você tem um contrato de que vai entregar o

85 produto e acaba não entregando, né?! Então teria que ter essa possibilidade no programa de substituir o agricultor” (ORGANIZAÇÃO 7).

“Nossa principal dificuldade não diria que seria tanto nosso, né, a priori da própria Cooperativa em levantar o processo de documentação que é exigido para comprovar que eles são da agricultura familiar e que agem como Cooperativa, esse é o primeiro empecilho, mas superado isso, o que eu vejo por parte deles. A nossa dificuldade, nesse momento é em torno da distribuição, a gente atende 66 escolas, né, 12 estaduais, então são em torno de vinte mil alunos e a agricultura familiar nesse momento ainda não consegue atender toda a rede, então a maioria dos produtos deles vai só pro ensino fundamental um, dois e Ensino Médio, as EMEIs ... a gente tá dando os primeiros passos, pra ser sincera a semana passada nós iniciamos com alguns produtos nas EMEIs” (SERVIDOR 1).

“No momento estamos sem Nutricionista na Educação, é a da Saúde que está conferindo o cardápio. É ruim, porque ela não pode nos acompanhar em visita e outra, uma Nutricionista para 70 escolas é complicado, aí não para profissional, entra e sai” (CONTROLE SOCIAL 1).

Mesmo com as dificuldades, hoje o Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação é visto de outra maneira pelas organizações e demais atores. Porque tem estabelecido diálogos constantes com as organizações.

“(...) a questão do calendário, Itapeva acabou. A gente conseguiu trabalhar isso. Mas eu acho que a maior dificuldade de todas as prefeituras trabalharem o Pnae e adequação do cardápio pra época de produção de cada produto” (ORGANIZAÇÃO 7).

86 “Primeiro semestre do ano passado foi difícil. Foi muito difícil, mesmo, houve despensa de funcionários por conta de resistência em executar o Pnae. Não tinha nada a ver com a gente, mas não teve jeito foi preciso falar, olha aquela peça lá, está atrapalhando...e quando foi feita a mudança correu de outra forma, e a gente conseguiu alguns avanços. Atualmente está bem melhor, se tem alguma resistência é pouca porque daí tem se conversado bastante” (SECRETÁRIO 2).

“A reação é boa, as Técnicas são parceiras, quando começou o

processo nesse ano a gente tinha uma nutricionista aqui, que não está mais com a gente porque ela exonerou. Tem as vezes uma certa relutância porque a gente sabe que o plantio feito pela agricultura familiar não tem os mesmos procedimentos até mesmo de enxerto e adubo, ele não tem a mesma estrutura do produto que vem de outras áreas, a gente tem que reconhecer isso e também conscientizar não só a nutricionista, mas principalmente as merendeiras que nem sempre um alimento vistoso de aparência é tão bom nutricionalmente. A gente passa por isso principalmente na escola x, elas falam – nossa, esse alface, tá sujinho ... -, mas você lava tira o sujinho que esse alface é muito melhor que o convencional, porque ele é orgânico, então é assim, eu acho que é uma questão de cultura ensinar pra merendeira, que nem a nutricionista que já sabe e vivência na prática, que não é os olhos que precisam se alimentar primeiro, mas a qualidade do produto é uma questão nutricional, que tem uma resistência. Mas nada que compreendendo o processo, isso foi minimizando, inclusive, é bom destacar que no nosso edital prevê visitações a esses agricultores, pra gente vê que aquilo que a gente tá comprando está vindo da agricultura familiar, e a gente tem duas visitações ao ano, em abril visitamos todos os agricultores, então a

87 gente tem de parâmetro que o que a gente tá comprando não tá vindo de terceiros, está vindo realmente da agricultura familiar” (SERVIDOR 1).

Quanto ao pagamento realizado pela prefeitura, nota-se nos discursos que não há problemas.

“O pagamento é realizado mensalmente, fechamento no final do mês e quanto ao pagamento final, é feito 10 dias após a entrega da nota fiscal pela cooperativa” (SECRETÁRIO 1).

“Para toda escola é gerado um romaneio, que no final do mês vira uma nota fiscal e é mandado para a Secretaria de Educação, daí conta 10 a 15 dias para eles depositarem o dinheiro na conta da organização. Eles, não tem atrasado” (ORGANIZAÇÃO 3).

“Tem feito o pagamento todo mês, as vezes dá problema com algum romaneio, mas a gente liga lá e resolve” (ORGANIZAÇÃO 7).

Diante dos discursos, é possível aferir que a Secretaria de Educação e as organizações de agricultores familiares estão estabelecendo laços comerciais e que estão buscando solucionar seus problemas e divergências.

“A interação ainda está em construção para ser eficaz, eficiente e produtiva a todos os lados, o processo é novo, estamos apenas no segundo ano de efetiva aquisição” (SERVIDOR 1).

da merenda escolar

Para elaboração do cardápio foram realizadas diversas reuniões entre o Departamento de Alimentação Escolar, a Secretaria de Agricultura e organizações de 5.4.4 Cardápio

88 agricultores familiares. Essas reuniões possibilitaram a inclusão dos produtos da agricultura familiar de modo que ela pudesse atender as escolas conforme sua capacidade e no período sazonal.

“Desde novembro de 2013 havia conversa para chegar num consenso no cardápio, a gente falou que era preciso que eles nos ajudassem dividindo em quatro grupos de escolas, onde se dê mais ou menos o mesmo número de alunos, pois são 24.000 alunos. Então o grupo tem que ter 6.000 alunos, daí vocês pegam alface toda semana e faz o rodízio de escola, faz quatro grupos de folhas, por exemplo, alface, chicória, por exemplo e vamos dizer repolho e acelga, couve e acelga, daqui a pouco já passo para legume. Então cada grupo de escola desse recebe um produto por semana, que aí uma escola recebe o alface, outra recebe a couve, outra chicória e a outra acelga. Na outra semana inverte, a que recebeu alface recebe chicória e assim por diante. Porque daí você programa alface para tirar toda semana, ao invés de 1500kg que seriam pedidos hoje, eles pedem por volta de 350kg” (TERCEIRO SETOR 1).

“O cardápio tem sido trabalhado com eles. Fizemos várias conversas até que nos passaram os produtos que tem no município e o período que é produzido a partir daí o grupo de técnicos em nutrição começaram a elaborar os cardápios de maneira a adequar os produtos advindos da agricultura familiar” (SERVIDOR 1).

“Ajuste de cardápio em função de sazonalidade porque a turma vinha com um cardápio engessado e na época do ano e não tinha isso não tinha aquilo, por isso o ajuste no cardápio um dos principais fatores é a sazonalidade” (SECRETÁRIO 2).

89 “O mais importante de tudo isso é a gente conseguir participar do cardápio. Porque a nutricionista acredita que a criança tem que comer apenas produtos midiáticos, como se não tivesse outras opções de produtos para fazer a vez nutricional. Então essa construção em Itapeva foi bastante interessante” (ORGANIZAÇÃO 7).

“Depois do novo Prefeito, houve uma interação maior entre as Secretarias e isso possibilitou um diálogo que levou a mexer no cardápio de maneira saudável, com apoio das nutricionistas” (TERCEIRO SETOR 2).

“A gente começou a conversar em novembro do ano passado (2013), e vem dando certo. Para que nos conseguíssemos atender as escolas, foi tido a ideia de fazer rodízio das escolas e tem funcionado. O problema é que a Secretaria só quer pegar orgânico, igual o nosso caso, que é convencional esses dias pediu 75kg de repolho, como o produtor vai sair lá do bairro para trazer essa quantia? Ele não vem” (ORGANIZAÇÃO 3).

Em Itapeva a mudança no cardápio não interferiu na alimentação dos alunos, muito pelo contrário, os profissionais têm notado que alguns alunos têm interesse em comer por ser produzido no município e, as vezes, pelos seus próprios pais.

“Os alunos não demonstraram nenhum problema, ao contrário, vários ficam felizes por se alimentarem do que os pais plantaram” (SERVIDOR 1).

“O produto é mais fresquinho, o prato fica mais colorido, as crianças têm gostado” (MERENDEIRA 3).

“E agora se você for em qualquer escola, você vai ver um prato todo colorido, com verduras, legumes, arroz, feijão, enfim, e

90 com a iniciativa da criança, ir lá e ela mesmo se servir. Antes era a merendeira que colocava no prato, né, então tem toda essa estrutura que eles fizeram nas escolas, que o aluno tenha a própria autonomia pra verificar se realmente ele quer isso ou aquilo, não aquilo que o funcionário da merenda, a merendeira colocasse no prato dele, né, então eu acredito que isso é uma forma que a educação tá levando a sério, feito da verba que vem do Pnae, e tá dando uma boa alimentação, tanto que o tempo todo eles tão mexendo, é, sempre estudando o cardápio, sempre elaborando um cardápio cada vez melhor” (SERVIDOR 3).

5.4.5 Logística

Existem dificuldades em trazer os produtos até a organização que realiza a pesagem e embalagem, por conta de algumas organizações estarem localizadas a 45 km do centro da cidade, o que resulta em dois custos para o agricultor, o primeiro de transporte da organização do bairro até a organização que realiza a distribuição e, o segundo da entrega ponto a ponto.

“Para trazer até aqui o agricultor paga e para fazer as entregas em escola em escola é cobrado nosso. Então no caso, o pessoal meu é assim: para vir do Avencal até aqui, são 45km e o Senhor que faz nosso transporte, no começo acertou R$ 2,50 por caixa, só que a merenda escolar está pegando pouco, essa semana ela pegou nove caixas de tomate e meia. Se a gente for pagar por caixa não vai compensar para o caminhão ir pegar, porque vai dar R$ 25,00, daí se a gente for pagar por km como ele sugeriu pra mim vai dá R$ 190,00, porque é R$ 1,80 o km rodado, só que eles contam ida e volta, então no caso é 90 km, vai dar R$ 160,00. Aí essa semana eu falei pro Vice-Presidente, ele tem

91 tomate e ele mesmo vai fretar o carro para trazer aqui, porque não está compensado para nós o frete. Se pedir pouco... o frete é por conta nossa, nós pagamos para trazer de lá pra cá e para entregar de escola em escola. Acho que alguém já passou para você, a gente paga R$ 2,50, esse preço foi discutido através das três organizações que é a Coapri, Cooperorgânica e Apra, então fica aqui no setor que eles fazem pesagem, embalamento, para sair daquele setor para escola em escola é R$ 2,50 a caixa, né?! A gente paga, esse saí nosso. O que pesa pra nós hoje, de verdade, porque a gente não tem caminhão é o frete. O frete pesa bastante para nos” (ORGANIZAÇÃO 3).

“Nós produzimos de forma agroecológica, mas não é certificado, aí a prefeitura dá preferência para o orgânico, com isso nosso pedido é pequeno, o que dilui o custo até o entreposto é que sempre precisamos ir para a cidade, senão não compensaria. Mas se fosse rateado igual, aí daria” (ORGANIZAÇÃO 7).

“É pago dois fretes, um para distribuir ponto a ponto e outro para levar até a cidade, esse último o produtor arca do próprio bolso, o outro sai da porcentagem que a cooperativa tira para auxiliar nos custos. Mas se nos se unirmos, dá para fazer” (TERCEIRO SETOR 1).

“Bom, o contrato como a maioria dos contratos, isto é uma parte que eu ainda não consegui digerir muito bem...que é a história do ponto a ponto né ... que para as organizações judia. São poucas as que têm estrutura de logística pra tá fazendo este serviço. Se pegar uma cidade pequena, as vezes é muito mais fácil, cidade de médio e grande porte é bem mais difícil, então

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