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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.8 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO CUIDADO COMPARTILHADO

4.8.3 Aspectos negativos do cuidado profissional à criança identificados pelos

cuidadores

Alguns familiares cuidadores da criança no hospital apresentam-se insatisfeitos com as orientações recebidas pelos profissionais em relação ao cuidado de seus filhos.

Porque eu sei que é difícil. Tem sempre bastante gente internada. Então, algumas vezes não é aquilo que a gente esperava no atendimento. Ainda mais criança que

tem que ser cuidada diferente, Exige tempo da gente. Ai a gente chama e elas estão ocupadas. As enfermeiras não têm o tempo para o atendimento que a gente gostaria. Poderiam nos orientar melhor, nos ensinar a cuidar direito, pois nunca tinha tido um filho com soro. Podiam orientar melhor (F3).

Falta orientação. Vejo que não são preocupadas em nos orientar direito. Estão sempre com pressa, então, a orientação é assim superficial (F11).

Em algumas situações em que o quadro clínico da criança é delicado e que essa necessita de cuidados especiais os familiares podem sentir-se incapazes e inseguros para cuidar e necessitam do auxílio dos profissionais para se tranquilizarem.

Muitas vezes, fico assustada, pois a falta de ar é muita e fico com medo de não dar conta do cuidado. Fico chamando toda hora porque me sinto insegura e a presença delas me tranqüiliza. (F9)

A noite ela sempre piora e não me sinto capaz de ficar sozinha com ela. Preciso do auxílio da enfermagem. Só assim me acalmo um pouco. (F11)

Alguns familiares afirmaram que não confiam nos profissionais da equipe por achar que lhes falta uma melhor capacitação para o cuidado.

Há situações em que não confio nelas. Fico com medo. Umas são estúpidas e não dizem coisa com coisa. Penso que falam com a gente por obrigação e me sinto meio perdida porque preciso chamá-las com certa frequência e fico achando que estou incomodando. (F1)

Em algumas situações verifica-se que o cuidado à criança é imposto ao familiar que passa a assumir cuidados que deveriam ser realizados pelos profissionais.

Aqui a gente faz a nebulização, cuida o soro para não terminar e dá o alimento na sondinha. Eu penso que elas me ensinaram a fazer para ajudar no trabalho, pois são muitas crianças para atender. A sonda mesmo ele vai continuar a usar em casa. (F7)

Alguns familiares cuidadores do estudo apresentam-se insatisfeitos com as orientações recebidas pelos profissionais em relação ao cuidado de seus filhos. Outro trabalho desenvolvido por Xavier apontou que, apesar de vários dias de internação, os cuidadores da criança no hospital desconhecem as normas e rotinas do setor, não foram orientados acerca dos cuidados necessários e a melhor forma de executá-los apresentando certo grau de carência de práticas educativas efetivas e de um cuidado mais humanizado. (XAVIER; GOMES; SALVADOR, 2014).

Em um estudo acerca da vulnerabilidade do familiar cuidador no hospital uma das cuidadoras da criança referiu, inclusive, ter se sentido magoada, diminuída e pressionada por

profissionais da equipe ao solicitar informações acerca do problema da criança. (COA; PETTENGILL, 2011). Outra pesquisa acerca da percepção da família da criança com paralisia cerebral sobre as orientações recebidas da equipe de saúde observou-se uma limitação dos cuidados prestados pela equipe em relação às orientações proferidas sobre como cuidar da criança. Pode-se perceber que essas famílias foram pouco esclarecidas em relação à maneira de cuidar da criança. (MILBRATH et al., 2012).

Os familiares acreditam ser importante receber informações sobre o que podem ou não realizar. Como a família se encontra fragilizada pela internação hospitalar de seus filhos, na maioria das vezes, fica a mercê das decisões dos profissionais. Assim, compete ao enfermeiro tomar a iniciativa de integrá-la ao processo de cuidado da criança, na busca por relações menos conflitantes e mais efetivas, no sentido de se propiciar um cuidado mais qualificado, sensível e humano. (XAVIER; GOMES; SALVADOR, 2014).

Em algumas situações em que o quadro clínico da criança é delicado e que essa necessita de cuidados especiais os familiares podem sentir-se incapazes e inseguros para cuidar e necessitam do auxílio dos profissionais para se tranquilizarem. Revelar à família que a criança necessita de cuidados especiais necessita ser vislumbrado com cautela e preparo, focalizando as dimensões humanas, emocionais e profissionais dos integrantes da equipe de saúde, que irá realizá-lo. A incompreensão, ou, até mesmo, em alguns casos, a negação das necessidades especiais da criança por parte da família, pode levar a uma postergação do início do tratamento e ao aumento das dificuldades vivenciadas pela família para prestar os cuidados à criança. (MILBRATH et al., 2012).

A transmissão de más notícias é encarada com alguma dificuldade por grande parte dos profissionais de saúde pela complexidade dos aspectos emocionais a ela associados. É uma tarefa complexa, complicada e requer capacitação. A enfermagem, embora possua conhecimento da situação da criança, muitas vezes não informa, encaminhando a família para receber informações do médico. A falta de orientação pode gerar impotência no familiar que desconhece o que pode vir a acontecer com a criança, tendo medo da situação em que se encontra. (ALBUQUERQUE; ARAÚJO, 2011).

Alguns familiares afirmaram que não confiam nos profissionais da equipe por achar que lhes falta uma melhor capacitação para o cuidado. Nestas situações, ficam apreensivas, pois a desconfiança no profissional faz com que o familiar cuidador fique mais atento procurando realizar os cuidados que está acostumado ele mesmo. (MOREIRA et al., 2008).

Em algumas situações verifica-se que o cuidado à criança é imposto ao familiar que passa a assumir cuidados que deveriam ser realizados pelos profissionais. Em alguns casos, o

familiar cuidador é interpretado como um cuidador coadjuvante. Um ajudante nos serviços, como cuidar da criança. A família, que deveria ser incluída na perspectiva do cuidado, passa a realizar cuidados à criança durante a permanência hospitalar. Muitas aceitam tal condição, pois a entendem como condição para poderem permanecer no hospital junto com a criança; pois geralmente há muitas crianças e poucos profissionais da equipe de enfermagem. (PIMENTA; COLLET, 2009).

Os profissionais gostariam que os familiares participassem de atividades educativas de forma a adquirirem habilidades e competências para o cuidado à criança no hospital. Acreditam que este desconhecimento interfere na compreensão da família acerca das orientações dadas pelos profissionais ligados ao cuidado de seus filhos. (SALES et al., 2010).