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Abordando os aspectos naturais tais como clima, vegetação, relevo, geologia e hidrografia, buscou-se retratar as condições físicas encontradas na área em estudo.

O substrato encontrado na bacia do rio Iguaçu é composto por rochas cristalinas do Pré-Cambriano Inferior e Superior, rochas sedimentares paleozóicas da Bacia do Paraná e rochas vulcânicas mesozóicas da Formação Serra Geral (MERENDA, 2004).

Nesta bacia encontram-se as Serras de São Luiz do Purunã e da Boa Esperança, fazendo com que o leito do rio passe por dois vales de ruptura, apresentando a oeste as Cataratas do Iguaçu, conforme ilustrado na Figura 04. Através da mesma figura é possível observar a representação dos 3 (três) planaltos paranaenses: Planalto de Curitiba ou primeiro planalto, Planalto de Ponta Grossa ou Segundo Planalto e Planalto de Guarapuava ou Terceiro Planalto (AZEVEDO, 2006).

Figura 04 – Organização do relevo da bacia do Rio Iguaçu Fonte: PARANÁ, 2012.

Devido à grande extensão da bacia em questão, características compreendendo os 3 (três) planaltos podem ser encontradas nos aspectos naturais. Deste modo, a sub bacia do Médio Iguaçu abrange áreas do segundo e terceiro planaltos, para as quais se deu maior destaque nesta descrição.

Encontra-se na unidade morfoestrutural da Bacia Sedimentar do Paraná e morfoescultural do Segundo Planalto Paranaense (MINEROPAR, 2006), tendo como característica geológica possuir rochas sedimentares do Permiano-Devoniano e intrusivas básicas do Mesozóico (MINEROPAR, 2005). As intrusivas são formadas entre as camadas sedimentares, uma explicação é o Vulcanismo Triássico-Jurássico que afetou a bacia sedimentar do Paraná, o qual foi responsável na formação de diques e soleiras (MAACK, 1968 & BIGARELLA et al, 1994).

A sub bacia em estudo, localizada no sul e centro oeste do Estado do Paraná, apresenta latitudes superiores ao trópico de Capricórnio, tendo o clima Subtropical Úmido Mesotérmico como predominante. De acordo com a classificação de Köppen possui verões frescos, não ocorrendo temperaturas muito elevadas, com média de 20 a 22°C e invernos com ocorrência de geadas severas e frequentes, com médias inferiores a 18ºC (MAACK, 2002).

Esta região apresenta evapotranspiração baixa, sem déficit hídrico, aliado às chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano (AZEVEDO, 2006). A precipitação total anual é superior a 1.000 (um mil) milímetros, sendo que mesmo no mês mais seco esta excede os 60 (sessenta) milímetros. O período com maiores precipitações se dá entre os meses de outubro a março e, o mais seco, entre os meses de abril a setembro, com menores incidências de chuvas (MERENDA, 2004). A bacia do rio Iguaçu tem como principais afluentes o Rio Chopin e o Rio Negro, sendo que apenas este último contribui com águas para a área em estudo. O Rio Iguaçu ao passar pelo Segundo e Terceiro planaltos, cruza as duas escarpas - Devoniana e Triássico-Jurássica - através de vales de rupturas (boqueirões), até desaguar no Rio Paraná (BARDDAL, 2006).

Com a realização de estudos aprofundados, França (1993) demonstrou que o regime do Rio Iguaçu tem características de tropicalidade, com dois máximos, coincidentes com a frequência das grandes inundações. Por volta do mês de outubro ocorre o primeiro e mais importante pico; outro, em ordem decrescente, seria aproximadamente em junho. O autor aponta ainda uma terceira e menos interessante estação de cheias entre os meses de janeiro, fevereiro e março (BARDDAL, 2006). Nestes meses várias inundações foram registradas ao longo dos anos, principalmente atingindo o município de União da Vitória, que possui sua área urbana as margens do rio.

Contudo, o leito do Iguaçu vem apresentando algumas alterações, principalmente devido aos processos de erosão – solapamento – e desmatamento das margens, na qual se encontram numerosas árvores com raízes expostas. Percebe-se, nos últimos anos, “um acrescimento de alargamento nas margens côncavas do leito e aumento de deposição nas margens convexas, bem como um entulhamento do fundo do leito em alguns setores” (BUCH, 2007, p. 84). Estes processos têm afetado os limites de inundações, que trazem danos a toda a região, principalmente nos trechos urbanizados.

Importante mencionar ainda a importância energética do rio, que, por encontrar-se numa área montanhosa - a partir do município de União da Vitória (Segundo planalto) - os desníveis naturais do terreno fizeram aparecer várias quedas d’água, sendo este rio um dos maiores rios brasileiro na contribuição da geração de energia elétrica. Em aproveitamento a esta característica natural do rio, 5 (cinco) barramentos foram instalados e encontram-se em funcionamento, sendo eles: Foz do Areia, Segredo, Salto Santiago – que operam sob a forma de reservatório - e, Salto Osório e Salto Caxias - que operam a fio d’água. Entre estes, Foz do Areia e Salto Segredo se encontram na área em estudo.

A vegetação da bacia do Rio Iguaçu relaciona-se com o tipo de clima e solo encontrados na região. A espécie com maior destaque é a mata de araucária ou floresta ombrófila mista, devido à presença marcante do pinheiro do Paraná (Araucária angustifolia) (AZEVEDO, 2006). Contudo, embora originalmente dominada por estas matas de araucárias, pesquisas realizadas por Maack (1981) já revelavam que cerca de dois terços da área ocupada por esta vegetação já havia sido destruída e substituída por matas secundárias, com predomínio de samambaias.

Atualmente podem-se encontrar áreas de campos limpos com capões e matas de galeria. Entretanto, áreas de várzea eram encontradas acompanhando o Rio Iguaçu e seus principais afluentes da margem esquerda, característica esta que também sofreu grandes modificações. O terço inferior da bacia era ocupado pelos remanescentes da mata de araucária, rica em taquarais e palmáceas, e também pela mata pluvial subtropical interior (MERENDA, 2004).

Merenda (2004) retrata ainda que nas áreas do segundo e terceiro planaltos a ocupação agropecuária, a extração de erva mate e a atividade madeireira resultaram na grande devastação da vegetação primitiva, inclusive da mata marginal.

Levantamentos realizados pela Companhia Paranaense de Energia – Copel, no ano de 1993, revelaram que os remanescentes da mata de araucárias são escassos, ocorrendo em pequenos fragmentos, com diferentes graus de perturbação.

Segundo Buch (2007), a paisagem encontrada atualmente nas matas ciliares não apresenta grandes variações, predominando os sargaços, palmeiras, poucos branquilhos e raros pinheiros. Segundo esta mesma autora, o cultivo de espécies exóticas - como Pinus e Álamo - aparece como uma nova fonte econômica, que margeando o rio, torna a paisagem monótona e homogênea, comprometendo a geomorfologia do rio e ignorando sua fauna nativa.

Enfim, a degradação atual da paisagem não se limita ao desmatamento da mata ciliar, mas afeta também o equilíbrio hidrogeomorfológico do rio. Deste modo, pode-se afirmar é que o processo de desmatamento da mata ciliar ainda está em curso, principalmente relacionado com as demandas por materiais de construção – como a areia e argila extraída das áreas de acumulação – que através da sua extração, alteram as condições hidrodinâmicas do fluxo fluvial (BUCH, 2007).

Assim buscaram-se apresentar os principais aspectos naturais presentes na área em estudo.

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