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Os suínos possuem ovários revestidos pela bolsa ovárica bastante desenvolvida (SANTOS et al. 2000; HAFEZ, 2004). A superfície ovárica é extremamente granulosa (CARVALHO et al. 2003) e bem irregular com o formato semelhante a “cachos de uva” (Figura 4), devido a permanência e o desenvolvimento simultâneo de vários folículos e corpos lúteos que dificultam a visualização do tecido ovariano subjacente (CARVALHO et al. 2003; HAFEZ, 2004).

Figura 4 - Ovário de suíno (Sus scrofa) apresentando formato irregular devido a presença de folículos (A) e corpo lúteo proeminentes (área pontilhada). Fonte: www.ext.vt.edu/pubs/swine/414-038/414-

038.html, acessado em: 22/06/07.

Oxender et al. (1979) estudando o desenvolvimento ovariano em suínos (Sus scrofa) classificaram os folículos ovarianos em: primordiais, quando o oócito estava envolto por uma única camada de células pavimentosas; primários, o oócito encontrava-se envolto por uma camada de células cúbicas; secundários havia presença de várias camadas de células foliculares em torno do oócito; e terciários ou de Graaf, aqueles que tiveram várias camadas

de células foliculares e a formação da cavidade antral ou antro, os quais corresponderam a somente 2-3 % da população folicular ovariana.

Low (1970), estudando 73 pares de ovários de caititu, descreveu-os como órgãos relativamente grandes. Em fêmeas gestantes, a forma do ovário era vista freqüentemente como bilobada devido a presença do corpo lúteo funcional protuberante. Histologicamente, no período ovulatório formavam-se dois folículos de 3 a 6mm de diâmetro.

Barbella (1993) com base nas mudanças morfométricas do aparelho reprodutivo de caititu desde o nascimento até aos doze meses de idade, afirmou que não era possível evidenciar estruturas na superfície exterior dos ovários, entre o nascimento e até os sete meses de idade. O primeiro vestígio do crescimento folicular foi observado aos oito meses, com a presença de folículos, minúsculas áreas translúcidas na superfície ovárica, e somente com um ano foi detectado o primeiro corpo lúteo. Este autor cita que o peso dos ovários aos doze meses é de 1,22 ± 0,72 g para o ovário direito e 1,04 ± 0,72 g para o ovário esquerdo e que a área deste órgão oscilou entre 0,5 cm x 0,4 cm e 1,5 cm x 1,0 cm, ao nascer e aos 12 meses de idade, respectivamente.

Microscopicamente, Barbella (1993) observou que durante os três primeiros meses havia a presença de folículos com apenas uma camada de células da granulosa localizados abaixo da túnica albugínea, e escassos folículos com duas camadas. A partir do sexto mês foi verificado o primeiro folículo antral, com tendência a localizar-se na superfície, à medida que adquiriam dimensões maiores, sendo que não houve identificação de nenhum folículo em processo de atresia ou já atrésicos. No décimo segundo mês notou-se a presença do corpo lúteo, sendo uma estrutura circular de 0,5 cm de diâmetro, e de vários folículos em seu maior grau de desenvolvimento. Segundo o autor, durante esse período é possível que ocorra atresia folicular.

Mangini (1999) realizando estudos sobre a estrutura do trato genital feminino de queixadas (Tayassu pecari) observou que os ovários desta espécie possuem um epitélio de revestimento constituído de células planas, uma túnica albugínea envolvendo a camada cortical, sendo esta constituída de folículos em diferentes graus de desenvolvimento, corpos lúteos, células intersticiais e tecido conjuntivo frouxo, e uma camada medular composta por tecido conjuntivo frouxo vascularizado.

Os folículos primordiais são constituídos por um oócito primário rodeado por uma camada externa única de células planas; nos folículos primários, a camada externa é composta por células cúbicas e nos folículos secundários o oócito primário está envolvido por várias

camadas de células foliculares, a zona pelúcida torna-se visível e a camada da teca começa a se organizar; já nos folículos terciários ou de Graaf ocorre a formação do antro folicular, além da formação do cumulus oophurus, da corona radiata e o desenvolvimento total das tecas externas e internas (MANGINI, 1999).

Na fase estrogênica foi observado folículos bem desenvolvidos e tecido luteal em estágio de regressão, caracterizado pela presença marcante de tecido conjuntivo em seu interior. A cápsula de tecido conjuntivo, distinta nos corpos lúteos em atividade, apresentava- se pouco definida com proliferação tecidual para o interior da massa de células luteais. Já na fase progesterônica, o tecido luteal estava em desenvolvimento com células endócrinas vacuolares e vascularização bem desenvolvida, formando grupos de células delimitados pelo tecido conjuntivo (MANGINI, 1999).

Santos et al. 2000 estudando a morfologia dos órgãos genitais de caititu e queixadas, observaram que em ambas as espécies não há diferenças significativas em relação aos dados morfométricos como largura, comprimento e espessura. Em caititu, as médias referentes a largura, comprimento e espessura dos ovários direito é de 0,90 cm, 1,22 cm; 0,98 cm, e dos ovários esquerdo é 0,93 cm, 1,34 cm, 1,1 cm; e em queixadas, as médias referentes a largura, comprimento e espessura dos ovários direito é de 0,71 cm, 1,47 cm; 0,86 cm, e dos ovários esquerdo é 0,86 cm, 1,24 cm, 0,86 cm. Paula, et al. (2003) avaliando a morfologia dos órgãos genitais femininos de caititus obtiveram peso médio de 1,93 ± 0,41 g para o ovário direito e 1,58 ± 0,33 g para o ovário esquerdo.

Carvalho et al. (2003) observaram que no caititu o corpo lúteo representava cerca de 30% da área total ovariana, sendo que em seu lado, encontrava-se o corpo hemorrágico que corresponderia a 50% da área. Segundo estes autores estas estruturas são recobertas por epitélio e por uma cápsula de tecido conjuntivo denso (túnica albugínea ovarii). A área restante do ovário era constituída pelo córtex e medula, assumindo o formato de “meia-lua”, devido o corpo lúteo deslocar o tecido no sentido oposto.

No córtex, observou-se diferentes fases do desenvolvimento folicular, folículos primários, em crescimento, maduros e atrésicos, sendo que nenhum folículo poliovular foi observado, o contrário do descrito para suínos. Na zona medular foram encontrados vasos sangüíneos, vasos linfáticos e nervos envolvidos por tecido conjuntivo frouxo (CARVALHO et al. 2003).

Mayor et al. (2006) classificaram os folículos de caititus, em: primordiais, primários, pré-antrais (pequenos e grandes) e antrais (pequenos e grandes). Dependendo da atividade das

células luteais os corpos lúteos (CL) foram classificados: em CL verdadeiro (cíclico e gravídico) e em CL atrésico.

Segundo estes autores, o diâmetro dos folículos primordiais foi de 22,7 ± 4,8 µm e localizavam-se no córtex abaixo da túnica albugínea, sendo caracterizados pela presença de um oócito com 20,5 + 3,6 µm de diâmetro, envolto por apenas uma camada de células planas. Os folículos primários eram encontrados na área periférica do córtex, apresentando uma camada de células foliculares cúbicas, possuindo diâmetro folicular de 26,0 + 4,1 µm

Os folículos pré-antrais pequenos apresentaram duas a quatro camadas concêntricas de células cúbicas, envolvendo o oócito com diâmetro de 84,6 + 24,2µm, a zona pelúcida incipiente com uma espessura de 2,9 + 1,1 µm e a formação da teca interna com duas camadas de células fusiformes. Já nos folículos pré-antrais grandes, a membrana granulosa possuia cinco a seis camadas, sendo separada do oócito pela zona pelúcida com 3,5 + 2,1 µm de espessura e da teca interna pela membrana basal (MAYOR et al. 2006).

Os folículos antrais foram caracterizados pela presença da cavidade antral. Nos folículos antrais pequenos, as células foliculares apresentaram formato poliédrico, possuindo de seis a dez camadas com diâmetro folicular de 917,7 + 509 µm, sendo que o antro folicular obteve 530 µm de diâmetro. Nesta fase, a camada das tecas atingiu 56,0 + 17,1 µm de espessura e foi dividida em teca externa formada por fibroblastos e algumas camadas de fibras elásticas e teca interna constituída de células fusiformes . O diâmetro do folículo antral grande foi de 2252,7 + 558,2 µm, sendo maior que o folículo antral pequeno, porém não houve diferença significativa entre o tamanho do oócito e o da zona pelúcida (MAYOR et al. 2006).

O número médio de corpos lúteos cíclicos em fêmeas não grávidas na fase luteal foi de 2,1 + 0,6 em ambos os ovários. O CL cíclico foi caracterizado pela presença de dois tipos celulares distintos: as células luteais grandes, as quais ocupavam a área central do corpo lúteo e possuíam formato oval ou poligonal, eosinófilas, citoplasma com vacúolos e o núcleo esférico e as pequenas, que freqüentemente localizavam-se nas áreas periféricas e eram caracterizadas pelo oval e núcleo circular. Ocasionalmente, o CL atrésico foi encontrado e caracterizou-se pela extensiva fibrose, diminuição na vascularização e picnose nuclear. A taxa ovulatória estimada foi de 2,3 + 0,6 CL/fêmea, não havendo diferença significativa entre ovário esquerdo e direito.

3. OBJETIVO

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