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3.2 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL

3.3.6 Assistência Religiosa

A intenção de regenerar o condenado por intermédio da religião é antiga, tanto que, conforme Fabbrini e Mirabete (2014, p. 74), “[...] já na época do Império Romano o Estado chamou os sacerdotes aos cárceres para dar-lhes consolo e assistência moral necessária”.

Nos termos do artigo 24 da LEP, “A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa”.

Entretanto, conforme Capez (2012, p. 32), atualmente a assistência religiosa ocupa uma posição secundária dentro do sistema prisional, apesar de assegurada legalmente para que atenda às necessidades espirituais do recluso.

Importante ressaltar que a religiosidade é um direito fundamental assegurado ao condenado, e contribui significativamente para sua reintegração social. Em verdade, a assistência religiosa exige pouco investimento por parte da administração penitenciária, pois as

próprias igrejas subsidiam tal assistência, amparando o recluso e auxiliando na sua recuperação por meio da religião e da fé (NUNES, 2013, p. 75).

4 DA REMIÇÃO

Segundo Marcão (2012, p. 164), “A palavra “remição” vem de redimere, que no latim significa reparar, compensar, ressarcir”.

É um instituto disposto na Lei de Execução Penal como sendo um dos meios para alcançar o objetivo da referida norma, qual seja a ressocialização do detento.

Trata-se de um instituto completo, pois reeduca o delinquente, prepara-o para sua reincorporação à sociedade, proporciona-lhe meios para reabilitar-se diante de si mesmo e da sociedade, disciplina sua vontade, favorece a sua família e sobretudo abrevia a condenação, condicionando esta ao próprio esforço do penado. (DIAS apud MARCÃO, 2012, p. 164).

Nas palavras de Cunha (2017, p. 185), remição “significa a possibilidade que tem o reeducando de reduzir o tempo de cumprimento da pena, dedicando-se, para tanto, ao trabalho e/ou ao estudo, observando as regras dos arts. 126/128 da LEP”. Nestes termos, a remição presume uma contraprestação pra adquirir tal benefício, ou seja, o preso que trabalha e/ ou estuda tem direito a diminuir sua pena, entretanto o preso que não tem possibilidade de realizar tais tarefas não pode ser beneficiado, pois não houve a contraprestação.

Assim, o instituto da remição presente na Lei de Execução Penal é um dos meios para se buscar a ressocialização do condenado. Desta forma, a remição pode ser entendida como um “[...] estímulo ao trabalho e à educação nos presídios, provocando uma antecipação no cumprimento da pena fixada na sentença penal condenatória, contribuindo para a educação e para a profissionalização do preso” (NUNES, 2016). Ou seja, a remição é um meio de ressocialização eficiente, que promove a recuperação do detento ao mesmo tempo em que ele se aperfeiçoa tecnicamente através do trabalho, e adquire novos conhecimentos pelo estudo. Nesse sentido:

É um incentivo para que o sentenciado desenvolva uma atividade laborterápica ou ingresse em curso de qualquer nível, aperfeiçoando a sua formação. Constituindo uma das finalidades da pena a reeducação, não há dúvida de que o trabalho e o estudo são fortes instrumentos para tanto, impedindo a ociosidade perniciosa no cárcere. (NUCCI, 2018).

Portanto, é um benefício oferecido aos detentos, em regra, que cumprem pena no regime semiaberto ou fechado, e que, através do estudo ou do trabalho, podem diminuir o tempo de duração de sua pena privativa de liberdade (FARIA, 2012, p. 79).

A remição pelo trabalho ocorre apenas nos regimes semiaberto e fechado. A remição pelo estudo pode ocorrer também no regime aberto e no livramento condicional.

Uma recente forma de remição, que não poderia ficar de fora deste trabalho, é a hipótese de remição por leitura, que se mostra de grande importância, visto que pela prática de

leitura encontram-se novas culturas e adquirem-se novos conhecimentos, sendo essencial para a ressocialização.

O instituto da remição pode ser usufruído sem limite, ou seja, não há um tempo máximo de pena que pode ser remido. Assim, quanto mais o condenado dedicar-se ao trabalho ou ao estudo, maior será o tempo de desconto de sua pena privativa de liberdade. Além disso, levando em consideração que o benefício da remição é disposto na Lei de Execução Penal para auxiliar no processo de ressocialização do apenado, para concessão deste instituto é irrelevante a natureza do crime cometido pelo infrator (AVENA, 2014, p. 233).

Para fins de remição, é necessária a comprovação das atividades laborativas efetuadas pelo preso, conforme o artigo 129 da LEP, cabendo ao diretor do estabelecimento penal fornecer mensalmente ao juízo da execução documentos comprobatórios destas atividades. A remição terá de ser declarada pelo juiz da execução, com a prévia oitiva do Ministério Público, sendo este o responsável pela fiscalização da fase de execução da pena, e também é necessário ouvira defesa do condenado (BRASIL, 1984).

Nesse sentido, “A remição só tem eficácia se for deferida por sentença judicial, e tal competência em primeiro grau é do juízo das execuções penais, que deverá ouvir previamente o Ministério Público” (MARCÃO, 2012, p. 78). Essas disposições tratam-se do direito ao contraditório e à ampla defesa.

É possível a cumulação de mais de uma modalidade de remição, desde que as horas se compatibilizem, isto é, que uma das atividades não prejudique a realização da outra. Possuem direito à remição tanto o preso definitivo como o preso cautelar, portanto os presos provisórios, que se encontram em prisão cautelar, porque ainda não há condenação, podem se beneficiar com o instituto da remição pelo estudo, trabalho e leitura (BRASIL, 1984).

Uma situação que pode ocorrer durante a execução das atividades laborativas (trabalho/estudo) é a impossibilidade de o preso executar tais tarefas, em razão de diversos motivos. Para essas situações, o artigo 126, § 4º, da Lei de Execução Penal dispõe que os detentos que se encontrarem em tais situações de impossibilidade de trabalhar ou estudar continuarão a beneficiar-se com a remição (AVENA, 2014, p. 338).

Quanto à forma de abatimento, a LEP determina que o tempo remido deve ser somado ao tempo de pena já cumprido, para todos os efeitos.Ademais, em caso de reconhecimento de falta grave durante o cumprimento da pena, os dias remidos podem ser diminuídos em até 1/3 (BRASIL, 1984).

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