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Capítulo II – As políticas sociais em Portugal durante a primeira fase da I República (1910-1916)

2.1.3. Assistência pública

Durante a vigência do Governo Provisório ocorreu uma alteração importante no campo da tutela da assistência pública aos indigentes e da fiscalização da actividade da beneficência privada. Ao contrário das alterações no trabalho e previdência social que demoraram mais tempo a serem

341Cf. “Estatística das Coalisões em Portugal. 1903-1912” in Boletim do Trabalho Industrial, n.º 81, Lisboa, Imprensa Nacional, 1919.

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efectivadas, no plano da assistência pública e da fiscalização da beneficência privada as alterações foram logo implementadas pelo Governo Provisório e ainda antes da abertura da ANC. Assim, logo pelo Decreto de 9 de Fevereiro de 1911, foram aprovadas alterações de reorganização no Ministério do Interior que abarcaram a área da assistência pública: a Direcção-Geral de Administração Política e Civil ficou desdobrada em duas repartições, sendo a 1.ª Repartição de Administração composta pela 1.ª Secção de Administração Política e pela 2.ª Secção de Administração Civil e a 2.ª Repartição de Assistência, herdando os serviços de Beneficência Pública da antiga Direcção-Geral de Saúde e Beneficência Pública, entre os quais o Hospital de São José e Anexos, e que por outro Decreto de 9 de Fevereiro de 1911 era agora extinta. No seu lugar é criada a Direcção-Geral de Saúde, com funções de serviço de resolução e expediente de assuntos de saúde pública, sendo o cargo de inspector-geral dos Serviços Sanitários extinto e o seu titular provido no cargo de director-geral de Saúde. Segundo se anunciava no diploma esta reforma preparava a reestruturação dos serviços de assistência pública que o novo poder republicano se propunha fazer342. Essa reforma chegou através do Decreto, com força de lei, de 25 de Maio de 1911 que acabou por ficar conhecido como Lei da Assistência. Na introdução ao diploma é afirmado que a assistência pública em Portugal era uma realidade rudimentar, mas que necessitaria sempre de levar em linha de consideração as diferentes formas especiais em que o socorro da sociedade aos indigentes foi sendo facultado ao longo do tempo. Logo aí há uma delimitação clara de que a assistência pública se destina aos pobres, ou seja àqueles que comprovadamente não detinham quaisquer meios de subsistência, designadamente por via de uma actividade laboral. O legislador declarava que fixar-lhe linhas gerais de orientação seria primordial no sentido do desenvolvimento da assistência pública no País, antevisto como lento e progressivo. Assim, como objectivos gerais a atingir o Governo Provisório da República Portuguesa fixava: a descentralização dos diferentes serviços a prestar no sentido de atingir uma eficácia maior e mais rápida; a centralização da sua direcção no sentido de melhorar a sua fiscalização; a diminuição das suas despesas gerais; a garantia de fornecimentos às instituições em condições preferíveis.

Por outro lado, assumia-se que o problema da pobreza não seria resolvido com esta reforma dos serviços da assistência pública, mas a mendicidade deveria ser eliminada mediante o sucesso obtido com esta remodelação. Afirma-se ainda que o velho hábito da prática da esmola iludia o facto de o problema de fundo ser a criação de trabalho para resolver o problema da mendicidade. Assume-se também que as características dos pedintes portugueses só atestavam na realidade o atraso, a passividade e a inércia do Estado português, reflectindo a ausência de solidariedade social e a ausência de previdência. Assim, o legislador assume que a pobreza só poderia ser erradicada quando a criação

342 Cf. Decretos, com força de lei, de 9 de Fevereiro de 1911, in Diario do Governo, n.º 33, 10 de Fevereiro de 1911, pp.485-486.

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da riqueza permitisse a sua distribuição a níveis que posteriormente possibilitassem a tributação por impostos que facultassem o aumento das despesas públicas, mas a níveis não vexatórios e que não incidissem sobre os níveis de subsistência da população. Também se afirma que a mendicidade não seria nunca resolvida apostando apenas numa óptica punitiva e enquanto não se comprovasse no seio social o carácter contraproducente da prática da esmola. Cometia-se a Lisboa o essencial desta reforma, entendendo-se que ao definir este sistema de assistência pública o Estado adquiria o direito de reprimir a mendicidade porque passava a não deixar desamparados os verdadeiros indigentes. Entendia-se a Direcção-Geral de Assistência como o organismo público indicado para a organização e administração das diferentes instituições, mas também a sua fiscalização através de um cadastro geral que obviasse à existência de fraude e favorecimentos de qualquer ordem no seio deste sistema. Desta forma, a Direcção-Geral de Assistência desdobrava-se na Repartição de Expediente que detinha a organização, administração e fiscalização da assistência pública e privada, para além da tutela das juntas de paróquia no plano da emissão de atestados de pobreza para admissão de indigentes nos hospitais e instituições de beneficência. Ou seja, entendia-se que a administração e fiscalização deviam ficar confiadas a esse organismo tutelado pelo Ministério do Interior, enquanto a fiscalização e a distribuição dos serviços de socorro aos indigentes seriam garantidas por comissões a nível distrital e local: as cidades de Lisboa e Porto, como grandes centros urbanos teriam nas suas comissões o grau de autonomia indicado para atender a esses objectivos. Por outro lado, o Fundo Nacional de Assistência concentraria os montantes disponíveis para a aplicação aos serviços, não onerando de forma exagerada os contribuintes nacionais. Por último, anunciava-se que a segregação dos indigentes era também combatida, assim como a prática da esmola. Colocavam-se assim os assistidos menores pelas instituições públicas em famílias rurais e em colónias agrícolas em meio não urbano de tutelados pela Casa Pia ou pelo Asilo Maria Pia, tal como o Asilo de Mendicidade de Lisboa. Através de um sistema de apoio a indigentes, onde as influências de sistemas do estrangeiro são assumidas, dez cidadãos enquadrados pelas juntas de paróquia receberiam o pobre três vezes por mês para refeições, apoiando- o em um décimo no pagamento da sua renda da casa e fornecer-lhe-iam roupa usada. A beneficência privada seria assim orientada pela assistência pública, aceitando-se o aumento da despesa por se considerar irrisório esse crescimento quando comparado com a importância da sua intervenção no plano social. No caso da Provedoria Central da Assistência de Lisboa as despesas adicionais seriam cobertas pelas instituições da capital que nela ficavam federadas343. O Conselho Nacional de Assistência Pública tinha como incumbência gerir o Fundo Nacional de Assistência e coordenava a assistência pública e privada, quer através da reforma dos seus serviços, quer através da revisão da sua

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legislação. No caso da cidade de Lisboa, todos os serviços administrativos de assistência seriam conjugados numa única entidade, a Provedoria Central de Assistência de Lisboa, estando subordinada ao Ministério do Interior pela Direcção-Geral de Assistência. Competia-lhe a centralização de todos os serviços administrativos dos estabelecimentos e instituições de assistência pública. Dessa forma dirigiria e administraria económica e financeiramente os serviços de assistência pública, podendo também criar novos serviços e empreender obras de conservação e beneficiação se tal fosse entendido como conveniente. Devia ainda arrolar as famílias disponíveis para os cuidados aos idosos e menores desvalidos através de uma pensão. Nessa função tornava-se imperioso aquilatar as condições económicas, de habitabilidade e salubridade dos domicílios e a idoneidade moral dessas famílias. Esses jovens deveriam obrigatoriamente frequentar a escola primária, algo que o Estado vigiaria junto das famílias de acolhimento, aconselhando-se a aprendizagem de trabalhos oficinais e agrícolas. Era ainda criada uma Comissão Central de Assistência, que superintendia todas as instituições e serviços de assistência oficial da região de Lisboa, exceptuando os estabelecimentos dependentes directamente do Ministério do Interior, sendo ainda da sua responsabilidade a ligação entre a assistência pública e a particular. As juntas de paróquia deviam também emitir atestados de pobreza para admissão de indigentes nos hospitais e instituições de beneficência. O Fundo Nacional de Assistência seria composto: pelo valor atribuído anualmente no Orçamento de Estado; pelo imposto especial nas tarifas da via-férrea; pelo rendimento de uma estampilha especial Assistência no valor de $010 réis no serviço postal e $020 réis no serviço telegráfico, nos dias 24, 25, 26 e 30 de Dezembro, 1 e 2 de Janeiro, 4 e 5 de Outubro e no dia da comemoração da promulgação da Constituição; por metade do valor dos espólios que revertiam para o Estado; pelo valor de 1% sobre as doações em favor de ascendentes ou descendentes; pelas doações ou legados de beneficência; pelas contribuições voluntárias e receitas de subscrições ou espectáculos públicos organizados para o efeito; quaisquer outras receitas estabelecidas por lei. Eram ainda criadas: a Comissão da Assistência Pública do Porto com funções similares da Provedoria em Lisboa; as comissões distritais de assistência; as comissões municipais de assistência344. Estas duas intervenções no plano da assistência pública marcaram globalmente a orientação para os primeiros anos do regime republicano. Para além destas decisões orientadoras para o socorro dos indigentes em Portugal, foi também ordenado, por Decreto de 10 de Março de 1911, a nomeação de uma comissão com o intuito de estudar a reorganização da ANT, assumindo desde logo funções de administração até uma deliberação definitiva dos poderes públicos. Ficava constituída: pelo director- geral de Saúde, Ricardo Jorge; pelo director-geral de Assistência Pública, Fernão Boto Machado; pelo

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chefe da Repartição de Assistência Pública, Álvaro Possolo345; pelo governador civil de Lisboa, Eusébio Leão346; pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Anselmo Braamcamp Freire347; pelo enfermeiro-mor do Hospital de São José e Anexos, Augusto de Vasconcelos; pelo provedor da Misericórdia, Pereira de Miranda348; pelo delegado de Saúde de Lisboa, Samuel Maia349; pelo director do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, Aníbal de Bettencourt350; por delegados da Direcção da

345 Álvaro Augusto Fróis Possolo de Sousa (Alcobaça, 8.10.1855-23.6.1931) formou-se em direito, tendo sido deputado pelo Partido Regenerador na Câmara dos Deputados e chefe da 2.ª Repartição da Direcção-Geral de Saúde e Beneficência Pública do Ministério do Reino (em funções em 27.10.1899). Ocupou depois o cargo de chefe da Repartição de Assistência Pública da Direcção-Geral de Administração Política e Civil (9.2.1911-25.5.1911) e de chefe da 1.ª Repartição da Direcção-Geral de Assistência (25.5.1911-20.5.1919). Todos estes cargos foram ocupados no Ministério do Interior. Já no Ministério do Trabalho, ocupou o cargo de vogal do Conselho de Administração do ISSOPG (26.5.1919-29.7.1926), passando a vogal efectivo pelo Decreto n.º 9472, de 24 de Janeiro de 1924. Foi também membro do Conselho Nacional de Assistência indicado pelo Conselho de Administração do ISSOPG (31.5.1919-). Atinge o limite de 70 anos de idade para os funcionários civis do Estado com a aplicação do Decreto n.º 11 944, que passa a ter efeitos a 1 de Julho de 1926, levando à sua aposentação em 2 de Julho de 1926. O seu nome foi dado à Colónia Agrícola de S. Pedro do Sul Dr. Álvaro Possolo, quando foi criada em 1920, por se ter destacado no estudo do trabalho agrícola para a formação dos menores a cargo da Assistência Pública.

346 Francisco Eusébio Lourenço Leão (Degrácias Cimeira, Gavião, Portalegre 2.2.1864-Lisboa, 21.11.1926) irmão do grande comerciante Ramiro Leão, formou-se em medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1890 com a tese

Algumas palavras sobre os parasitas do paludismo. Entre 1890 e 1895 foi médico municipal em Gavião. Instalado depois

em Lisboa, especializou-se em urologia, tendo aprofundado os estudos em Paris e em Berlim. Foi colaborador na imprensa de títulos como Ecco do Alemtejo, O Abrantes, Commercio do Alemtejo, Vanguarda, A Lucta e O Intransigente com artigos políticos. No plano clínico colaborou activamente na Medicina Contemporânea. Participou na propaganda republicana a propósito do ultimato britânico de 1890, tendo fundado A Patria e sido eleito secretário do Directório do PRP em Outubro de 1909. Ingressou na Maçonaria em 1893, tendo sido candidato a deputado sem nunca ser eleito durante a Monarquia Constitucional. Coube-lhe a leitura da proclamação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910, tendo desempenhado o cargo de governador civil de Lisboa (5.10.1910-23.2.1912). Foi eleito deputado à ANC pelo círculo de Portalegre (1911), passando depois para senador (1911-1912). Passou depois para o PRU. Foi ministro plenipotenciário em Roma (23.2.1912-10.1926).

347 Anselmo Braamcamp Freire (Lisboa, 1.2.1949-Lisboa, 22.12.1921) foi moço fidalgo da Casa Real e foi nomeado par do Reino em 1886. Foi o primeiro presidente da Câmara Municipal de Loures (2.1.1887-21.12.1889; 2.1.1893-31.12.1895), tendo aderido ao PRP em 1907. Foi eleito vereador e depois vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa em 1908, sendo após a implantação da República seu presidente (1.11.1908-29.1.1913). Foi eleito deputado em 1911 à ANC, acabando por ser eleito seu presidente (15.6-25.8.1911) e depois presidente do Senado do Congresso da República (26.8.1911-4.3.1915). Foi escritor e historiador, tendo fundado em 1903 o Archivo Historico Portuguez e publicado ainda Brasões da Sala de Cintra (3 vols., 1899, 1901, 1905); Critica e Historia (1910), Expedições e Armadas (1915), Gil Vicente, trovador e mestre da balança (1919). Foi sócio efectivo da Academia Real das Ciências.

348 António Augusto Pereira de Miranda (Coimbra, 1838-Lisboa, 18.1.1922) foi provedor da SCML (1897-18.1.1922), tal como governador do Banco de Portugal (1887-1891). Ocupou também o cargo de ministro do Reino no Governo de José Luciano de Castro (20.10.1904-24.5.1905) e foi nomeado par do Reino. Foi ainda presidente do Conselho de Administração dos Caminhos-de-Ferro do Estado (12.1901-22.1.1911). Ocupou o cargo de secretário da Direcção do Asilo de D. Pedro V no Campo Grande em Lisboa (eleito em 4.6.1911). Foi também membro da Comissão Patriótica, na sua Subcomissão de Assistência (1910-1911).

349 Samuel Domingos Maia foi subdelegado de Saúde de Lisboa (1910-1911) e membro da Comissão Patriótica, na sua Subcomissão de Assistência (1910-1911).

350 Aníbal de Bettencourt (Angra do Heroísmo, 21.6.1868-Lisboa 9.1.1930) formou-se na Escola Médico-Cirúrgica em 1892, seguindo a especialização em bacteriologia e doenças infecciosas. Começou por trabalhar no Laboratório Municipal de Lisboa. Apoiou e deu sequência ao trabalho de Luís Câmara Pestana e por isso foi nomeado médico auxiliar (29.12.1892) subdirector e director do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (30.11.1899-9.1.1930). Foi também director de Enfermaria do Hospital de S. José e Anexos (4.3.1909-). Trabalhou com Luís Câmara Pestana sobre a epidemia lisboeta de 1894, distinguindo o coli e o tifo nas águas de Lisboa. Coube-lhe a descoberta do micro-organismo presente na hemoglobinúria dos bovídeos. Foi o organizador do novo edifício do Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana onde se tratava a difteria, se organizava o combate anti-rábico, o fabrico de soros e a realização de análises clínicas. Esteve em Angola para estudar a doença do sono e na Alemanha (1903) no sentido de desenvolver os seus conhecimentos e iniciar a correspondência com os renomados especialistas internacionais da bacteriologia, tendo iniciado a publicação dos Archivos

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Associação dos Médicos Portugueses, por delegados da Direcção da Sociedade de Ciências Médicas, por delegados das Direcções das Associações Voz do Operário, Caixa Económica Operária e Vintém

Preventivo, e pelos sócios da ANT Carlos Bello de Morais351, José de Almeida, António Teixeira

Júdice, Ramiro Leão, Francisco Grandella, Henrique de Mendonça, José Joaquim da Silva Graça, Alfredo da Cunha, José Henriques Tota, José Pinheiro de Melo e Luís Eugénio Leitão. Tinha como função prioritária elaborar uma proposta reorganizadora da instituição de forma a integrá-la nos serviços de assistência e saúde públicas, sem prejuízo da iniciativa privada. Seria constituída desde logo uma comissão executiva de gestão da ANT composta pelo presidente Carlos Belo de Morais, pelo tesoureiro Henrique de Mendonça e um secretário indicado pela Associação dos Médicos Portugueses352. O presidente Carlos Belo de Moraes, tendo pedido exoneração do cargo, foi substituído por Augusto Monjardino353 que assumia assim essa presidência354. Essa reestruturação da ANT confirmou-se pelo Decreto de 17 de Julho de 1911 que aprovava as bases em que assentaria esse

do Real Instituto Bacteriologico Camara Pestana em língua francesa, assumindo-se ainda como secretário dos Archivos de

Medicina que apenas durou durante a vida de Luís Câmara Pestana.

351 Carlos Belo de Morais (Crato, 29.11.1868-Lisboa, 1.6.1933) licenciou-se em 1892 na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa com a tese Questoes de higiene e profilaxia da tuberculose, tendo sido designado lente substituto nessa instituição em 1899. Apresentou a sua tese magistral em 1898 intitulada O aparelho tiroideu, permitindo-lhe aceder por concurso de 1899 ao magistério e ser nomeado em 1900 assistente clínico no Hospital de São José. Em 1907 chega a director de Enfermaria do Hospital Real de São José e Anexos. Foi enfermeiro-mor interino em regime de comissão de serviço do Hospital de São José e Anexos (10.4-11.12.1911), passando a director após a extinção do cargo de enfermeiro-mor mediante o Decreto, com força de lei, de 25 de Maio de 1911. Foi professor da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e da Faculdade de Medicina de Lisboa sendo também seu director (1911-1915) e director, primeiro interino, do Hospital Escolar de Santa Marta (2.2.1911-2.12.1913; 2.12.1913-1915). Aí leccionou as cadeiras de histologia, patologia médica, clínica médica e fisiologia. Assumiu o cargo de presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Montepio Geral (até 6.4.1911); presidente da Comissão Executiva da ANT (10.3-17.3.1911). Foi presidente da Comissão Médica dos Hospitais Civis de Lisboa (em funções 12.11.1913-9.7.1914) e presidente interino da Comissão Directora dos Hospitais Civis de Lisboa (2- 5.4.1917). Dirigiu também a Sociedade de Ciências Médicas (1911-1913) e a Associação dos Médicos Portugueses. (1911- 1913). Foi ainda vogal do Conselho Médico-Legal de Lisboa, vogal Substituto do Conselho de Saúde e Higiene Pública, vogal da Comissão Técnica da ANT, membro da Comissão Organizador da Liga Nacional contra a Tuberculose e director das revistas Medicina Contemporânea e Lisboa Médica. Retirou-se da carreira médica em 1923.

352 Cf. Decreto de 10 de Março de 1911, in Diario do Governo, n.º 57, 11 de Março de 1911, p.1045.

353 Augusto de Almeida Monjardino (Angra do Heroísmo, 8.3.1871-Lisboa, 6.7.1941) trabalhou na construção dos caminhos-de-ferro da Beira Baixa desde 1888, sendo contratado como condutor auxiliar de Obras Públicas até 1891 em Angra do Heroísmo. Esse vínculo foi mantido até 1895. Formou-se em medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1899. Foi nomeado demonstrador da Secção Cirúrgica dessa instituição em 19 de Setembro de 1906, sendo aí lente substituto desde 1910. Foi também cirurgião assistente do Hospital de São José, inspector técnico de Higiene Hospitalar (nomeado em 15.1.1902) e director da Maternidade Alfredo da Costa (1931-). Foi presidente da Comissão Executiva da ANT (17.3.1911-). Foi director do Hospital do Desterro e director do Hospital de São Lázaro (nomeado em 17.10.1913- exonerado por transferência em 31.10.1913). Integrou a Comissão Médica dos Hospitais Civis de Lisboa (12.11.1913- 9.7.1914) enquanto director do Hospital Estefânia (nomeado em 31.10.1913) e do Hospital de Arroios (nomeado em 31.10.1913). Foi também membro do Conselho Técnico Provisório Adjunto à Direcção dos Hospitais Civis de Lisboa incumbido da reforma dos seus serviços (25.2-29.7.1918). Assumiu as funções de director do Banco dos Hospitais Civis de Lisboa e seu director de Enfermaria (25.2.1918-29.7.1918), sendo designado comissário do Governo no distrito do Porto para o combate ao tifo exantemático (nomeado em 23.2.1918). Foi presidente da Sociedade de Ciências Médicas e da Associação de Médicos Portugueses, tal como correspondente da Academia de Medicina do Rio de Janeiro no Brasil. Foi professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade Lisboa e reitor desta instituição em 1928. Esteve activo com o PRP nos últimos anos do regime monárquico sendo membro da Comissão Distrital Republicana de Lisboa, tendo sido eleito deputado e vice-presidente da ANC por Angra do Heroísmo (1911e depois senador (1911-1915).

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processo. Instituía-se uma Comissão Permanente de Profilaxia da Tuberculose presidida pelo ministro do Interior e tendo como vice-presidente o professor de higiene da Faculdade de Medicina de Lisboa. Mantém-se a ANT como uma instituição de iniciativa privada, com sede em Lisboa, e actuando no continente, ilhas adjacentes e colónias. Seria ainda composta por: dois deputados, o director-geral de Assistência, o director-geral de Saúde, o director-geral de Administração Política e Civil, o director da CGDIP, o chefe do Serviço de Saúde do Exército, o inspector de Saúde Naval, o chefe da Repartição de Saúde da Direcção-Geral das Colónias, o chefe dos Serviços Pecuários do Ministério do Fomento, o enfermeiro-mor dos Hospitais Civis de Lisboa e dois directores de enfermaria eleitos pelo respectivo

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