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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.10 ASSISTÊNCIA TÉCNICA

O serviço de assistência técnica e extensão rural representam um importante instrumento de apoio ao desenvolvimento econômico dos empreendimentos rurais. Embora tenha sido decisiva para a modernização da agricultura no Brasil, nas últimas décadas, o programa de Assistência Técnica e Extensão Rural nos anos 90 passaram por diversos processos de mudanças, que acabaram desprotegendo uma considerável parcela de agricultores, em particular, os agricultores familiares (MDA, 2010).

recebem assistência técnica96 em sua propriedade. De acordo com os resultados da tabela, houve uma diferença (95% de confiança) significativa entre os estabelecimentos que recebem ou não assistência técnica. Tais resultados sugerem dizer que os estabelecimentos que fornecem leite para a cooperativa estão mais amparados pelos serviços de assistência técnica97.

Nos estabelecimentos que fornecem leite para a cooperativa, a maioria (53%) dos gestores afirmou receber assistência técnica. Estes gestores revelaram ainda que a assistência técnica por ser um serviço de alto custo, só é solicitada quando:

a) quando há necessidade de realizar manutenção nas máquinas e equipamentos; b) quando há necessidade de controle de pragas e doenças;

c) quando há necessidade de buscar orientações sobre a preparação e correção do solo; e,

d) quando o produtor necessita de orientações para elaboração de projetos para acesso ao crédito.

***, ** e *, indica diferença significativa entre os grupos ao nível de 95%, 90% e 80% de confiança, respectivamente.

Nos estabelecimentos que não que fornecem leite para a cooperativa, os resultados apontam para um abandono geral de apoio pelos extensionistas. Isto porque, os

96 Todos os gestores que revelaram que a assistência técnica não é gratuita.

97 Nos estabelecimentos que fornecem leite para a cooperativa, todos os gestores apontaram

utilizar os serviços de assistência técnica da Capul.

Tabela 19: estabelecimentos que recebem assistência técnica. Fornecem leite para a

cooperativa Não fornecem leite para a cooperativa Unaí/MG

número (%) número (%)

Sim*** 17 53% - -

Não*** 15 47% 23 100%

resultados apontaram que todos os gestores (100%) declararam não receber assistência técnica. Nestes estabelecimentos, o produtor justifica a ausência de assistência por dois fatores: em primeiro, pelo o alto custo do serviço oferecido e segundo pela desconfiança e/ou insegurança nas orientações dos profissionais sobre a implantação de novas práticas de produção.

De acordo com o responsável técnico da EMATER, existe uma demanda98 muito grande de agricultores familiares que necessitam de assistência técnica, no entanto, o número de técnicos da extensão rural é muito pouco para atender a toda essa população carente.

Dentre os serviços oferecidos pela EMATER encontram-se: a) orientação para planejamento da produção;

b) orientação para planejamento de projetos para crédito rural; c) capacitação; e

d) reuniões comunitárias.

O responsável técnico revelou ainda, que grande parte dos agricultores que recebe assistência resiste às orientações dos técnicos. O principal motivo é mesmo indicado pelos gestores que não que fornecem leite para a cooperativa, ou seja, medo de arriscar em novas técnicas de produção.

A Tabela 20 representa o índice de aceitação ou rejeição do gestor nas orientações dos profissionais extensionistas. Nos estabelecimentos que fornecem leite para a cooperativa, o índice de rejeição à orientações de novas práticas de produção por profissionais do ramo, faz parte do comportamento da maioria (62%) dos gestores. Apenas uma minoria (38%) revelou aceitar tais orientações. Nos estabelecimentos que não que fornecem leite para a cooperativa, essa rejeição também acontece. A

98 De acordo com o Sr. Reinaldo, estima-se que existam aproximadamente 3 técnicos da

maioria dos gestores (57%) declarou rejeição às orientações dos extensionistas. Os demais (43%) gestores revelaram aceitar tais orientações.

Tabela 20: aceitação dos gestores na utilização de novas práticas de produção com orientação de profissionais do ramo.

Fornecem leite

para a cooperativa Não fornecem leite para a cooperativa Unaí/MG

número (%) número (%)

Sim 12 38% 10 43%

Não 20 62% 13 57%

Fonte: pesquisa de campo Unaí, 2010.

De acordo com IICA99 (2006), dentre os motivos de rejeição às orientações, dois se destacam: formação profissional e cultura do extensionista. A formação profissional e sua cultura impossibilitam uma atenção mais direcionada às necessidades básicas de orientação voltada para o ambiente da agricultura familiar. Para o IICA, os extensionistas não estão habituados a trabalhar com produtores em condições de baixa capitalização, tentam introduzir projetos totalmente inadequados à realidade socioeconômica desta classe social, não levando em consideração o ambiente em que este público está inserido. Tais deficiências acabam criando barreiras entre o agricultor e os profissionais que poderiam orientar o desenvolvimento de técnicas mais eficientes de produção.

Contradizendo o raciocínio exposto acima, o responsável técnico da EMATER, revelou que os técnicos da região são bem preparados e capacitados, estão sempre participando de cursos, treinamentos voltados para esse contexto. O problema maior não é a falta de capacitação dos mesmos, mas sim, a falta de recursos humanos - extensionistas - na região para atender de forma direcionada todos os

estabelecimentos, e, principalmente, a tradição (herdada de pai para filho) do agricultor, que remete medo/receio em utilizar de novas técnicas de produção. O responsável técnico, relatou que:

“Quando a gente resolve aplicar algum tipo de técnica na área que demanda assistência, a gente organiza um grupo de pequenos produtores e faz uma experiência na área disponibilizada, ali o agricultor tem a oportunidade de verificar se o resultado vai ser satisfatório às necessidades dele [...] a verdade é que eles têm medo de arriscar, e só procuram a gente com outros interesses - o crédito. Aqueles que seguem nossa orientação, não dão continuidade, “sabotam” seu próprio desenvolvimento” (Extensionista da Emater de Unaí, 01 de outubro de 2010).